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Durante milhares de anos,
o Sudeste do México e a America Central
abrigaram a cultura Maia,
uma das mais ricas e originais da Humanidade.
Aqui, sem ferramentas de metal ou sem a roda,
os Maias construiram cidades majestosas.
Em cavernas próximas, descendentes dos antigos Maias
rezam aos Deuses que adoram
há mais de 100 gerações.
Muitas das cidades foram abondonadas...
nos últimos anos do século nove e primeiros do século dez.
Desde o tempo em que as florestas eram o guardião silencioso
do mistério dos Maias.
Hoje, estas ruínas são a herança
dos Maias.
O desenho do hieróglifo que me pediu está terminado.
Bom, vamos ver
o que os peritos na escrita nos conseguem dizer sobre isso.
Sabe o que os meus ancestrais escreveram neste hierógrifo?
Uma questão interessante.
Tem sido um mistério durante centenas de anos.
Está muito interessado no nosso trabalho.
Sim!
Principalmente nós arqueólogos
somos dedicados em desenterrar o passado
para salvar o mistério dos Maias.
É como um quebra-cabeças que é resolvido peça por peça.
Só aqui em Chichen?
Não, não. Temos trabalhado
em lugares diferentes, aqui, ali.
Estamos estudando há mais de cem anos.
Durante o início do século 19,
relatórios de monumentos antigos escondidos na selva
circularam por todo o mundo.
Exploradores que ocasionalmente encontraram estas ruínas
tentaram explicar a sua presença misteriosa
com teorias fantásticas.
Lendas destas cidades perdidas
atraíram o norte-americano John Lloyd Stephens,
um explorador que publicava livros sobre as suas viagens.
Em 1839, Stephens organizou uma expedição
à America Central,
acompanhado pelo talentoso artista inglês
Frederick Catherwood.
Ele escreveu sobre o respeito
que encontrou nas pessoas que o guiaram
e da surpresa no que encontrou.
Ele gravou todos os detalhes das suas explorações
com grande elegância.
Pela primeira vez encontramos um edifício
construído muito antes dos Europeus
saberem da existência deste continente.
Enchi-me de entusiasmo e admiração
pela beleza e solidez da arquitetura.
Aqui estava um verdadeiro palácio com aposentos reais
rodeados por magníficos jardins.
As paredes e os pilares eram ricamente ornamentados
com relevos e figuras lindamente criados
que tornava fácil perceber a habilidade artística
dos Maias.
Com a ajuda de uma câmera,
Catherwood fez vários desenhos.
Historiadores dizem que a América era habitada por selvagens
"mas selvagens nunca reinaram nestas estruturas."
"Selvagens nunca esculpiram estas pedras."
"As suas realizações eram dignas
de estar entre as do Egito, Grécia e Roma."
Em 1841, Stephens publicou o seu livro
ilustrado por Catherwood
e contribuiu com informação importante
com vista ao conhecimento das cidades Maias.
Stephens reconheceu as origens nativas das ruínas
e admirou a beleza das cidades.
Alfred Maudslay foi um dos primeiros
a estudar as antigas cidades Maias de um ponto de vista ciêntifico.
Maudslay desenhou planos
e fez maquetes dos monumentos.
Desta forma, ele estabeleceu uma base
para os estudos arqueológicos mais tarde.
Ele analisou cuidadosamente os motivos das esculturas
que decoravam as paredes dos edifícios.
A sua atenção ficou presa
pela representação frequente da serpente.
Os moldes dos relevos e hierógrifos que ele fez
permitiram o estudo das inscrições.
A melhor das minha ferramentas foi a câmera.
O negativo de gelatina seca fora inventado há pouco
e isto permitiu o trabalho dos fotógrafos
em lugares anteriormente inacessíveis.
A maior contribuição de Maudslay foram as suas fotografias
que foram entretanto usadas para o restauro e preservação
de muitos objetos que se acreditava estarem perdidos
para a erosão, vandalismo e furto.
Alguns dos monumentos fotografados por Maudslay
revelaram a riqueza do design das gravações na pedra.
Por muitos anos, pensou-se
que estas gravações representavam deuses e sacerdotes
e que os hierógrifos
só diziam respeito ao calendário.
Muito mais tarde, viemos descobrir o seu real significado.
Alguns destes desenhos foram também encontrados
em livros Maia que chamamos de "Codices".
Apenas quatro destes sobreviveram.
Contém hierógrifos.
Temos de enviar os seus para os decifrarem.
A maior parte do conhecimento que temos da antiga vida Maia
provém dos escritos de Franciscan-Diego de Landa -
um monge que veio para o Yucatan em 1549.
Ele costumava observar os Maias e notou que usavam hierógrifos,
que ele mais tarde tentou traduzir para Espanhol.
Nos seus escritos,
Landa estabeleceu a base para decifrar os hierógrifos
que eram uma mistura de sílabas e palavras.
Eles escreviam nos livros acerca das suas ciências.
As ciências que ensinavam
eram a contagem dos dias, meses e anos,
festivais e cerimônias,
curas para doenças,
e a arte de ler e escrever.
Encontramos um grande número desses livros.
Uma vez que não continham nada exceto as palavras do demônio,
foram todos queimados, o que lhes causou grande pena.
Na sua tentativa de converter os Maias ao Cristianismo,
Landa destruiu as suas posses religiosas
queimando muitos dos "codices".
O que aconteceu à escrita se os livros foram destruidos?
Felizmente, os Maias não escreviam só em livros.
Encontramos escritas nos seus monumentos de pedra
e na cerâmica
assim como nesta placa encontrada na área do Yucatan.
É uma passagem
do "Popol Yuh," uma lenda Maia.
A escrita por hierógrifos foi esquecida.
Após a queima dos "codices"
50 anos depois das fotos de Maudslay serem publicadas,
foram também utilizadas para estudar os hierógrifos
e inspiraram muitas expedições à região.
Á medida que os primeiros hierógrifos eram descodificados
acreditou-se que todos os textos tinham uma natureza religiosa
ligada a passagem do tempo
e a observação das estrelas.
Pensou-se que os Maias eram pessoas pacíficas
vivendo em harmonia com a natureza
espalhados pela selva.
Em 1946, foi feita uma descoberta
que lançou mais luz no mistério dos Maias.
As teorias iriam mudar dramaticamente.
O fotógrafo Giles Healy fazia uma expedição
pela selva habitada pelos Lacandon.
Permaneci mais de dois anos
na região com os índios Lacandon
a filmar o seu dia-a-dia.
Notei que de tempo em tempo
os homens desapareciam durante dois dias.
Iam fazer uma peregrinação a um templo
mas era impossível seguí-los,
Por isso dei-lhes caçadeiras com um boa carga de pólvora
e deixei-os por um mês ou dois.
Quando regressei disseram
"Gostamos das armas, mas acabou-se a pólvora"
Então disse "Eu dou-lhes mais pólvora"
se me mostrarem mais templos.
Nunca esquecerei quando me guiaram até Bonampak.
Eles olhavam os templos com muita reverência
conduzindo uma cerimônia até que chegamos a um.
Como já estava acostumado a uma lâmpada fraca,
vi que cada sala
estava pintada com afrescos
que mostravam uma fila de chefes Maia em grande luta.
Estas pinturas mudaram muitas das idéias
que se tinham acerca dos Maias.
Nunca tínhamos visto cenas de batalha, escravatura e tortura
pintadas pelos próprios Maias.
Ah, aí está a resposta.
Tão rápida?
Sim. Vamos ver o que diz...
"Isto é um hierógrifo de fogo, e isto é um roedor
"Haleb" em Maia ou 'tepescuintle'
"mas não conseguimos saber o significado completo
sem a porção que falta."
Essa tradução parecia fácil.
Mas foi o trabalho de pessoas
de muitos países durante muitos anos.
A primeira pista para a escrita Maia foram os números.
Os Maias estabeleceram as unidades
baseadas nos 20 dedos do homem.
Foram uma das quatro civilizações
a desenvolver o conceito do zero.
Os números eram colocados em diferentes posições.
Os pontos valiam um.
Um, dois, três, quatro
e cinco como uma barra.
15 são três barras.
19 são três barras e quatro pontos.
20 é um ponto numa posição maior
com uma concha para o zero debaixo.
Um ponto acima com um ponto por baixo é 21.
Um ponto acima com uma barra por baixo é 25.
Dois pontos acima significa dois vintes, ou 40.
Uma barra numa posição superior significa cinco vintes - 100.
Um ponto com dois zeros abaixo é 400.
Um ponto com três zeros abaixo é 8.000.
8.421
Os Maias eram grandes matemáticos
e astrônomos.
Eles calculavam a duração do ano solar
com um erro de apenas 23 segundos,
o ciclo de Vênus com uma margem de erro
de apenas um dia em 6.000 anos.
Alguns dos edifícios em Chichen ltza
foram construídos
como para marcar o equinócio e o solstício.
Eles ainda sabiam os ciclos de Marte, Júpiter
e Saturno
e eram capazes de calcular eclipses do sol
33 anos antes de eles se darem.
Tudo isto estava registrado nos seus livros
e felizmente, também em pedra.
Em 1921
começou a decodificação de um painel de 96 hierógrifos em Palenque.
Em 1935, Enrique Palacios tinha conseguido decodificar
os primeiros.
Eric Thomson decodificou outros em 1944
enquanto o linguísta Yuri Knorosof
descobriu a fonética da escrita Maia.
Em 1958, metade dos hierógrifos podiam ser lidos
nos anos 60, Heinrich Berlin e Tatiana Proskovriokoff.
No anos 70, Linda Schele
e Floyd Lounsbury com Peter Mathews
discobriram títulos nos hierógrifos da familia real.
Finalmente, em 1990 o painel inteiro podia ser lido.
O painel contava a história da família real de Palenque,
as suas guerras, e a transmissão do poder aos jovens reis.
Entre estes estava Pakal, soberano de Palenque,
rei desde os 12 anos que governou até aos 80.
Foram cerimônias como esta
que foram gravadas na pedra em todas as cidades Maia.
Palenque foi intensivamente estudado pelo
Instituto Nacional Mexicano de Antropologia e Historia.
Em 1949 o arqueólogo Mexicano
Alberto Ruz
decidiu investigar o templo das inscrições
para ver se tinha sido construído em cima de outro edifício.
Ruz reparou que a parede do templo
não terminava no chão mas parecia continuar abaixo.
Intrigado, ele descobriu que uma das grandes pedras de laje
tinha pegas que lhe permitiam movê-la.
Á medida que a pedra se moveu, uma abertura estreita revelou
uma passagem secreta.
Entrando na passagem, vários degraus apareceram.
Resolvi de imediato descer as escadas até ao fundo
apesar do trabalho exaustivo que tal implicava.
Durante os três anos seguintes
os trabalhos progrediram lenta e dolorosamente.
400 toneladas de cascalho foram removidas á mão.
Nos finais da terceira estação, não tinhamos encontrada um única pista.
Imaginei que as escadas tinham sido deliberadamente seladas
para ocultar o seu objetivo original,
mas não tinha ideia de qual era este objetivo.
Em 1952, trabalhando dentro de uma pirâmide,
encontramos uma sala que parecia não ter saída.
O chão estava completamente coberto
por uma laje monumental de pedra gravada.
Esta laje era suportada por um enorme bloco
com relevos gravados.
Oh, fantástico.
Extraordinário!
Á medida que a pedra era levantada centímetro por centímetro,
a minha ansiedade aumentou.
Uma pequena tampa estava escondida por baixo.
Tínhamos descoberto a tumba de um rei,
o primeiro a ser descoberto numa pirâmide Maia.
O rei enterrado era Pakal.
A cena gravada na tampa do sarcófago
descrevia a descida do rei
na sua viagem para o mundo dos mortos.
Os Maias ainda idolatram os deuses do submundo Xibalba:
O lugar do medo.
Quando o sol desliza para baixo do horizonte,
o Deus Sol ltzamna transforma-se em jaguar,
Deus do submundo que tem nove níveis,
cada qual com um respectivo Deus.
O céu tem 13 níveis.
A Terra é plana e governada por Chacs, Deus da Chuva.
O mundo físico e o mundo sobrenatural estão interligados.
O trabalho de arqueólogos, epígrafos,
e cientistas continua.
Os arqueólogo usam os últimos avanços da tecnologia
para completar o quebra-cabeça da antiga civilização.
Os restos dos edifícios
de há milhares de anos atrás podem ser descobertos
e produzidos mapas deles com o auxílio de computadores.
Há muitos locais que foram estudados.
E contrariamente ao que foi pensado por um longo tempo,
estes não eram somente centros cerimoniais
mas cidades reais - algumas enormes e densamente populosas.
Olha, deixe lhe mostrar.
Os Maias contruiram muitas cidades enormes,
algumas com população de cerca de 40.000 habitantes
governados pelo líder supremo, o divino Ahau.
Os edifícios eram coloridos brilhantemente
e cobertos com símbolos.
Estas cidades maravilhosas foram abandonadas
nos séculos 9 e 10.
Porquê, permanece um mistério.
A cultura dos antigos Maias,
construtores de cidades majestosas, desapareceu.
Mas a cultura Maia, sabedoria e arte ainda está presente
na vida dos Maias atuais
que ligam o passado, presente e futuro.