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Desculpe.
Estou muito feliz em voltar ao Rio de Janeiro.
É minha segunda vez.
A primeira vez não foi tão boa, porque perdi uma competição aqui.
E na segunda vez é muito melhor conhecer todos vocês.
Hoje vou mostrar meus projetos
desde o começo até o mais recente,
incluindo os projetos de auxílio a desastres naturais.
Depois que me tornei arquiteto,
fiquei muito decepcionado com minha profissão,
porque trabalhamos principalmente para privilegiados,
o que eu não esperava, dado o programa.
ricos, governo, construtoras...
Eles têm dinheiro e poder, que são invisíveis,
e chamam arquitetos para fazerem um monumento
que mostre ao público esse poder e dinheiro.
E sempre estamos ajudando, e também tirando vantagem
dessa oportunidade para fazer nossas esculturas.
E não estou dizendo que isso é uma coisa terrível de se fazer,
eu também gosto de fazer monumentos.
Mas espero usar meu conhecimento e experiências
não só para os privilegiados, mas para o público em geral,
ou para alguém que perdeu sua casa em um desastre natural.
O desastre natural está se transformando
em desastre criado pelo homem.
Um terremoto, por exemplo, não mata pessoas sozinho,
mas o colapso dos prédios sim,
e isso é responsabilidade do arquiteto.
Daí as pessoas perdem suas casas,
mas não há arquitetos envolvidos
na construção de habitações temporárias,
porque estão muito ocupados trabalhando para os privilegiados.
Mas até construindo habitações temporárias
podemos fazê-las muito melhores,
então foi por isso que comecei a trabalhar em áreas de desastre,
além de trabalhar para os privilegiados.
Posso começar meu slide, por favor?
Quando terminei o Ensino Médio no ***ão
fui para os EUA, Nova York, estudar na Cooper Union.
É uma escola interessante em Nova York.
Me formei em 1984 e voltei para Tóquio
imediatamente para abrir meu escritório,
sem experiência como arquiteto.
Então a primeira coisa que fiz foi projetar exposições.
Essa é a primeira exposição que projetei,
para meu arquiteto favorito, o finlandês Alvar Aalto.
Fui para a Finlândia várias vezes para ver seus prédios,
e queria projetar a exposição como a arquitetura dele,
mas não tinha orçamento suficiente para usar madeira,
como Alvar Aalto fazia nos prédios.
Mas também não queria usar madeira em uma exposição temporária,
porque teríamos que desmontá-la
e é um desperdício de um material precioso para um uso temporário.
Então procurei algumas alternativas de materiais
para substituir a madeira.
Encontrei uma folha de papel reciclado,
estava por todo o meu ateliê.
Hoje os jovens estudantes não usam mais papel de desenho,
mas costumávamos usar para rascunhos,
e o papel de fax também vinha num rolo.
Sempre quando acabava o papel, o tubo de papel dentro sobrava,
e como odeio jogar coisas fora.
Eu os guardava para usar em outra coisa.
Quando eu estava procurando material para substituir
a madeira na exposição de Alvar Aalto,
pensei que esse seria um bom material,
então usei os pequenos diâmetros do tubo
para projetar os assentos, como na Viipuri Library,
projetada por Aalto, e diâmetros maiores como divisões livres.
Depois descobri que o tubo de papel
era muito mais forte do que eu esperava,
então comecei a testar os tubos
para usar em estruturas de prédios.
Próximo, por favor.
Depois, fiquei... Próximo, por favor?
Depois, fiquei curioso
e comecei a projetar sistemas de fabricação livre para habitação,
um sistema de habitação barato.
Esse é um sistema que desenvolvi.
Essa casa não tem colunas ou paredes apoiando o teto.
Toda a estrutura é feita com móveis industrializados.
Esse é um móvel padrão, um closet,
tem 19 centímetros por 2,24.
Fizemos todos os móveis na fábrica,
trouxemos, depois conectamos os móveis com a fundação,
horizontalmente entre um móvel e outro.
Tudo já vem pintado e instalado.
Próximo, por favor.
Em um dia instalamos a estrutura dos armários;
no outro, você só precisa colocar o teto.
Não precisamos trabalhar com carpinteiros habilidosos,
qualquer um pode construir fácil e rapidamente.
Aqui é a finalização, você vê as prateleiras fechadas.
Tudo é feito com móveis industrializados,
então não há parede, é o móvel e o teto apoiado nele.
Próximo, por favor.
Essa é a mais nova versão dessa casa-móvel,
construída em Nova York, Long Island.
Na versão anterior os móveis eram feitos de molduras de madeira.
Mas dessa vez não há moldura de madeira,
os móveis são feitos apenas de compensado,
como vocês podem ver aqui.
Se chama finger joint.
São três pedaços de compensado de 25 milímetros,
conectados por finger joints.
É muito fácil fazer um armário usando compensado,
e o teto está apoiado nele.
É muito mais barato e fácil construir essa casa.
Próximo, por favor.
Depois a ideia de usar espaço de depósito
foi mais desenvolvida neste projeto
chamado Nomadic Museum.
É um museu móvel para o artista canadense Gregory Colbert.
Ele me pediu para projetar um museu móvel
para levar esse prédio de mais
de 4 mil m² de cidade em cidade, de país em país.
O desafio é: como fazer um prédio rapidamente
e como desmontar o prédio facilmente,
além de transportar um prédio grande de forma econômica.
Então esse era meu desafio.
Decidi usar contêineres.
Um contêiner marítimo segue padrão internacional.
Pode-se encontrar o mesmo contêiner
em qualquer parte do mundo, porque é padrão.
Então alugo o contêiner no local, em Nova York,
e depois que a exibição no museu acaba
devolvemos ao estaleiro.
Sem mover o contêiner,
porque alugamos localmente, onde quer que formos.
Esse foi construído no píer do rio Hudson.
Esse píer é muito antigo, feito em madeira,
historicamente, o Titanic deveria aportar aqui,
mas infelizmente não chegou, então mostra o quão antigo é.
E como podem ver, criei um padrão quadriculado
com a intenção de minimizar o número de contêineres
e tornar a estrutura mais leve,
em vez de empilhar um em cima do outro.
Vejam que há uma articulação no canto,
então usei essa articulação existente para conectá-los.
Próximo, por favor.
O teto é apoiado por tubos de papel;
são tubos vazios, com 75 centímetros de diâmetro
e 10 metros de comprimento,
e a armação triangular está apoiando os tetos.
E vejam na foto, a exposição fica no meio.
Próximo, por favor. Esse foi em Santa Mônica.
Mas como vê, aqui está totalmente diferente,
porque alugamos os contêineres localmente,
em Santa Mônica, e além disso
o comprimento em Nova York era de 200 metros,
mas o terreno que tínhamos em Santa Mônica
era um estacionamento quadrado,
então não podíamos colocar a galeria de 200 metros,
por isso decidi colocar duas galerias de 100 metros.
Ele também me pediu para colocar um teatro adicional.
Em vez de colocar mais contêineres,
simplesmente coloquei um espaço no meio das duas galerias
e pus uma membrana para criar um espaço
para teatro entre as galerias, sem contêineres a mais.
Próximo, por favor.
Depois disso fomos para Tóquio.
À esquerda está uma de minhas casas favoritas,
projetada por Mies van der Rohe, a casa Farnsworth.
E no lado direito está uma casa
que chamo de Curtain Wall House.
A casa Farnsworth é a mais original
na história da arquitetura ocidental,
porque o prédio fica totalmente transparente.
Mas como vocês sabem as janelas são fixas,
há apenas uma porta, então posso dizer
que ela é visualmente transparente, não fisicamente.
Se você vir habitações japonesas tradicionais,
há uma porta de correr em todo lugar,
então quando abrimos as portas de correr
a casa fica totalmente transparente,
visualmente, mas também fisicamente,
porque o espaço interno e externo são totalmente conectados.
Então essa é a diferença entre a transparência da Mies
e a tradicional do ***ão.
Antes de construir essa casa o dono vivia
em uma antiga casa japonesa tradicional,
e gostava da abertura e da flexibilidade da casa.
Por isso decidi levar esse estilo ao novo prédio.
São apenas três andares com três estruturas,
toda a fachada é feita de portas de vidro de correr,
que podem ser abertas para conectar interior e exterior.
Próximo, por favor.
O teto tem uma borda,
para proteger a privacidade ou fornecer sombra.
Quando as portas estão abertas,
a cortina é levada pelo vento.
Expandimos a borda do prédio para a rua.
E, como devem saber,
Mies van der Rohe foi o arquiteto
que inventou o sistema "parede-cortina"
para prédios mais altos,
com molduras de alumínios e vídeo cobrindo o prédio.
É chamado de "parede-cortina".
Em vez de usar a parede-cortina de Mies,
usei uma cortina de verdade na casa.
Próximo, por favor.
Essa é uma casa chamada "Casa Dois Quintos".
O nome vem da geometria.
A planta retangular foi dividida
em cinco espaços retangulares lineares,
e apenas dois dos cinco são usados como espaços internos.
Esse é o pátio exterior; espaço interno;
pátio interior, que é aqui; um espaço interior
e um espaço exterior novamente.
Sempre que há uma linha pontilhada ela representa
uma porta de correr de vidro,
que sai de uma para abrir espaço de parede a parede.
Próximo, por favor.
Essa é uma foto tirada a partir do pátio frontal,
olhando para dentro do prédio.
O pátio do meio, há um espaço interno e um externo novamente.
O piso é todo contínuo, e coloquei o piso de cima
como uma caixa de vidro "miesiana",
para poder comparar a transparência de Mies,
que é visual, e a transparência japonesa,
que é visual e também física.
Próximo, por favor.
Essa é uma casa chamada "Casa Panorâmica".
Normalmente uma janela panorâmica
é uma janela quadrada na parede,
emoldurando uma bela paisagem, como numa pintura.
Em vez de fazer uma janela quadrada,
fiz a estrutura toda da casa como uma janela panorâmica,
emoldurando a bela vista horizontal do oceano.
Podemos abrir todas as portas de correr na frente e atrás,
e o jardim, o espaço interno e a vista do oceano
são totalmente conectados por essa janela panorâmica.
Próximo, por favor.
Essa é uma pequena casa chamada Nine Square Grid House.
Como vocês veem, a fachada é quadrada,
e há uma estrutura de móveis aqui e ali.
O espaço pode ser dividido
em nove quadrados, com portas de correr.
Dessa forma as portas de correr estão fechadas,
e depois estão totalmente abertas,
para formar um grande espaço único.
E há só dois cômodos com nomes: banheiro e cozinha.
De resto, não há nomes,
como sala de estar, quarto, sala de jantar e por aí vai.
Por exemplo, no verão,
colocamos a cama no lado norte da casa, que é mais fresco.
E no inverno colocamos a cama no lado sul da casa,
que é mais quente.
Se você brigar com sua esposa, pode separar os dois quartos.
Próximo, por favor.
Esse é um pequeno restaurante em Tóquio,
com fachada feita
de venezianas de vidro industrial,
um produto padrão.
Quando o restaurante está aberto,
as venezianas sobem um pouco, e você encontra a porta.
Próximo, por favor.
Em dias agradáveis, toda a veneziana sobe e o restaurante
fica totalmente exposto ao terraço ao lado,
conectando interior e exterior.
Próximo, por favor.
E novamente utilizei as venezianas de vidro
em um projeto residencial.
Essa é uma casa com muitos pátios e piscinas.
Próximo, por favor.
Essa é a sala principal quando a veneziana está fechada;
essa é a sala principal quando está aberta,
para ver as simetrias.
Essa é a sala de estar, quando a veneziana está aberta
o cômodo fica totalmente conectado ao pátio exterior.
Então onde quer que esteja,
está sempre conectado ao verde, ao pátio e à água.
Próximo, por favor.
De novo usei a veneziana de vidro em um prédio.
Essa é a sede da Swatch,
a empresa de relógios suíça, em Tóquio.
Essa é a região mais cara do mundo, Ginza.
Foi uma competição internacional;
O problema era que o programa dizia
que eles queriam oito lojas.
E, como vocês devem saber,
o grupo Swatch é dono de muitas marcas famosas,
como Omega, Tissot, Blancpain, Jacquet Droz, etc.
Eles têm muitas marcas de relógios famosas,
então queriam oito lojas para as marcas aqui,
mas, como vocês veem, como o terreno é muito estreito,
por ser caro, é muito linear e profundo.
Então só podemos ter uma loja na frente
e o resto das lojas tem que ser nos fundos do prédio,
ou em cima ou embaixo.
E achei isso muito injusto, só uma loja com fachada,
e o resto das lojas sem.
Então, meu problema era como fazer
fachadas iguais para as oito lojas.
Esse era meu desafio, que não foi pedido pelo cliente.
Então o que fiz, em primeiro lugar,
foi fazer toda a fachada de veneziana de vidro,
que pode ser totalmente aberta.
Essa área pública, em um dia de sol, pode ser aberta,
sem ar-condicionado, podemos tirar vantagem da ventilação natural.
E essa é a frente, quatro andares, e o fundo do prédio,
quatro andares, totalmente aberto por venezianas de vidro.
Criei uma passagem pública dentro do prédio,
com um pouco de verde, jardins suspensos e filtros de água.
Em Ginza não há espaço público nem área verde,
porque o terreno é muito caro.
Então as pessoas vêm a essa passagem pública,
de graça, e ao longo da passagem
há um showroom de vidro das oito lojas,
tem 3 x 4 metros, feito de vidro,
e cada loja tem seu showroom no térreo, na passagem.
As ofertas ficam no térreo,
mas se quer ver mais relógios,
apenas aperte um botão
e o showroom se eleva.
Então o showroom é composto por um elevador,
que sobe para levar o cliente às lojas.
Todos os showrooms são feitos com esse elevador hidráulico,
que leva o consumidor para cima ou para baixo,
onde for o showroom principal.
Por causa dessas ideias incomuns, ganhei a competição.
Próximo, por favor.
Quando a veneziana está aberta, isso se torna espaço externo.
E essa é a cobertura do espaço público,
com a estrutura em treliça, que eu usei como protótipo
para o desenvolvimento do Pompidou Center,
o projeto do Centre Pompidou Metz, que mostrarei depois.
Próximo, por favor.
Esse é o prédio de apartamentos em Nova York,
na região de Chelsea.
Quando fui ao local pela primeira vez havia muitos armazéns
e galerias fechados com venezianas.
Então a veneziana era um material muito
contextual na região de Chelsea.
Então usei a veneziana perfurada,
a veneziana com metal que sempre uso para fachadas de loja,
é um material translúcido.
Criei todos como apartamentos duplex.
Todas as salas de estar têm pé-direito duplo,
e essa veneziana pode ser aberta ou fechada,
para sombra e segurança.
No verão, em Nova York, há muitos mosquitos,
então ela funciona como uma tela, também.
Próximo, por favor.
A porta dobradiça pode ser totalmente aberta,
para conectar o interior e o exterior.
Essa é a janela quando a veneziana de metal está fechada,
mas você ainda consegue ter uma vista de Nova York.
Então esse cômodo está totalmente exposto ao exterior,
conectando interior e exterior.
Próximo, por favor.
Estou muito interessado no uso da madeira de diversas formas.
Aqui usei como proteção contra incêndio para o aço.
Normalmente, quando você faz um prédio de aço
a partir de certa altura, tem que ter proteção contra incêndio.
E para essa proteção você passa várias coisas
sobre o aço e depois cobre,
depois finalizamos com pedra ou madeira.
São muitas camadas. Em vez de usar várias,
coloquei apenas madeira de compensado
em torno da coluna de aço, como acabamento interior
e proteção contra incêndio.
Vocês sabem que madeira pode queimar, e vira carvão.
Carvão é um material perfeito para proteção contra incêndios.
Então testei e provei esse método para o governo,
para conseguir permissão especial.
Em meu *** descobri que a espessura de 25mm
de compensado funciona por meia hora
como proteção contra incêndio;
a espessura de 40mm funciona durante uma hora.
Esse prédio é só aço coberto por madeira
como acabamento e proteção contra incêndio.
Próximo, por favor.
Esse é o ginásio para o hospital.
Como esse prédio foi construído numa área residencial,
eu não queria fazer um prédio enorme,
então fiz só o corpo principal do ginásio subterrâneo
e coloquei o teto no topo.
E queria trazer tanta luz natural quanto possível.
Isso é um compensado chamado LVL,
laminated veneer lumber.
Podemos fazer qualquer coisa com ele, e dobrá-lo.
Aqui são as sessões longitudinais;
esse arco tripartido é colocado diagonalmente,
aos poucos, para formar a cobertura.
Perpendicular a ele, o arco tripartido foi
colocado paralelamente, criando um vão entre as duas camadas,
e coloquei pequenos pedaços para criar um suporte.
Quis minimizar a quantidade de madeira
para trazer iluminação natural ao espaço, ao porão.
Próximo, por favor.
Esse era meu escritório em Paris, França,
quando eu venci a competição para o novo Pompidou Center
na cidade de Metz.
Queria ter meu próprio escritório em Paris,
mas alugar escritório em Paris é muito caro,
então pedi ao presidente do Pompidou
para me dar um pouco da cobertura.
Queria fazer meu próprio escritório temporário.
Ele disse: “Ideia interessante,
podemos mostrar o que está sendo feito
para o novo Pompidou Center”.
Então eu trouxe um estudante japonês e estudantes franceses
para construir meu escritório no topo do Pompidou Center,
que foi projetado por Renzo Piano e Richard Rogers.
Próximo, por favor. Esse é o interior.
É uma estrutura feita de tubos de papel e madeira.
E depois, quando o Pompidou Center em Metz foi finalizado,
eu fui expulso de lá,
mas eu costumava convidar amigos. Eu sempre lhes dizia:
se quiser me ver, tem que comprar ingresso,
porque eu era parte da exposição.
Próximo, por favor.
Esse é um painel gráfico que eu enviei à competição
para o Pompidou Center em Metz.
Esse é um corte transversal da cidade,
essa é o corte e esse era nosso terreno.
Estava totalmente vazio.
E a cidade de Metz está em um lado,
e essa é a catedral mais importante.
E esse é o corte transversal, também é importante.
Queria fazer um prédio bem contextual,
com ligação com a cidade.
O terreno era um pouco longe do centro
e eu também queria fazer um museu muito prático e funcional.
De acordo com o programa para as galerias,
projetei a Galeria Dois.
É uma galeria linear, com 50 metros de largura
e 90 de comprimento,
um espaço perfeitamente retangular.
Hoje em dia há muitas galerias com paredes diagonais,
vocês sabem, está na moda fazer uma parede escultural,
não reta para pendurar obras. Eu queria uma galeria prática.
E as três galerias ficavam uma em cima da outra,
mas em direções diferentes.
Então o topo do tubo está voltado à catedral,
e nas galerias há grandes janelas panorâmicas,
sem moldura, com a bela catedral na panorâmica.
O segundo tubo é voltado para a estação de trem.
Essa estação foi construída pelos alemães,
quando Metz foi ocupada pelos alemães após a I Guerra Mundial,
então era uma história muito importante da cidade,
e capturamos a vista da estação de trem.
Era uma forma de conectar o museu,
que estava longe do centro da cidade, à cidade em si.
E eu também queria que o museu fosse um espaço público.
Queria abrir o museu ao público
e à cidade tanto quanto possível.
Então o térreo é todo feito de veneziana de vidro,
que pode ser totalmente aberta para ligar interior e exterior.
Próximo, por favor. Essa é a estrutura do teto.
O teto tem uma forma hexagonal,
e cada padrão é também um hexágono.
A ideia veio originalmente dessa antiga
cabana chinesa de bambu.
Quando encontrei essa cabana, achei muito arquitetônica,
porque o bambu é uma estrutura,
e eles usam apenas papel para proteção contra chuva,
e por baixo de toda essa estrutura eles têm folhas secas,
para isolamento térmico, como em um prédio:
isolamento, estrutura e proteção contra chuvas.
Então, depois que encontrei essa casa, há mais de dez anos,
comecei a construir para estudar essa estrutura pouco a pouco,
e finalmente cheguei a esse ponto.
E essa é uma estrutura entrelaçada de madeira,
que é martelada no centro da estrutura de aço,
e cada elemento é contínuo,
em vez de ser conectado por juntas de metal.
Essas são as diferentes camadas.
E, se você olhar para um mapa da França,
o formato é um hexágono.
É por isso que o hexágono é o símbolo dos franceses.
Para ganhar uma competição internacional, tive que
usar alguns elementos para agradá-los,
por isso o hexágono.
Mas, se eu entrar em uma competição em Israel,
precisarei de outra forma geométrica.
Isso foi antes de colocarmos a membrana,
a estrutura de madeira estava totalmente bruta.
Como vocês veem, há uma forma tridimensional,
mas o hexágono original foi mantido.
Próximo, por favor.
Essa é a finalização. Essa é a janela panorâmica.
Essa é a veneziana de vidro quando fechada.
Próximo, por favor.
Como a membrana é translúcida,
o padrão da estrutura sobressai. Próximo, por favor.
Essa é a veneziana quando aberta, e quando estiver no café,
tudo está totalmente conectado,
então as pessoas podem entrar sem pagar, de graça.
Próximo, por favor. Esse é o centro do prédio,
com elevadores e escadas,
pendurados pela estrutura de madeira.
Como vocês podem ver, as camadas se sobrepõem.
Próximo, por favor.
Essa é a cobertura sobre cada tubo,
que é usada como um espaço de galeria para esculturas,
com iluminação natural. Próximo, por favor.
Essa é uma janela panorâmica que, está emoldurando a catedral,
então as pessoas vêm aqui para olhar sua própria cidade.
Próximo, por favor.
Esse é um projeto na Coreia do Sul, a Golf Club House.
Usei a mesma geometria do hexágono,
mas aqui é simplesmente um arco de compressão.
O Pompidou Center Metz era uma estrutura de tensão.
Por causa desse arco de compressão, conectei
cada elemento com juntas, na mesma superfície,
porque é bom que esses arcos fiquem juntos, se empurrando.
Eu não jogo golfe, então foi um projeto difícil,
porque eu não sabia o que haveria dentro do prédio.
Então só tive a ideia de usar o pino de golfe,
que hoje é feito de plástico,
mas antes era de madeira.
Então fiz a estrutura como um pino de golfe,
foi minha única referência. Próximo, por favor.
Esse é o interior, a mesma geometria hexagonal,
mas a mesma camada, como um único arco de compressão.
Próximo, por favor.
Essa é uma volta à história da estrutura do tubo de papel.
É uma das primeiras estruturas temporárias com tubo de papel,
em 1990. Como eu não tinha permissão do governo
para usar tubo de papel, usei material para a estrutura,
ferro e silicone para apoiar o teto,
e os tubos de papel formaram um tipo de parede
para receber a pressão do vento.
Havia 330 tubos, cada um com 55 centímetros de diâmetro
e 8 metros de comprimento, e havia tubos maiores,
com 120 de diâmetro, um tubo enorme, dentro dos banheiros.
Se seu papel higiênico acabar,
você pode pegar esses dentro da parede.
Próximo, por favor.
Depois projetei minha casa de fim de semana.
Para conseguir a permissão complicada do governo
passei um ano testando, e finalmente consegui.
Mas não tinha dinheiro para construir minha casa.
Mas tive sorte ao conseguir um projeto para
o estilista Issey Miyake, para projetar uma pequena galeria
de tubos de papel como estrutura permanente.
Próximo, por favor. Essa estrutura simples,
só um tubo de papel,
cria uma coluna, cria as listras de sombra,
que se movem dependendo da hora, e no meio do espaço
há um vão para criar uma luz linear,
que também se move dependendo das horas do dia.
Próximo, por favor.
Depois, finalmente, construí minha casa de fim de semana.
Mas era tarde demais, me tornei muito ocupado,
não tenho fins de semana, a casa está totalmente vazia.
Próximo, por favor.
Esse é o Expo Pavillion para o governo japonês
na Expo Hanover, na Alemanha.
Tive muita sorte de colaborar com o professor Frei Otto
para desenvolver essas estruturas com tubos de papel.
E o tema principal da Expo era o meio ambiente,
então o governo me pediu
para projetar um prédio com materiais recicláveis.
Normalmente o caso é que o pavilhão da expo
é o próprio problema ambiental,
porque construímos vários pavilhões temporários,
por meio ano, e depois os destruímos
e criamos um monte de lixo industrial.
Então meu problema, na verdade meu objetivo,
era o prédio ser desmontado.
Eu trabalhei com o fabricante
para escolher cada material cuidadosamente,
de modo a poder reciclar ou reusar todos os materiais
quando o prédio fosse desmontado.
Então meu objetivo não era o prédio finalizado,
e sim destruído.
Isso é um tubo de papel feito por uma empresa local.
Tem 20 metros de comprimento e diâmetro de 20 centímetros.
E a conexão é feita apenas com fitas de tecido.
A fundação é feita com essa caixa de madeira
cheia de areia, em vez de concreto,
porque concreto é um material muito difícil de reciclar.
Então isso é só uma caixa de madeira com areia.
E para erguer a forma tridimensional
há esses andaimes verticais, que podem ser colocados a mão,
para criar formas tridimensionais.
Todos os dias tínhamos que checar a geometria,
e era muito difícil medi-la a partir do chão.
Então esse foi o único míssil de alta tecnologia que usamos.
Colocamos antenas para medir a geometria por satélite,
usando GPS. Essa é a membrana.
Geralmente usamos uma membrana de PVC,
mas o PVC não é bom para o meio ambiente,
então desenvolvi uma membrana de papel,
com proteção contra o incêndio e água,
de acordo com as regras alemãs. Próximo, por favor.
Essa é a finalização.
Como vocês veem, todas as conexões
são feitas com fitas de tecido. Próximo, por favor.
Agora vou mostrar projetos em áreas de desastre natural.
Isso é Ruanda, na África, 1994,
quando duas tribos, Hutu e Tutsis, lutaram,
e mais de 2 milhões de pessoas se tornaram refugiados.
E fiquei muito chocado ao ver essas fotos,
porque eles estão congelando mesmo com cobertores.
Pensei que a África era bem quente,
mas eles estão congelando com os cobertores,
porque ganham das Nações Unidas
abrigos tão pobres que não conseguem se esquentar.
Pensei então que precisávamos melhorar os abrigos,
ou nenhum tratamento médico poderia ajudá-los.
Fui a Genebra,
à sede do Alto Comissariado das Nações Unidas
para Refugiados, para propor minha ideia.
Tive muita sorte de ser aceito como consultor, pelo seguinte.
Esse é o abrigo padrão típico na África.
As Nações Unidas dão só uma folha de plástico, 4 x 6 metros,
e cortam as árvores para criar uma moldura e apoiar o plástico.
Cerca de 2 milhões de pessoas cortam árvores para abrigos.
Essa área era a floresta, mas não há mais árvores,
e eles vão mais longe para cortar mais,
então as Nações Unidas reconheceram esse problema
ambiental do desflorestamento.
Então eles forneceram canos de alumínio,
mas os refugiados os vendiam, porque alumínio é caro na África,
e eles voltaram a cortar as árvores.
Os canos de alumínio não foram uma boa solução.
Por isso que quando propus minha usar tubos de papel
eles aceitaram que eu a desenvolvesse.
Próximo, por favor.
Nessa foto eu fiz três protótipos,
e tive muita sorte de ter o apoio
de uma das mais importantes empresas de móveis, a Vitra.
Como vocês devem saber, a Vitra patrocina muitos arquitetos,
e têm um museu de mobiliário e uma fábrica
projetados por Frank Gehry.
Atrás do museu eles têm a Seminar House,
projetada por Tadao Ando,
uma fábrica projetada por Nicholas Grimshaw
e Álvaro Siza,
e a bela Fire Station projetada por Zaha Hadid.
Então eles têm a coleção arquitetônica mais cara,
e minha tenda é a mais barata.
Esse é um campo em Ruanda.
Os refugiados de Ruanda voltaram, aceitando refugiados do Congo.
Fui lá para colocar minha tenda como protótipo,
numa fase de monitoramento.
O custo do meu abrigo é apenas US$0,50,
então eu não podia fazê-los mais confortáveis,
pois a política das Nações Unidas
é que sendo confortáveis demais, as pessoas ficariam mais tempo.
Então tive que fazer um bem simples por US$0,50,
para pararem de cortar árvores. São simplesmente tubos de papel
e juntas de plástico, e tivemos que testar a durabilidade
e o problema com cupins. Essa é a fase do monitoramento.
Próximo, por favor.
No ano seguinte, 1995, no ***ão,
a cidade de Kobe sofreu um terrível terremoto.
Mais de 3000 pessoas morreram
e todas as casas se foram com o terremoto.
Descobri que havia muitos antigos refugiados vietnamitas
nessa igreja, e o prédio tinha sido destruído.
Achei que eles estavam com mais dificuldade
do que os japoneses, por isso fui ajudá-los.
E também propus ao padre que reconstruíssemos a igreja
com tubos de papel, bem barato. Mas ele estava tão irritado
após o incêndio
que me achou louco de fazer um prédio com papel.
Então comecei a ajudar os refugiados vietnamitas.
Próximo, por favor.
Eles estavam vivendo assim, no parque.
O governo fez habitações temporárias,
mas eles não queriam se mudar para essas habitações do governo,
porque haviam sido construídas fora da cidade,
e eles deviam trabalhar para uma fábrica na área industrial.
Se eles se mudassem para fora da cidade, perderiam seus empregos.
Por isso queriam continuar aqui, mesmo em condições pobres.
Outro problema é que havia pessoas querendo expulsá-los,
com receio de que o parque virasse um campo.
Então pensei que tínhamos que mantê-los,
mas tinha que ser feito de uma forma bonita
para que eles fossem aceitos e continuassem vivendo aqui.
Começamos a construir habitações temporárias com tubos de papel.
São 10cm de diâmetro, e a espessura é de apenas 4mm.
E, em vez de uma fundação de concreto, que é cara,
fizemos a fundação com engradados plásticos de cerveja,
cheios de areia dentro.
Então é fácil de fazer e de desmontar.
E o teto é feito com duas camadas de membrana,
e no verão podemos abrir o frontão para entrar ventilação.
Construímos isso com estudantes. Próximo, por favor.
Além disso, o padre finalmente
entendeu que podíamos fazer um prédio com tubos de papel
e aceitou meu projeto, contanto que eu arrecadasse o dinheiro
e usasse estudantes para construir.
Então todos os estudantes vieram de todos os lugares do ***ão,
para construirmos nós mesmos. E esse é o tubo de papel.
É uma forma retangular simples, 10 x 15 metros.
Essa forma oval veio de uma das minhas igrejas favoritas
em Roma, projetada por Bernini,
para articular o corredor e o espaço principal no interior.
Essa igreja deveria ser usada por três anos,
mas as pessoas adoraram, então decidiram mantê-la por 11,
e depois decidiram desmontar, porque a área foi desenvolvida.
Mas tivemos muita sorte em receber uma oferta de Taiwan.
Próximo, por favor.
Pediram que doássemos a igreja para Taiwan.
Então desmontamos, enviamos para Taiwan
para ser reconstruída,
e se tornou uma igreja permanente,
que ainda existe em Taiwan. Próximo, por favor.
Em 1999 também houve um grande terremoto na Turquia,
então me pediram para construir habitações temporárias.
Todos os projetos são pro bono.
Foi fácil achar os tubos de papel
e os engradados com uma empresa local.
Ela nos deu tudo de graça para essas casas temporárias.
E as pessoas também se juntaram para construí-las.
As crianças ajudaram a colocar papel reciclado
dentro do tubo de papel, para criar mais isolamento térmico,
porque o clima na Turquia é muito frio. Próximo, por favor.
Em 2001 o oeste da Índia também teve um terremoto
e fui convidado para construir habitações temporárias.
E foi muito fácil achar esse tubo de papel localmente.
Tinham uma empresa têxtil, que fazia tubos de papel
e colocava tecidos em volta, então foi fácil e barato
encontrar tubos de papel feitos localmente.
E o teto é feito com uma esteira de cana entrelaçada local,
apenas duas para o teto todo.
Mas não consegui encontrar engradados de cerveja,
porque nessa área ninguém bebe cerveja ou álcool.
Então um arquiteto local propôs usar caixas de Coca-Cola,
mas achei que uma caixa de Coca-Cola era fora de contexto.
Em vez disso fizemos o chão com um tatame tradicional.
Alguns dos prédios são usados como casa e outros como escola.
Próximo, por favor.
Esse é um projeto no Sri-Lanka após o tsunami de 2004.
Fui convidado para fazer habitações permanentes
na vila de pescadores.
A planta na verdade foi fornecida pelo governo
às ONGs, mas eu fiz pequenas mudanças.
Eu separei a cozinha, o banheiro e o chuveiro
da casa principal, mas os mantive conectados ao teto,
criando um espaço semiexterno no meio.
Como o clima no Sri-Lanka é muito quente
sempre há pessoas comendo e caminhando sob a sombra,
então quis criar esse espaço semiexterno adicional.
Trouxe meus estudantes para fazer uma estrutura de tijolos,
que é essa parte alta.
Contratei habitantes locais para fazer um núcleo simples.
E para adicionar acessórios ao projeto do prédio
fiz móveis modulares como parede e estrutura,
colocados no meio,
porque as pessoas perderam tudo no tsunami,
não havia mobiliário. E também começamos a plantar,
porque não havia árvores. Próximo, por favor.
E como veem,
esse espaço semiexterno no meio foi usado para comer,
caminhar, e conectamos o interior com o espaço principal.
E assim que se mudaram as pessoas começaram a decorar os móveis.
Isso foi imediatamente após o tsunami,
e depois de construirmos 50 unidades de habitação.
Próximo, por favor.
Esse é um projeto na China, em 2008, em Chengdu Chenghua.
Também comecei a construir habitações temporárias.
Mas o governo não queria estrangeiros construindo-as
e então me pediram para projetar uma escolar de ensino básico.
Então eu trouxe estudantes japoneses,
e havia estudantes chineses, para fazermos a construção.
Esse é um tubo de papel disponível localmente,
e trabalhamos juntos por só um mês
para construir nove salas de aula em 500 metros quadrados.
Só com estudantes. Próximo, por favor.
Essa é a finalização. Três salas de aula cada,
e é o primeiro dia que os alunos puderam voltar à sua escola.
Como vocês veem, estavam muito felizes de se encontrar de novo.
Isso foi há três anos e meio,
e eles ainda mantêm o direito de usá-la por mais tempo.
Próximo, por favor.
Essa é uma situação em L’Aquila, na Itália.
Isso é Roma e isso é a cidade de L’Aquila.
A área vermelha é toda a cidade, que foi totalmente destruída.
A quantidade de pessoas mortas não foi tão grande,
mas a maioria dos prédios históricos foram destruídos,
incluindo a sala de concertos. Essa cidade é famosa pela música,
eles têm sua orquestra e uma escola de música,
mas os músicos e estudantes iam embora
porque não havia onde tocar. Era outro desastre à vista.
Então propus: por que não fazemos
uma sala de concertos temporária, para ficarem?
E eu tive muita sorte
de que o Sr. Berlusconi, ex-primeiro-ministro italiano,
organizou a reunião do G8 em L’Aquila em vez da Sardenha,
onde ele tem uma casa, para conseguir apoio internacional.
À época o governo japonês procurava projetos para apoiar,
então tive muita sorte de conseguir esse financiamento
para completar minha consultoria.
Essas fotos são engraçadas: esse é o
ex-ex-ex-primeiro-ministro japonês,
porque no ***ão trocamos o primeiro-ministro a cada ano.
E esse é o Sr. Berlusconi, segurando meu tubo de papel.
Tenho certeza de que ele não sabe o que está fazendo,
mas estavam apresentando meu projeto ao público,
aos jornalistas. Próximo, por favor.
Essa é a finalização, uma coluna de tubos de papel
e a sala principal, pequena, com 150 lugares.
Precisávamos de um isolamento acústico muito firme
para a música, mas eu não queria fazer em concreto,
porque é caro e difícil de desmontar.
Então fiz a parede com andaimes e coloquei caixas de areia dentro
para torná-la bem isolada acusticamente.
Mas é feio, e coloquei a cortina por fora
para esconder as caixas de areia.
O interior é feito de tubos de papel, mas não a estrutura,
só a acústica. Trabalhei com um engenheiro para usar tubos
de diversos diâmetros para os efeitos acústicos,
refletindo e acumulando os sons e criando um bom efeito sonoro
na sala de concertos. Próximo, por favor.
Esse é o Haiti, há dois anos e meio.
Essa é a capital do Haiti, Porto Príncipe,
e como vocês sabem o porto e o aeroporto foram fechados,
e eu tive que voar para a República Dominicana,
essa é a capital, Santo Domingo, e fui para lá de carro,
mais de seis horas, para ver qual era a situação, e era terrível.
Então arrecadei dinheiro e trouxe um protótipo do abrigo
para Santo Domingo, para trabalhar com estudantes locais
na construção e no preparo dos materiais,
além de treiná-los para construir. Próximo, por favor.
Então, os estudantes de lá prepararam o material,
colocamos em um caminhão para levar ao Haiti
e montá-lo sozinhos.
Esse é o tubo de papel disponível em Santo Domingo,
a junta é feita de compensado.
Eles nos ajudaram a montar,
só durante um fim de semana fizemos 50 unidades de abrigos.
Próximo, por favor.
Essa é uma situação no ***ão no ano passado, há quase um ano,
após o grande terremoto e tsunami.
Mais de 15000 pessoas morreram
e ainda há 3000 desaparecidas por causa do tsunami.
Esperava-se um tsunami de até 10 metros e havia uma defesa,
mas dessa vez ele atingiu 70 metros.
Então muitas pessoas morreram e desapareceram.
E depois do tsunami tiveram que ser evacuadas para ginásios.
É horrível, porque não há privacidade entre as famílias.
Então eu fui para lá rapidamente para fornecer divisórias.
São feitas de tubo de papel de 10 e 6 cm,
um diâmetro pequeno, inserido sem nenhuma junta
dentro do diâmetro maior, para haver maior articulação,
e só colocávamos dentro do papelão.
Não queríamos fazer uma parede,
então essa é a solução mais apropriada.
Você providencia privacidade suficiente às pessoas,
mas elas podem aceitar essa situação,
porque podíamos abrir e fechar dependendo do dia e da hora.
E, além disso, cada família tem um número diferente de pessoas,
e podemos ajustar os diferentes tamanhos da divisória
dependendo do tamanho da família, sem tirá-los do lugar.
Isso pode ser construído e desmontado facilmente
e reciclado após o uso.
Fomos a todas as instalações, uma por uma,
mais de 50 ginásios e construímos mais de 1800 unidades.
Próximo, por favor.
Em apenas duas horas um ginásio pode ficar assim,
com cada unidade para cada núcleo de pessoas dentro.
Próximo, por favor.
O governo começou a construir habitações temporárias.
A construção se atrasou,
eles permaneceram nos ginásios durante os meses de verão.
Nos ginásios há muitos mosquitos,
então trouxemos telas para substituir as cortinas,
voltamos às mesmas instalações
para colocar essa solução contra mosquitos.
Próximo, por favor.
Essa é a habitação temporária padrão do governo.
É muito pobre. Tem um andar, parece um campo.
E também é muito mal construída,
tudo é muito apertado.
Não é só o tamanho, mas não há móveis.
E o problema era que mais de 500 metros
de área costeira foram perdidos, então eles não podiam
construir habitações temporárias de um andar suficientes.
Então propus uma casa de vários andares com contêineres.
Esse é um contêiner de 6 m, que cria padrões quadriculados.
Dentro do contêiner o espaço é bem pequeno,
então pus a sala das crianças e o banheiro no contêiner,
e usei os espaços intermediários como salas de estar e de jantar.
Como criei padrões quadriculados,
precisei da metade dos contêineres para os quartos.
Como o Nomadic Museum, é uma construção de contêineres,
com espaço livre entre eles. E construímos 190
unidades familiares em um campo de beisebol.
Como os fizemos mais altos,
na habitação do governo a distância são só 3 metros,
então não pode abrir sua janela, não há privacidade.
Mas no nosso podemos ter 11 metros, estacionamento,
também criei o mercado e outros espaços comunitários.
Essa é nossa equipe, gente de toda parte.
Arrecadei dinheiro para criar móveis
e usar livremente o espaço limitado.
Não posso fazer maior, porque é dinheiro governamental
e há um tamanho padrão,
mas posso fazer o espaço bem confortável, com estudantes.
Próximo, por favor. Essa é a finalização.
São três andares, e também fizemos o mercado;
isso é o interior, com todo o mobiliário.
Você pode pendurar suas roupas e fechar a cortina para esconder.
A mesa fornecida tem pés de tubo de papel,
as pessoas ainda sentam no chão para comer,
então algumas podem se sentar no chão
e algumas podem sentar na cadeira com pés de tubo de papel.
Então por causa desse mobiliário adicional
o interior ficou muito limpo e foi usado de forma eficaz.
Próximo, por favor. Também fizemos um mercado
e alguns espaços comunitários usando contêineres.
Essa é a biblioteca infantil, antes da chegada dos livros.
É uma estrutura de tubo de papel.
Tudo foi feito com doações. Próximo, por favor.
Esse é meu projeto recente. É uma catedral temporária
em Christ Church, Nova Zelândia,
que também em 2012 teve um terrível terremoto,
e a catedral mais importante foi destruída,
por isso me pediram para fazer uma temporária.
Isso tem mais de 22 metros
e é feito com os tubos de papel disponíveis localmente.
Era um material para o teto.
Próximo, por favor.
Isso não deveria estar aí.
Você pode corrigir a cor?
Fazer algo? Não é a cor original.
Esse é o último slide.
Você pode pedir para ele arrumar?
Obrigado.
Quero mostrar a vocês a cor do tubo de papel.
A construção começa no mês que vem.
Entre os tubos de papel há um espaço,
trazendo iluminação natural.
Como mostrei anteriormente, a igreja temporária em Kobe
se tornou permanente, e esta ficará durante muito tempo.
Sempre me perguntam: quando tempo dura o tubo de papel?
Eu sempre digo: pode ser permanente.
Mesmo o prédio feito de concreto
pode ser facilmente destruído por um terremoto.
Além disso, se um prédio é construído para gerar dinheiro,
podem destruir o prédio de concreto e colocar um novo,
então é bem temporário.
Então até o prédio de concreto pode ser temporário
se o objetivo dele é gerar dinheiro.
Mas mesmo o prédio feito em papel, se o amarem,
se torna permanente.
Essa é a diferença entre o temporário e o permanente.
Então quero continuar projetando prédios que as pessoas amem.
Muito obrigado.
Shigeru, muito obrigado por sua apresentação
e pela demonstração de qual pode ser
o papel social de um arquiteto.
E o que chama minha atenção é...
-Você está falando inglês? -Ah, sim, por sua causa.
O que chama minha atenção é
como uma solução pode ser adaptada para qualquer lugar,
com as necessidades e cultura das pessoas.
Como você mantém esse trabalho paralelamente
ao trabalho do ateliê e os projetos maiores?
Como você divide seu tempo?
Às vezes gasto mais tempo em projetos de áreas de desastre.
Meu sócio nunca está feliz, por isso,
mas tenho que trabalhar em ambos os projetos,
me dividir entre as áreas de desastre
e em outros projetos, não apenas para os privilegiados.
E é muito importante fazê-los simultaneamente.
Temos uma pergunta da audiência:
como fez sua estrutura de tubo de papel se tornar à prova d’água?
Acho que todo mundo já bebeu suco de laranja ou leite.
Eles vêm numa embalagem de papel.
Como o papel é um material industrial
você pode facilmente fazê-lo à prova d’água.
É um material industrial altamente tecnológico.
Se não estou enganado, às vezes, no ***ão,
uma geração desmonta um templo
para construí-lo da mesma forma,
-como uma demonstração de... -Sim.
Para manter a tecnologia da construção
alinhada com a próxima geração. Desmontam o prédio cada 20 anos,
-não tenho certeza. -Sim, é verdade.
Me lembrou
de algumas partes do seu trabalho.
E agora a pergunta é:
há em seu trabalho algum ideal comum?
A busca por espaços vastos, tranquilidade,
esse ideal é também uma filosofia de vida?
-Desculpe, não entendi. -É uma questão longa.
Em suas obras há um ideal em comum?
-Um ideal em comum, sim. -E a hipótese da pessoa:
a questão do espaço vasto...
Espaço grande, amplo.
Bons, calmos.
E a pessoa pergunta se esse ideal
é também sua filosofia de vida.
A procura por espaços amplos,
grandes e calmos.
Não entendo o objetivo da pergunta.
É, nem eu.
Mas acho que é questão é que a pessoa sente
em seus projetos uma estabilidade,
além da questão da temporalidade.
E, ao mesmo tempo,
você é uma pessoa que viaja muito.
Como você mantém o equilíbrio, na vida,
para fazer projetos tão maravilhosos e calmos?
Entendo.
Sempre tenho momentos bons e calmos no avião.
É um lugar onde posso ficar sem reuniões ou telefones,
e também é onde faço projetos,
porque quando chego ao escritório
é tudo muito movimentado.
Então por sorte o interior de um avião
é o lugar ideal para ficar em silêncio,
e também é um lugar em que você pode experimentar,
quando abre a janela, uma bela vista,
a luz, a escuridão...
É também uma experiência arquitetônica.
Ontem ouvimos de Zaha Hadid
que um bom cliente é um cliente que te paga.
Em sua palestra vemos que você tem um pensamento bem diferente.
O que é um bom cliente para você?
Como é seu relacionamento com eles?
Na verdade, não penso tão diferente do que ela disse.
Meu melhor cliente é alguém que respeita os arquitetos.
Quer me pague ou não. A coisa mais importante
é um cliente que respeita os arquitetos e suas ideias.
Se eles não têm dinheiro, isso me importa menos.
Talvez eu tenha que projetar algo mais barato,
talvez tenha que arrecadar o dinheiro sozinho.
Então, para mim, o orçamento e o valor dos honorários
não têm nada a ver com a qualidade do cliente.
Como a Zaha disse: o mais importante é ele nos respeitar,
termos o mesmo espírito,
isso é o mais importante em um bom cliente.
Obrigado.
Alguém pergunta se você tem conhecimento
sobre as favelas do Rio e do Brasil,
problemas sociais no país.
Quanto você sabe sobre isso?
E você acha que sua tecnologia
poderia ser usada nesse sentido?
Sempre me pedem para ajudar os moradores de rua,
na Índia, até no ***ão há moradores de rua.
Os moradores de rua japoneses
fazem belas casas de papelão no parque.
Muito verdes. Mas é a mesma coisa,
toda sociedade tem o mesmo tipo de problema.
Infelizmente, meu tempo é limitado.
Decidi trabalhar em prol das vítimas de desastres naturais,
porque elas não têm escolha.
Você pode ser a vítima amanhã ou depois.
A culpa não é sua.
Mas acredito que a questão dos moradores de rua é mais social.
Fiquei muito feliz de me encontrar hoje com estudantes
trabalhando nas favelas. É uma coisa maravilhosa,
mas você construir uma casa melhor não ajuda em nada.
Mas é uma coisa ótima,
fiquei muito feliz de me encontrar com eles.
Mas meu tempo é limitado, e eu decidi trabalhar
para as pessoas que não têm escolha.
De repente você corta sua vida normal e fica desabrigado.
Isso... Eu sei sobre as favelas e coisas assim.
Se eu puder trabalhar com alguma indústria,
gostaria de criar um sistema simples de habitações populares
para as favelas. Mas a favela também precisa melhorar.
Estou interessado em criar um sistema de habitações populares.
E muito bonitas.
A construção em papel funciona
em terras que não são planas,
que são inclinadas?
E quais seriam as alternativas para a fundação dos prédios
nesse tipo de terra?
Em uma montanha ou um morro...
Quando você não tem
um terreno plano, mas um morro.
Acho que é a mesma coisa, você pode colocar a fundação...
Sim.
O tubo de papel também é interessante
porque você pode usar areia para criar pilares.
Você só coloca o tubo de papel e concreto para fazer pilares.
Não coloco concreto dentro do tubo de papel,
mas talvez possa usar o tubo de papel como um pilar
para criar um assoalho acima,
e daí podemos colocar o tubo de papel em cima disso.
Então usaríamos duas vezes.
Bem, alguém te parabeniza por seu trabalho único e fabuloso,
e pergunta se você tem uma equipe ou parceiros envolvidos
em construções temporárias no Brasil.
Na verdade, é caro demais manter equipes o tempo todo.
Sempre monto uma equipe aonde quer que eu vá.
Vou primeiro sozinho para conhecer os arquitetos
e professores locais e montar uma equipe.
Então se algo acontecesse no Brasil, eu viria sozinho
para conhecer alguns arquitetos locais, professores,
e montar uma nova equipe aqui. Eu não mantenho equipes.
Bem, temos terremotos permanentes aqui, terremotos sociais.
O projeto das casas móveis se aplica no Brasil,
que é um país tropical e úmido?
O papel reage bem com a umidade?
Sim.
Eu disse que o tubo de papel pode ser tratado na fábrica
para ser à prova d’água e à prova de fogo.
A umidade não tem nada a ver com o material que molda o papel,
é uma parede. E, como mostrei no slide,
na Turquia colocamos papel reciclado dentro,
para criar isolamento térmico. Estou fazendo uma
galeria temporária em Moscou
e colocamos bastante isolamento dentro do tubo de papel.
Ele pode ter isolamento térmico também.
A outra questão
é se você acha que...
a possibilidade de fazer uma casa rápida e boa
para as pessoas as encoraja a respirar,
a ter oxigênio para ir além.
Essa é a questão: ir além e fazer outras coisas,
mesmo em relação à casa.
Desculpe...
Acho que a pergunta é
sobre a maneira como você ajuda as pessoas,
de forma boa, rápida e sofisticada,
apesar de ser temporário;
se essa dignidade que a pessoa adquire
a encoraja a ir em frente e construir sua própria vida ou...
Bem, as pessoas que fazem parte da minha equipe,
que trabalham juntas?
Eu entendi
que a afirmativa implícita
é que suas casas e a dignidade
que elas dão às pessoas, as encorajam
a ir além da arquitetura, a ir em frente com suas vidas.
Espero que sim.
Na verdade, não é apenas dignidade,
mas minha maior alegria é quando vejo os rostos
de felicidade das pessoas que se mudaram para minha casa,
seja uma casa grande ou uma temporária, é a mesma coisa.
O encorajamento ao cliente
é sempre o mesmo, seja uma casa cara ou pequena.
Acho que espero dar a eles dignidade também.
Outra questão é sobre como os materiais leves
com os quais você trabalha reagem à força do vento.
A durabilidade e a força do prédio não têm nada a ver
com a força do material.
Como eu disse, até mesmo um prédio de concreto
pode ser facilmente destruído por um terremoto,
mas um prédio de papel, não.
Depende de como você projeta a estrutura.
A força do prédio não depende da força dos materiais.
É por isso que até um material fraco
pode ser mais forte e duradouro do que o concreto.
Outra pergunta é se a estrutura do bambu
o influenciou a criar a estrutura de papelão.
A forma da estrutura de bambu, de alguma forma, o inspirou?
Na verdade, nem um pouco. Eu me interesso pelo bambu em si,
mas não por usar o bambu natural, tubular.
Tradicionalmente muitos países constroem
casas de bambu, mas a forma tubular do bambu
é um material muito difícil para adequar às regulamentações,
porque cada diâmetro é diferente, cada espessura é diferente,
e se você o expõe ao sol ele quebra muito facilmente.
Então, em vez de usar um formato de tubo,
testei o bambu laminado para a estrutura do prédio.
É muito mais forte do que a madeira,
e continuarei pesquisando o bambu laminado em prédios.
Além disso, respeito muito o trabalho do Sr. Simón Veléz,
ele é um criador maravilhoso,
mas ainda assim me interesso
em usar o bambu de forma diferente.
Uma pergunta: no Brasil,
soluções temporárias tendem a se tornar permanentes.
Isso acontece com seus projetos temporários?
O que acontece com os materiais das casas temporárias
quando elas são desmontadas?
Os tubos de papel podem ser reutilizados?
São reciclados? E a base da estrutura?
Como eu disse, como a igreja, muitas se tornam permanentes.
Eram temporárias, mas se tornaram permanentes.
Foi interessante, na Índia, quando eu construí as casas;
depois que as casas originais foram recuperadas,
eles levaram de volta meus tubos de papel
e fizeram um chão de tatame. A fundação eles não usaram,
porque tatame se encontra fácil,
então só levaram os tubos e criaram suas próprias casas.
Então o tubo de papel pode ser reutilizado ou reciclado.
É muito fácil de reciclar.
Outra pergunta: com o ritmo de evolução tecnológica,
quais são seus planos para projetos futuros?
Você pretende pesquisar mais sobre as estruturas de papel
ou encontrar outras alternativas?
Quais poderiam ser
outras alternativas para você, em termos de material?
Não estou realmente inventando novos materiais.
Meu jeito é só encontrar novas funções
para materiais existentes.
Mesmo os tubos de papel são materiais que já existem,
estou apenas usando-os para funções diferentes.
Assim como os engradados plásticos de cerveja.
O bambu não é invenção minha,
o bambu laminado existe para pisos,
mas estou levando além. Não sou inventor,
só encontro funções diferentes para materiais já existentes.
Então vou continuar pesquisando,
mas hoje é impossível uma só pessoa inventar algo novo.
É preciso muito capital e pessoas para inventar algo novo.
Mas também não é questão de inventar algo novo;
ainda há muitas coisas entre nós
que podem ser usadas para outras funções.
E acho que às vezes inventar algo novo
se torna uma coisa comercial.
Acredito que devemos redescobrir
o que já temos e como podemos usar isso de outra forma.
Essa é minha pesquisa contínua,
tento não depender das tecnologias.
Bem, a última questão, porque depois faremos uma pausa
e convidaremos nossos acadêmicos brasileiros
e pessoas que trabalham na área social
e histórica para falar e criar um diálogo.
Mas a última questão: você consegue projetar
todas as suas estruturas sozinho
ou tem um engenheiro na equipe?
Sempre trabalho com engenheiros.
Dependendo do tipo de estrutura,
seleciono diferentes engenheiros para colaborar comigo.
Além disso, geralmente eu mesmo proponho os materiais
e os métodos estruturais.
Muitos pedem para o projetista de estruturas propô-la,
mas no meu caso eu proponho o sistema estrutural e o material
para o engenheiro utilizar.
É uma colaboração desde o começo do projeto.
É importante trabalhar com bons engenheiros.
Mais uma última questão.
Marisa comenta que
no ano passado você se ofereceu
para construir habitações temporárias no Rio.
Vai manter essa promessa?
Bem, espero que essa oferta para eu voltar se mantenha.
Tenho muito interesse em trabalhar no Rio e no Brasil,
para um cliente rico ou pobre.
Mas espero não ser convidado
para um projeto de ajuda a desastres aqui.
Bem, quero agradecê-lo
pela apresentação de seu trabalho único
e de muita qualidade,
e também por você tratar igualmente os clientes,
independentemente do orçamento.
É um belo exemplo para todos nós.
Obrigado.