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Em minhas mãos tenho uma balança.
E quando subo nesta balança,
os números giram e giram,
até aparecer um número.
No meu caso,
45kg (100lb).
Mas o que realmente significa este número?
Segundo as tabelas de classificação do peso,
em relação a minha altura,
sou normal,
ou com peso ideal para minha altura.
Ok.
Mas meu corpo já foi submetido a muito mais
do que estes termos "medicalizados", conforme as tabelas do peso.
Já fui questionada em ser anoréxica
ou em parecer doente.
E sobretudo, eu sou a magra de ruim.
(Risos)
E no meu encontro pessoal com este fenômeno de magra de ruim,
ele é tratado de uma forma generalizada.
Ou estou de dieta, e todos querem saber qual é,
e ficam esperando receber de mim uma pílula mágica
para ficarem magros como eu.
E quando digo a eles que, na verdade, não sou moderada em nada,
recebo aquele "humf," um olhar arrogante - como se eu estivesse mentindo.
Então sou uma mentirosa.
Ou é tratado de uma forma diferente.
Ou, se não acreditam em mim, então pensam,
"Ah! você é uma daquelas que pode comer de tudo
sem ganhar um quilo."
E há um clima de falsidade entre eu e aquela pessoa -
este ressentimento.
Não me sinto bem com isso.
E o que antes era apenas um número na balança
agora descreve minha pessoa e minha saúde.
Os teóricos críticos chamam isso de: "Discriminação baseada no peso".
E embora essa discriminação apareça em todas suas formas e tamanhos,
um determinado grupo de indivíduos,
aqueles que são acima da categoria normal,
estão especialmente sujeitos a esta forma de discriminação.
Sim, estou falando - das pessoas gordas.
E conforme a literatura, não apenas a população em geral
mas também os profissionais que ajudam estes indivíduos
sejam: nutricionistas,
médicos, fisioterapeutas,
eles têm ideias preconcebidas baseadas inteiramente na imagem corporal.
Por exemplo:
pessoas gordas são comilonas,
pessoas gordas são preguiçosas,
pessoas gordas são sedentárias.
Criança gorda é abuso infantil
e pais gordos são maus exemplos.
E repetidas vezes, não sei quantas vezes que já li,
que um cidadão gordo é um fardo ao nosso sistema de saúde sobrecarregado.
E embora o que apresento não é nenhuma surpresa,
o que me surpreende é a maneira como somos ensinados
a não julgar os outros pela aparência, mas como adultos maduros
e profissionais de saúde,
fazemos isso diariamente.
E porquê?
Por medo.
E o que alimenta este medo são os exageros e distorções
das afirmações científicas que consideram o peso um indicador de saúde.
Por isso que as declarações como: "Aumento de peso corporal eleva o risco de morte,"
ou em outras palavras,
quanto mais gordo - maior a probabilidade você tem de morrer,
isso alimenta o medo,
e de algum modo acabamos acreditando em qualquer coisa que lemos.
Mas as evidências por trás das declarações científicas são bastante contraditórias.
Vamos dar uma olhada neste estudo.
Se considerarmos a linha vermelha como um barômetro da saúde,
então qualquer pessoa abaixo desta linha vermelha apresenta menor risco de morte,
em comparação com pessoas de peso normal - o ideal,
e qualquer pessoa acima disso tem risco maior de morte.
Chamo a sua atenção para a parte inferior do gráfico.
Os obesos e sobrepesados têm, na realidade, um menor risco de morte
do que os de peso normal.
Mas não queremos somente vida longa, queremos também viver com saúde.
Então talvez isso não nos intrigue.
A segunda afirmação, que pessoas gordas não são saudáveis
é o que chama a nossa atenção.
Bem, eles podem viver muito, mas não de forma saudável.
E uma maneira que a ciência objetifica a saúde é observando alguns indicadores-chaves
que nos contam algo sobre o nosso risco de morte.
Indicadores-chaves como: pressão arterial,
nível de colesterol,
triglicérideos, inflamação,
estou parecendo um livro didático, eu sei,
insulina e o nível de glicose.
E todos estes indicadores num mesmo pacote
nos dão uma certa indicação do risco de ter uma "doença cardíaca" e "diabetes" -
os fardos do nosso sistema de saúde.
Então, o que este estudo queria era observar
se estes pacotes de indicadores
eram diferentes entre aqueles que são gordos e os que não são.
Aqui estão as observações: As pessoas de peso normal -
Sim, a maioria tinha um perfil saudável.
Seus níveis de glicose e todas aquelas coisas chatas que já falei,
de fato estavam bem.
Só que na realidade, quase 25% dos indivíduos de peso normal
tinham indicadores anormais.
Significando que eles teriam um maior risco de ficarem doentes.
Hum!
E segundo o IMC prevalente mais recente
sobre pessoas de peso normal,
cerca de 1,5 milhões de indíviduos
são anormais.
Depois observaram aqueles com sobrepeso.
Acima de 50% dos indivíduos sobrepesados tinham uma saúde metabólica.
E o que dizer dos obesos - os que são realmente gordos?
Um terço era metabolicamente saudável.
São 2,5 milhões de pessoas.
E embora não podemos ignorar
que existem mais indivíduos de metabolismo anormal
que estão acima do peso,
ignoramos o fato que existem pessoas saudáveis em todas as categorias.
E é esta ignorância que fomenta a aceitação
da discriminação baseada no peso.
As consequências disso não são pequenas -
são muito graves:
insatisfação corporal, baixa autoestima,
consumo alimentar comprometido.
Então vejam isto -
Fazemos de tudo para atingir o ideal da magreza:
comendo menos, vomitando,
fumando mais cigarros.
Será que isso é promover saúde?
E assim, precisamos acordar.
Como sociedade, precisamos acordar
e ver como a discriminação baseada no peso é uma preocupação legítima.
Precisamos refletir adiante e analisar de forma crítica
a informação de que o peso é um indicador de saúde.
E mais importante, como sociedade, é preciso mudar o foco longe
da luta por esse ideal da magreza, essa "normalidade".
Ninguém é normal,
somente este ideal da saúde.
E este ideal não parece igual
para cada um de nós.
E então,
o que este número na balança realmente significa?
Em vista da certeza científica,
é a atração gravitacional sobre seu corpo.
(Aplausos)