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"Numa sociedade decadente, a arte,
se verdadeira, deve também refletir essa decadência.
E a menos que ela deseje trair sua função social,
a arte deve mostrar o mundo como mutável.
E ajudar a mudá-lo."
-- Ernst Fischer
Revoltas violentas contra o plano do governo
para evitar calotes...
É que o desemprego continua
a aumentar e continuará assim
porque há uma oferta excessiva de bens de consumo...
São empréstimos...
...e esta dívida está retida em bancos estrangeiros...
D-I-N-H-E-I-R-O na forma de um conveniente empréstimo pessoal...
...cigarro com filtro que não altera o sabor...
Licor de malte "Colt 45"... Você é sexy?
Os EUA planejam bombardear o Irã...
...os EUA estão financiando ataques terroristas no Irã...
Minha avó era uma pessoa maravilhosa.
Ela me ensinou a jogar Banco Imobiliário.
Ela entendia que o objetivo do jogo é comprar.
Ela acumulava tudo o que podia
e sempre acabava dominando o tabuleiro.
E depois ela sempre me dizia a mesma coisa.
Ela olhava para mim e dizia:
"um dia você vai aprender a jogar o jogo".
Num verão, eu joguei quase todos os dias, o dia inteiro
e então aprendi a jogar o jogo.
Compreendi que a única forma de ganhar
é se comprometendo totalmente à aquisição.
Aprendi que o dinheiro e as posses
são as formas de continuar pontuando.
Ao final daquele verão,
tornei-me mais impiedoso que minha avó.
Estava pronto para dobrar as regras para ganhar o jogo.
Naquele outono, me sentei para jogar com ela.
Tomei tudo que ela tinha. Eu a observei
entregar seu último dólar e desistir em completa derrota.
E então ela tinha algo a mais para me ensinar.
Então ela disse:
"agora tudo volta para a caixa.
Todas aquelas casas e hotéis.
Todas as ferrovias e utilidades públicas.
Todas as propriedades e todo esse dinheiro maravilhoso.
Agora tudo volta para a caixa.
Nada disso era realmente seu.
Você se empolgou muito com isso por um tempo.
Mas tudo já estava aqui muito antes de você se sentar à mesa
e continuará aqui depois de você ir embora -- jogadores vem e vão.
Casas e carros...
Títulos e roupas...
até o seu corpo".
Porque o fato é que tudo que eu pego, consumo e guardo
voltará para a caixa e irei perder tudo.
Então você precisa se perguntar
quando finalmente receber a melhor promoção
quando fizer a melhor compra
quando comprar a melhor casa
quando tiver segurança financeira
e subido a escada do sucesso
até o degrau mais alto que você pode alcançar...
E a emoção acabar
e ela vai acabar...
e depois?
Quão longe você precisa seguir nesta estrada
até perceber aonde ela leva.
Certamente você entende
que nunca será o bastante.
Portanto, você precisa se perguntar:
o que importa?
Eles são sexy!
Eles são ricos!
E eles são mimados!
O programa nº 1 dos EUA está de volta!
Gentle Machine Productions apresenta
um filme de Peter Joseph
Quando eu era um jovem
crescendo na cidade de Nova Iorque
me recusei a jurar lealdade à bandeira.
Obviamente, fui mandado para a sala do diretor.
E ele me perguntou: "por que não quer fazer o juramento?
Todos fazem".
Respondi que todos já acreditaram que a Terra era plana
mas que isso não a tornava plana.
Expliquei que os EUA deviam tudo o que tinham
a outras culturas
e outras nações
e que eu preferiria fazer juramento
à Terra
e a todos os seus habitantes.
Nem preciso dizer que não demorou
para eu sair da escola completamente.
Montei um laboratório em meu quarto.
Lá comecei a aprender sobre ciência
e natureza.
Percebi, então,
que o universo é regido por leis
e que o ser humano,
junto com a sociedade em si,
não estava livre destas leis.
Veio então a crise de 1929,
que iniciou o que hoje chamamos de
a "Grande Depressão".
Eu achava difícil de entender porque milhões
estavam desempregados, sem teto, passando fome
enquanto todas as fábricas estavam lá paradas.
Os recursos seguiam os mesmos.
Foi então que percebi
que as regras do jogo econômico
eram inerentemente inválidas.
Logo depois, veio a Segunda Guerra Mundial
onde várias nações revezavam-se
destruindo sistematicamente umas às outras.
Eu depois calculei que toda a destruição
e recursos desperdiçados
naquela guerra
poderiam ter facilmente satisfeito todas
as necessidades da humanidade.
Desde então, tenho observado a humanidade
preparar a sua própria extinção.
Vi os recursos preciosos e finitos
serem continuamente desperdiçados e destruídos
em nome do lucro e do livre mercado.
Vi os valores da sociedade serem reduzidos
a uma artificialidade baixa de materialismo
e consumo irracional
e vi o poder monetário
controlar a estrutura política
de sociedades supostamente livres.
Hoje, tenho 94 anos
e receio que minha postura
seja a mesma
de 75 anos atrás.
Essa merda precisa acabar.
ZEITGEIST
ZEITGEIST: MOVING FORWARD
"Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos
prestativos e responsáveis possa mudar o mundo.
Na verdade, é assim que tem acontecido sempre."
-- Margaret Mead
PARTE 1: NATUREZA HUMANA
Então, você é um cientista
e à certa altura, martelam na sua cabeça
o inevitável "natureza versus criação"
e que é mais ou menos como a disputa entre Coca e Pepsi
ou Gregos versus Troianos.
A "natureza versus criação" é, a esta altura
uma visão completamente simplificada
de onde as influências estão.
Influências no modo como as células lidam com
uma crise de energia ou até com
o que nos molda nos níveis mais
individuais de personalidade.
Temos essa dicotomia completamente falsa
construída em torno da "natureza humana"
como determinante na base de toda a causalidade.
A vida é DNA e o código dos códigos
e o Santo Graal, e tudo é guiado por ele...
e na outra extremidade, uma perspectiva
muito mais sociocientífica onde
somos "organismos sociais"
e que biologia é para micetozoários.
Os seres humanos não dependem da biologia
e, obviamente, as duas visões são absurdas.
Em vez disso, vemos que é
praticamente impossível compreender
como a biologia funciona
fora do contexto ambiental.
É GENÉTICO
Uma das ideias mais frustrantes,
ainda que difundida e
potencialmente perigosa é:
"ah, aquele comportamento é genético".
O que isso significa?
Significa todo tipo de sutileza se você
sabe biologia moderna, mas para a maioria das
pessoas, acaba significando
uma visão determinista da vida,
que têm suas raízes na biologia e na genética,
em que genes representam coisas imutáveis
e inevitáveis
e que talvez não valha a pena
gastar recursos tentando consertá-las,
nem usar as forças da sociedade tentando
melhorá-las, já que são inevitáveis e imutáveis...
e isto é totalmente absurdo.
DOENÇAS
É amplamente aceito que doenças como
TDAH são programadas geneticamente,
assim como distúrbios como a esquizofrenia.
A verdade é o oposto.
Nada é programado geneticamente.
Existem doenças raríssimas,
muito poucas,
representadas de forma muito dispersa na população
que são mesmo determinadas geneticamente.
A maioria das doenças complexas
talvez tenha uma predisposição com um componente genético
mas predisposição não é o mesmo que predeterminação.
Toda a pesquisa sobre a causa das doenças no genoma
estava condenada ao fracasso antes mesmo de alguém pensar nisto,
porque a maior parte das doenças não é predeterminada geneticamente.
Doenças cardíacas, câncer, derrames,
reumatismo, doenças autoimunes em geral,
distúrbios mentais, vícios...
nada disto é geneticamente determinado.
Por exemplo, a cada 100 mulheres com câncer de mama
apenas sete carregam os genes de câncer.
93 não.
E de 100 mulheres que têm os genes
nem todas terão câncer.
COMPORTAMENTO
Genes não são apenas coisas que fazem nos comportarmos
de maneira específica independentemente do ambiente.
Os genes nos proporcionam formas diferentes de reagir ao ambiente.
E, na realidade, parece que algumas das primeiras
influências na infância e o modo de criar os filhos
afetam a expressão genética,
ligando e desligando diferentes genes,
para mudar nossa linha de desenvolvimento para uma
que seja compatível com o tipo de mundo em que vivemos.
Por exemplo:
um estudo realizado em Montreal com vítimas de suicídio
verificou as autopsias dos cérebros dessas pessoas
e constatou-se que, se uma vítima de suicídio
-- geralmente adultos jovens --
tivesse sofrido abuso quando criança, esse abuso
teria provocado uma mudança genética no cérebro
inexistente nos cérebros de pessoas que não sofreram abusos.
Isso é um efeito epigenético.
"Epi" significa no "topo de", portanto,
influência epigenética é o que acontece
no ambiente e que ativa ou desativa certos genes.
Na Nova Zelândia, realizou-se um estudo
numa cidade chamada Dunedin
envolvendo alguns milhares de indivíduos,
do nascimento aos 20 anos de idade.
Eles descobriram que conseguiam identificar
uma mutação genética, um gene anormal
que tinha alguma relação com
a predisposição à violência,
mas somente se o indivíduo também tivesse
sido severamente abusado na infância.
Em outras palavras, uma criança com este gene anormal
não está mais propensa que as outras a ser violenta
e, na realidade, elas tinham um índice de violência menor
que o de pessoas com genes normais,
contanto que não fossem abusadas na infância.
Mais um grande exemplo das formas
em que os genes não são uma coisa definitiva:
uma técnica curiosa, na qual você pode
retirar um gene específico de um camundongo,
de modo que ele e seus descendentes não tenham mais esse gene.
Você "extinguiu" aquele gene.
Existe um gene responsável pela codificação
de uma proteína relacionada
à aprendizagem e à memória e, com esta incrível demonstração,
você "extingue" o gene e o seu
camundongo já não conseguirá mais aprender.
"Oh! Uma base genética para a inteligência!"
O que foi ainda mais desprezado neste memorável estudo
que foi divulgado pela mídia por toda parte,
é pegar os camundongos geneticamente deficientes
e criá-los num ambiente muito mais rico
e estimulante que uma gaiola comum de laboratório,
onde eles superam completamente essa deficiência.
Portanto, quando alguém diz, num sentido atual
"ah, este comportamento é genético",
considerando que essa frase seja mesmo válida,
quer dizer que existe uma
contribuição genética de como este
organismo reage ao ambiente;
os genes podem influenciar a
prontidão com que cada organismo
lidará com dado desafio do ambiente.
Não é esta a versão que a maioria das pessoas tem em mente
e não quero fazer um "discurso extravagante",
mas aceite a velha
versão de "isto é genético"
e não estará muito longe da história da eugenia
e coisas do tipo.
É um equívoco muito disseminado
e potencialmente perigoso.
Um motivo pelo qual
a explicação biológica para a violência...
Um motivo pelo qual essa hipótese é
perigosa, não apenas equivocada,
ela realmente pode ser prejudicial...
é que se você acredita mesmo nisso,
pode facilmente dizer:
"bem, não há nada que possamos fazer
para mudar a predisposição
que as pessoas têm em se tornar violentas.
Tudo o que podemos fazer é puni-las, prendê-las
ou executá-las.
Mas não precisamos nos preocupar em mudar
o ambiente ou as condições sociais prévias
que podem tornar as pessoas violentas porque
isso é irrelevante".
A explicação genética nos dá o luxo de ignorar
o passado e o presente de fatores históricos e sociais
e, como disse Louis Menand,
que escreveu na revista The New Yorker
de forma muito perspicaz:
"'está tudo nos genes' é uma explicação para nossa condição atual
que não ameaça nossa condição atual.
Por que alguém deveria se sentir triste
ou praticar um comportamento antissocial
quando vive na nação mais
livre e próspera da face da Terra?
Não pode ser o sistema.
Deve haver uma falha interna em algum lugar".
O que é uma boa maneira de transmitir a ideia.
Portanto, o argumento genético é só um pretexto
para ignorar os fatores
sociais, econômicos e políticos
que estão por trás de
muitos comportamentos problemáticos.
ESTUDO DE CASO: VÍCIOS
Vícios são geralmente
considerados uma questão relacionada às drogas.
Mas olhando de maneira mais ampla,
eu defino vício como qualquer comportamento
que esteja associado à ânsia
por um alívio temporário,
com consequências negativas a longo prazo,
junto com a perda do controle sobre isso, de modo que a pessoa
quer largar ou promete fazê-lo,
mas não consegue.
Quando você compreende isso, nota que
há muito mais vícios
que os relacionados às drogas.
Há o vício em trabalhar; em comprar;
o vício em internet, em jogos eletrônicos...
Há o vício no poder. Pessoas que têm poder mas que
desejam mais e mais; nada nunca é suficiente para elas.
Na aquisição: corporações que precisam possuir mais e mais.
O vício no petróleo
ou pelo menos na riqueza e nos produtos
que nos são acessíveis pelo petróleo.
Olhe para as consequências negativas no meio ambiente.
Nós estamos destruindo nosso
planeta por causa desse vício.
Esses vícios são muito mais
devastadores em suas consequências sociais
que o uso de cocaína ou heroína de meus pacientes em Downtown Eastside.
Ainda assim, eles são recompensados e considerados respeitáveis.
O executivo da empresa de tabaco que mostra lucros mais altos,
irá receber uma recompensa muito maior.
Ele não enfrenta nenhuma consequência negativa legal ou de outros tipos.
Na verdade, ele é um membro respeitado da
diretoria de várias outras corporações.
Porém, doenças relacionadas ao fumo
matam 5 milhões e meio de pessoas ao redor do mundo a cada ano.
Nos EUA, matam 400 mil por ano.
E essas pessoas são viciadas em que? Em lucro.
Viciadas a tal ponto
que se recusam a reconhecer
os impactos de suas atividades,
o que é típico de viciados: a negação.
Esse vício é respeitável. É respeitável
ser viciado no lucro a todo custo.
Portanto, o que é aceitável e respeitável
na nossa sociedade são coisas altamente arbitrárias
e parece que quanto maior
o dano, mais respeitável é o vício.
O MITO
Há um mito comum de que as drogas em si são viciantes.
Na verdade, a guerra contra as drogas se baseia na
ideia de que proibindo a fonte
das drogas, você poderá lidar com a dependência.
Se considerarmos o vício no sentido mais amplo
veremos que nada é viciante em si.
Nenhuma substância, nenhuma droga é por si só viciante
e nenhum comportamento é por si só, viciante.
Muitas pessoas podem fazer compras sem se tornar viciadas em compras.
Nem todo mundo se torna um viciado em comida.
Nem todo mundo que bebe um copo de vinho torna-se alcoólatra.
Então, a questão real é o que torna as pessoas suscetíveis
porque é a combinação de um indivíduo suscetível
com as substâncias ou comportamentos potencialmente viciantes,
que contribuem para o pleno desenvolvimento da dependência.
Em suma, não é a droga que vicia
e sim a questão da suscetibilidade do indivíduo
em ser viciado em dada substância ou comportamento.
AMBIENTE
Se quisermos entender o que
torna algumas pessoas suscetíveis,
teremos de considerar a experiência de vida.
A velha ideia -- antiga mas ainda
amplamente aceita -- de que os vícios devem-se a uma causa genética,
é cientificamente insustentável.
Na realidade, são certas experiências de vida
que tornam as pessoas suscetíveis.
As experiências de vida não só moldam a personalidade
da pessoa e suas necessidades psicológicas,
como também seu cérebro de maneiras específicas.
Esse processo começa no útero.
PRÉ-NATAL
Foi demonstrado, por exemplo,
que se uma mãe sofrer estresse durante a gravidez,
seus filhos terão maiores chances de adquirir
características que os tornarão propensos a vícios.
Isso ocorre porque seu desenvolvimento é moldado
pelo ambiente psicológico e social.
Portanto, a biologia dos seres humanos é muito afetada
e programada pelas experiências de vida desde o útero.
O ambiente não começa no nascimento.
O ambiente começa logo que você tem um ambiente.
Assim que você é um feto, está sujeito a qualquer
informação que vier através do sistema circulatório da mãe.
Hormônios, níveis de nutrientes...
Um memorável exemplo disto é
a chamada "Fome Holandesa de 1944".
Em 1944, os nazistas ocuparam a Holanda
e, por vários motivos, decidiram
pegar toda a comida e enviar para a Alemanha.
Por três meses, o povo de lá ficou faminto
e dezenas de milhares de pessoas morreram de fome.
O efeito da "Fome Holandesa" é:
se você fosse um feto no segundo ou terceiro trimestre durante a fome,
seu corpo "aprenderia" algo único nesse período.
Ocorre que é no segundo e terceiro trimestre que seu corpo está
tentando aprender sobre o ambiente.
O quão ameaçador é lá fora?
O quão abundante? Quantos nutrientes estou recebendo
pela circulação de minha mãe?
Seja um feto faminto durante esse período e seu corpo
será programado para ser sempre
muito mesquinho com os açúcares e gorduras
e você acabará armazenando cada porção deles.
Seja um feto da "Fome Holandesa" e meio século depois,
com todo o resto igual,
você será mais propenso a ter pressão alta,
obesidade ou síndrome metabólica.
É o ambiente agindo num local inesperado.
Você pode estressar fêmeas grávidas em laboratório
e sua prole terá uma tendência
maior a usar cocaína e álcool, quando adultos.
Você pode estressar grávidas. Por exemplo, um estudo britânico,
mostra que mulheres abusadas na gravidez
têm um nível maior
do hormônio cortisol em suas placentas durante o parto
e seus filhos são mais propensos a condições que
os tornarão predispostos a vícios por volta dos 7, 8 anos.
Assim, no útero, o estresse já prepara o terreno
para todo tipo de problemas de saúde mental.
Um estudo israelense realizado em crianças
nascidas de mães que estavam grávidas
antes do início da guerra em 1967...
Estas mulheres, claro, estavam muito estressadas
e seus filhos tiveram uma maior incidência de esquizofrenia
em relação ao grupo médio.
Portanto, hoje há bastante evidência de que os efeitos
do pré-natal têm um enorme impacto no desenvolvimento humano.
INFÂNCIA
O detalhe do desenvolvimento humano
particularmente do desenvolvimento do cérebro humano
é que este ocorre na maior parte sob o impacto do ambiente
e após o nascimento.
Ao nos compararmos ao cavalo
que consegue correr no primeiro dia de vida
vemos que somos pouco desenvolvidos.
Não conseguimos reunir tanta coordenação neurológica,
equilíbrio, força muscular e acuidade visual
até um ano e meio ou dois de idade.
Isto porque o desenvolvimento do cérebro no cavalo
acontece na segurança do útero.
Já no homem, precisa ocorrer depois do nascimento.
Isso tem a ver com uma simples lógica evolucionária.
Conforme a cabeça cresce, que é o que nos faz humanos
-- o desenvolvimento do cérebro anterior é
o que cria a espécie humana, na prática --
ao mesmo tempo, andamos sobre duas pernas, fazendo a pélvis
se estreitar para se adaptar a isso. Ficamos então com
uma pélvis mais estreita, uma cabeça maior
e bingo: precisamos nascer prematuramente.
E isso significa que o desenvolvimento do cérebro, que em outros
animais ocorre no útero,
ocorre em nós depois do nascimento
e em grande parte sob o impacto do ambiente.
O conceito de darwinismo neural significa
que os circuitos que recebem do meio a informação apropriada
vão se desenvolver da melhor forma, e os que não recebem,
ou se desenvolverão mal, ou nem mesmo se desenvolverão.
Se você pegar um bebê com olhos perfeitamente funcionais
e colocá-lo num quarto escuro por cinco anos,
ele ficará cego pelo resto da vida,
já que os circuitos da visão requerem luz para se desenvolver,
e sem esta luz, até mesmo os circuitos básicos
presentes e ativos no nascimento
vão se atrofiar e morrer, e novos circuitos não se formarão.
MEMÓRIA
Há uma maneira significativa pela qual
experiências na infância influenciam o comportamento adulto,
até mesmo, e particularmente, as primeiras
experiências, das quais não há recordações.
Ocorre que há dois tipos de memória:
a memória explícita, que é a recordação,
pela qual você se recorda de fatos,
detalhes, episódios e circunstâncias.
Mas a estrutura cerebral chamada hipocampo,
que codifica as lembranças,
não começa a se desenvolver antes de um ano e meio
e não se desenvolve por completo até muito depois.
É por esta razão que quase ninguém possui
nenhuma recordação de antes dos 18 meses.
Mas há um outro tipo de memória,
chamada memória implícita,
que na verdade é uma memória emocional,
na qual o impacto emocional e a interpretação da criança
das experiências emocionais é impregnada no cérebro
na forma de circuitos nervosos prontos para disparar
sem uma recordação específica.
Um exemplo claro disso:
pessoas que foram adotadas, muitas vezes
sentem por toda a vida um sentimento de rejeição.
Elas não se recordam da adoção.
Elas não se recordam da separação da mãe biológica
porque não há o que recordar.
Mas a memória emocional de separação e rejeição
está profundamente enraizada em seus cérebros.
Assim, elas são muito mais propensas
a experimentar um sentimento de rejeição
e uma grande perturbação emocional
quando se veem rejeitadas,
do que as outras pessoas.
E isso não vale só para pessoas
adotadas, mas tem um efeito mais forte nelas
por causa desta função da memória implícita.
Com base em toda a literatura e na minha
experiência, os dependentes mais compulsivos
são aqueles que foram consideravelmente
abusados quando crianças
ou sofreram perdas emocionais graves.
Suas memórias emocionais ou implícitas
são aquelas de um mundo inseguro
e não favorável, de cuidadores nos quais não podiam confiar
e relacionamentos inseguros
demais para se abrirem totalmente a eles
e, portanto, suas reações tendem
a ser as de se manterem distantes
de relacionamentos muito íntimos;
não confiam em cuidadores,
médicos e outras pessoas que tentam ajudá-los
e geralmente veem o mundo como um lugar inseguro...
e isso é precisamente uma função da memória implícita
o que às vezes tem a ver com incidentes que eles sequer lembram.
TOQUE
Bebês que nascem prematuros ou muitas vezes em incubadoras
e vários tipos de aparelhos
e máquinas por semanas e talvez até meses...
Sabe-se agora que, se estas
crianças forem tocadas e acariciadas nas costas
por apenas 10 minutos por dia, estimula-se seus desenvolvimentos cerebrais.
Portanto, o toque humano é essencial para o desenvolvimento
e, na verdade, as crianças que nunca são pegas no colo tendem a morrer.
Isso demonstra o quão fundamental
é a necessidade do ser humano em ser tocado.
Na nossa sociedade há uma infeliz tendência
de dizer aos pais para não pegarem seus filhos, não segurá-los,
de não abraçar os bebês que choram por medo de mimá-los
ou que para encorajá-los a dormir durante a noite
você não deve abraçá-los...
o que é justamente o oposto do que a criança necessita.
Essas crianças podem voltar a dormir pelo cansaço
e seus cérebros se desligam como um modo
de se defender da vulnerabilidade
de serem abandonados pelos pais.
Mas suas memórias implícitas serão
de que o mundo não lhes dá a mínima.
INFÂNCIA
Muitas dessas diferenças são definidas muito cedo.
De certo modo, a experiência dos pais nas adversidades,
sobre o quão difícil ou fácil a vida pode ser
é passada aos filhos,
seja por meio da depressão materna
ou quando os pais estão bravos com
seus filhos porque tiveram um dia ruim
ou por estarem muito cansados ao final do dia...
Isso tem um poderoso efeito programador
no desenvolvimento das crianças, pelo que já conhecemos agora.
Mas essa sensibilidade prematura não é apenas um erro evolucionário.
Ela existe em muitas espécies diferentes,
mesmos em plantas há um processo prematuro de adaptação
ao tipo de ambiente em que estão se desenvolvendo.
Mas nos humanos a adaptação se dá na qualidade das relações sociais.
Assim, no início da vida:
quanto estímulo, quantos conflitos, quanta atenção se tem,
isto é uma "prova" do tipo de mundo em que você poderá crescer.
Se você cresce num mundo onde
precisa lutar para conseguir algo,
ficar alerta, cuidar de si mesmo, aprender a não confiar em ninguém...
Ou se cresce numa sociedade onde depende
de reciprocidade, mutualidade, cooperação, onde empatia é importante,
onde sua segurança depende de boas relações com outros...
precisará então de um desenvolvimento
emocional e cognitivo muito diferente.
E é disso que se trata a sensibilidade prematura.
A paternidade é quase que inconscientemente
um sistema de passagem de experiência para os filhos...
do tipo de mundo em que se encontram.
O grande psiquiatra infantil britânico, D. W. Winnicott, disse
que, essencialmente, duas coisas podem dar errado na infância.
Uma delas é quando acontece o que não deveria acontecer
e a outra, quando o que deveria acontecer, não acontece.
Na primeira categoria, estão as experiências dramáticas,
abusivas e de abandono de meus
pacientes em Downtown Eastside e de muitos viciados.
Isso é o que não deveria acontecer, mas aconteceu.
Mas há também a atenção paterna livre de
estresse, sintonizada e sem distração
de que toda criança precisa
mas poucas recebem.
Elas não são abusadas, não são negligenciadas
nem estão traumatizadas.
Mas o que deveria acontecer,
a presença estimulante de pais emocionalmente dispostos
simplesmente não está disponível para elas por causa
do estresse em nossa sociedade e no ambiente familiar.
O psicólogo Allan Schore chama isso de "abandono próximo"
quando o pai está presente fisicamente
mas emocionalmente ausente.
Eu passei...
aproximadamente, os últimos 40 anos da minha vida
trabalhando com as mais violentas pessoas produzidas pela nossa sociedade:
assassinos, estupradores etc.
Na tentativa de compreender o que causa essa violência,
descobri que os criminosos mais violentos em nossas prisões
tinham eles mesmos sido vítimas
de um grau de abuso infantil que ultrapassou
tudo que já pensei em chamar de "abuso infantil".
Eu não fazia ideia do grau
de perversão com que as crianças em nossa sociedade
são muitas vezes tratadas.
As pessoas mais violentas que vi são sobreviventes
de suas próprias tentativas de assassinato, muitas vezes armadas pelos pais
ou outras pessoas em seu meio social
ou então são sobreviventes que viram seus familiares
mais próximos serem mortos por outras pessoas.
Buda defendia que tudo depende de todo o resto.
Disse: "o Um contém o Todo e o Todo contém o Um".
Não se pode compreender nada em isolamento de seu ambiente.
A folha contém o sol, o céu e a terra, obviamente.
Isto já foi comprovado, é claro.
Sobretudo em se tratando do desenvolvimento humano.
O termo científico moderno para isso
é a natureza biopsicossocial do desenvolvimento humano,
que diz que a biologia dos seres humanos
depende muito da interação com
o ambiente social e psicológico.
Especificamente, o psiquiatra e pesquisador
Daniel Siegel da Universidade da Califórnia, LA, UCLA
cunhou a expressão "neurobiologia interpessoal"
que quer dizer que a maneira
como nosso sistema nervoso funciona
depende muito das nossas relações pessoais.
Em primeiro lugar, das relações com nossos pais.
Em segundo lugar, com outras pessoas importantes em nossas vidas.
E em terceiro lugar, com toda a nossa cultura.
Assim, não se pode separar o
funcionamento neurológico de seres humanos
do ambiente onde foram criados
e continuam vivendo.
Isto vale para todo o ciclo de vida.
Especialmente durante o desenvolvimento
de nossos cérebros, quando estamos vulneráveis.
Mas também vale para adultos e idosos.
CULTURA
Seres humanos viveram em quase todo tipo de sociedade.
Desde as mais igualitárias... As sociedades de caça e coleta
parecem ter sido bastante igualitárias
com base na divisão de alimentos, troca de presentes...
Pequenos grupos de pessoas vivendo principalmente
da coleta e um pouco da caça,
basicamente entre pessoas que
conheceram por toda vida,
cercados de primos de terceiro grau ou mais próximos,
num mundo no qual há uma grande
fluidez entre diferentes grupos,
num mundo em que não há
muita coisa em termos de cultura material...
Foi assim que os seres humanos passaram a maior parte de sua história.
Naturalmente, isto contribui para um mundo muito diferente.
Uma das consequências, é muito menos violência.
A violência grupal organizada não é
uma coisa que acontecia naquele período
da história humana e isso parece óbvio.
Onde então foi que erramos?
A violência não é universal.
Ela não é simetricamente distribuída entre os homens.
Há enormes variações no nível de violência em diferentes sociedades.
Há sociedades sem praticamente nenhuma violência.
Há outras que destroem a si mesmas.
Alguns grupos da religião anabatista
são totalmente pacíficos,
como os amish, os menonitas, os huteritas...
Entre alguns desses grupos, os huteritas,
não há registros de homicídio.
Durante as Grandes Guerras, como a Segunda Guerra Mundial,
quando as pessoas estavam sendo recrutadas,
eles se negavam a servir no exército.
Preferiam ser presos a servir.
Nos kibutzim de Israel
o nível de violência é tão baixo que as cortes criminais de lá
muitas vezes enviam infratores violentos,
pessoas que cometeram crimes,
para viver nos kibutzim, para aprenderem
a viver de modo pacífico...
porque é assim que as pessoas vivem lá.
Portanto, somos amplamente moldados pela sociedade.
Nossas sociedades são, num sentido mais amplo,
nossas influências teológicas, metafísicas, linguísticas etc.
Elas participam na formação de acharmos ou não que
a vida é basicamente pecado ou beleza;
se na vida após a morte seremos cobrados pelo
modo como vivemos ou se isso é irrelevante.
De maneira geral, diferentes sociedades podem
ser consideradas individualistas ou
coletivistas, o que gera pessoas muito diferentes,
diferentes mentalidades e, suspeito eu,
diferentes cérebros como resultado.
Nós, nos EUA, vivemos numa das sociedades mais individualistas,
e como o capitalismo é um sistema que nos permite
subir cada vez mais alto numa pirâmide em potencial,
a questão é que isso surge com cada vez menos segurança.
Por definição, quanto mais estratificada a sociedade,
menor a igualdade, menor o número de pessoas com quem
você terá relacionamentos recíprocos e simétricos,
e em vez disso, terá apenas posições diferentes e hierarquias sem fim...
Um mundo onde você possui poucos parceiros recíprocos
é um mundo com muito menos altruísmo.
NATUREZA HUMANA
Então, isso nos leva a uma situação impossível que é
tentar buscar uma lógica na ciência da perspectiva...
sobre quanto dessa índole é da natureza humana.
Em certo nível
a essência da nossa natureza não nos torna
particularmente limitados por nossa natureza.
Temos mais variabilidade social
do que qualquer outra espécie.
Mais sistemas de crença, de estilos de estruturas familiares,
de maneiras de criar os filhos. A capacidade
de variação que temos é extraordinária.
Numa sociedade baseada em competição
e, muitas vezes, na exploração implacável
de um ser humano por outro,
o ato de lucrar com os problemas alheios
e, muitas vezes, a criação de
problemas com o propósito de se beneficiar,
é um comportamento que a ideologia dominante muitas vezes
justifica apelando a uma natureza humana fundamental e imutável.
Assim, o mito na sociedade é
que pessoas são competitivas por natureza,
e que são individualistas e egoístas.
A verdadeira realidade é o oposto.
Temos certas necessidades humanas.
A única maneira de falar concretamente sobre a natureza humana
é reconhecendo que há certas necessidades humanas.
Temos uma necessidade humana de companheirismo e contato íntimo,
de sermos amados, conectados e aceitos,
de sermos vistos e recebidos por quem somos.
Se essas necessidades são atendidas, evoluímos para
pessoas compassivas,
cooperativas e empáticas para com os outros.
Então...
o oposto, que muitas vezes vemos em nossa
sociedade é, na realidade, uma distorção da natureza humana
precisamente porque tão poucos têm suas necessidades atendidas.
Portanto, sim, podemos falar em natureza humana
mas apenas no sentido de necessidades humanas básicas
que são naturalmente incitadas
ou, devo dizer, certas necessidades humanas
que levam a certos traços se forem atendidas
e a um diferente conjunto de traços se forem negadas.
Então...
ao reconhecermos o fato de que o organismo humano,
o qual possui bastante flexibilidade para adaptar-se
permitindo-nos sobreviver em varias condições diferentes,
é também rigidamente programado para certas exigências ambientais
ou necessidades humanas,
um imperativo social começa a emergir.
Da mesma forma que nossos corpos precisam de nutrientes,
o cérebro humano precisa de formas positivas de estímulo ambiental
em todos os estágios do desenvolvimento,
ao mesmo tempo que precisa ser protegido
das formas negativas de estímulo.
E se o que precisa acontecer, não acontece...
ou o que não deveria acontecer, acontece...
é evidente que a porta pode ser aberta não apenas para
uma porção de doenças mentais e físicas,
como também para muitos comportamentos humanos prejudiciais.
Assim, ao ampliarmos nossa perspectiva
e tomarmos consciência das atualidades,
devemos perguntar:
a condição que criamos no mundo moderno está
realmente a favor da nossa saúde?
A base de nosso sistema socioeconômico
funciona como uma força positiva
para o desenvolvimento humano e social e para o progresso?
Ou a tendência básica de nossa sociedade
está na realidade indo contra os requisitos evolucionários centrais
para criar e manter
nosso bem-estar pessoal e social?
PARTE II: PATOLOGIA SOCIAL
Alguém pode perguntar: de onde veio isso tudo?
O que temos hoje é mesmo um mundo em estado
de colapso acumulativo.
O MERCADO
Tudo começa com John Locke.
Ele introduz o conceito de propriedade,
e três pré-requisitos para os direitos à privacidade e à propriedade.
Os três pré-requisitos são:
deve haver excedente suficiente para os outros,
você não pode permitir que a propriedade sofra danos
e, acima de tudo, deve integrar seu trabalho à ela.
Parece justo: você combina sua mão de obra com o mundo
e então você tem direito ao produto.
Enquanto há excedente suficiente para os outros
e enquanto não houver danos
e você evitar o desperdício, estará tudo certo.
Ele passa um bom tempo em seu famoso tratado sobre governo,
que desde então tem sido o texto canônico
para a compreensão econômica, política e legal
e ainda é o texto clássico estudado.
Depois que ele apresenta os pré-requisitos
e estamos quase nos perguntando se somos
a favor da propriedade privada ou não
-- ele faz uma defesa muito plausível e convincente
da propriedade privada --
ele os abandona!
Ele os abandona assim, em apenas uma frase.
Ele diz: "uma vez que a introdução
do dinheiro veio por um acordo tácito entre os homens,
tornou-se então..."
Ele não diz que todos os pré-requisitos foram cancelados,
mas é isso que acontece.
Portanto, agora o produto
e sua propriedade não são merecidos por nossa mão de obra.
Não, o dinheiro compra mão de obra agora.
Não existe mais preocupação
se há excedente suficiente para os outros.
Não existe mais preocupação se estraga ou não,
porque ele diz que dinheiro é como
prata e ouro, e ouro não estraga
e então o dinheiro não pode ser responsável pelo desperdício...
O que é ridículo, não estamos falando de dinheiro
e prata, mas de seus efeitos.
É uma falsa conclusão atrás da outra.
Apenas a mais surpreendente
trapaça lógica com a qual sai impune,
mas que serve aos interesses dos detentores do capital.
Então, Adam Smith chega e acrescenta
a religião disso...
Locke começou com "Deus fez dessa forma",
"este é o direito de Deus",
e agora também temos Smith
dizendo "não só de Deus..."
Não é exatamente o que ele diz, mas
é o que está acontecendo filosoficamente, em princípio.
Ele diz que não é apenas uma questão de propriedade privada...
Isso tudo se tornou "pressuposto", dado como certo.
E que existem "investidores que compram mão de obra" -- dado como certo.
Não há limites para quanta mão de obra alheia podem comprar,
quanto podem acumular, quanta desigualdade
-- tudo se tornou dado como certo.
Então ele aparece com sua grande ideia
-- e isso é novamente deixado entre parênteses, de passagem...
Quando as pessoas põem bens à venda -- a oferta --
e outras pessoas os compram -- a procura -- etc.,
como fazemos a oferta equivaler à procura
ou a procura equivaler à oferta?
Como elas entram em equilíbrio?
Uma das ideias centrais da economia
é como elas entram em equilíbrio...
E ele diz: "é a 'mão invisível do mercado'
que as mantém em equilíbrio".
Então agora temos um "Deus" iminente.
Ele não apenas deu direitos à propriedade
e todos seus recursos e "direitos naturais"
dos quais Locke falou.
Agora o sistema em si é "Deus".
Na verdade, Smith diz
-- e você tem que ler todo o livro
"A Riqueza das Nações" para encontrar esta citação.
Ele diz que a escassez dos meios de subsistência
dita o limite da reprodução dos pobres
e que a natureza não pode lidar com isso exceto
pela eliminação de seus filhos.
Ele antecipou a teoria da evolução no pior sentido...
e isso bem antes de Darwin.
Ele os chamou de "classe de trabalhadores".
Nota-se aí um racismo inerente.
Havia uma negligência inerente à vida de matar
inúmeras crianças.
Ele pensava que essa era a mão invisível fazendo a oferta
corresponder à procura e a procura, à oferta.
Percebe quão sábio "Deus" é?
Nota-se que todas essas coisas
hostis, destrutivas e antiecológicas
que ocorrem agora, possuem, de certa forma,
uma origem lá em Smith também.
Quando refletimos sobre o conceito original do
chamado "sistema capitalista de livre mercado"
tal como introduzido pelos primeiros filósofos economistas,
como Adam Smith,
vemos que a intenção original de um "mercado"
girava em torno da troca de bens reais, tangíveis e que sustentem a vida.
Adam Smith nunca imaginou que os setores
econômicos mais rentáveis do planeta
acabariam na arena do mercado financeiro,
os chamados "investimentos",
onde o dinheiro em si é simplesmente
adquirido pela movimentação de dinheiro,
em um jogo arbitrário que não tem
nenhum mérito produtivo para a sociedade.
No entanto, apesar da intenção de Smith,
a porta para tais adventos anômalos
foi deixada aberta por um dos princípios fundamentais desta teoria:
o dinheiro é tratado como uma mercadoria, por si só.
Hoje, em cada economia do mundo,
seja qual for o sistema social alegado,
busca-se o dinheiro pelo dinheiro e nada mais.
A ideia principal, misteriosamente definida
por Adam Smith em sua declaração religiosa sobre
a "mão invisível",
é que a busca mesquinha e egoísta
desta mercadoria fictícia
irá de alguma forma resultar magicamente
em bem-estar humano e social e em progresso.
Na realidade, o propósito do incentivo monetário,
ou aquilo que alguns chamam de "sequência monetária do valor",
foi agora completamente separado do propósito
fundamental da vida, que poderia ser chamado de
"sequência vital do valor".
O que houve foi uma completa confusão
na doutrina econômica
entre estas duas sequências.
Pensa-se que a "sequência monetária do valor"
leva à "sequência vital do valor",
e é por isso que se diz que quando mais bens são vendidos,
quando o PIB cresce etc.,
há um aumento no bem-estar
e poderíamos tomar o PIB como nosso indicador básico
de saúde social...
Aqui podemos ver a confusão.
Fala-se da "sequência monetária do valor",
ou seja, todas as receitas e rendimentos
obtidos da venda de bens,
mas confunde-se isso com a reprodução da vida.
Assim, nós embutimos nessa coisa, desde o início,
uma completa mistura das sequências
monetária e vital do valor.
Lidamos com um tipo de delírio estruturado
que torna-se cada vez mais mortal
conforme a sequência monetária se desconecta da produção
de qualquer coisa.
Portanto, é um distúrbio
no sistema que parece ser fatal.
BEM-VINDOS À MÁQUINA
Na sociedade atual, raramente ouve-se alguém falar
do progresso de seu país ou sociedade
em termos de bem-estar físico, estado de felicidade,
confiança ou estabilidade social.
Ao contrário, os indicadores nos são apresentados
através de abstrações econômicas.
Temos o PIB, o índice de preços ao consumidor,
o valor do mercado de ações, índices de inflação
e por aí vai.
Mas isto nos diz algo de valor autêntico
quanto à qualidade de vida das pessoas?
Não. Todos esses indicadores têm a ver com
a sequência monetária em si e nada mais.
Por exemplo, o produto interno bruto de um país
mede o valor de bens e serviços vendidos.
Alega-se que esta medida está correlacionada ao
"padrão de vida" da população de um país.
Os gastos com saúde nos EUA representaram
mais de 17% do PIB em 2009,
totalizando mais de $2,5 trilhões
e criando assim um efeito positivo neste indicador econômico.
Com base nesta lógica,
seria ainda melhor para a economia americana
que os serviços de saúde crescessem mais
-- talvez para $3 trilhões ou $5 trilhões --
já que isto iria gerar mais crescimento
e mais empregos e seria ostentado pelos economistas
como um aumento no padrão de vida de seu país.
Mas, espere um minuto.
O que de fato representam os serviços de saúde?
Bem... Pessoas doentes e morrendo.
É isso mesmo: quanto mais americanos com problemas de saúde,
melhor ficará a economia.
Isto não é um exagero ou uma perspectiva cínica.
De fato, se pararmos para pensar,
perceberemos que o PIB
não apenas não reflete a verdadeira saúde pública ou social
em qualquer nível tangível,
ele é, na realidade, um indicador
de ineficácia industrial
e de degradação social.
Quanto mais ele cresce, pior fica a situação
em relação à integridade pessoal,
social e ambiental.
É preciso criar problemas para gerar lucro.
No paradigma atual, não há lucro
em salvar vidas, manter o equilíbrio do planeta,
promover a justiça, a paz etc.
Não há lucro nisso.
Existe um ditado antigo:
"aprove uma lei e abrirá um negócio".
Seja criando um negócio para um advogado ou o que for.
Portanto, crimes realmente abrem
negócios, da mesma forma que a destruição abre
negócios no Haiti.
Há hoje 2 milhões de encarcerados
nos EUA,
muitos dos quais estão em prisões dirigidas
por empresas privadas
-- Corrections Corporation of America e Wackenhut --
que negociam ações em Wall Street
com base no número de presos.
Isso sim é doentio.
Mas é um reflexo do que
este paradigma econômico exige.
E o que exatamente esse paradigma econômico exige?
O que faz nosso sistema econômico girar?
Consumo.
Ou, mais precisamente, consumo cíclico.
Quando analisamos
a base da economia de mercado clássica,
nos é apresentado um padrão de troca monetária
que simplesmente não podemos deixar que pare
ou mesmo desacelere consideravelmente,
se a sociedade como a conhecemos
quiser se manter funcional.
Há três atores principais no palco econômico:
o empregado, o empregador
e o consumidor.
O empregado vende mão de obra ao empregador em troca de renda.
O empregador vende seus produtos e serviços
ao consumidor em troca de renda.
E o consumidor, naturalmente, é apenas outro papel
do empregador e do empregado,
realimentando o sistema
para permitir a continuação do consumo cíclico.
Em outras palavras, o mercado global se baseia na
premissa de que sempre haverá demanda suficiente
por produtos numa sociedade
para movimentar dinheiro suficiente a uma taxa
que possa manter o processo de consumo.
E quanto maior a taxa de consumo,
maior o suposto crescimento econômico.
E é assim que a máquina funciona...
Mas, espere aí!
Achei que uma economia fosse feita para, sei lá...
"economizar"?
Não seria esse termo sinônimo de preservação,
eficiência e redução do desperdício?
Como então nosso sistema que demanda consumo
-- e quanto mais melhor -- pode eficientemente preservar
ou "economizar" qualquer coisa?
Bem... não pode.
O objetivo do sistema de mercado é justamente o oposto
do que uma economia de verdade deveria fazer,
que é orientar, com eficiência e conservação,
os materiais para a produção e distribuição
de bens que sustentam a vida.
Vivemos num planeta finito, de recursos finitos
onde, por exemplo, o petróleo que utilizamos leva
milhões de anos para se formar
e os minerais que usamos, bilhões de anos.
Ter um sistema que intencionalmente promove
a aceleração do consumo,
em prol do suposto "crescimento econômico",
é puramente um ecocídio insano.
Ausência de desperdício, isso sim é eficiência.
Ausência de desperdício?
Este sistema desperdiça mais do que
qualquer outro da história do planeta.
Cada nível de bio-organização e biossistema
está em estado de crise, desafio,
declínio -- ou de colapso.
Nenhuma publicação científica dos últimos 30 anos
lhe dirá algo diferente:
todo biossistema está em declínio,
assim como os programas sociais
e nosso acesso à água.
Cite algum meio de vida
que não esteja ameaçado...
É impossível.
Não há mesmo nenhum, o que é absolutamente desesperador.
E ainda nem percebemos qual é o mecanismo causal.
Não queremos enfrentar o mecanismo causal.
Só queremos seguir vivendo. Aí está a insanidade:
continua-se a fazer sempre a mesma coisa
apesar de claramente não estar funcionando.
Portanto, não lidamos
com um sistema econômico,
mas, eu me atreveria a dizer, com um sistema antieconômico.
A ANTIECONOMIA
Há um velho ditado de que o modelo
de mercado competitivo busca
"criar os melhores produtos pelo menor preço possível".
Essa afirmação é essencialmente o conceito de incentivo
que justifica a concorrência mercantil
com base na suposição de que o resultado
é a produção de bens de melhor qualidade.
Se eu fosse construir uma mesa,
obviamente a produziria com os melhores
e mais duráveis materiais existentes, correto?
Visando que ela dure o máximo possível.
Por que eu faria algo ruim
sabendo que teria de refazê-la eventualmente,
gastando mais materiais e energia?
Bem, por mais racional que isso possa parecer,
no caso do mercado
isso não é apenas claramente irracional
como não chega a ser uma opção.
É tecnicamente impossível produzir
algo da melhor maneira possível,
se uma empresa pretende ser competitiva
e manter seus produtos acessíveis ao consumidor.
Literalmente tudo o que é criado e posto à venda
na economia global é inferior logo no momento
em que é produzido,
pois é matematicamente impossível
fazer produtos os mais cientificamente avançados,
eficientes e sustentáveis possíveis.
Isso ocorre pois o sistema de mercado
exige esta "eficiência de custos"
ou porque é preciso reduzir os gastos
em cada etapa da produção.
Do custo da mão da obra ao custo dos
materiais, da embalagem etc.
Essa estratégia competitiva serve para
assegurar que o público compre os seus produtos
e não os do concorrente,
que está fazendo a mesmíssima coisa
para deixar seus produtos competitivos e acessíveis.
Esta consequência invariavelmente esbanjadora do sistema
poderia ser denominada "obsolescência intrínseca".
No entanto, essa é apenas uma parte do problema.
Um princípio fundamental que rege a economia de mercado
e que você não encontrará em nenhum manual,
é o seguinte:
"nada produzido pode ter uma vida útil
maior que o necessário
para manter o consumo cíclico".
Em outras palavras, é fundamental que as coisas quebrem,
falhem e deteriorem-se dentro de dado tempo.
Isso se chama "obsolescência programada".
A obsolescência programada é a espinha dorsal
da estratégia de mercado de todos os fabricantes.
Muito poucos, claro,
admitem essa estratégia abertamente.
O que fazem é mascarar o problema no
fenômeno da obsolescência intrínseca,
muitas vezes ignorando, ou até mesmo suprimindo,
novos adventos tecnológicos
que poderiam criar um produto mais sustentável e durável.
Não bastasse o desperdício que é
o sistema inerentemente não permitir a produção
dos bens mais duráveis e eficientes,
a obsolescência programada intencionalmente
entende que quanto mais tempo um produto funcionar,
pior será para a manutenção do consumo cíclico
e, portanto, para o sistema de mercado.
Em outras palavras, a sustentabilidade do produto
é, na verdade, contrária ao crescimento econômico
e por isso há um incentivo direto e reforçado
para garantir que a durabilidade
de qualquer produto seja curta.
Na realidade, o sistema não pode funcionar de outra maneira.
Um olhar para o mar de aterros ao redor do mundo
mostra a realidade da obsolescência.
Existem agora bilhões de celulares de baixo custo,
computadores e outras tecnologias,
contendo materiais preciosos e difíceis de minerar
como ouro, coltan e cobre,
apodrecendo em enormes pilhas
devido ao simples mau funcionamento ou obsolescência
de pequenas partes que, em uma sociedade preservadora,
poderiam ser consertados ou atualizados,
estendendo a vida útil do produto.
Infelizmente, por mais eficiente que isso pareça
no mundo real, por vivermos num
planeta finito de recursos finitos,
é claramente ineficaz para o mercado.
Para por numa frase:
"eficiência, sustentabilidade e
preservação são os inimigos de nosso sistema econômico".
Do mesmo modo, assim como bens precisam ser constantemente
produzidos e reproduzidos
apesar de seu impacto ambiental,
a indústria de serviços atua com o mesmo raciocínio.
O fato é que não há benefício monetário
em resolver quaisquer problemas
que estejam atualmente sendo tratados.
No final das contas,
a última coisa que as instituições médicas realmente querem
é curar doenças como o câncer,
o que eliminaria inúmeros empregos e trilhões em receitas.
E já que estamos no assunto...
O crime e o terrorismo são coisas boas neste sistema!
Bem, ao menos economicamente,
já que empregam a polícia
e elevam os gastos com segurança,
sem mencionar o valor das prisões,
que são privadas e visam o lucro.
E que tal as guerras?
A indústria bélica nos EUA é uma grande impulsionadora do PIB
-- uma das indústrias mais lucrativas --
produzindo armas letais e destrutivas.
O jogo favorito dessa indústria é explodir as coisas
e depois reconstruí-las visando o lucro.
Vimos isso com os inesperados contratos
bilionários feitos desde a Guerra do Iraque.
O ponto aqui é que os atributos socialmente
negativos da sociedade
se tornaram empreendimentos gratificantes para a indústria
e que qualquer interesse na resolução de problemas
ou em sustentabilidade ambiental e conservação,
é intrinsecamente contrário à sustentabilidade econômica.
É por isso que
toda vez que vemos o PIB crescer em qualquer país,
estamos testemunhando um crescimento das necessidades
reais ou inventadas,
e, por definição, as necessidade têm suas raízes na ineficiência.
Portanto, aumentar a necessidade significa aumentar a ineficiência.
O DISTÚRBIO NO SISTEMA DE VALORES
O sonho americano é baseado no
consumismo desenfreado.
É baseado no fato
de que a grande mídia,
e especialmente a publicidade
-- corporações que precisam deste crescimento infinito --
têm convencido ou enfiado na cabeça
de muitas pessoas nos EUA e no mundo
que nós temos que ter um número "x" de bens materiais
e a possibilidade de adquirir infinitamente mais
para sermos felizes.
Isso simplesmente não é verdade.
Por que então as pessoas continuam a comprar
desta maneira ecogenocida
em seus efeitos sistêmicos cada vez mais?
Trata-se do clássico condicionamento operante.
Você simplesmente insere condicionamento no organismo
e obtém os comportamentos, metas
ou objetivos desejados.
Eles possuem todos os recursos tecnológicos...
e se gabam de como entram
na mente das crianças
-- o que elas escutam já as
condicionam a uma marca.
Você então percebe que é assim
que as pessoas têm sido feitas de
bobas. Elas foram ensinadas a ser tolas.
É um distúrbio no sistema de valores.
Se há uma evidência da plasticidade
da mente humana,
se há uma prova de quão maleável
é o pensamento humano e de quão facilmente
as pessoas podem ser condicionadas e direcionadas
pela natureza dos estímulos de seu ambiente
e o que ela reforça,
essa prova é o mundo da publicidade.
É de ficar pasmo
o nível de lavagem cerebral
com que esses robôs programados conhecidos como "consumidores"
vagam pela paisagem,
apenas para entrar numa loja e gastar, digamos
$4 mil numa bolsa
que provavelmente custou $10 para ser feita
numa fábrica escravizante no exterior.
Apenas pelo status que a marca supostamente
representa na cultura.
Ou talvez as tradições populares antigas,
que aumentam a confiança e a coesão da sociedade,
e foram sequestradas pelos valores
materialistas, que nos fazer trocar nossas
porcarias inúteis algumas vezes por ano.
E ainda nos perguntamos por que hoje tantos têm
compulsão pela compra e aquisição,
quando é óbvio que eles foram condicionados desde a infância
a ver bens materiais
como um sinal de status entre os amigos e a família.
O fato é que a base de qualquer sociedade
são os valores que apoiam seu funcionamento.
E nossa sociedade, tal como está,
funciona apenas se nossos valores apoiarem
o consumo conspícuo de que ela
necessita para manter o sistema de mercado.
75 anos atrás, o consumo per capita nos EUA
e na maior parte do Primeiro Mundo
era a metade do que vemos hoje.
A atual nova cultura do consumidor
foi criada e imposta,
devido à necessidade bem real de níveis
de consumo cada vez mais altos.
É por isso que hoje as empresas gastam
mais dinheiro com propaganda do que com
o processo de produção em si.
Elas trabalham duro para criar falsas necessidades em você,
o que por acaso conseguem.
OS "ECONOMISTAS"
Na verdade, os economistas nada têm de economistas.
São propagandistas do valor do dinheiro.
Você verá que todos os seus
modelos são basicamente voltados a trocas
de símbolos que correspondem ao lucro
de uma ou ambas as partes,
mas eles estão totalmente desconectados
do mundo real da reprodução.
Em Ohio, um idoso não pagou sua conta de luz
-- talvez este caso lhe seja familiar --
e a companhia elétrica cortou o serviço e ele morreu.
O motivo deles cortarem é que não
seria lucrativo manter o serviço
porque ele não pagou sua conta.
Você acha isso certo?
A responsabilidade não recai sobre
a companhia elétrica por cancelar o serviço,
mas em cima dos vizinhos, amigos e conhecidos
deste homem,
que não foram caridosos o bastante
para ajudá-lo, enquanto indivíduo,
a pagar sua conta de energia.
Hummm...
Eu ouvi isso direito?
Ele disse que a morte de um homem,
causada por ele não ter dinheiro,
foi por culpa de
outras pessoas
ou por falta de caridade?
Pois bem, acho que vamos precisar de
um monte de infomerciais, caixinhas
de donativos miseráveis
e uma porção de cofrinhos
para os bilhões de pessoas que morrem de fome hoje
neste planeta,
devido ao sistema que Milton Friedman promove.
Quando você esta lidando com as filosofias de
Milton Friedman, F. A. Hayek,
John Maynard Keynes, Ludwig von Mises
e outros grandes economistas de mercado,
a base da análise racional
raramente abandona a sequência monetária.
É como uma religião.
Análises de consumo, políticas de estabilização,
saldo negativo, demanda agregada...
Isto existe como um círculo de raciocínio
interminável, autorreferente e autorracionalizado,
em que as necessidades humanas, os recursos naturais
e qualquer forma de eficiência que sustente a vida
são automaticamente descartados
e substituídos pela noção única de que os humanos,
buscando tirar vantagem uns dos outros só pelo dinheiro,
motivados pelo egoísmo mesquinho,
criarão magicamente uma sociedade sustentável, saudável e equilibrada.
Não há referência à vida em toda essa teoria,
em toda essa doutrina.
O que eles estão fazendo?
O que fazem é monitorar as sequências monetárias.
Apenas isso: monitorar sequências monetárias
pressupondo que isso seja só o que importa.
Primeiro: não há referência à vida...
Opa... sem referência à vida?
Segundo: todos os agentes são
buscadores de preferências automaximizáveis,
isto é, só pensam em si mesmos
e o máximo que podem ganhar.
Esta é a ideia dominante da racionalidade:
automaximizar a escolha.
A única coisa em que estão interessados em automaximizar
é dinheiro ou mercadorias.
Mas onde entram as relações sociais?
Não entram, exceto nas trocas para automaximizar.
E onde entram nossos recursos naturais?
Não entram, exceto na exploração deles.
Onde entra a questão da sobrevivência da família?
Não entra. Ela precisa de
dinheiro para comprar qualquer bem.
Mas, uma economia não deveria
lidar com necessidades humanas também?
Não é essa a questão fundamental?
"Necessidade" sequer está em seu dicionário.
Ela é dissolvida em "desejos"...
E o que é um desejo? Significa
o que a demanda monetária deseja comprar.
Bem, se o foco está na demanda monetária,
não tem nada a ver com necessidades,
porque talvez a pessoa não tenha demanda monetária
e precise desesperadamente, digamos, de água.
Ou talvez a demanda monetária queira uma privada de ouro.
Para onde vai tudo isso?
Para a privada de ouro.
Chamam isso de economia?
É só pensar um pouco
para ver que este é o delírio
mais bizarro da história do pensamento humano.
SISTEMA MONETÁRIO
Até agora nos focamos só no sistema de mercado.
Mas esse sistema é apenas
metade do paradigma econômico global.
A outra metade é o sistema monetário.
Enquanto o sistema de mercado lida com a interação das pessoas,
competindo pelo lucro através do espectro da mão de obra,
produção e distribuição,
o sistema monetário é um conjunto de regras fundamentais
determinadas pelas instituições financeiras,
que criam condições para o
sistema de mercado, entre outras coisas.
Isso inclui termos que ouvimos bastante
como "taxa de juros", "empréstimos", "dívida", "oferta monetária",
"inflação" etc.
Por mais que possa dar vontade de arrancar os cabelos ouvir
as bobagens ditas pelos economistas
-- "modestas ações preventivas podem evitar a necessidade
de ações mais drásticas futuramente" --
a natureza e o efeito desse
sistema são bem simples.
Nossa economia possui...
A economia global possui
três preceitos básicos que a governam.
O primeiro é o sistema de reserva fracionária,
com os bancos imprimindo dinheiro do nada.
É baseada também em juros acumulados.
Quando você pega dinheiro emprestado, precisa devolver mais
do que pegou, o que significa que você, na prática,
cria dinheiro do nada de novo,
cujos juros têm de ser pagos pela criação de ainda mais dinheiro.
Nós vivemos num paradigma de crescimento infinito.
O paradigma econômico que vivemos é um Esquema Ponzi.
Nada cresce para sempre.
É impossível.
Como o grande psicólogo James Hillman escreveu:
"a única coisa que cresce no corpo humano depois
de certa idade é o câncer".
Não é só a quantidade de dinheiro que precisa continuar crescendo,
mas também a de consumidores.
Consumidores que contraiam empréstimos a juros,
para gerar mais dinheiro, o que obviamente é impossível
num planeta finito.
As pessoas são basicamente veículos para criar dinheiro
que devem criar mais dinheiro
para impedir que tudo desmorone,
que é o que está acontecendo neste momento.
Há apenas duas coisas que alguém precisa saber
sobre o sistema monetário.
1. Todo o dinheiro é criado a partir de dívida.
Dinheiro é dívida monetizada,
seja se materializando a partir dos títulos do tesouro,
contratos de hipoteca ou cartões de crédito.
Em outras palavras, se toda a dívida ativa
fosse quitada agora
não haveria nenhum dólar em circulação.
2. Cobra-se juros sobre praticamente todos os empréstimos feitos
e o dinheiro necessário para pagá-los
não existe no suprimento monetário de imediato.
Somente o principal é criado pelos empréstimos
e o principal é o suprimento monetário.
Se toda as dívidas fossem quitadas agora
não apenas não haveria mais um dólar em circulação,
como haveria uma quantia gigantesca de dinheiro devido
que é literalmente impossível de ser pago, pois não existe.
A consequência disso tudo é que duas coisas são inevitáveis:
inflação
e falência.
A inflação pode ser vista como uma tendência histórica
em quase todos países
e facilmente ligada à sua causa,
que é o aumento perpétuo do suprimento monetário,
necessário para
cobrir os juros e manter o sistema funcionando.
Quanto à falência,
ela vem na forma de colapso pela dívida.
Esse colapso ocorrerá inevitavelmente com uma pessoa,
um negócio ou um país,
e geralmente acontece quando o pagamento dos juros
torna-se impossível.
Mas há um lado bom nisso tudo,
pelo menos em termos de sistema de mercado.
Porque a dívida cria pressão.
A dívida cria escravos assalariados.
Uma pessoa endividada tem mais chances de aceitar um salário baixo
do que uma pessoa sem dívidas,
tornando-se assim mercadoria barata.
Assim, é ótimo para as corporações ter um grupo de pessoas
sem mobilidade financeira.
Mas essa mesma ideia vale para países inteiros.
O Banco Mundial e o FMI,
que servem como pontes para
os interesses corporativos transnacionais,
fornecem empréstimos enormes para países com dificuldades
a juros altíssimos,
e quando estes países estão
profundamente endividados e não podem mais pagar,
aplicam-se medidas de austeridade,
as corporações entram em cena,
abrem fábricas escravizantes e tomam seus recursos naturais.
Isso sim é eficiência de mercado.
Mas espere, tem mais.
Existe essa mistura única
de sistema monetário com o sistema de mercado,
chamado de mercado de ações,
que ao invés de produzir algo real,
apenas compra e vende o dinheiro em si.
E quando se trata de dívida, sabe o que é feito?
Isso mesmo, eles negociam a dívida.
Eles efetivamente compram e vendem dívidas pelo lucro.
Desde CDSs
e CDOs da dívida do consumidor,
até complexos esquemas de derivativos
usados para mascarar a dívida de países inteiros,
como no caso do conluio do
banco de investimentos Goldman Sachs e Grécia,
que quase provocou o colapso da economia europeia.
Então, em se tratando do mercado de ações e Wall Street
temos um nível totalmente novo de insanidade
nascido da sequência monetária do valor.
Tudo o que você precisa saber sobre mercados
foi escrito há alguns anos num editorial
do Wall Street Journal
intitulado "Lições de um investidor com danos cerebrais".
Neste editorial, eles explicaram por que
pessoas com um leve dano cerebral
se saem melhor como investidores
do que pessoas com funcionamento normal do cérebro.
Por quê? Porque pessoas com
um leve dano cerebral não têm empatia.
Essa é a chave. Se você não tem nenhuma empatia
será um ótimo investidor,
e dessa maneira Wall Street cria pessoas sem empatia
para chegar lá, tomar decisões
e realizar negociações sem escrúpulos,
sem considerar se a maneira como estão sendo feitas
pode afetar outros seres humanos.
Assim eles criam esses robôs,
essas pessoas desalmadas.
E já que nem essas pessoas eles querem pagar mais
estão agora criando robôs de verdade:
algoritmos para negociações.
Goldman Sachs, no escândalo das transações de alta frequência,
colocou um computador junto à bolsa de valores de Nova Iorque.
Esse computador "co-locado", como é chamado,
monitora todas as negociações na bolsa
e realiza um grande volume de operações,
de maneira que ganha
centavos a cada operação.
É como se estivessem bombeando dinheiro o dia todo.
Ano passado ficaram 30-60 dias
de um trimestre sem um único dia de queda
ganhando milhões de dólares todo santo dia?
Isso é estatisticamente impossível!
Quando eu trabalhava em Wall Street, tudo mundo
promovia em troca de suborno.
O operador suborna o gerente de escritório.
O gerente de escritório suborna o gerente regional de vendas.
O gerente regional de vendas
suborna o gerente nacional de vendas.
É uma prática comum.
No Natal, quem ganha o maior bônus
na posição de operador de bolsa? O auditor interno.
O auditor interno fica lá sentado o dia todo.
Ele deveria garantir que você
não viole nenhuma das regras de margem
e de que está "cumprindo" as leis.
Claro, até o ponto em que
você pode subornar o auditor interno.
É isso mesmo, você está cumprindo a lei!
Como então a fraude se tornou o sistema?
Ela não é mais um subproduto.
Ela é o sistema.
É como aquela velha piada do *** Allen:
"doutor, meu irmão pensa que ele é uma galinha".
E o médico diz: "tome uma pílula,
e isto deve resolver o problema".
"Não doutor, você não entende.
Nós precisamos dos ovos".
OK?
A troca incessante de ações fraudulentas
entre bancos
para gerar taxas,
para gerar bônus,
tornou-se o motor de crescimento
do PIB da economia dos EUA
embora estejam essencialmente trocando ações fraudulentas
que não têm nenhuma chance de serem pagos algum dia.
Eles estão processando, gerando e reassegurando nada.
Se eu escrever $20 bilhões em um guardanapo
e vender ele para J.P. Morgan, e J.P. Morgan escreve
$20 bilhões em outro guardanapo
e nós trocamos estes dois guardanapos num bar
e nos pagamos um quarto de 1% de taxa,
fazemos muito dinheiro para o nosso bônus de Natal.
Nós temos em nossos registros um guardanapo de $20 bilhões
que não tem nenhum valor real até o momento em que
o sistema não é mais capaz de absorver
guardanapos falsos, que é quando vamos ao governo
receber pacotes de ajuda.
E por causa de Wall Street e do mercado global de ações,
há hoje, pelo menos, cerca de $700 trilhões
em ações fraudulentas não pagas,
conhecidas como "derivativos",
ainda à espera do colapso.
Um valor que equivale a 10 vezes mais
que o produto interno bruto
de todo o planeta.
Apesar de já termos visto o resgate de
corporações e bancos pelos governos
-- os quais comicamente pegam o dinheiro
emprestado dos próprios bancos --
o que vemos hoje são tentativas de resgate de países inteiros
por conglomerados formados por outros países,
através de bancos internacionais.
Mas como se resgata um planeta?
Não há nenhum país que não esteja saturado de dívida.
A sucessão de calotes governamentais que vimos
pode ser só o começo, se fizermos os devidos cálculos.
Estima-se que, apenas nos EUA,
o imposto de renda terá de ser aumentado para 65%
por pessoa, apenas para cobrir os juros, num futuro próximo.
Economistas acreditam que dentro de algumas décadas,
60% dos países irão falir.
Mas espere aí... Deixe-me ver se entendi.
O mundo está indo à falência,
seja lá o que isso signifique,
por causa dessa ideia chamada "dívida"
que nem sequer existe no mundo real.
É apenas parte de um jogo que inventamos,
e ainda assim, o bem-estar de bilhões de pessoas
está sendo comprometido.
Demissões em ***, favelas, pobreza crescente,
medidas de austeridade, escolas fechando,
crianças passando fome e outros níveis de privação familiar...
tudo por causa dessa elaborada ficção.
Somos estúpidos ou o quê?!
Ei, ei! Marte, meu caro.
Ajuda um irmão aí?
Cresça, amigo.
Saturno! E aí, cara?
Lembra daquela linda nebulosa com quem te arranjei um encontro
faz um tempinho?
Terra, escute.
Estamos nos cansando de você.
Você teve de tudo e ainda assim não aproveitou nada.
Você tem muitos recursos e sabe disso.
Por que não amadurece e aprende
a ter alguma responsabilidade, pelo amor de Deus?
Está fazendo sua mãe infeliz.
Você está por sua conta, camarada.
É, que seja.
SAÚDE PÚBLICA
Agora, considerando tudo isso,
da máquina de desperdício que é o sistema de mercado
à máquina de dívidas conhecida como sistema monetário,
criando assim o paradigma mercantil-monetário
que hoje define a economia global,
há uma consequência que percorre
toda a máquina:
desigualdade.
Se é o sistema de mercado que cria uma gravitação
natural em direção ao monopólio e à consolidação do poder,
enquanto também gera diversas indústrias ricas
que se elevam acima das outras
independentemente de sua utilidade,
tal como o fato de os maiores
gestores de fundos de Wall Street
agora embolsarem mais de $300 milhões por ano
por contribuir literalmente com nada.
Enquanto um cientista procurando curar uma doença,
tentando ajudar a humanidade,
pode ganhar $60 mil por ano, se tiver sorte.
Ou se é o sistema monetário,
que possui a divisão de classes inerente a sua estrutura.
Por exemplo,
se tenho $1 milhão sobrando e os aplico em CDB,
com juros de 4%,
ganharei $40 mil por ano.
Nenhuma contribuição social, nada.
No entanto, se sou da classe baixa e preciso pegar empréstimos
para comprar meu carro ou casa,
estarei pagando juros que,
teoricamente,
vão remunerar aquele milionário com os 4% do CDB.
Este roubo dos pobres para pagar aos ricos
é um fundamento inerente ao sistema monetário
e poderia ser rotulado como "classicismo estrutural".
Historicamente, a estratificação social
sempre foi considerada injusta
mas claramente aceita de forma geral,
já que agora 1% da população detém 40% da riqueza do planeta.
Mas, justiça material à parte,
há outra coisa acontecendo
por baixo da superfície da desigualdade,
deteriorando a saúde pública como um todo.
Acho que as pessoas muitas vezes ficam confusas pelo contraste
entre o sucesso material das nossas sociedades
-- níveis de riqueza sem precedentes --
e os muitos fracassos sociais.
Se você olhar para as taxas de
uso de drogas, violência, automutilação
entre crianças ou doenças mentais,
há claramente algo profundamente errado
com nossas sociedades.
Os dados que tenho descrito
simplesmente mostram essa intuição que as pessoas
têm tido por centenas de anos, de que a desigualdade divide
e corrói a sociedade.
Porém, essa intuição é mais verdadeira do que imaginávamos.
Há efeitos psicológicos e sociais muito poderosos
da desigualdade, mais relacionados, creio eu, com sentimentos
de superioridade e inferioridade.
Esse tipo de divisão
-- e talvez o mesmo valha para o respeito e o desrespeito --
em que as pessoas se sentem desprezadas ao extremo.
Motivo pelo qual, a propósito, a violência é
mais frequente em sociedades mais desiguais.
O gatilho da violência é, muitas vezes, as pessoas se sentirem
menosprezadas e desrespeitadas.
Se há um princípio que eu poderia enfatizar,
isto é, o princípio subjacente mais importante
para a prevenção da violência,
seria a igualdade.
O fator mais significativo
que afeta a taxa de violência
é o grau de igualdade versus o de desigualdade
na sociedade.
O que estamos vendo é uma espécie de
disfunção social generalizada.
Não é só uma ou duas coisas que dão errado
conforme a desigualdade aumenta,
mas aparentemente tudo, seja em relação ao
crime, à saúde, às doenças mentais ou ao que for.
Uma das descobertas mais perturbadoras sobre saúde pública é:
em hipótese alguma cometa o erro de ser pobre
ou de ter nascido pobre.
Sua saúde paga por isso de infinitas maneiras,
algo conhecido como o gradiente socioeconômico de saúde.
Conforme você desce a partir da camada social
mais alta, em termos de posição socioeconômica,
a cada degrau descido a saúde piora
para muitos tipos de doenças,
a expectativa de vida piora,
a taxa de mortalidade infantil,
tudo que você puder considerar.
Uma enorme questão tem sido:
por que este gradiente existe?
Uma resposta óbvia e simples
é que, se você está cronicamente doente, não
será muito produtivo.
Assim, problemas de saúde geram diferenças socioeconômicas.
Não passou nem perto,
pelo simples fato de que
é possível olhar para a
posição socioeconômica de uma criança
e isso irá predizer algo sobre sua saúde
décadas depois.
Esta é a direção da causalidade.
A próxima é "perfeitamente óbvia":
pessoas pobres não podem pagar para ir ao médico.
É acesso à saúde?
Não tem nada a ver com isso
porque você vê estes mesmos gradientes
em países com assistência médica universal e
medicina socializada.
OK, próxima explicação simples:
geralmente, quanto mais pobre você é
maiores são as chances de fumar,
beber e de viver com todo tipo de fator de risco.
Sim, isso contribui, mas estudos meticulosos mostraram
que talvez explique só um terço da variabilidade.
O que resta então?
O que resta tem muito a ver
com o estresse da pobreza.
Quanto mais pobre você é, a começar pela
pessoa que ganha um dólar a menos que Bill Gates,
quanto mais pobre você é neste país,
de modo geral, pior será a sua saúde.
Isso nos diz algo realmente importante:
a conexão da saúde com a pobreza
não se trata de ser pobre, mas de se sentir pobre.
Cada vez mais, reconhecemos que o estresse crônico
possui uma influência importante na saúde,
mas as fontes mais importantes de estresse
se referem à qualidade das relações sociais.
E se existe algo que
diminui a qualidade das relações sociais
é a estratificação socioeconômica da sociedade.
O que a ciência nos mostrou agora
é que, independentemente da riqueza material,
o estresse de simplesmente viver numa sociedade estratificada
leva a um vasto espectro de problemas na saúde pública
e quanto maior a desigualdade, piores eles ficam.
Expectativa de vida: maior em países mais igualitários.
Uso de drogas: menor em países mais igualitários.
Doenças mentais: menor em países mais igualitários.
Capital social, isto é,
a capacidade de as pessoas confiarem umas nas outras:
naturalmente maior em países mais igualitários.
Índices educacionais: mais altos em países mais igualitários.
Taxas de homicídio: menores em países mais igualitários.
Taxas de criminalidade e prisão:
menores em países mais igualitários.
E continua:
Mortalidade infantil, obesidade, taxa de natalidade na adolescência:
menor em países mais igualitários.
E talvez mais interessante:
Inovação: maior em países mais igualitários,
o que desafia a antiga noção de que uma sociedade
competitiva e estratificada é mais criativa e inventiva.
Além disso, um estudo feito no Reino Unido
chamado de Estudo Whitehall,
confirmou que há uma distribuição social de doenças
que vai desde o topo da escala socioeconômica
até a base.
Por exemplo, foi descoberto que os degraus mais baixos
da hierarquia tinham 4 vezes mais
mortalidade por doenças cardíacas
em relação aos degraus mais altos.
E esse padrão existe, independente do acesso à saúde.
Portanto, quanto pior a condição financeira relativa de alguém,
pior será a sua saúde, de modo geral.
Esse fenômeno tem suas raízes no que pode ser chamado de
"estresse psicossocial"
e está na base das grandes distorções sociais
que assolam nossa sociedade atual.
Sua causa?
O sistema mercantil-monetário.
Não se engane:
o maior destruidor da ecologia;
a maior fonte de desperdício, esgotamento e poluição;
o maior incitador de violência,
guerra, crime, pobreza, abuso animal e desumanidade;
o maior gerador de neuroses sociais e individuais,
de doenças mentais, depressão, ansiedade
-- para não falar da maior fonte de paralisia social,
que nos impede de adotar novas metodologias
para a saúde pessoal, a sustentabilidade
e o progresso neste planeta --
não é nenhum governo corrupto ou legislação,
nenhuma corporação perversa ou cartel bancário,
nenhuma falha da natureza humana
e nenhuma sociedade secreta que controla o mundo.
É, na verdade,
o próprio sistema socioeconômico
em sua essência.
PARTE 3: PROJETO TERRA
Vamos imaginar por um momento que temos a opção
de reformular a civilização humana completamente.
E se, hipoteticamente falando,
descobríssemos uma réplica exata do planeta Terra
e que a única diferença entre
este novo planeta e o nosso atual
fosse que a evolução humana não tivesse ocorrido.
Seria um mundo de possibilidades.
Sem países, sem cidades, sem poluição, sem republicanos...
Apenas um ambiente imaculado e aberto.
O que faríamos então?
Primeiro precisamos de uma meta, certo?
É seguro dizer que esta meta seria sobreviver.
E não apenas sobreviver, mas fazê-lo de maneira otimizada,
saudável e próspera.
A maioria das pessoas, de fato, deseja viver
e, de preferência, sem sofrimento.
Portanto, a base desta civilização
precisa dar o máximo de suporte
e sustentabilidade para a vida humana,
levando em conta as necessidades materiais
de todo o mundo,
enquanto tenta eliminar tudo
que possa nos ferir a longo prazo.
Definida esta meta de "sustentabilidade máxima",
a próxima questão diz respeito ao nosso método.
Que tipo de abordagem usaremos?
Vejamos...
Pelo que sei, a política é o método de funcionamento social na Terra.
E o que as doutrinas dos republicanos, liberais,
conservadores e socialistas têm a dizer sobre como projetar a sociedade?
Humm... absolutamente nada.
OK, e que tal a religião?
Certamente o grande criador deixou alguma planta por aí...
Não. Não achei nenhuma.
OK, então o que nos resta?
Aparentemente algo chamado "ciência".
A ciência é única no sentido de que seus métodos não só exigem que
as ideias propostas sejam testadas e replicadas,
como suas conclusões são também inerentemente refutáveis.
Em outras palavras, diferente da religião e da política,
a ciência não tem ego,
e tudo que ela sugere admite a possibilidade de
algum dia ser desmentido.
Ela não se apega a nada e evolui constantemente.
Bem, isso soa bastante natural para mim.
Baseado no conhecimento científico atual neste
início de século XXI,
junto com nossa meta de "sustentabilidade máxima"
para a população humana,
como daremos início ao processo de construção?
A primeira pergunta a fazer é:
do que precisamos para sobreviver?
A resposta, naturalmente, é: recursos planetários.
Seja a água que bebemos, a energia que utilizamos
ou a matéria-prima para criarmos ferramentas e abrigos,
o planeta abriga um estoque de recursos,
muitos dos quais necessitamos para sobreviver.
Diante desta realidade,
passa a ser crucial descobrir o que temos e onde está localizado.
Isto significa que precisamos realizar um levantamento.
Nós simplesmente localizamos e identificamos todos recursos do planeta
que pudermos, juntamente com a quantidade disponível em cada área.
De depósitos de cobre, aos locais de melhor potencial para
a produção de energia eólica,
às nascentes de água,
a uma estimativa da quantidade de peixes no oceano,
às mais férteis terras para cultivo de alimentos etc.
E, já que nós, humanos, iremos
consumir estes recursos ao longo do tempo
percebemos que não basta apenas localizá-los e identificá-los:
precisamos também monitorá-los.
Devemos nos certificar de que não esgotaremos nenhum deles,
isso seria péssimo.
E isto significa não apenas monitorar nossas taxas de uso
como também as taxas de regeneração da Terra,
como o tempo que leva para uma
árvore crescer ou uma nascente tornar a encher.
Isto se chama "equilíbrio dinâmico".
Em outras palavras, se cortamos árvores num ritmo maior que o de regeneração
temos um sério problema, pois é insustentável.
Como podemos monitorar este estoque,
especialmente quando reconhecemos que todas
as coisas estão por toda parte?
Temos grandes minas de minério no que chamamos de "África",
concentrações de energia no "Oriente Médio",
um enorme potencial maremotriz na "costa norte-americana",
o maior suprimento de água doce no "Brasil" etc.
Mais uma vez, a boa e velha ciência tem uma sugestão:
chama-se "teoria de sistemas".
A teoria de sistemas reconhece que a estrutura do mundo real
-- da biologia humana, à biosfera terrestre
à atração gravitacional do sistema solar --
é um enorme sistema conectado sinergicamente, totalmente interligado.
Assim como as células humanas se conectam para formar
nossos órgãos, e estes para formar nossos corpos,
-- e já que nossos corpos não vivem sem os recursos terrestres,
como comida, ar e água -- nós estamos intimamente ligados à Terra,
e assim por diante.
Então, como a natureza sugere, pegamos todo este inventário
e dados de monitoramento e criamos um sistema para gerenciá-la.
Um sistema global de gerenciamento de recursos
para contabilizar todos os recursos relevantes do planeta.
Não há outra alternativa lógica, se nosso objetivo enquanto espécie
é a sobrevivência a longo prazo. Temos de monitorar o todo.
Com isso estabelecido, podemos agora pensar na produção.
Como usaremos tudo isso?
Qual será o nosso processo de produção e o que precisamos
considerar para garantir que é o mais otimizado possível
para maximizar nossa sustentabilidade?
A primeira coisa que nos vem à mente é o fato de
precisarmos constantemente evitar o desperdício.
Os recursos do planeta são essencialmente finitos.
Portanto, é importante sermos estratégicos.
Preservação estratégica é a chave.
A segunda coisa que percebemos é que alguns recursos
não são tão bons como outros em seus desempenhos.
Na verdade, algumas coisas, quando postas em uso,
têm um efeito terrível no meio ambiente,
o que prejudica nossa própria saúde.
Por exemplo: combustíveis fósseis, não importa como os utilizamos,
liberam agentes bastante destrutivos no meio ambiente.
Por isso, é crucial fazermos o máximo para usá-los
apenas quando for preciso, ou nem usá-los.
Felizmente, temos enormes possibilidades para produzir
energia solar, eólica, maremotriz, das ondas, geotérmica etc.,
que nos permitem planejar objetivamente o que usar e onde,
para evitar o que se pode chamar de "retroações negativas"
ou qualquer resultado da produção ou do uso
que danifique o meio ambiente e a nós mesmos.
Chamaremos isso de "segurança estratégica"
para combinar com nossa "preservação estratégica".
Mas as estratégias de produção não param por aí.
Precisaremos de uma estratégia de eficiência
para a mecânica da produção.
E o que descobrimos é que há aproximadamente
três protocolos específicos que deveremos adotar.
1. Todo bem que produzirmos deve ser
projetado para durar o máximo possível.
Naturalmente, quanto mais coisas quebram,
mais recursos são necessários para as substituírem
gerando assim mais lixo.
2. Quando as coisas de fato quebrarem
ou não forem mais úteis, por qualquer motivo,
é crucial que recolhamos e reciclemos ao máximo.
Portanto, o projeto de produção deve levar isso
em conta logo nos primeiros estágios.
3. Tecnologias de rápida evolução, como a eletrônica,
que estão sujeitas à elevadas taxas de obsolescência tecnológica,
deverão ser projetadas para
prever e acomodar atualizações físicas.
A última coisa que faremos é jogar fora um computador
inteiro apenas porque só uma parte quebrou ou ficou obsoleta.
Simplesmente projetamos os componentes para serem facilmente
atualizáveis peça por peça, padronizados e universalmente compatíveis
com base nas tendências tecnológicas atuais.
Quando percebemos que os mecanismos da preservação,
segurança e eficiência estratégicas
são considerações puramente técnicas,
isentas de qualquer opinião humana ou viés,
simplesmente programamos tais estratégias em um computador
que possa avaliar e calcular todas as variáveis relevantes
permitindo que cheguemos ao
melhor método para a produção sustentável
com base no conhecimento atual.
E por mais que isso possa soar complexo
tudo não passa de uma grandiosa calculadora.
para não mencionar que tais sistemas
de tomada de decisões e monitoração multivariados
já são usados pelo mundo afora
para propósitos isolados. É só uma questão de aumentar a escala.
Então...
Não apenas temos nosso sistema de gerenciamento de recursos,
mas também um sistema de gerenciamento de produção,
ambos facilmente automatizáveis por computador
para maximizar a eficiência, a preservação e a segurança.
A realidade informática é que a mente humana ou
um grupo de pessoas não conseguem monitorar o que é preciso.
Isto pode e deve ser feito por computadores,
o que nos leva ao próximo nível: distribuição.
Qual estratégia sustentável faz sentido aqui?
Como sabemos que a menor distância
entre dois pontos é uma linha reta
e que máquinas de transporte usam energia para se moverem,
quanto menor o deslocamento, maior a eficiência.
Produzir bens num continente e enviá-los a outro
só faz sentido se tais bens simplesmente não puderem
ser produzidos no local de destino.
Do contrário, é simplesmente um desperdício.
A produção deve ser local para que a distribuição seja simples,
rápida e requeira o mínimo de energia.
Chamaremos isso de "estratégia de proximidade",
que simplesmente implica na redução
do transporte de bens tanto quanto possível,
seja de matéria-prima ou de bens de consumo prontos.
Obviamente, também é importante
saber quais bens estamos transportando e por quê.
E isso entra na categoria "demanda".
E demanda é simplesmente o que as pessoas precisam
para ter saúde e uma alta qualidade de vida.
O espectro das necessidades materiais humanas
varia desde necessidades essenciais à vida,
como comida, água limpa e moradia,
até bens sociais e recreativos que permitam relaxamento
e prazer pessoal e social --
ambos fatores importantes na saúde social e humana em geral.
Simplesmente realizamos outro levantamento.
As pessoas descrevem suas necessidades, a demanda é
analisada e a produção se inicia com base nesta demanda.
E já que o nível de demanda de diferentes bens
vai naturalmente oscilar e variar em regiões distintas,
criamos um sistema de monitoramento de distribuição e demanda
para evitar excessos e faltas.
Claro, essa ideia nada tem de nova
e é usada em todas as grandes redes de supermercados
para garantir o ajuste do estoque.
Só que, desta vez, estamos monitorando em escala global.
Mas espere: não podemos saber ao certo a demanda
se não levarmos em conta o uso do bem em si.
Seria lógico e sustentável que todo ser humano, digamos,
tenha uma unidade de tudo que é feito, independente do uso?
Não. Isso seria um desperdício e uma ineficiência.
Se alguém necessita de um bem, mas este será usado
por 45 minutos por dia, em média,
seria muito mais eficiente se este
bem fosse disponibilizado para ele
e para outros só quando precisassem.
Muitos esquecem que não é o bem que eles querem,
mas sim a utilidade do bem.
Ao percebemos que o bem em si
só é importante por sua utilidade
vemos que a restrição externa,
ou o que poderíamos chamar de "posse",
é puro desperdício e ecologicamente sem sentido
num sentido fundamental e econômico.
Precisamos criar algo chamado "acesso estratégico".
Esta seria a base de nosso
sistema de monitoramento de demanda e distribuição,
que garante que possamos atender as
necessidades da população,
permitindo o acesso do que precisam, quando precisarem.
E no que se refere a obtenção física dos bens,
centros de acesso regionais e centrais
fazem sentido, na maioria dos casos,
situados bem próximo da população.
A pessoa entraria, pegaria o item,
o usaria e quando terminasse de usá-lo, o devolveria --
mais ou menos como uma biblioteca funciona hoje.
Na verdade, esses centros poderiam ficar não só
na comunidade, tal como as lojas de hoje,
como também centros especializados ficariam em áreas específicas
onde esses itens seriam utilizados,
poupando energia pela redução do transporte.
Quando o sistema de monitoramento de demanda estiver pronto,
ele será integrado ao sistema de gerenciamento de produção
e, é claro, ao nosso sistema de gerenciamento de recursos,
criando um máquina global de gerenciamento unificada
e dinamicamente atualizada
que garanta nossa sustentabilidade.
Começando por assegurar a integridade de nossos recursos finitos
e, depois, garantir que só criamos os melhores
e mais estratégicos bens possíveis
enquanto os distribuímos da maneira
mais inteligente e eficaz.
O resultado dessa relação baseada na preservação,
que é contraintuitiva para muitos,
é que esse processo lógico,
empírico e feito do zero de preservação e eficiência,
que define a verdadeira sustentabilidade humana no planeta,
provavelmente possibilitaria algo nunca antes visto em nossa história:
abundância de acesso.
Não só para uma parcela da população global,
mas para a civilização inteira.
Esse modelo econômico, que vimos brevemente,
essa responsável abordagem sistêmica para o gerenciamento
total dos recursos e processos da Terra
projetado, novamente, para fazer nada menos
que tomar conta da humanidade como um todo
da maneira mais eficiente e sustentável possível
pode ser chamada de
ECONOMIA BASEADA EM RECURSOS
A ideia foi definida na década de 1970 pelo
engenheiro social Jacque Fresco.
Naquela época, ele viu que a sociedade estava em rota de colisão
contra si mesma e a natureza -- insustentável em todos os níveis --
e que se as coisas não mudassem,
nós iríamos nos destruir, de um jeito ou de outro.
Todas estas coisas que você diz, Jacque,
poderiam ser construídas com o que sabemos hoje,
ou você está "chutando", com base no que sabemos hoje?
Não. Tudo isto pode ser feito com o que sabemos atualmente.
Levaria 10 anos para mudar a superfície da Terra,
para transformar o mundo em outro Jardim do Éden.
A escolha está com você.
A estupidez de uma corrida armamentista nuclear,
o desenvolvimento de armas...
Tentar resolver seus problemas através da política
elegendo este ou aquele partido...
Toda a política está imersa na corrupção.
Vou repetir:
comunismo, socialismo, fascismo, os democratas e
os liberais -- nós queremos incluir todos seres humanos.
Todas as organizações que acreditam numa vida melhor para o homem:
não existem problemas de negros ou poloneses,
nem problemas de judeus ou gregos,
ou problemas de mulheres -- só há problemas humanos!
Não tenho medo de ninguém. Não trabalho para ninguém.
Ninguém pode me demitir.
Eu não tenho chefe.
Eu tenho medo de viver na sociedade em que vivemos atualmente.
Ela não pode ser mantida com esse tipo de incompetência.
O sistema de livre iniciativa foi ótimo
há uns 35 anos, a última vez em que foi útil.
Agora, temos que mudar o modo de pensar ou morreremos todos.
Os filmes de terror do futuro serão sobre nossa sociedade,
o modo como tudo deu errado,
e a política
será parte de um filme de terror.
Várias pessoas hoje usam o termo "ciência fria"
porque ela é ***ítica
e eles nem sequer sabem o que significa "***ítico".
Ciência significa: aproximações mais precisas
sobre como o mundo realmente funciona.
Então, é contar a verdade. É disso que se trata.
Um cientista não tenta se "dar bem" com as pessoas.
Eles contam quais são suas descobertas.
Eles precisam questionar todas as coisas
e se algum cientista aparecer com um experimento que mostre
que alguns materiais têm dadas resistências
outros cientistas precisam ser capazes de duplicar
aquele experimento e obter os mesmos resultados.
Mesmo se um cientista achar que a asa de um avião,
devido à cálculos matemáticos,
possa segurar uma certa quantidade de peso,
eles ainda irão pendurar sacos de areia nela
pra ver quando quebraria, e então
eles dizem se os cálculos estavam corretos ou não.
Eu adoro esse sistema por que é livre de viéses
da ideia de que a matemática pode resolver tudo.
É preciso por sua matemática à prova também.
Acho que todo sistema que pode
ser posto à prova, deve ser posto.
E todas as decisões deveriam ser baseadas em pesquisas.
Uma economia baseada em recursos é simplesmente
o método científico aplicado à questões sociais --
uma abordagem totalmente ausente no mundo de hoje.
A sociedade é uma invenção técnica.
E os métodos mais eficientes de saúde humana otimizada,
produção física, distribuição, infraestrutura urbana etc.,
residem no campo da ciência e
da tecnologia -- não na política ou na economia monetária.
Ela funciona da mesma maneira sistemática que, digamos, um avião,
e não existe uma maneira republicana ou liberal de construir um avião.
Igualmente, a própria natureza é a
referência física que utilizamos para provar nossa ciência.
É um sistema fixo,
emergindo apenas de nosso crescente conhecimento dela.
Na verdade, ela não dá a mínima para o que
você subjetivamente pensa ou acredita ser verdade.
Pelo contrário, ela lhe dá uma opção:
você pode aprender e se adequar com
suas leis naturais e se guiar de acordo
-- invariavelmente criando boa saúde e sustentabilidade --
ou você pode ir contra a corrente, sem sucesso algum.
Não importa o quanto você acredita, simplesmente não há
como você se levantar agora e caminhar pela parede,
a lei da gravidade não vai permitir.
Se você não comer, morrerá.
Se você não for tocado quando bebê, morrerá.
Por mais duro que pareça, a natureza é uma ditadura
e podemos escutá-la e entrar em harmonia com ela
ou sofrer as inevitáveis consequências adversas.
Então, uma economia baseada em recursos é nada mais
que um conjunto de entendimentos comprovados
de suporte à vida, em que todas as decisões são baseadas em
sustentabilidade ambiental e humana otimizadas.
É levada em consideração a base da vida empírica
que todo ser humano compartilha como uma necessidade
independente, novamente, de sua filosofia política ou religiosa.
Não há relativismo cultural nessa abordagem.
Não é uma questão de opinião.
Necessidades humanas são necessidades humanas
e ter acesso às necessidades da vida, tal como ar limpo,
comida nutritiva e água limpa,
junto com um ambiente de reforço positivo,
estável, estimulante e não violento, é necessário
para nossa saúde mental e física,
nossa capacidade evolutiva
e a sobrevivência da espécie em si.
Uma economia baseada em recursos
seria baseada nos recursos disponíveis.
Você não pode trazer um monte de pessoas a uma ilha
ou construir uma cidade para 50 mil habitantes sem ter
acesso às necessidades da vida.
Então, quando uso o termo abordagem sistêmica compreensiva
estou falando de fazer, primeiramente, um inventário da área,
determinando o que a área pode fornecer
não apenas no aspecto da arquitetura,
não apenas no aspecto do design,
mas o design deve ser baseado em todos os requisitos
para enriquecer a vida humana
e é isso que quero dizer com uma maneira integrada de se pensar.
Comida, roupas, abrigo, calor, amor.
Todas essas coisas são necessárias.
E se você privar as pessoas de qualquer uma delas,
terá seres humanos inferiores, com capacidade inferior.
Como dito anteriormente, a abordagem sistêmica global de extração,
distribuição e produção numa economia baseada em recursos
possui um conjunto de mecanismos verdadeiramente econômicos
que garantem eficiência
e sustentabilidade em todas as áreas da economia.
Então, continuando essa linha de pensamento sobre projeto lógico,
o que vem depois em nossa equação?
Onde tudo isso se materializa?
Cidades.
O advento da cidade é um marco da civilização moderna.
Seu papel é permitir acesso eficiente às necessidades da vida
juntamente com um forte suporte social e interação da comunidade.
E como fazemos para projetar uma cidade ideal?
Em que formato a faríamos?
Quadrada? Trapezoide?
Bem, como vamos nos locomover por entre ela,
deveríamos fazê-la a mais equidistante possível.
Logo, o círculo.
O que deveria existir na cidade?
Naturalmente precisamos de área residencial, de produção de bens,
de geração de energia e uma zona agrária.
Mas precisamos também estimular as pessoas. Ou seja, cultura,
natureza, recreação e educação.
Então vamos incluir um belo parque aberto,
uma área para entretenimento e eventos culturais, para socialização,
e instalações para educação e pesquisa.
E já que estamos trabalhando com um círculo,
parece racional posicionar essas funções em cinturões,
baseado na quantidade de terra necessária para cada fim,
além de facilidade de acesso.
Muito bom.
Agora, vamos analisar mais a fundo:
primeiramente, precisamos considerar a infraestrutura
central, ou entranhas do organismo urbano.
Estes seriam os canais de transporte
de água, bens, lixo e energia.
Exatamente como as cidades de hoje têm sistemas de água e esgotos,
estenderíamos este conceito de canais para
integrar a reciclagem de lixo e a distribuição de bens.
Não haveria mais entregadores ou lixeiros.
Isso está embutido no sistema. Poderíamos utilizar
tubos pneumáticos e tecnologias similares.
E o mesmo vale para o transporte.
Ele precisa ser integrado e estrategicamente projetado para reduzir
ou mesmo eliminar o desperdício que são os automóveis individuais.
Bondes elétricos, esteiras rolantes e transportadores,
trens magnéticos que podem levá-lo a
qualquer lugar da cidade, inclusive para cima e para baixo,
além de conectá-lo também a outras cidades.
E claro, se houver a necessidade de um carro,
ele será ativado via satélite para manter a segurança e a integridade.
Na verdade, essa automação tecnológica já está acontecendo agora.
Acidentes de carro matam cerca de 1,2 milhões de pessoas todo ano,
ferindo cerca de 50 milhões.
Isto é um absurdo e não tem mais que acontecer.
Com um projeto urbano eficiente e carros automáticos sem motoristas,
essa taxa de mortalidade pode ser praticamente eliminada.
Agricultura.
Hoje, através de métodos industriais mal planejados e baratos
usando pesticidas, fertilizantes em excesso e outros meios,
nós destruímos, com sucesso, boa parte
da terra arável neste planeta,
sem mencionar o envenenamento de nossos corpos.
Toxinas químicas da indústria e da agricultura
aparecem agora em quase todos as pessoas em pesquisas, incluindo crianças.
Felizmente, existe uma alternativa brilhante:
a agricultura sem solo da hidroponia e aeroponia,
que também reduz a necessidade de nutrientes
e de água em até 75% do nível de uso atual.
Hoje é possível cultivar alimentos de forma orgânica, em escala industrial,
em estufas verticais.
Por exemplo, 50 andares de 1 acre cada,
praticamente eliminando a necessidade do uso de
pesticidas e hidrocarbonetos em geral.
Este é o futuro do cultivo industrial de alimentos.
Eficiente, limpo e abundante.
Assim, estes sistemas avançados seriam, em parte,
os que compõem nosso cinturão agrícola
produzindo a comida necessária à toda população da cidade
sem a necessidade de trazer nada de longe,
economizando tempo, desperdício e energia.
E falando em energia...
O cinturão de energia trabalharia numa abordagem sistêmica para
extrair eletricidade de diversas fontes renováveis e abundantes,
como eólica, solar, geotérmica, por variação de temperatura
e, nas regiões costeiras, maremotriz e das ondas.
Para evitar intermitência e garantir a existência
de retornos positivos da rede de energia,
esses meios transmissores operariam em um sistema integrado
provendo energia uns aos outros, quando necessário,
enquanto armazenam a energia em excesso
em supercapacitores no subsolo,
para evitar desperdícios.
A cidade não apenas gera sua própria energia,
algumas estruturas são também energeticamente autônomas,
produzindo eletricidade através de tintas fotovoltaicas,
transdutores de pressão estrutural, o efeito termopar
e outras tecnologias existentes, mas subutilizadas.
Mas, é claro, isso levanta a questão:
como esta tecnologia, e outros bens de consumo
em geral, são criados?
Isso nos leva à produção:
o cinturão industrial, além de ter hospitais e afins,
seria o concentrador da produção fabril.
Localizado de maneira integrada,
ele teria, é claro, que obter matéria-prima através
do sistema de gerenciamento recursos, como visto há pouco,
com a demanda sendo gerada pela própria população da cidade.
Com relação à mecânica da produção
precisamos discutir um novo e poderoso fenômeno
que foi desencadeado recentemente na história da humanidade
e que está a ponto de mudar tudo.
Chama-se mecanização,
ou automação da mão de obra.
Se você olhar ao seu redor, notará que quase
tudo o que usamos hoje
é construído automaticamente.
Seus sapatos, roupas, aparelhos domésticos, carro...
Todos são construídos por máquinas em um método automatizado.
Podemos dizer que a sociedade não tem sido
influenciada por esses grandes avanços tecnológicos?
É claro que não.
Estes sistemas realmente ditam novas estruturas
e novas necessidades, e tornam muitas outras coisas obsoletas.
Logo, estivemos progredindo no desenvolvimento
e uso de novas tecnologias, de maneira exponencial.
Definitivamente a automação vai continuar. Não paramos
tecnologias que simplesmente fazem sentido.
Automação da mão de obra através de tecnologia é a base
de toda grande transformação na história da raça humana.
Da revolução agrícola à invenção do arado,
da revolução industrial à invenção das máquinas elétricas,
à era da informação em que vivemos -- essencialmente
a partir da invenção da eletrônica avançada e dos computadores.
E em função de avançados métodos de produção, hoje
a mecanização está evoluindo por conta própria.
Afastando-se dos métodos tradicionais de
montar componentes em uma configuração
e migrando para métodos avançados de criação
de produtos inteiros em um único processo.
Como muitos engenheiros, sou fascinado pela biologia, pois ela é
repleta de exemplos de peças extraordinárias de engenharia.
O que é biologia? É o estudo das coisas que se copiam.
É a melhor definição da vida que temos.
Novamente, como engenheiro, sempre fiquei
intrigado com a ideia de máquinas que se autorreplicam.
RepRap é uma impressora tridimensional.
É uma impressora que você conecta no computador e,
ao invés de fazer planilhas bidimensionais com desenhos,
faz objetos reais, físicos, tridimensionais.
E não há nada de novo sobre isso.
Impressoras 3D existem há aproximadamente 30 anos.
O destaque é que a RepRap imprime quase todas as suas partes.
Logo, se você tem uma, você poderia
montar outra e dá-la a um amigo.
Além de poder imprimir muitas outras coisas úteis.
Da simples impressão de utensílios básicos em sua casa
até um corpo inteiro de um automóvel de uma só vez,
a impressão avançada 3D automatizada agora tem o
potencial de transformar quase todos os campos de produção,
incluindo a construção civil.
A construção por contornos é
na verdade uma tecnologia de fabricação,
chamada impressão 3D, quando você constrói diretamente
objetos 3D a partir de um modelo no computador.
Através da impressão por contorno, será possível
construir uma casa de 185 m²
inteiramente por máquinas, em um dia.
A razão do interesse na construção automatizada
é porque traz muitos benefícios.
Por exemplo, a construção é um trabalho intenso,
e embora gere empregos para um setor da sociedade,
também possui problemas e complicações.
Por exemplo, construção é o trabalho mais perigoso que existe.
É pior do que a mineração e agricultura.
Ela possui o maior índice de fatalidades em quase todos os países.
Outro problema é o desperdício.
Uma casa média nos EUA gera de 3 a 7 toneladas de desperdício.
É uma soma enorme, se considerarmos o impacto da construção
e sabendo que aproximadamente 40% de todos materiais
no mundo são utilizados em construções.
Logo, é um grande desperdício de energia e recursos
e também causa danos ao meio ambiente.
Construir casas utilizando martelos, pregos e madeira,
no estágio atual de tecnologia, é realmente um absurdo.
E afetará a classe trabalhadora em
relação à manufatura nos Estados Unidos.
Recentemente, um estudo do economista David Autor, do MIT,
constatou que a classe média é obsoleta
e está sendo substituída pela automação.
A mecanização é simplesmente mais produtiva,
eficiente e sustentável que o trabalho humano
em quase todos os setores da economia hoje.
Máquinas não precisam de férias, folgas, seguros, pensões
e elas podem trabalhar 24 horas por dia, todos os dias.
O potencial de produção e precisão
em relação ao trabalho humano, é incomparável.
Moral da história: o trabalho humano repetitivo está se tornando
obsoleto e impraticável em todo o mundo
e o desemprego que você vê hoje
é fundamentalmente o resultado dessa
evolução da eficiência tecnológica.
Por anos, economistas de mercado têm descartado este padrão crescente
que pode ser chamado de "desemprego tecnológico"
devido ao fato de que novos setores sempre surgiram
para absorver os trabalhadores deslocados.
Hoje, o setor de serviço é o único restante
e atualmente emprega mais de 80% da mão de obra americana
e a maioria dos países industrializados mantém a mesma proporção.
Entretanto, este setor está sendo cada vez
mais desafiado por quiosques automatizados,
restaurantes automatizados e até por lojas automatizadas.
Economistas hoje estão finalmente
reconhecendo o que estavam negando por anos:
o uso da automação não está apenas extrapolando a atual
crise de emprego que estamos vendo pelo mundo
devido à crise econômica global,
mas quanto mais a recessão se aprofunda,
mais rápido as indústrias se mecanizam.
O problema, que não é percebido,
é que quanto mais rápido eles se mecanizam para poupar dinheiro,
mais pessoas eles demitem
e mais ele reduzem o poder de compra em geral.
Isso significa que, enquanto a corporação
pode produzir tudo a custos mais baixos,
menos pessoas terão dinheiro para comprar,
independente de quão barato as coisas fiquem.
A moral é que o jogo do "trabalho em troca
de renda" está lentamente chegando ao fim.
Na verdade, se você parar para refletir
sobre os trabalhos existentes hoje em dia
que a automação poderia assumir prontamente,
75% da mão de obra global poderia
ser substituída pela mecanização amanhã mesmo.
E é por isso que numa economia baseada em recursos
não há um sistema mercantil-monetário.
Absolutamente sem dinheiro...
Pois não há necessidade.
Uma economia baseada em recursos
reconhece a eficiência da mecanização
e a aceita pelo que ela nos oferece.
Não é contra ela, como somos hoje em dia.
Por quê? Porque é irresponsável não
valorizar eficiência e sustentabilidade.
E isso nos traz de volta ao nosso sistema urbano.
No meio está a cúpula central,
que abriga não apenas
as instalações educacionais e a central de transportes,
como também o computador principal
que controla as operações técnicas da cidade.
A cidade é, na verdade, uma grande máquina automática.
Há sensores em todos os cinturões
para monitorar o progresso da arquitetura,
coleta de energia, produção, distribuição e outros.
E seriam necessárias pessoas para supervisionar
essas operações para o caso de haver algum defeito etc.?
Muito provavelmente sim.
Mas este número iria cair com o tempo
conforme mais melhorias são feitas.
Porém, hoje em dia, talvez 3% da
população de uma cidade seria necessária
para esta tarefa, se analisarmos bem.
E eu posso assegurar:
num sistema econômico que, de fato,
está projetado para cuidar de você
e garantir seu bem-estar,
sem ser preciso se submeter a uma
ditadura particular diária,
geralmente a um emprego que é
tecnicamente inútil ou socialmente sem sentido,
enquanto luta contra uma dívida que nem ao menos existe,
apenas para pagar as contas...
Garanto que pessoas irão doar seu tempo
para manter e melhorar um sistema
que realmente tome conta delas.
E junto com essa questão do "incentivo"
aparece a suposição comum de que
se não existir alguma pressão externa
para alguém "trabalhar para viver",
as pessoas irão ficar à toa, fazendo nada,
transformando-se em gordos preguiçosos.
Isso é um absurdo.
O sistema de trabalho que temos hoje é
o gerador da preguiça,
não algo que a resolva.
Lembre-se de quando você era uma criança
cheia de vida, interessada em coisas novas,
provavelmente criando e explorando...
Mas conforme o tempo passou, o sistema o empurrou
para o foco de descobrir como ganhar dinheiro.
E desde sua educação básica
até a universidade, você é restringido.
Somente para emergir como uma criatura que serve
como uma engrenagem numa máquina que
envia todos os frutos para o 1% no topo.
Estudos científicos agora nos mostram que as pessoas
não são motivadas por recompensas em dinheiro
quando o assunto é engenhosidade e criação.
A criação em si é a recompensa.
O dinheiro, na verdade, serve apenas como um incentivo
às ações mundanas repetitivas
um papel que, como mostramos, pode ser feito por máquinas.
Quando falamos de inovação,
do verdadeiro uso da mente humana,
o incentivo financeiro provou ser um obstáculo
que interfere e prejudica o pensamento criativo.
E isso explica porque Nicola Tesla, os irmãos Wright
e outros inventores que contribuíram massivamente
para nosso mundo
nunca precisaram de um incentivo financeiro para criar.
O dinheiro, na verdade, é um falso incentivo
e causa 100 vezes mais distorções
do que contribuições.
Bom dia, classe. Sentem-se, por favor.
A primeira coisa que gostaria de fazer é
perguntar o que cada um quer ser quando crescer.
Quem gostaria de ser o primeiro?
Que tal você, Sara?
Quando crescer, quero trabalhar no McDonald's igual à minha mãe!
Ah, tradição de família, hein?
E você, Linda?
Quando eu crescer, serei uma
prostituta nas ruas de Nova Iorque!
Uma garota de glamour, hein?
Bastante ambiciosa.
E você, Tommy?
Quando eu crescer, serei um
empresário rico e elitista, que trabalha
em Wall Street e lucra com o
colapso das economias estrangeiras.
Empreendedor...
É maravilhoso ver algum interesse multicultural!
VÍTIMAS DA CULTURA
Como dito antes, uma economia baseada em recursos
aplica o método científico nas questões sociais,
e isto não é limitado apenas à eficiência técnica.
Ela também leva em consideração
o bem-estar humano e social e tudo o mais que isso envolve.
Que benefício tem um sistema social se, no final,
ele não produz felicidade ou convivência pacífica?
É importante notar que
ao remover o sistema monetário
e prover as necessidades da vida,
nós veríamos uma redução global nos crimes
em aproximadamente 95%, quase que imediatamente,
pois não existiria nada para roubar, fraudar ou algo parecido.
95% dos presos hoje em dia estão nesta condição
devido a crimes relacionados ao dinheiro ou abuso de drogas,
e o abuso de drogas é um transtorno, não um crime.
E os outros 5%?
Os realmente violentos...
Frequentemente ditas como pessoas violentas
pelo simples motivo de serem violentas...
Será que são pessoas "más"?
A razão pela qual eu acredito ser uma perda de tempo
fazer julgamentos de valores morais
sobre a violência das pessoas
é porque com isto não se avança nem um pingo
em nossa compreensão sobre as causas
ou na prevenção do comportamento violento.
Pessoas me perguntam se acredito em perdoar criminosos.
Minha resposta é que
não, eu não acredito em perdão
mais do que acredito em condenação.
Apenas se nós, como sociedade
tomarmos a mesma atitude de tratar a violência como
um problema de saúde pública e de medicina preventiva,
e não como uma moral "má"...
Apenas quando fizermos essa mudança em nossas
próprias atitudes, suposições e valores
é que realmente teremos sucesso na redução do
nível de violência ao invés de estimulá-la,
que é exatamente o que fazemos agora.
Quanto mais justiça você procura, mais você se machuca
porque não existe tal coisa como justiça.
Existe o que existe lá fora. Ponto final!
Ou seja, se pessoas são condicionadas a serem racistas fanáticas...
Se elas foram criadas em um ambiente que defende isto,
por que você culpa uma pessoa por ser assim?
Elas são vítimas de uma subcultura.
Portanto, elas tem de ser ajudadas.
A questão é, nós temos que reprojetar o ambiente
que produz o comportamento aberrante.
Este é o problema.
E não colocar uma pessoa na cadeia.
É por isso que juízes, advogados,
"liberdade de escolha"... Tais conceitos
são perigosos porque dão uma falsa informação.
Aquela pessoa é "má", aquele é um "assassino em série".
Assassinos em série são criados,
assim como soldados se tornam matadores com metralhadoras.
Eles se tornam máquinas de matar, mas ninguém
os olha como homicidas ou assassinos
porque isto é "natural".
Então nós culpamos as pessoas.
Nós dizemos "este cara era um nazista, ele torturou judeus".
Não, ele foi ensinado a torturar judeus.
Uma vez que você aceita o fato de que as pessoas
têm escolhas individuais e são livres
para fazer tais escolhas... Ser livre para fazer
escolhas significa não ser influenciado
e eu definitivamente não consigo entender isso.
Todos nós somos influenciados em todas nossas escolhas
pela cultura em que vivemos, por nossos pais
e pelos valores dominantes.
Então somos influenciados. Não há escolhas "livres".
"Qual o melhor país do mundo?" A resposta verdadeira:
"eu não estive por todo o mundo então não sei
o suficiente sobre diferentes culturas para responder isto".
Eu não conheço ninguém que fale dessa maneira.
Eles dizem "é o bom e velho EUA!
O melhor país do mundo!".
Não há qualquer pesquisa... "Você já esteve na Índia?" "Não."
"Você já esteve na Inglaterra?" "Não."
"Você já esteve na França?" "Não."
"Então baseado em que você faz suas suposições?"
Eles não conseguem responder, ficam furiosos com você.
Eles dizem, "que droga! Quem diabos é você
para me dizer no que pensar?!".
Não esqueça: você está lidando com pessoas aberrantes.
Eles não são responsáveis por suas respostas.
Eles são vítimas da cultura e isso significa
que são influenciadas por sua cultura.
PARTE 4: ASCENSÃO
Quando consideramos uma economia baseada em recursos
existem uma série de argumentos que tendem a surgir...
Ei!
Ei! Ei!
Espere aí um minuto!
Eu sei o que é isso. Isso é chamado marxismo, cara.
Stalin matou 800 bilhões de pessoas por causa de ideias como esta...
Meu pai morreu no Gulag!
Comunista! Fascista!
Se não gosta dos EUA, devia ir embora!
Tudo bem, todo mundo se acalme...
Morte à nova ordem mundial!
Morte à nova ordem mundial!
E enquanto a irracionalidade da
plateia crescia, chocada e confusa,
de repente o narrador sofreu um infarto fulminante.
E o filme que parecia propaganda comunista deixou de existir.
ERRO NO SISTEMA
BACKUP INICIADO -- RESTAURADO
Eu já falei sobre esse tipo de coisa com pessoas
em reuniões de pensadores
do tipo Clube de Roma e por aí afora...
Elas dizem: "marxista!".
Quê? Marxista? De onde veio isso?
Eles simplesmente têm esse ícone ao qual se agarram.
É o Santo Graal deles.
E é tão cômodo, sabe...
Pessoas me perguntam se sou socialista, comunista ou capitalista.
Eu digo que não sou nada disso. Por que vocês acham
que essas são as únicas opções?
Todas essas estruturas políticas
foram criadas por escritores que supunham
que nós vivemos num planeta de recursos infinitos.
Nenhuma dessas filosofias políticas sequer
consideram a possibilidade de faltar algo.
Acredito que comunismo, socialismo, livre mercado, fascismo,
sejam todas partes de uma evolução social.
Você não pode dar um passo gigante
de uma cultura para outra,
existem sistemas intermediários.
Antes de existir qualquer "ismo", há uma base da vida
e a base da vida, como acabo de descrever,
simplesmente são as condições
necessárias para você tomar o próximo fôlego
e isso envolve o ar que você respira,
a água que bebe, sua segurança,
o acesso à educação... Todas essas
coisas que compartilhamos e usamos e que
nenhuma vida, em qualquer cultura, poderia viver sem.
Portanto, temos de retornar à base da vida
e a base da vida não é mais nenhum "ismo".
É uma "análise do valor da vida".
COMPORTAMENTO INACEITÁVEL
É simplesmente uma questão de fato histórico
que a cultura intelectual dominante
de qualquer sociedade particular reflete
os interesses do grupo dominante naquela sociedade.
Em uma sociedade escravocrata
as crenças sobre seres humanos, direitos humanos etc.,
vão refletir as necessidades dos proprietários de escravos.
Numa sociedade, novamente, que é baseada
no poder de certas pessoas para controlar o lucro
das vidas e do trabalho de milhões de outros,
a cultura intelectual dominante vai
refletir as necessidades do grupo dominante.
Portanto, se olhar de uma forma abrangente,
as ideias que penetram a psicologia
e sociologia, história
e economia política e ciência política
fundamentalmente refletem certos interesses da elite.
E os acadêmicos que questionam muito
tendem a ficar de lado
ou são vistos como "radicais".
Os valores dominantes de uma cultura
tendem a suportar e perpetuar
o que é recompensado por essa cultura.
E numa sociedade em que sucesso
e status são medidos por riqueza material,
e não por contribuição social,
é fácil enxergar por que o mundo é como é hoje.
Lidamos com um distúrbio no sistema de valores
completamente desnatural,
em que a prioridade da saúde pessoal e social
tornou-se secundária às noções prejudiciais
da riqueza artificial e crescimento ilimitado.
E, como um vírus, esse distúrbio agora
permeia cada faceta do governo,
mídia de notícias, entretenimento e até mesmo a academia.
E embutidos em sua estrutura
existem mecanismos de proteção
contra qualquer coisa que possa interferir.
Adeptos da religião mercantil-monetária,
os guardiões voluntários do status quo
procuram sempre meios de evitar qualquer forma de pensamento
que possa interferir em suas crenças.
O artifício mais comum é a falsa dicotomia.
Se você não é republicano, então deve ser democrata.
Se não é cristão, deve ser satanista.
E se você acha que a sociedade pode melhorar muito
e considerar talvez até, sei lá,
cuidar de todo mundo,
então você é apenas um utopista.
E o pior de todos:
se você não é a favor do livre mercado
só pode ser contra a liberdade.
Eu acredito na liberdade!
Toda vez que você ouvir a palavra "liberdade"
ser dita em qualquer lugar, ou "intervenção do governo"
em qualquer lugar, pode traduzir como:
"bloquear a maximização da transformação do dinheiro
em mais dinheiro para os detentores de capital privado".
É isso. Qualquer outra coisa eles dirão:
"precisamos de mais mercadorias para as pessoas",
"é a liberdade contra a tirania" etc.
Sempre que ouvir isso, pode decifrar dessa maneira,
e você encontrará uma correlação de um para um
toda vez que usarem isso.
De certo modo, podemos chamar isso de
uma sintaxe. Uma sintaxe dominante da compreensão e do valor.
Ela impera pelo desconhecimento de sua existência por parte deles
de modo que talvez digam: "não foi isso que eu quis dizer!".
Mas, de fato, é isso o que eles fazem.
Assim como você pode falar uma gramática
e há regras gramaticais que você segue
sem reconhecer quais são essas regras...
O que temos é o que chamo de "sintaxe dos valores dominantes"
que causam isso. Portanto, toda vez que usarem as palavras
"intervenção do governo", "falta de liberdade", "liberdade",
"progresso" ou "desenvolvimento"
você pode decifrar todas para este significado.
Claro, quando você ouve a palavra "liberdade"
tende a ser na mesma frase
de uma coisa chamada "democracia".
É fascinante como as pessoas de hoje parecem acreditar
que elas verdadeiramente têm qualquer
influência no que seus governos fazem,
esquecendo que a natureza do
nosso sistema põe tudo a venda.
O único voto que conta é o monetário
e não importa quanto qualquer
ativista grite a respeito de ética e responsabilidade.
Num sistema de mercado, cada político, cada legislação
e, portanto, cada governo, está a venda.
E mesmo com o resgate bancário de $20 trilhões
iniciado em 2007,
uma quantidade de dinheiro que poderia ter mudado,
digamos, a infraestrutura energética global
para métodos completamente renováveis
em vez de ir para uma série de instituições
que literalmente não ajudam a sociedade em nada.
Instituições que poderiam ser
removidas amanhã sem chances de defesa...
O condicionamento cego de que a política
e os políticos existem para o bem-estar público continua.
O fato é que a política é um negócio
igual a qualquer outro num sistema de mercado
e eles se preocupam primeiramente com seus próprios interesses.
Sinceramente, não acredito na ação política.
Acho que o sistema se contrai e expande como ele bem deseja.
Ele se adapta a essas mudanças.
Vejo o movimento de direitos civis como uma acomodação
por parte daqueles que são donos do país.
Eles só enxergam os próprios interesses.
Percebem que um pouco de liberdade parece bom,
uma ilusão de liberdade, e dão às pessoas um dia de voto por ano,
para que tenham a ilusão de uma escolha sem sentido.
Escolha sem sentido. E lá vamos nós, como escravos, e dizemos:
"Oh, eu votei". Os limites do debate neste país foram estabelecidos
antes mesmo de começar o debate, e todos
os outros são marginalizados e tratados como
comunistas ou algum tipo de pessoa desleal,
um "maluco", esta é a palavra...
E agora isto é "conspiração". Note que eles fizeram isso.
Algo que não deveria ser levado em consideração nem por um minuto:
que pessoas poderosas podem se unir e traçar um plano!
Isto não acontece! Você é um "maluco"! Um "amante de conspirações"!
E de todos os mecanismos de defesa deste sistema,
existem dois que surgem frequentemente.
O primeiro é a ideia de que o sistema tem sido a "causa"
do progresso material que vemos neste planeta.
Bem... Não.
Existem basicamente duas causas principais
que criaram e aumentaram a chamada "riqueza"
e o crescimento populacional que vemos hoje.
A primeira: o avanço exponencial da tecnologia produtiva,
graças à engenhosidade científica.
Segunda: a descoberta de uma fonte energética abundante de hidrocarbonetos
que é a base atual de todo o sistema socioeconômico.
O livre mercado, capitalismo,
sistema mercantil-monetário, seja lá como você chamar,
nada fez senão aproveitar a onda desses adventos
com um sistema distorcido e um método grosseiro
e desigual de utilização e distribuição destes frutos.
A segunda defesa é um viés social agressivo
gerado por anos de propaganda,
que vê qualquer outro sistema social
como uma rota para a chamada "tirania",
em que vários nomes surgem como Stalin, Mao, Hitler...
E o número de mortes que eles geraram.
Por mais despóticos que esses homens tenham sido,
junto com a abordagem social que perpetuaram,
quando o assunto é o jogo da morte,
quando o assunto é o assassinato diário,
sistemático e em *** de seres humanos,
nada na história se compara ao que temos hoje.
Fome -- durante todo o último século de nossa história
ela não foi causada pela falta de comida.
Ela foi causada pela pobreza relativa.
Os recursos econômicos foram tão desigualmente distribuídos
que os pobres simplesmente não tinham dinheiro suficiente
para comprar a comida que estaria
disponível se eles pudessem pagar por ela.
Isso poderia ser um exemplo de violência estrutural.
Outro exemplo: na África e em outras áreas,
me focarei particularmente na África,
dezenas de milhões de pessoas estão morrendo pela AIDS.
Por que eles estão morrendo?
Não é porque não sabemos como tratar a AIDS.
Nós temos milhões de pessoas em países ricos
se mantendo incrivelmente saudáveis porque
eles têm medicamentos para tratar isso.
As pessoas na África, morrendo pela AIDS,
não estão morrendo por causa do vírus ***...
Estão morrendo porque eles não têm dinheiro para
pagar pelos remédios que poderiam mantê-los vivos.
Gandhi percebeu isso. Ele disse:
"a mais mortal forma de violência é a pobreza".
E isso é absolutamente certo.
Pobreza mata mais pessoas do que todas as guerras na história.
Mais pessoas do que todos assassinatos na história.
Mais do que todos os suicídios na história...
A violência estrutural não apenas mata mais pessoas
do que toda violência comportamental somada,
a violência estrutural é também
a maior causa da violência comportamental.
ALÉM DO PICO
Petróleo é a fundação e também,
na atualidade, a base da civilização humana.
Há 10 calorias de hidrocarbonetos, petróleo e gás natural,
para cada caloria de comida que comemos no mundo industrializado.
Fertilizantes são feitos de gás natural.
Pesticidas são feitos do petróleo.
Você dirige uma máquina movida a petróleo para plantar, arar,
irrigar, colher, transportar, embalar. Você embala a comida
em plástico. Isso é petróleo. Todo plástico vem do petróleo.
Existem 26 litros de petróleo em cada pneu.
Petróleo está em todo lugar, é onipresente. E é por causa
do petróleo que existem 7 bilhões de pessoas, ou
quase 7 bilhões, no planeta nesse exato momento.
O surgimento dessa energia barata e fácil,
a qual é equivalente, por sinal, a
bilhões de escravos trabalhando sem parar,
mudou o mundo de maneira tão radical no último século
que a população aumentou 10 vezes.
Mas, próximo de 2050, o suprimento de petróleo será capaz
de suportar menos da metade da população do mundo
de hoje com seu atual estilo de vida.
Então, o nível de ajuste para viver diferente é enorme.
O mundo hoje usa seis barris de petróleo para cada barril descoberto.
Cinco anos atrás eram quatro
barris de petróleo para cada barril descoberto.
Daqui um ano, estaremos usando
oito barris de petróleo para cada barril descoberto.
O que me perturba é
a total falta de empenho dos governos e líderes
industriais ao redor do mundo em fazer algo diferente.
Nós temos tentativas de construir mais energia eólica
e talvez algumas tentativas com as marés...
Tivemos tentativas de fazer carros um pouco mais eficientes.
Mas nada que realmente aparenta uma
revolução surgindo. Essas são todas tentativas minúsculas
e acho isso tudo realmente assustador.
E os governos, que são conduzidos por esses economistas,
os quais realmente não gostam do que estamos falando,
tentam incentivar o consumismo para resgatar a prosperidade do passado
na esperança em restaurar o passado.
Estão imprimindo ainda mais dinheiro sem pensar em efeitos colaterais.
Logo, se a economia melhorar e
se recuperar, e o famoso crescimento voltar
não vai durar muito tempo, pois
dentro de um curto período de tempo, contado em meses,
ao invés de anos, irá encontrar a barreira do suprimento novamente.
Terá outro choque de preços
e uma recessão ainda mais profunda. Logo, eu acho
que estamos entrando numa série de ciclos viciosos.
Você tem um crescimento econômico subindo, pico
de preço, tudo para de funcionar. É onde estamos agora.
A seguir, começa a subir de novo mas o que temos agora é
essa situação, em que não teremos mais como produzir energia barata.
Estamos no auge, no declínio da produção de petróleo.
De jeito nenhum iremos obter mais petróleo mais rapidamente,
ou seja, as coisas fecham, o preço do petróleo cai,
o que aconteceu no início de 2009, mas depois veio uma "recuperação",
o preço do petróleo começa a voltar.
Recentemente, o barril estava beirando os $80
e o que vemos é que até mesmo a $80,
pessoas estão tendo dificuldades para comprar
com o colapso financeiro e econômico.
A produção global atual é cerca de 86 milhões de barris por dia.
Em 10 anos, você terá cerca de
14 milhões de barris por dia tendo que serem substituídos.
Não há nada a disposição
que possa fornecer nem mesmo 1% dessa demanda.
Se não fizermos algo com urgência
teremos uma grande deficiência energética.
Acho que o grande erro está em não reconhecer
uma década antes, ou mais, que um esforço planejado
é necessário para desenvolver
essas formas sustentáveis de energia.
Acredito que nossos netos olharão para o passado
com total incredulidade. "Vocês sabiam que
estavam lidando com uma mercadoria finita...
Como é possível vocês terem construído uma economia
sobre algo que iria desaparecer?"
Pela primeira vez na história humana,
a espécie enfrentará o esgotamento de um recurso chave,
central para nosso sistema atual de sobrevivência.
E a piada nisso tudo é
que mesmo com o petróleo cada vez mais escasso
o sistema econômico cegamente forçará
seu modelo canceroso de crescimento...
Então, as pessoas podem comprar mais carros movidos a petróleo
para aumentar o PIB e o número de empregos... Agravando o declínio.
Existem soluções para substituírem
a estrutura da economia de hidrocarbonetos?
É claro.
Mas o caminho necessário para se alcançar essas mudanças
não se manifestará nos protocolos requeridos pelo sistema de mercado,
já que novas soluções só podem
ser implementadas através do mecanismo do lucro.
As pessoas não estão investindo em energias renováveis
porque não há dinheiro nisto em longo e curto prazo.
E o comprometimento necessário para isso acontecer
só pode ocorrer com uma severa perda financeira.
Assim sendo, não há incentivo monetário e dentro desse
sistema, se não há incentivo monetário, as coisas não acontecem.
E acima disso tudo, o pico do petróleo é
apenas uma das muitas consequências a emergir
da rota de colisão socioambiental a qual nos dirigimos.
A água potável também está diminuindo
-- a própria raiz de nossa existência.
Atualmente a água está escassa
para 2,8 bilhões de pessoas
e esta escassez atingirá 4 bilhões em torno de 2030.
Produção de alimentos:
a destruição de terras férteis, das quais
99,7% de toda comida da humanidade provém,
está ocorrendo 40 vezes mais rápido do que sua restauração
e nos últimos 40 anos,
30% da terra fértil se tornou improdutiva.
Para não mencionar que hidrocarbonetos são o suporte principal
da agricultura de hoje, e enquanto declinam...
Também declina o suprimento de comida.
A respeito de recursos em geral
no nosso atual padrão de consumo, ao redor de 2030
precisaremos de 2 planetas para manter nossas taxas.
Isso sem mencionar a contínua destruição
da biodiversidade essencial à vida
causando espasmos de extinções e
desestabilização ambiental ao redor do globo.
E com todos esses declínios
nós temos um crescimento populacional que beira o exponencial
e em 2030 podemos ter mais de
8 bilhões de pessoas no planeta.
Somente a produção de energia precisaria
aumentar 44% ao redor de 2030 para atender tal demanda.
E novamente, já que o dinheiro é o único iniciador de ação,
podemos esperar que qualquer país
no planeta será capaz de pagar pelas
mudanças massivas necessárias para revolucionar a agricultura,
processamento de água, produção de energia e assim por diante?
Quando o esquema de dívida em pirâmide global está
lentamente paralisando o mundo inteiro...
Sem mencionar o fato de que
o desemprego atualmente vem
se tornando uma normalidade devido à
natureza do desemprego tecnológico.
Os empregos não irão retornar.
Por fim, uma perspectiva social ampla.
De 1970 a 2010, a pobreza no
planeta dobrou devido a este sistema...
E, considerando nosso estado atual,
você acha mesmo que não veremos
nada além de mais duplicações?
Mais sofrimento e mais fome em ***?
O INÍCIO
Não haverá nenhuma recuperação.
Isto não é algum tipo de longa depressão
de que nós, algum dia, sairemos.
Acho que o que veremos após a próxima rodada
de colapsos econômicos será uma enorme agitação civil.
Quando os seguros-desemprego deixarem de ser
pagos pelos estados, por não haver dinheiro.
E quando as coisas ficarem tão ruins, pessoas perderão a confiança
nos seus líderes eleitos, elas vão exigir mudanças.
Isso se não matarmos uns aos outros no processo
ou destruirmos o meio ambiente.
Só tenho medo de chegarmos a um ponto sem retorno...
E isso me incomoda constantemente.
Devemos fazer todo o possível para evitar essa condição.
Está claro que estamos à beira de uma grande transição de vida...
Enfrentamos agora esta mudança fundamental
na vida que conhecemos no último século.
Tem de haver uma ligação entre a economia
e os recursos deste planeta.
Os recursos sendo a fauna e flora,
a saúde dos oceanos e todo o resto.
Este é um paradigma monetário que só
vai acabar depois de ter matado o último ser humano.
O grupo interno fará tudo para permanecer no poder.
Tenha isso em mente.
Usarão o exército, a marinha, mentiras,
o que tiverem que usar para ficar no poder.
Eles não irão abrir mão
porque não conhecem outro sistema que os perpetue.
AO VIVO DE NOVA YORK
PROTESTOS GLOBAIS PARALISAM A ECONOMIA MUNDIAL
LONDRES -- AO VIVO
CHINA -- AO VIVO
AFRICA DO SUL -- AO VIVO
ESPANHA -- AO VIVO
RÚSSIA -- AO VIVO
CANADÁ -- AO VIVO
ARABIA SAUDITA -- AO VIVO
TAXAS DE CRIMES DECOLAM NO OCIDENTE
NAÇÕES UNIDAS DECLARAM ESTADO DE EMERGÊNCIA GLOBAL
DESEMPREGO GLOBAL ATINGE OS 65%
CONTINUAM OS TEMORES DE UMA GUERRA MUNDIAL
COLAPSO FINANCEIRO AGORA CAUSA ESCASSEZ DE ALIMENTOS
PEGUEM DE VOLTA
APESAR DE NENHUMA VIOLÊNCIA TER SIDO RELATADA,
OS PROTESTOS SEM PRECEDENTES CONTINUAM...
PARECE QUE O EQUIVALENTE A TRILHÕES DE DÓLARES
ESTÃO SENDO SISTEMATICAMENTE RETIRADOS DAS CONTAS BANCÁRIAS
EM TODO O MUNDO E EM SEGUIDA
ESTÃO SENDO EXPLICITAMENTE DESPEJADOS
EM FRENTE DOS BANCOS CENTRAIS DO MUNDO TODO.
ESTE É O SEU MUNDO
ESTE É O NOSSO MUNDO
A REVOLUÇÃO É AGORA
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