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Dirigir carros, andar de bicicleta, caminhar ao alto de uma montanha e até mesmo passar uma camisa.
Todas essas e muitas outras atividades diárias triviais têm suas variantes extremas
à medida em que as pessoas a retiram do seu contexto normal e redefinem a essência da atividade.
As corridas de Fórmula1 talvez sejam o mais óbvio exemplo de variante extrema de se dirigir um carro.
e com o passar da última década, a Corporação Red Bull tem levado todos os tipos de esportes a seus níveis extremos.
Observando descidas extremas com patins de gelo ou então snowboard
faz parecer que qualquer atividade pode ser transformada em um esporte extremo atualmente.
Incluindo sim, algo tão mundano quanto trabalhar no seu computador.
Esta variante extrema como esporte é chamado de Overclocking extremo
e envolve fritar coisas, nitrogênio líquido e maçaricos.
O extremo rotineiro, em outras palavras.
No decorrer deste documentário, nós iremos dar uma olhada no que se trata esse Overclocking extremo.
Colocando nos termos mais simples possíveis, Overclocking é essencialmente aumentar o desempenho de componentes do computador
através do ajuste da frequência de operação além dos parâmetros originais de fábrica.
Anos atrás, overclocking era o principal método de garantir que seu computador velho conseguiria rodar os programas que você quisesse usar.
Como os componentes do computador não são baratos, para os estudantes, o overclocking era o jeito mais comum para driblar baixos orçamentos.
Um upgrade gratuito no desempenho ao seu dispor.
Com o passar dos anos, inovação após inovação, o Overclocking perdeu sua relevância prática
e o cenário do overclocking se mudou para o overclocking extremo.
O principal objetivo para esses Overclockers extremos não é mais ter um upgrade gratuito de desempenho, mas simplesmente ter o sistema mais rápido possível.
E a indústria veio junto!
O que uma vez era um hobby de uma pequena comunidade entusiasta se tornou um cenário
de competições esportivas globais apoiadas por líderes da indústria de computadores.
Em Setembro de 2012, nós assistimos as finais mundiais de um destes eventos globais, o MSI Master Overclocking Arena.
Nós seguimos esses Overclockers extremos pelo fim de semana
e tentamos entender como eles transformaram algo tão trivial quanto trabalhar no computador em um esporte extremo.
Para a grande final do seu campeonato mundial de overclocking, a MSI, marca bem conhecida dentre os gamers e os entusiastas de computador,
trouxe 32 overclockers extremos para Taipei em Taiwan.
Caso você não saiba, Taipei é o grande centro mundial do hardware, visto que muitas das marcas têm seu principal escritório na capital de Taiwan.
Cada um dos 16 times sobreviveu a uma etapa qualificatória regional se provando merecedor de ir à grande final.
Nesta competição cada time recebe um conjunto idêntico de hardware.
No percurso de 6 horas, o objetivo é atingir o melhor resultado de overclocking.
A MSI, organizadora desta competição, veio com uma fórmula intricada para avaliar o desempenho de cada time.
A fórmula era baseada no percentual de ganho sobre uma pontuação de referência em três benchmarks diferentes.
Um benchmark é um programa de computador projetado para medir o desempenho do computador
e apresentar o resultado de uma maneira de fácil comparação.
Nosso primeiro contato com os overclockers extremos foi quando eles chegaram ao hotel.
A maioria dos overclockers já se conhecem de outras competições e eventos passados.
Apesar de esta ser uma competição, a maioria dos overclockers consideram uns aos outros mais como amigos do que adversários.
No dia seguinte à chegada, os competidores são levados para o centro esportivo da Universidade Nacional de Taiwan.
Nós sentimos que aos poucos aquele ar acolhedor se transforma numa atmosfera de tensão de uma competição.
Alguns competidores estão tentando se livrar do stress dizendo coisas completamente sem sentido.
Enquanto outros se isolam do grupo e tentam se focar na competição.
Finalmente é dada a luz verde e os overclockers extremos podem entrar em campo.
À medida que eles entram, uma fila de espectadores os dão as boas vindas como super estrelas de verdade.
Uma vez que o juiz principal da competição repassou as regras e os detalhes,
os overclockers pegam seus componentes e começam a preparar suas máquinas
Para poder usar os componentes do computador no overclocking extremo, eles precisam passar por um tratamento especial.
Este procedimento é necessário para proteger os componentes de uma queima prematura devido a problemas de temperatura ou condensação.
Todo overclocker tem sua técnica própria para preparar o sistema para overclocking extremo.
Alguns preferem vaselina, outros preferem borracha artística ou então uma espuma isolante chamada armaflex.
Quando perguntamos aos competidores qual é a melhor forma de preparar o sistema, nós recebemos 32 respostas diferentes.
No fim, tudo parece apenas uma questão de gosto pessoal ou talvez até superstição.
Em qualquer caso, a preparação é uma parte crítica da competição. Condensação é a pior inimiga do overclocker extremo:
ela pode queimar o equipamento e isso significa um abandono prematuro da competição.
Depois de uma hora intensa de preparação, o campeonato pode finalmente começar.
A competição é dividia em três fases.
A primeira fase tem uma hora e meia de duração e é focada no benchmark “SuperPi 32M”.
Este benchmark estressa principalmente o processador, implicando que o principal foco neste round é a frequência do processador.
O benchmark calcula o número Pi com 32 milhões de casas decimais.
Quanto menos tempo necessário para completar o cálculo, melhor é seu ranking.
Muitos overclockers hardcores tem uma queda por esse benchmark quase mitológico, visto que ele está presente desde o início do overclocking moderno.
A segunda parte da competição requer um conjunto de habilidades diferentes, uma vez que mudamos o foco do processador para a placa de vídeo.
Este benchmark é chamado 3DMark03 e apesar de estar já a 9 anos por aí,
continua desafiador o bastante para ser relevante em uma competição de overclocking extremo.
Dada a sua idade e o modo que o código do benchmark foi escrito, o 3Dmark03 não é mais um benchmark apenas de placa de vídeo,
mas evoluiu em um benchmark de sistema, onde você precisa do poder de ambos, processador e placa de vídeo.
A competição se conclui com uma sessão de 3 horas do mais recente benchmark 3D, o chamado 3DMark11.
Este benchmark trás todas as ultimas tecnologias usadas nos jogos modernos e é antes de tudo muito dependente da placa de vídeo.
Como estamos na reta final da competição, os overclockers extremos estão começando a levar seus componentes para o máximo absoluto.
Eles tentam tirar cada ultima gota de desempenho da placa mãe, do processador e da placa de vídeo.
Geralmente é nesta fase que a maioria dos competidores caem fora ou por ter seu hardware queimado ou simplesmente por desistir, já que não dá mais pra alcançar os primeiros lugares.
Este tipo de competição geralmente trás de 12 a 20 times.
Mas destes times, somente poucos competem de fato pelos primeiros lugares.
Depois da primeira fase do master overclocking arena, apenas 5 times ainda estavam na corrida pelo ouro. Depois da segunda fase, 3 times estavam na corrida, estando separados por apenas 0,15%.
No final, o time coreano dominou as três fases e se tornou o primeiro time asiático a ganhar a final de uma competição de overclocking extremo desde 2008.
O time EUA ficou em segundo e o Polônia em terceiro.
Neste ponto na competição percebemos que mesmo que campeonatos de overclocking extremo aconteçam desde 2006,
elas ainda não realmente evoluíram para um esporte propriamente dito.
Olhando para o que vivenciamos durante aquele final de semana, são os pequenos detalhes que nos mostram o quanto ainda dá pra evoluir.
Alguns exemplos:
O formato da competição não mudou muito desde o primeiro campeonato lá em 2006.
Além disso, como em qualquer outro evento de overclocking extremo que nós assistimos antes, existe uma falta de interesse gigante das mídias populares.
Não há cobertura da TV local, deixando sozinha a imprensa internacional.
Na verdade, poucos membros da mídia possuíam qualquer pergunta preparada para as entrevistas.
E mais, o prêmio de 3000 dólares em dinheiro para os vencedores é muito baixo comparado ao que gamers recebem por ganhar algumas partirdas de Counter-Strike.
Na realidade o prêmio de 3000 dólares para a maioria dos participantes nem mesmo cobre os gastos das qualificatórias.
Note que nós não estamos criticando nenhuma marca em particular, visto que os pontos que estamos levantando se aplicam a todos os campeonatos de overclocking extremos realizados desde 2006.
Parece que apesar de muitos overclockers, assim como a indústria, gostarem de se apresentar como profissionais do overclocking,
Eles continuam presos num cenário que necessita desesperadamente de inovações e criatividade para levá-los a um novo nível.
Toda essa falta de interesse é na verdade bem contrastante com o que nós vemos na maioria dos eventos de TI
Onde demonstrações de overclocking extremo geralmente atraem bastante audiência.
Estas demonstrações provam que definitivamente existe potencial para um público alvo bem maior.
Talvez seja a hora para os principais personagens nesse cenário sentarem e trabalhar um conceito que beneficie os overclockers, a indústria, a mídia e também os espectadores.
É quase certo que este hobby ou esporte não tem o potencial para crescer tanto quanto às corridas de Fórmula1,
mas definitivamente tem potencial para atrair mais atenção fora da comunidade de entusiastas do overclocking extremo.
Porém, os membros da comunidade de overclocking extremo apreciam muito o esforço da MSI
em continuar a apoiar o overclocking extremo através dos campeonatos do Master Overclocking Arena.
E a verdade seja dita, por ter organizado esta competição por 5 anos seguidos agora, a MSI pode verdadeiramente ser chamada de pioneira no Overclocking extremo competitivo.