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O pessoal desse país está interessado.
Não sei o que acontece hoje em dia, eles vão até o Wat Pah Pong interessados na prática,
vêm continuamente, não falta gente interessada.
Esse ano eu tive oportunidade de ir visitar os "American", fui ver.
A viagem foi muito proveitosa, eu sempre tive curiosidade, eu só tinha ido até Londres.
Pude ver, o comportamento dos londrinos e dos americanos é esquisito.
Os americanos são esquisitos.
Se perguntar para mim eu digo que vai gerar benefício para o futuro.
Os monges tailandeses estão indo, mas tem que levar os monges kammatthāna, não os monges pariyatti,
leve os monges kammatthāna, esse grupo aqui, esses são monges ocidentais, há vários deles.
Tem que trazer monges tailandeses e ocidentais, esse será o ponto inicial do Sāsana por aqui.
Os monges que eles escolhem para serem missionários e enviam para quase todos os países,
eu digo que não vai dar resultado porque aqueles monges só aprendem a teoria não conhecem a prática,
os estrangeiros gostam de praticar meditação, gostam de desenvolver kammatthāna,
esses aí só estudam o pariyatti, não conhecem kammatthāna, não combinam.
Os leigos não vão, por exemplo em Londres eles estabeleceram um centro,
as habitantes locais não vão, não se interessam.
Se se interessam é por causa da prática, aí eles vão,
quando houver kammatthāna haverá chance de sucesso, quando praticarem meditação haverá chance de sucesso.
O que você diz?
- Ele concorda com o Luang Pó. Quando ele pensa na vida dele,
antigamente ele tentava e tentava praticar o bem mas muitas vezes havia obstáculos no caminho dele
e ele fracassava todas as vezes. Agora ele está pensando na vida dele
e sente no coração que não quer mais ir lutar com o mundo, mas ainda não se decidiu.
Naquele dia ele ouviu sobre o grupo em Londres que está criando um monastério na Inglaterra,
ele ficou feliz pois é como se estivessem trazendo o Dhamma diretamente da Tailândia,
mas ainda não se decidiu, está pensando em que caminho vai seguir.
- Muita gente pensa sobre isso, pessoas solteiras mas ainda não são livres, muitas...
é solteiro mas não é livre, pensa 'será que vou ou fico?' Várias pessoas.
A essa altura, se pensar direito, essa idade já é suficiente para fazer com que sua vida seja útil.
Sendo jovem ainda possui força o suficiente.
Londres é um ponto médio, o ponto médio entre a Tailândia e a América é Londres.
Quem aguenta sozinho? Tem que dividir, metade para cada um.
- Metade dá para aguentar.
- Metade para cada um. Quem é membro do comitê(*) também pratica o Dhamma? Estou perguntando.
- Esse aqui faz parte do primeiro grupo que ajudou a estabelecer, atualmente não se envolve muito, só vai lá praticar.
- Quem o substitui?
- Atualmente o líder do comitê e quem administra é o Karl e o Tom...
- Eu vi.
- Além desses, os responsáveis pela cozinha que o Luang Pó viu mudam todo ano ou a cada dois anos, depende de quem se voluntaria.
- E há algum problema?
- Aqui? - Hum.
- Na prática de kammatthāna, algum problema?
- Ele disse que comprou uma casa perto do monastério...
- Vivendo na cidade não se esqueça da floresta.
- Hoje o Luang Pó ensinou sobre viver na cidade e viver na floresta
e fez com que ele pensasse muito, se interessasse no que é importante. Ele ficou muito feliz.
- Eu vi a casa... de quem? Bom, eles respeitam os monges.
Eles construíram uma casa grande e ao redor um centro de prática.
Quando for apropriado sente-se para descansar, que sejam 5 ou 10 minutos ainda é bom.
- Eles fizeram um quarto grande especial para quem vier meditar
e todos praticam juntos naquele quarto, uma ou duas vezes por dia.
- Bom. A casa em que as pessoas não descansam, não há onde praticar, é o que se diz
uma pessoa que só trabalha, não para, não colhe os frutos do trabalho.
Como o dizem na "Thailand", cria galinha para comer ovos, mas não come ovos, come titica da galinha.
É assim, se a pessoa só trabalha sem parar, não conhece praticar meditação, acaba desse jeito.
Hoje em dia na Tailândia a maioria das pessoas é assim, não praticam.
Criam galinha e comem titica pensando que é ovo.
Não há prática, muito pouco.
Praticar em casa é melhor do que não praticar.
Uma vez perguntaram "O sr. ensina a 'largar' tudo, dá para fazer em casa?"
eu disse "Se largar tudo, dá, mas ainda não consegue largar nada!"
Praticar é melhor do que não praticar, pratiquem como leigos com firmeza.
- Ele está pedindo um pouco de encorajamento para praticar ainda mais.
- Só um pouco já chega, já está correto.
- Ele perguntou se a época atual é uma boa época ou é uma época de degeneração, se falarmos em termos de Dhamma.
- Qualquer época é boa, só não quebre a lei da sociedade, não faça demérito.
Há desenvolvimento graças à mudança, há degeneração graças à mudança,
se trilharmos o caminho do desenvolvimento então nos desenvolvemos. Quando construir sua casa faça à parte um local para meditar.
Antigamente não havia, agora vai haver, mudou. Essa mudança é boa,
vai ajudar a diminuir as doenças mentais.
A mudança das coisas, antigamente não havia drogas,
hoje em dia é algo popular, as pessoas gostam de usar, essa é uma mudança em direção à degeneração.
Você acha que a sua mente mudou muito?
- Algumas coisas mudaram, não muito, as emoções aos poucos vão se equilibrando, os pensamentos...
- Muita sabedoria... Tem a ver com a experiência naquele momento, naquele local.
Nesse momento há problemas, quando há problemas e confusão surge sofrimento na mente das pessoas.
Quando surge o sofrimento eles não querem sofrer, então procuram à frente, à trás,
"O que devo fazer para conseguir sair desse sofrimento? Como fazer? Como pensar?" Surge sabedoria.
As coisas materiais não conseguem ajudar, a única coisa que ajuda é fortificar a mente.
Para fazer a mente ter força, quando for hora dela pensar, deixe ela pensar de forma correta,
para ela parar de pensar pratique meditação. Isso ajuda.
Tente praticar todo dia, quando sair do trabalho, estiver livre, nem que sejam 5 minutos ainda é melhor que nada.
Você vai ver a si mesmo, o seu modo de ser, vai conhecer sua vida.
Quem não foca na respiração, não pratica meditação, passa o dia sem saber se está respirando ou não.
Já aconteceu? Passar o dia sem reparar se está respirando?
No trabalho só há confusão, passa o dia inteiro sem enxergar a si mesmo.
De dia trabalhamos e a noite na hora de descansar, pare e investigue.
Naquela hora vai falar sem ignorância, vai agir sem ignorância.
Como as pessoas que acham que viver na floresta é atrasado,
eu digo que não é, vivendo na floresta é natural que paz se instale na nossa mente.
Ouve o som dos pássaros cantando, ouve o som dos animais, e se sente bem.
Se está na cidade, ouve o som das pessoas e sente bem demais, às vezes mal demais, se deixa levar.
O pássaro canta e nos sentimos bem. É a natureza.
O mérito feito hoje, na Tailândia se chama fazer mérito, no Buddha Sāsana usamos a Sangha como testemunha,
quando um samana que é pacífico vem sentar-se na nossa casa nos sentimos bem e em paz
pois nossa mente gosta de ser assim. Se formos ver uma luta de boxe
todos viramos lutadores de boxe. Quando vê os monges falando,
tem Dhamma, paz, tem sīla, tem sati na nossa mente, nossos ouvidos ouvem e temos frescor, os olhos veem e temos frescor,
e esse frescor chega até o coração.
O que eu disse hoje a noite sobre fazer a mente se sentir melhor chama-se fazer mérito.
Por isso é dito que tendo nascido humano nós temos que fazer mérito pelo menos uma vez por dia,
mesmo que seja pouco, ao menos jogue uns grãos de arroz para as formigas comerem,
para os pássaros ou as galinhas comerem... Todo dia. Procure fazer todo dia, não deixe faltar sequer um dia.
"Hoje eu fiz algum mérito?", no mínimo faça assim "Hoje eu vou deixar minha mente da melhor maneira possível.
Não vou ficar com raiva, quem disser o que, não importa, vou deixar minha mente da melhor maneira possível."
Pode ser assim. Bom, não?
- Se tivermos feito demérito no passado, é possível "lavar" esse demérito praticando mérito
ou nós vamos ter que receber o resultado daquele demérito?
- É possível. Aquilo que já fizemos é passado, não pense naquilo.
Sofre e não dá resultado. Se nosso carma melhorar, melhorar, nossa mente se sente bem
e aquele demérito que fizemos não consegue dar resultado, desaparece.
Mas ficamos remoendo, estando ciente abandone aquilo, não precisa mais pensar naquilo.
Só assim se encerra, abandonando o demérito, é como essa água, vai tirando pouco a pouco
sem parar, vai tirando, no final acaba. Não tire e depois coloque de volta!
É a bondade mesmo, a bondade que construímos, por exemplo o Steve veio fazer mérito,
todas essas pessoas que vieram aqui puderam comer o doce que ele trouxe, bom não?
Uma só pessoa fez mérito mas várias receberam felicidade, ele renunciou, não foi egoísta.
Ele fez e se sentiu bem, amanhã ele vai se sentir bem pois vai saber que fez algo bom,
todos os Dhammas são causa para que haja bem estar na mente.
O Buddha ensinava a fazer mérito, a pessoa que tem mérito no coração tem um bom coração,
o coração mau é o coração sem bem estar.
Se o coração não tem bem estar, fala o que não é bom, fala para que as pessoas fiquem com raiva,
não só as pessoas, até os cachorros ficam com raiva, já viu?
Tem que praticar meditação para conhecer todas essas coisas, saber todo tipo de coisas.
Faça, procure arrumar um quarto pequeno em casa para tratar das doenças mentais.
- Luang Pó, hã...
O sr. sonha, e o que sonha?
- Não é "dente", é "sonho"(*).
- Hoje em dia muito pouco, poucos sonhos, porque a mente está bem e portanto desperta, não sonha.
As pessoas que sonham muito é porque tem muitos desejos, tem inveja desse, ódio daquele.
Eu sonho pouco, não muito. Em seguida tem que trabalhar para não sonhar.
- Exceto os sonhos bons não é?
É como as pessoas pensam...
Ele sonha pouco mas tem um amigo que sonha que vai para o céu encontrar com os devas, todo tipo de coisa,
e ele quer saber se isso é importante.
- Não sonhar é muito importante.
Aqueles que sonham muito é porque tem muita gente vindo mentir para eles, tem muitas emoções mentindo.
A emoção do apego e da aversão mentem muito mesmo quando acordados,
quando vamos dormir elas vêm mentir para nós ouvirmos. Mentem.
Se for falar do Buddha ou dos arahants, eles não sonham, não conseguem sonhar, não sonham.
Eles são despertos, eles não "apagam", só aqueles que "apagam" é que sonham.
A mente deles está desperta dia e noite, as emoções não conseguem vir mentir para eles,
elas têm medo, não vêm incomodá-los. De olhos abertos ou fechados elas não conseguem incomodá-los.
Está interessado em ser assim? As pessoas comuns sonham que estão matando esse, atirando naquele,
batendo naquele outro, é uma confusão.
Então eles dormem e "Ram, ram... ", quando acordam "Hã? Hum? Sonhei."
Gosta de estar bem?
- Gosto.
- Se é assim não vá fazer a mente sofrer.
Só isso e já há bem estar. Já foi à Índia?
- Há cinco anos.
- Como sentiu? Como se sentiu na Índia?
- Sinto que me trouxe muita sabedoria. Tem um professor que se chama *nome indecifrável*,
ele é um professor Hindu famoso e ensina muito bem.
- É como o *nome indecifrável*?
Bom. Foi à Índia e se beneficiou. Na Índia tem gente rica?
- Tem alguns, tem milionários e bilionários também.
- Tem gente pobre? - Muitos pobres, poucos ricos, mas há ambos.
- Tem gente que pede esmola? - Muito.
- Tem gente que dá? - Tem.
- Se não tiver quem dê, não tem quem peça.
Alguns americanos dizem que é melhor viver na Índia que na América.
Algumas pessoas veem que apesar de haver riqueza as pessoas têm muito sofrimento na mente.
Na Índia eles não sofrem por causa da mente.
Não pensam muito, não têm muita confusão na mente.
Na América há muita gente rica mas não tem bem estar.
Por que é assim?
Cinco anos, hein?
O que você foi fazer lá?
- Fui estudar Dhamma.
- Voltou da Índia e agora não tem mais para onde ir. Acabou.
Eu estava tentando ir à Índia, fui à América, fui a Nova York, e acabou, acabou meu estudo.
Acabou, acabou, já não tenho mais para onde ir.
Isso é estudar sem ter que ir para a escola, a gente estuda...
Foi praticar 5 anos? Praticou estilo Tibetano também?
- Sim, eles também praticam o budismo.
- Zen...
- Eles também praticam o Satipatthāna.
- Já não deve ter muitas kilesas a uma altura dessas, não é?(*)
- Quem sabe disso é Deus, eu não sei.
- Fui visitar a casa dele essa manhã, tem um bom quarto para meditação,
diga a ele que é muito bom, fazer isso é muito bom.
Você já foi procurar vários professores de meditação, não? Foi estudar em Bodhgaya.
- É uma cidade muito especial, muito sagrada.
- A maioria dos professores de meditação na Tailândia só ensinam aos outros, eles mesmos não sabem praticar.
Eles leem livros e vão ensinar meditação aos outros.
É como aquele monge Zen disse outro dia, o monge erudito ensinava "Tudo nasce da mente, tudo é mente,
vem da mente original." Alguém perguntou "E a mente original, de onde vem?"
O monge erudito não sabia o que dizer, ficou com medo e foi até a Índia buscar um professor de meditação,
foi estudar.
Cuidado com os professores de meditação, muito cuidado, tem que estudar com cuidado.
Bom. Eu digo que os pensamentos e emoções da mente não são garantidos mas
esses "American" são muito confusos, é como se fosse um rio onde metade da água é quente, metade é fria.
Quando eles me veem sentem inspiração, ficam felizes.
Vejo os leigos construindo um quarto para prática de meditação,
eu garanto que vai ser mais eficiente que um tratamento psiquiátrico.
Na verdade o Buddha é um grande médico. Bom, viver desse jeito é bom.
Você viu? Aquela dona de casa veio perguntar hoje de manhã "Como devo ensinar meus filhos?"
eu disse "Ensine a mãe e o pai a serem bons, os filhos é fácil,
os filhos imitam o pai e a mãe, não é difícil ensinar.
Que o pai e a mãe falem bem, façam bem, os filhos olham e veem."
- Ele perguntou se é necessário ensinar sīla para as crianças ou basta dar o exemplo?
- Primeiro dê o exemplo e espere até eles aprenderem a falar.
Ensinar às pessoas não é só através da fala, fazer as coisas, ir e vir, todo tipo de atividade também é ensinamento.
É esquisito não é? Na Índia tem muitos pobres, muitos pedintes,
e portanto tem muitas pessoas que dão esmolas, se não fosse assim eles não seriam capazes de viver.
Esse país é muito frio mas ainda tem gente que consegue viver aqui,
a Tailândia é quente mas ainda tem gente que consegue viver lá,
é a natureza. O Dhamma é a mesma coisa,
quando ensinamos as pessoas pensam que é muito complicado,
é difícil, impossível fazer, não é verdade.
Quando vamos praticar encontramos bem estar e benefício.
A América é um país rápido, muito rápido, e gostam de experimentar de tudo.
Esse aí foi experimentar uma cobra venenosa.
- Onde?
- Pegou ela...
Gostam de experimentar.
Gostam de passear, os "american" gostam de viajar para todo lado.
Mulheres e homens saem em busca da prática de meditação, vão estudar,
são pessoas inteligentes.
Como a prática do Buddha, quando ele tornou-se monge ele vivia viajando,
na floresta, no campo, vilarejos grandes ou pequenos.
Onde fosse assustador ele ia lá, onde havia elefantes, tigres, ursos:
- barulho dos animais -
Não se sentia sonolento por medo dos elefantes.
Portanto a pessoa que vai praticar meditação, praticar o Dhamma, tem que estar disposto a morrer.
Ter muita coragem, não pode ter medo de que os outros critiquem ou elogiem.
Na primeira vez que levei os monges até Londres, não tinha quem saísse em pindapāta,
eles tinham medo, eles diziam "Por aqui ninguém conhece isso", quando cheguei eu disse "Vamos!".
Saía em pindapāta e as pessoas olhavam, os Hare Krishna pensavam que a tigela era um tambor.
Passou uma semana o guarda mandou parar.
- Guarda? - Polícia.
- O irmão mais novo dele é policial.
- Sei, nós conversamos ontem a noite.
Passou uma semana ele autorizou, não infringe a lei. Sumedho foi de novo, saiu em pindapāta.
Pindapāta é algo muito útil, as pessoas hoje em dia não pensam direito,
eles pensam que se sai em pindapāta para ganhar comida,
o ensinamento do Buddha não significa só isso, sai em pindapāta para ganhar as pessoas.
(...) é como se construíssemos uma casa. Terminada a construção,
o que acabou foi a construção da casa,
mas nós vamos morar naquela casa então temos que limpar o tempo todo.
Não é "construí a casa, agora fico numa boa", não é assim,
tem que cuidar da limpeza da casa continuamente.
Quando desenvolvemos samādhi não se pode pensar "eu já desenvolvi samādhi, agora posso parar", não é assim.
Temos que ter sati e conhecer os estados mentais que vêm destruir nosso samādhi,
trazer confusão, temos que conhecer, temos que ter sati acompanhando estando de pé, andando, sentado ou deitado.
É assim, não é "construí a casa agora vou deitar numa boa", não é assim,
quando a casa não está limpa o que temos que fazer? Temos que passar pano, esfregar, varrer, etc,
samādhi é a mesma coisa, desenvolver samādhi não é difícil,
mas cuidar do samādhi é difícil. Construir uma casa não é difícil,
demora apenas alguns anos para construir uma casa,
tendo construído tem que cuidar da limpeza por muitos anos até estar livre, até a casa desmoronar.
Durante todo tempo em que morarmos ali, temos que cuidar da limpeza. Isso é normal.
Todos os estados mentais, quando saímos de samādhi, quer estejamos em casa, fora de casa ou onde quer que formos,
ir defecar, urinar, o que quer que seja, esteja ciente dos estados mentais.
Todos os estados mentais que surgem na mente, traga-os de volta para a própria mente,
converse sempre com sua mente, estude sempre, estude o Dhamma na sua própria mente.
Cuide da sua mente, conheça os estados mentais, investigue os estados mentais na sua mente.
Assim nós teremos a sensação de que conversamos com nossa mente o tempo todo.
Essa conversa com nossa mente é estudar a verdade,
procurar a verdade na sua própria mente para conhecer a mente,
para a mente conhecer os estados mentais, ficar esperta.
Aqueles que ela puder conhecer ela conhece, aquelas que ela não puder conhecer ela deixa passar
e determine na sua mente que todos esses estados mentais que surgem
quer seja pelos olhos, ouvidos, nariz, língua ou corpo, se reúnem nessa mente,
quer sejam bons ou ruins, quer seja prazer ou dor, todos esses estados mentais são impermanentes, não se apegue a eles!
Praticar desse modo é o que se chama praticar o Dhamma,
chama-se praticar o Dhamma. Praticar o Dhamma para dar luz à paz e à sabedoria, eles vêm juntos.
Se nós separarmos prática de Samathā e prática de Vipassanā, desse jeito fica complicado.
Na verdade a prática do Dhamma por si já faz surgir paz,
quando surge paz, surge sabedoria, saber de acordo com a verdade, ao mesmo tempo.
Chama-se praticar o Dhamma.
Na verdade toda confusão que surge na mente das pessoas
é porque vão procurar assunto nos órgãos dos sentidos,
os ouvidos trazem os sons,
o nariz traz os odores,
a língua traz os sabores, o corpo traz o tato,
estados mentais surgem na mente e são levados para dentro da mente.
A mente vai se apegar e pensar que é algo que é "meu", não larga.
Na verdade, o que o ouvido trouxe, deixe para o ouvido,
o que o nariz trouxe, deixe para ele, a língua trouxe, deixa que ela leve,
o nariz trouxe um odor, deixe que ele leve embora,
a língua trouxe um sabor, deixe para ela,
o corpo trouxe um contato, deixe para ele,
os estados mentais que surgem na mente, deixa para ela.
Se você pega o que é deles surge confusão, isso se chama "largar".
Todos os estados mentais nós determinamos "Isso são apenas estados mentais."
Felicidade é apenas felicidade, sofrimento é apenas sofrimento, não tem nada demais,
é apenas um estado mental. Se nós conhecermos os estados mentais dessa forma nós largamos,
largamos por sabedoria.
Não largamos por burrice, largamos por sabedoria.
Largar o estado mental não é porque temos aversão,
é para conhecer o estado mental, não é para sentir aversão, ficar irritado com aquele estado mental.
O estado mental é uma coisa, a mente é outra.
Apenas esteja ciente e não irá ficar irritado, vai deixar eles serem do jeito que são.
Esteja ciente dos estados mentais que surgem, não é necessário ficar em duvida sobre eles.
Não fique em dúvida sobre os estados mentais, se for um que você gosta não fique em dúvida,
se for um que você não gosta, também não precisa ficar em dúvida, não é necessário ficar em dúvida sobre os estados mentais.
Por que não é necessário ficar em dúvida sobre os estados mentais? Porque todos eles são impermanentes.
Se você for se apegar a algo impermanente você vai sofrer.
Por que vai sofrer? Porque aquilo não é "eu", "meu", "ele", é apenas um estado mental.
Há alguma dúvida sobre a prática de hoje?
- De que forma ouvir música, mesmo música religiosa, pode ser motivo para irritar nossa mente?
- Se nós entendemos de acordo com a verdade, não há som que seja capaz de nos irritar,
não há nada capaz de nos irritar nesse mundo, quem estiver cantando ou tocando música não importa, é assunto deles, não é assunto nosso.
Não há nada que nos irrite.
Por que falo desse jeito? Eu vou fazer uma comparação.
Aqui, essa garrafa, se colocar água nessa garrafa e colocar óleo nessa mesma garrafa, metade cada um,
eles conseguem coabitar, não se irritam, o óleo consegue coabitar com a água,
a água consegue coabitar com o óleo, não disputam mas não se misturam, não se diluem.
Isso é a mesma coisa, quando temos uma mente que já "largou", som é som, cheiro é cheiro, cada um em seu lugar, não irritam,
podem morar na mesma casa. Óleo e água podem ser postos na mesma garrafa mas eles não se diluem.
Nossa mente não se incomoda dessa forma, não se confunde dessa forma.
- Com licença, o que ele perguntou é que ele gosta de música, ele está satisfeito... - Não serve.
- ...não é um som de fora vindo incomodar, mas em casa ele gosta de ouvir música.
Se ele não quiser largar, se quiser praticar ouvindo música... - Não dá, desse jeito não dá.
- ...por que iria criar confusão? Por que não é compatível com a prática?
- É prazer, por que ele vai se apegar ao prazer? Nós estamos praticando por prazer e dor?
Estamos em busca daquilo que gostamos?
Nós gostamos de música, ouvimos e faz com que nos sintamos bem, está se apegando ao prazer.
Não é kāmasukhallikānuyogo? Tem que pensar nisso.
Isso é nossa kilesa, ela gosta desse jeito, e aí o que fazer?
- Algumas pessoas dizem... - Que digam!
- ...alguns tipos de música não geram apego... - É, para aquele que tem sabedoria.
Aquele que tem sabedoria mesmo que venham xingar ele tem sabedoria, se tocarem música ele tem sabedoria, não há como gerar dano,
mas nós não conseguimos separar, nós gostamos da música, se o som não for agradável não gostamos, não é?
Se for o som de uma música de que gostamos, nos apegamos? É assim.
Se for o caso de gostando ou não, não haver problemas, então tudo bem,
quem elogiar ou criticar, não importa, a mente já largou, então pode falar desse jeito.
Agora, pegar aquilo que é divertido para ser nosso objeto de meditação é kāmasukhallikānuyogo sem perceber, não é?
Se é assim, nós estamos praticando em busca de prazer. Quando não há música não consegue praticar, não é?
Não se sente bem, não é? Tem que ser assim.
O Tom não concorda, hein? É assim.
É como as pessoas que dizem "Ter só uma namorada é sofrimento" e cai na gandaia, como é que fica?
Isso é sofrimento das pessoas mundanas, não dos Arias.
O objeto de meditação da respiração entrando e saindo não é muito confortável,
então pega o som de uma música agradável para ouvir e aí se sente bem,
meio acordado, meio dormindo, isso é paz fora do contexto da prática.
Quando não tem som de música fica confuso. No final, vá refletir sozinho,
se gosta desse jeito pode ser, pode praticar ouvindo musica.
Hoje geramos muito benefício, ouvimos o Dhamma,
fizemos nossa mente se pacificar em samādhi, e se há alguma dúvida, a sangha está sentada à frente de vocês,
quem tiver dúvidas pode perguntar à vontade.
Esse tipo de oportunidade é difícil de encontrar, no futuro será difícil ter essa oportunidade.
Pode-se dizer que é boa sorte de vocês que tenhamos vindo responder às perguntas de vocês hoje,
é muita boa sorte.
No futuro será difícil ter uma oportunidade como essa.
Por isso eu vou passar a responsabilidade dessa prática que fizemos hoje,
desse Dhamma que falamos hoje, para vocês ouvirem e irem refletir e praticar até ficarem hábeis.
Se surgir alguma dúvida, não olhe para fora, olhe para dentro de si, procure na sua própria mente.
A confusão está aqui, a clareza estará aqui, a escuridão está aqui, a luz estará aqui,
a sujeira está aqui, a limpeza estará aqui, a ignorância está aqui, a sabedoria estará aqui.
Não fiquem duvidando muito, pratiquem dessa forma.
Para que surja paz e sabedoria,
questione a si mesmo, converse consigo mesmo o tempo todo com sabedoria...