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Dirigir o Renault Twizy é como ir trabalhar só de cueca
Nunca se esqueça de vestir as calças antes de sair de casa.
A falta de atenção a esse detalhe provoca o espanto alheio e, no limite, uma prisão.
Andar no Twizy não é ilegal, mas não é permitido rodar com ele em algumas vias expressas.
Já a sensação… essa é igual a sair na rua vestindo apenas as roupas de baixo.
Eu nunca recebi tantos olhares em tão pouco tempo.
Por trás dessa cobertura preta existe um pequeno banco .
Ninguém fica indiferente ao carrinho elétrico lançado em 2012.
Suas linhas lembram o ***, aquela empilhadeira do filme Carros.
No tamanho também se parecem: o Twizy tem 2,33 m de comprimento e 1,23 m de largura.
É pequeno até perto dos 2,70 m e 1,55 m do Smart ForTwo.
Leva algum tempo para se habituar às excentricidades do Twizy.
As portas transparentes com abertura para cima economizam espaço e fazem qualquer Lamborghini corar de inveja.
Painel do Twizy: pequeno e simples ,.
A experiência começa pela chave.
Giro a haste no cilindro e vejo o aviso “Go” no painel.
Aí é só soltar o freio de estacionamento e apertar o botão “D”.
O Twizy demora para embalar.
Porém, basta pisar fundo no acelerador e aí você se lembra que está em um carro elétrico.
O ágil motor traseiro tem 17 cv e 5,8 mkgf.
Logo bato nos 60 km/h – a máxima é de 80 km/h.
Não dá para andar em rodovias, pois o Twizy é homologado só para vias públicas em perímetro urbano.
A autonomia vai até 100 km, suficiente para rodar dentro da cidade.
Carregar a bateria leva 3 horas numa tomada de 110 V e 20 ampères.
Painel digital mostra apenas o essencial .
A agilidade do carrinho compensa o peso da direção sem assistência hidráulica.
O pedal do freio é duro e não há vigia traseira, mas nada que uma boa esticada de pescoço não resolva.
Difícil é se acostumar à calibragem da suspensão, excessivamente dura de forma proposital para dar estabilidade nas curvas.
Toda irregularidade do asfalto é repassada à cabine, mas nada é pior do que a insegurança de dividir espaço com ônibus, SUVs e até motocicletas grandes.
Todos parecem ávidos para esmagar o pequeno Renault.
Câmbio por botões e peças de antigos Renault .
Cabo de recarga foi adaptado para o Brasil.
É raro topar com um Twizy por aí.
Desde 2014, o carrinho rodava apenas em ambientes fechados, patrulhando parques de Curitiba ou dentro da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
A situação mudou após o Contran classificá-lo como o primeiro (e até agora único) quadriciclo-carro do país.
Nessa categoria entram veículos de quatro rodas com até 400 kg (o Twizy pesa 375 kg sem a bateria), cabine fechada, airbag e cintos de segurança.
A seguradora Porto Seguro já utiliza 16 unidades na cidade de São Paulo.
Apenas dois viajam no Twizy, um atrás do outro .
Produzir o Twizy nem seria tão difícil.
Em 2013, a Renault firmou parceria com a Hidrelétrica de Itaipu para fazer 32 unidades em SKD (Semi Knocked Down, montagem local com componentes parcialmente feitos no exterior).
À época, o CEO da marca, Carlos Ghosn, disse que um volume de 50000 veículos justificaria a produção local.
Mas faltam incentivos para vendê-lo a um preço justo: aqui, ele não custaria menos de R$ 50000.
Leves, as portas se abem para cima no melhor estilo Lamborghini de ser.
Caro demais para um carrinho assim.
Mas, como dizia aquele slogan, algumas coisas não têm preço.
Desfilar de Twizy por aí é uma delas.
Veredicto.
O Twizy não é um carro, e sim uma máquina de fazer amigos.
É um imã para a curiosidade alheia.
No Brasil, nossas ruas esburacadas castigam o pobre carrinho.
Ficha técnica.
Preço: € 8.240 (na Europa)Motor: elétrico, 13 kW/17 cv, 5,8 mkgf entre 0 e 2.100 rpmCâmbio: automático, tração traseiraSuspensão: pseudo-McPherson, com molas e amortecedoresFreios: discos sólidos (diant.
e tras.)Direção: mecânica, 6,8 m (diâmetro de giro)Rodas e pneus: liga leve, 125/80 R13 (diant.) / 145/80 R13 (tras.)Dimensões: comprimento, 233,8 cm; largura, 123,7 cm; altura, 145,4 cm; entre-eixos, 168,6 cm; peso, 474 kg; autonomia, de 80 a 100 km; porta-malas, não tem.