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Um, dois três, testando... Hoje é 31 de outubro de 1986
Meu nome é Lucas Guilhermine Jafaliere e resolvi gravar esse áudio para relatar o
que se passa em minha casa pois, eu não sei o que mais poderá acontecer até o chegar
do amanhecer... Já passam das 3:00 da madrugada, não tenho
esperança alguma, apenas sinto medo e frio, certamente morrerei e é só questão de tempo.
Bem acima de mim estão os corpos de meus familiares e do caseiro aqui do sítio.
Como tudo começou? Cerca de cinco horas atrás... Gosto de assistir tv até mais tarde, todos
em casa dormem cedo mas, eu fico acordado por horas assistindo filmes. Foi algo repentino,
a energia elétrica simplesmente acabou. Resolvi descer até o porão de casa para procurar
por pilhas para minha lanterna e em quanto revistava algumas gavetas notei um barulho
estranho do lado de fora da casa, à princípio ignorei e só depois de um tempo que percebi
que o som que vinha de fora era distinto, parecia-se mais como se alguém estivesse
arrastando algo de muito peso pela a grama, como se estivesse arrastando um grande saco
de lixos. Sim eu ouço muito bem até porque, a janelinha do porão estava aberta.
Decidi dar uma olhada e foi então que meu inferno começou! Da janela pude ver os pés
de algo que não era humano, eram pés enormes e cheio de unhas cumpridas, haviam hematomas
ou algo parecido com feridas nos pés e para piorar essa "coisa" passou à poucos centímetros
da janelinha do porão. Tentei me apoiar sobre a janela mas ela é
minúscula e não pude ver bem o que era aquilo e foi quando me deparei com algo ainda mais
pavoroso! Seja lá o que for, aquela coisa estava arrastando lentamente o corpo do caseiro
do sítio pelo o gramado da frente da casa. Fiquei imóvel, entrei em choque! Pensei em
gritar mas nem isso consegui fazer e para piorar a criatura parou de arrastar o corpo
do caseiro por alguns segundos e foi nessa hora que eu pude entender o que estava acontecendo,
eu nunca antes havia visto alguém morto de perto, o caseiro estava lá, largado no chão,
com seu pescoço dilacerado e com seu corpo coberto de sangue, seu rosto apresentava a
feição paralisada de alguém que havia visto algo assustador antes de morrer e isso me
fez sentir uma sensação estranha e um medo inexplicável, fiquei tão apavorado que por
alguns segundos não consegui sair do lugar, eu não podia acreditar que aquilo estava
acontecendo e nesse tempo pude ouvir caminhar da maldita criatura subindo as escadas em
direção a porta da sala. Ela está aqui dentro agora!
Daqui de baixo pude perceber seus passos lentos e cautelosos, o que deixava claro que a aberração
sabia exatamente o que estava fazendo. A criatura andou por toda a casa e silenciosamente fez
de minha família toda seu prato principal, cada vez que a criatura se movimentava, não
tardava a voltar para a sala da casa com um corpo. Primeiro foi minha irmãzinha e depois
foram meus pais, todos foram mortos em quanto dormiam. Eu sei disso porque o teto do porão
é o piso da sala e esse teto é quase que da minha altura, posso tocá-lo se estender
a mão, é feito de madeira e posso enxergar através de algumas frestas e o que vejo agora
é algo pavoroso! Minha irmã e meus pais foram colocados um
ao lado do outro no tapete da sala. Mesmo com pouca luz é possível ver que meu pai
está coberto de sangue, ele morreu de olhos abertos, seu pescoço está todo rasgado,
assim como foi com o caseiro e não posso deixar de encará-lo, é como se ele estivesse
olhando pra mim, como se quisesse me alertar do perigo. Minha mãe não demonstra ferimentos
expostos mas, posso perceber que seu pescoço está quebrado pois é possível notar algumas
marcas roxas perto de sua garganta. Minha irmãzinha foi decapitada, dá pra ver que
a sua cabeça foi colocada em seu colo e o sangue de todos eles cheira forte e escorre
pelos vãos do piso de madeira, posso sentir algumas gotas pingando em minha face em quanto
tento observar a criatura que continua passeando por toda a casa.
Meu Deus! Onde está meu Deus agora? Estou apavorado, me sinto abandonado e a única
coisa que posso fazer é conter minha respiração e minha vontade de gritar para me manter seguro
e escondido da morte. A criatura continua andando pela a casa, é
como se estivesse certificando-se de que não há mais ninguém para dizimar.
Agora ela está voltando para sala, Deus tenha misericórdia, eu não estou vendo isso...
O monstro está estripando o cadáver de minha mãe, ele cravou suas unhas em seu ventre
e está arrancando todo seu interior, ele faz tudo com muita frieza ...
O monstro lavou suas mãos com sangue e se aproximou da parede, ainda não posso ver
sua face mas vejo que ele começou a passar a mão na parede, é como se estivesse escrevendo
algo com o sangue de minha mãe... Sim! É justamente isso o que está fazendo, eu não
consigo ler mas é uma escrita. A criatura parou, permanece parada no mesmo
lugar, está ao lado esquerdo do sofá e eu já posso ver seus grandes olhos vermelhos
reluzentes e posso ouvir seu fungado, realmente não é um ser humano, tem aspecto e feições
distintas. Já se passaram algumas horas e a criatura
permanece parada no mesmo lugar, a minha vista já se acostumou com a escuridão e agora
posso ler com perfeição a mensagem de sangue da parede, a qual diz:
Eu sei que você está no porão...