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Tradutor: Gustavo Rocha Revisor: Ricardo Chikasawa
Se eu lhes perguntasse
qual é a conexão entre
uma embalagem de sabão Ace e suor,
vocês provavelmente pensariam que essa é a questão mais fácil
que vocês vão ouvir em Edimburgo nesta semana.
Mas se eu dissesse que os dois são exemplos
de formas alternativas de moeda
numa economia global hiperconectada e orientada à informação,
vocês provavelmente pensariam que eu estou doidinho.
Mas confiem em mim, eu trabalho com publicidade.
(Risos)
E vou lhes dizer a resposta,
mas obviamente depois dos comerciais.
Uma questão mais desafiadora é
uma que eu ouvi, na verdade, de um de nossos escritores
há alguns dias, e eu não sabia a resposta:
Qual é a melhor moeda do mundo?
É na verdade o Bitcoin.
Para aqueles de vocês que talvez não estejam acostumados,
o Bitcoin é uma criptomoeda, uma moeda virtual, moeda sintética.
Foi fundado em 2008 por esse programador anônimo
com um pseudônimo Satoshi Nakamoto.
Ninguém sabe quem ou o que ele é.
Ele é quase como o Banksy da Internet.
E eu provavelmente não vou explicar direito aqui,
mas minha interpretação de como ele funciona é que
os Bitcoins são lançados através desse processo de mineração.
Há uma rede de computadores que é desafiada
a resolver um problema matemático muito complexo
e a pessoa que conseguir resolver primeiro recebe os Bitcoins.
E os Bitcoins são lançados,
eles são colocados num registro público chamado de Blockchain,
e daí eles flutuam, assim se tornam uma moeda,
e completamente descentralizado, isso que é
assustador neles, que é o motivo de tanta popularidade.
Não é administrado pelas autoridades ou pelo estado.
É gerenciado pela rede.
E a razão pela qual está provado bem-sucedido
é que é particular, é anônimo, é rápido e é barato.
E dá pra entender onde há alguma flutuação feroz com o Bitcoin.
Em um nível, ele foi de algo como 13 dólares
para 266, literalmente no período de quatro meses,
e daí quebrou e perdeu metade do seu valor em seis horas
E está atualmente em torno da marca de
110 dólares em valor.
Mas o que ele mostra é que está ganhando espaço,
está ganhando respeito.
Vocês tem serviços, como Reddit e Wordpress
estão de fato aceitando Bitcoins como moeda de pagamento agora.
E isso mostra que as pessoas
estão depositando confiança na tecnologia,
e começou a superar e romper
e questionar as instituições tradicionais
e como pensamos sobre moedas e dinheiro.
E isso não é tão surpreendente se pensarmos
no caso perdido que é a União Europeia
Acho que houve uma pesquisa da Gallup recentemente
que dizia algo como, na América,
confiança nos bancos atingiu um mínimo histórico, está em torno de 21%.
E vocês podem ver aqui algumas fotos de Londres
onde o Barclays patrocinou o esquema de bicicletas na cidade,
e alguns ativistas fizeram um marketing
de guerrilha aqui e adulteraram os slogans.
"Pedalando de segunda classe." "O Barclay te leva para um passeio."
Esses são os mais educados que eu pude compartilhar com vocês hoje.
Mas vocês entenderam, as pessoas começaram mesmo
a perder a confiança nas instituições.
Tem uma empresa de relações públicas chamada Edelman,
eles fazem essa pesquisa bem interessante todo ano
precisamente sobre confiança e o que as pessoas estão pensando.
E essa pesquisa é global, então esses números são globais.
e o interessante é que dá pra ver que
a hierarquia está balançando,
e agora é a vez da heterarquia,
as pessoas confiam mais nas pessoas como elas
do que nas corporações e nos governos.
E se olharmos esses números para os mercados mais desenvolvidos
como o Reino Unido, a Alemanha, eles são ainda menores.
E eu acho isso um pouco assustador.
As pessoas confiando mais em homens de negócios
do que em governos e líderes.
Então o que está começando a acontecer, se pensarmos em dinheiro,
se resumirmos o dinheiro a uma essência,
é literalmente só uma expressão de valor, um valor combinado.
O que está acontecendo agora, na era digital,
é que conseguimos quantificar valor de várias maneiras diferentes
e de forma mais fácil,
e às vezes a forma como quantificamos esses valores,
facilita muito
criar novas formas e formas válidas de dinheiro.
Nesse contexto, dá pra ver que redes como o Bitcoin
de repente começam a fazer mais sentido.
Então, se vocês pensam que começamos a questionar
e romper e interrogar o que o dinheiro significa,
como é nosso relacionamento com ele, o que define o dinheiro,
então a extensão definitiva disso é,
existe um motivo para que o governo esteja encarregado
do dinheiro ainda?
Obviamente estou olhando para isso através de um prisma do marketing,
ou seja, de uma perspectiva das marcas,
marcas literalmente crescem ou quebram em suas reputações.
E se pensarmos bem, reputação se tornou uma forma de dinheiro.
Sabem, reputações são construídas com confiança,
consistência, transparência.
Se você deciciu que confia em uma marca,
você quer um relacionamento, você quer se envolver com a marca,
você já está de um jeito participando em diversas novas formas
de dinheiro.
Daí você pensa em lealdade.
Lealdade essencialmente é uma microeconomia.
Pensem em esquemas de recompensa, milhas aéreas.
O The Economist disse há alguns anos que
existem mais milhas aéreas não resgatadas no mundo
do que notas de dólar em circulação.
Sabem, quando vocês estão esperando na fila do Starbucks,
30% das transações no Starbucks em um dia
são feitas na verdade com os pontos Star do Starbucks.
E isso é um tipo de dinheiro
que se mantém dentro de seu ecossistema.
E o que eu acho interessante é que a Amazon
recentemente lançou moedas Amazon.
São reconhecidas como dinheiro no momento exclusivo para o Kindle.
Dá pra comprar aplicativos e realizar compras dentro desses aplicativos,
mas se vocês pensarem na Amazon,
vocês olham o barômetro de confiança que eu lhes mostrei
onde as pessoas estão começando a confiar nos negócios,
especialmente negócios em que acreditam e confiam
mais do que nos governos.
E de repente, você começa a pensar,
bem, a Amazon poderia expandir isso potencialmente.
Poderia se tornar uma extensão natural,
que assim como comprar coisas --
tirá-lo do Kindle -- daria pra comprar livros, música,
produtos reais, utensílios e bens e assim por diante.
E de repente você percebe que a Amazon, como uma marca,
está competindo com a Reserva Federal
em termos de como você quer gastar seu dinheiro,
o que é o dinheiro, o que constitui o dinheiro.
Agora vamos voltar ao Ace, o sabão,
como prometido.
Aqui está um artigo fantástico que eu encontrei na revista New York,
onde está dizendo que os usuários de drogas nos Estados Unidos
na verdade estão comprando drogas
com embalagens de sabão Ace.
Eles vão às lojas de conveniência,
roubam o Ace,
e uma embalagem de $20
equivale a 10 dólares de crack, cocaína ou maconha.
E o que estão dizendo, alguns criminólogos
olharam para isso e estão dizendo, bem, ok,
Ace como um produto é vendido como fino.
Está 50% acima da média da categoria.
É fabricado com um coquetel de substâncias químicas muito complexo,
e tem um odor luxuoso e muito distinto,
e, por ser uma marca da Procter and Gamble,
tem sido apoiado por uma grande publicidade de mídia para as massas.
O que estão dizendo é que usuários de drogas também são consumidores,
Então eles têm isso em seus caminhos neurais.
Quando eles veem o Ace, tem um atalho.
Eles pensam, isso é confiança. Eu confio nisso. Isso é qualidade.
Daí se torna essa unidade de dinheiro,
que a revista New York descreveu
como uma onde de crimes estranhamente fiéis, fiéis a uma marca,
e os criminosos estão chamado o Ace de "ouro líquido".
Agora, o que eu achei engraçado foi a reação
do porta-voz da P&G.
Eles disseram, obviamente tentando se desassociar das drogas,
mas disseram, "Isso me lembra uma coisa
e é que o valor da marca continua consistente." (Risos)
O que confirma minha teoria e mostra que ele nem derramou
uma gota de suor quando disse aquilo.
E isso nos leva de volta à conexão com o suor.
No México, a Nike lançou uma campanha recentemente
chamada, literalmente, Ofereça Seu Suor.
E se pensarmos nisso,
esses tênis Nike têm sensores,
ou usa-se uma FuelBand da Nike
que basicamente monitora seus movimentos, sua energia,
seu consumo de calorias.
E o que está acontecendo aqui, foi aqui que vocês
escolheram entrar para a comunidade Nike. Vocês compraram para entrar.
Eles não estão gritando mensagens para vocês,
e é aí que a publicidade começou a mudar agora
está em coisas como serviços, ferramentas e aplicações.
A Nike está literalmente agindo como um parceiro do bem-estar,
um parceiro da saúde e fitness e um provedor de serviços.
O que acontece com isso é que eles estão dizendo, "Certo,
você tem uma visão dos dados. Nós sabemos até onde você correu,
o quanto se moveu, quantas calorias ingeriu, todo esse tipo de coisa.
O que você pode fazer é, quanto mais você correr, mais pontos você ganha,
e nós temos um leilão onde você pode comprar produtos da Nike
mas somente provando que você usou mesmo o produto para fazer coisas."
E não dá pra entrar assim. É exclusivo
para a comunidade que está suando
usando os produtos da Nike. Não dá pra comprar as coisas com pesos.
Isso é literalmente um ambiente fechado, um espaço para leilões fechados.
Na África, sabem, tempo no ar se tornou
literalmente dinheiro por si só.
As pessoas estão acostumadas, porque o portátil reina,
elas estão muito, muito acostumadas a transferir dinheiro,
fazer pagamentos por dispositivos portáteis.
E um dos meus exemplos favoritos de uma perspectiva de marca
é a Vodafone, onde, no Egito,
muitas pessoas fazem compras em mercados
e lojas independentes bem pequenas.
trocados, dinheiro trocado é um problema,
e a tendência é que você compre um monte de coisas,
que dão, digamos,
10 centavos, 20 centavos de troco.
Os lojistas tratam de te dar coisas como uma cebola
ou uma aspirina, ou um chiclete,
porque eles não tem dinheiro trocado.
E quando a Vodafone chegou e percebeu esse problema,
Essa dor dos consumidores, eles criaram
um tipo de trocado que eles chamaram Fakka,
que literalmente só serve para ser dado
pelos lojistas às pessoas,
e é crédito que vai direto para os celulares delas.
Então, esse dinheiro se tranforma em crédito, o que novamente,
é muito interessante.
E nós fizemos uma pesquisa que comprova o fato de que,
sabem, 45% das pessoas
nesses nossos dados demográficos cruciais dos Estados Unidos
disseram que se sentem confortáveis usando
dinheiro independente ou de marca.
Então começa a ficar realmente interessante,
uma dinâmica muito interessante acontecendo.
E pensamos, as corporações
deveriam começar a pegar seus bens e pensar neles
de uma maneira diferente e trocá-los.
E vocês acham que estamos muito longe disso?
Parece improvável, mas quando paramos para pensar,
Nos Estados Unidos em 1860,
havia 1.600 corporações emitindo notas bancárias.
Havia 8.000 tipos de notas nos EUA.
E a única coisa que impediu isso,
o governo controlava 4% do fornecimento,
e a única coisa que impediu isso
foi o início da Guerra Civil,
e o governo de repente querendo controlar o dinheiro.
Governo, dinheiro, guerra, nada muda muito.
O que eu vou perguntar é basicamente
será que a história está se repetindo?
Será que a tecnologia está deixando dinheiro em papel fora de moda?
Será que estamos dissociando dinheiro e governo?
Sabem, se pensarmos bem, as marcas estão começando a preencher as lacunas.
As corporações estão preenchendo as lacunas que o governo não consegue preencher.
Então eu acho, sabem, será que estaremos no palco
comprando um café -- orgânico, de comércio justo -- no ano que vem
usando florins TED ou xelins TED?
Muito obrigado.
(Aplausos)
Obrigado. (Aplausos)