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Em Madagascar, mais de 70% da população rural vive em condição de isolamento total
ligada a ausência de meios de comunicação e uma topografia difícil.
A conexão dessa população à rede nacional gerida pela instituição Girama
é requisitada há muito tempo.
Em zonas rurais existem importantes fontes de biomassa pouco ou não valorizados,
como plantações de eucalipto do leste ou do centro
certas formações naturais como a do juazeiro à oeste
os resíduos da transformação da madeira ou ainda a casca de arroz.
A utilização dessa biomassa como combustível para produção de energia rural descentralizada é possível.
Ela propicia um efeito sobre a redução da pobreza
mas também o desenvolvimento de uma filial local de abastecimento.
Hoje, menos de 4% de 1150 comunidades rurais em Madagascar
tem acesso à eletricidade.
O projeto Gesforcom e Bioenergelec com o apoio da União Européia
tem como objetivos respectivos a instalação de 1 e 5 centrais elétricas
constituídas do conjunto fornalha de combustão de biomassa, caldeira,
motor a vapor e gerador 75 kW em 6 comunidades rurais.
Essas comunidades foram escolhidas em função de sua situação contrastante
e em função do tipo de biomassa disponível,
de demanda de eletricidade doméstica e artesanal e de disponibilidade de água.
Didy na região Alaontra Mangoro
Manerinerin na região Boeny
Befeta e Mahaditra na região Haute Matsiatra
e Ifarantsa, na região Anosy, foram escolhidas pela ADER,
a agência malgache de desenvolvimento da eletrificação rural.
A comunidade de Andaingo apoiada pelo projeto Gesforcom
está equipada desde 6 de setembro de 2012 com a primeira central termoelétrica de Madagascar.
Esse equipamento, associando um conjunto fornalha - caldeira
e um motor a vapor vertical foi instalado pela PSI,
uma empresa do sul do Brasil.
Luiz Alexandre Silveira - Diretor geral da PSI
Uma unidade de serragem e secagem foi instalada em frente a central termoelétrica.
Cedida contratualmente à comunidade de Andaingo
e gerida pela sociedade BETC
a instalação garante uma carga mínima à central
e permite dispor os resíduos de serragem como combustível.
A conversão da biomassa coletada localmente em eletricidade por combustão em centrais à vapor
permite gerar eletricidade de baixa potência
mas significativa ao nível de uma comunidade rural.
Uma central pode ser instalada a menos de 1 km de uma comunidade
e funcionar 24h/24h.
A eletricidade é produzida ao custo de 0,70 R$/kWh
(0,24 EUR/kWh)
custo competitivo em relação a outras fontes de energia renovável
como de energia hidráulica, solar ou eólica
e 10 vezes menor que um grupo gerador a diesel.
O abastecimento de biomassa lenhosa de centrais elétricas
é organizado pela comunidade a partir de um esquema comum de abastecimento
e de um plano simples de gestão que garanta uma gestão florestal durável.
Lovasoa Randriamananntena - Guarda - florestal do projeto Gesforcom
Precisa-se dizer que a madeira que abastece a central deve estar de acordo com as normas.
A central compra apenas madeiras de acordo com as normas
então somente os operadores que tem permissão podem abastecer a central.
A idéia é também fazer os operadores fora de norma seguirem o plano de abastecimento.
A madeira que abastece a central deve ter pelo menos 5 anos, conforme exige a norma.
A necessidade de madeira da central é avaliada em 1 tonelada/dia
ou seja 400 toneladas por ano, o que representa
de acordo com estado inicial de plantação de eucalipto
da ordem de 6 a 12 hectares por ano.
A superfície total dedicada para o abastecimento situa-se entre 30 e 60 hectares.
O gestor da instalação, comprador da biomasa, é titular de permissão de exploração
garante que nenhum risco ambiental ou de deflorestação deve ser temido.
Ele pode também intervir para, por plantação, aumentar o potencial lenhoso.
Rakotomananjara - Responsável do reflorestamento Sahafasenina
A comunidade pediu para a prefeitura local inicar o reflorestamento
e nós começamos por reflorestar uma zona de 2 hectares.
Nós trabalhamos com a população e plantamos aproximadamente 4000 pés.
É um benefício para a comunidade
porque o eucalipto traz muitos benefícios e mesmo se cortados os brotos continuam a crescer
e isso é um benefício para a preservação do meio-ambiente.
Muitas pessoas acreditam que isso prejudica o meio-ambiente
porque nós exploramos 60 hectares em rotação durante 5 anos
mas não é o caso, porque a 15 km da comunidade de Andaingo
existem 3000 hectares de floresta.
Isso assegura, de um lado, que o meio-ambiente seja preservado,
mas também que os exploradores de madeira para a central não estejam em concorrência com os carvoeiros.
Essa eletrificação através da biomassa conduz ao desenvolvimento de filiais locais de abastecimento.
O valor agregado é redistribuído entre os diferentes operadores
que intervém nessa filial, sejam os proprietários das parcelas, lenhadores ou transportadores.
Haja Rakotoarivelo - Explorador florestal em Andaingo
Esse projeto me traz melhores rendimentos do que a venda de carvão.
Por exemplo, um metro cúbico de madeira produz apenas um saco de carvão,
o saco é vendido por apenas 5000 ariary
enquanto que o metro cúbico de madeira é vendido a 10.0000 ariary para a comunidade
para o abastecimento da central da comunidade de Andaingo.
Antes, os eucaliptos não serviam a nada.
Felix Rakotoarivony - Explorador florestal em Befeta
Não eram uma fonte de rendimentos para os exploradores.
Nós produzíamos lenha e carvão, mas tínhamos pouco ganho.
Hoje estamos felizes em saber que terão eletricidade na comunidade de Befeta
porque nós, camponeses, poderemos ter ganhos pela instalação da central.
Bezoma - Presidente V.O.I Bedo
A comunidade de Bedo não terá, primeiramente, acesso à eletricidade
porque está localizada a 1 km e meio da central
mas os ganhos vêm da exploração da floresta de juazeiros para o abastecimento da central.
Eu espero que isso seja um real benefício para a população de Bedo.
Nós esperamos de outro modo poder se beneficiar da eletricidade mais tarde.
As centrais podem também funcionar a base de resíduos agrícolas,
como a casca de arroz
ou restos de serralheria de madeira.
Esses resíduos, até o momento quase inúteis,
tornam-se uma fonte de recursos para os produtores locais.
Atualmente, eu fabrico óleo de amendoim
Françoise Razafindrarsara - Produtora de Óleo de amendoim em Befeta
que eu vendo em Befeta, Ikalalao, Isaka e Sahave.
Isso me permite satisfazer as necessidades da minha família
porque o amendoim torna-se óleo e as cascas são vendidas como fertilizante em Fianarantsoa.
Quando a eletricidade chegar, nós poderemos vender as cascas a central para abastecê-la.
Nós acreditamos que a chegada da eletricidade reduzirá as despesas diárias
Rabola Rakotondravola - Artesão de Didy
porque se hoje uma tonelada de arroz necessita 7 litros de combustível para a descasca,
nós faremos uma economia e forneceremos igualmente
a casca de arroz para alimentar a central,
o que representa uma outra forma de recursos para nós.
Cursos de formação foram organizados na região em questão pelo projeto Bioenergelec
a fim de acompanhar os diferentes atores na organização
da filial de abastecimento de biomassa das centrais elétricas.
O papel da administração é de impor normas quanto a exploração da floresta.
Mihary Lalaoarisoa - Diretora regional de meio-ambiente e das florestas da região de Anosy
Existem igualmente planos de ação estabelecidos com as comunidades, como os projetos territoriais.
Necessita-se igualmente controlar o respeito das normas florestais em matéria de corte da madeira
e garantir que a madeira tenha alcançado seu sexto ano antes de poder abastecer a central.
A produção de energia a um custo acessível e disponível todo o dia
oferece à comunidade local o acesso a novas oportunidades sociais e econômicas.
Atualmente, nós utilizamos um grupo gerador e nós devemos comprar o combustível.
A chegada da central elétrica a Andaingo nos dá muita esperança.
Louisette Nivoniaina - Dona de restaurante em Andaingo
Nós esperamos que funcione 24h/24h.
Eu poderei investir em um refrigerador e até mesmo abrir uma segunda lanchonete.
Eléonore Razafindravelo - Soldadora mecânica em Andaingo
Atualmente, eu trabalho graças a dois grupos de geradores, um que funciona a diesel
e o outro que funciona a gasolina.
Isso custa muito caro.
Nós estamos muito felizes de ter uma central elétrica em Andaingo porque nós esperamos por isso há muito tempo.
Nós esperamos que a chegada da eletricidade nos permita expandir as atividades.
A falta de eletricidade limita as possibilidades de melhorar nossas atividades.
Nós não podemos ter refrigeradores sem eletricidade.
Bruno Randriananosy - Comerciante em Didy
Além disso, nós gostaríamos, por exemplo, de poder assistir televisão, sobretudo durante o Mundial
e com um grupo gerador isso torna-se muito caro em relação ao combustível.
Nós não temos os meios.
Durante uma formação nacional,
a prefeitura de 5 comunidades envolvidas no projeto redigiu e assinou uma requisição
a fim de exprimir uma voz aos parceiros institucionais
a vontade de acolher centrais elétricas em suas comunidades.
Se o projeto se concretizar, isso trará muitos benefícios para a comunidade de Didy.
Davidson Radoka - Prefeito da comunidade de Didy
Em relação ao plano econômico, muitas atividades da comunidade necessitam de eletricidade: a descasca do arroz,
a soldagem elétrica ou ainda a carpintaria.
A população espera impacientemente a chegada da central elétrica.
Raymond Raharinjatonirina - Prefeito da comunidade de Befeta
Nós já podemos ver as antenas de TV florindo em toda parte
e as pessoas utilizando grupo geradores na espera.
Nós esperamos que haverá bastante infraestrutura com a chegada da eletricidade.
As escolas públicas poderão ter acesso a informática.
Martial Rakotoarison - Prefeito adjunto da comunidade de Mahaditra
Nós visamos assim uma modernização do sistema de ensino na comunidade.
Tudo será possível graças à eletricidade produzida pela biomassa.
A central termoelétrica da comunidade de Andaingo
instalada pelo projeto Gesforcom está atualmente em funcionamento.
O projeto Bioenergelec, aproveitando a experiência adquirida,
faz todos os esforços para que outras 5 comunidades de Madagascar
nos ambientes sócio-econômico, ecológico e hidrológicos favoráveis
beneficiem-se também do acesso a eletricidade.
A população o reivindica com forca.