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"O Convento da Visitação
está todo cercado de montes
e têm uma grande cerca murada toda a volta,
dento da qual, havia:
"muitas árvores e muitas ruas".
Esta descrição do Convento do século XIX
mantêm-se atual.
Ao passearmos pela mata,
passamos por locais onde o sol parece não penetrar,
enquanto em outros,
a água nos proporciona momentos de frescura e bem-estar.
No início da nossa nacionalidade,
esta Quinta nasce como domínio Senhorial,
e vêm referida no foral de Pontável datado de 1233,
outorgado por D. Sancho I.
João Gonçalves Gomédes, Alcaide de Alenquer,
recebe como recompensa pelos serviços prestados à Coroa,
a Alcadaria de Vila Verde.
No século XIV,
esta família, que entretanto adota o nome de Albuquerque, por linhagem materna,
constrói outro paço na Serra onde se recolhe
para se poder isolar do mundo.
Gonçalo de Albuquerque,
Senhor de Vila Verde,
e pai de Afonso de Albuquerque,
primeiro governador da Índia,
terá edificado o primeiro Convento da Visitação de onde se conhecia ainda
e até há pouco tempo, o velho campanário,
simultaneamente com a construção do Paço e da Misericordia da Vila.
Sabe-se que o segundo Convento veio substituir a primeira edificação,
por causa da falta de água e da muita humidade sentida pelos Frades naquele primeiro local.
No seculo XV, os donatários estruturaram o Convento no local onde está hoje.
A abóboda da Capela-môr, nervorada,
é testemunho da campanha de obras realizada entre 1525 e 1535
e foi projetada por João de Castilho, arquiteto Régio de D. Manuel I.
Já a trabalhar para D. João III
e na mesma altura em que projeta o Claustro dos Corvos do Convento de Tomar
e o Claustro dos Jerónimos,
João de Castilho, altera a igreja inicial e em 1540,
termina as obras para o primeiro donatário do novo Convento da Visitação.
D. Pedro de Noronha, irmão mais velho de Afonso de Albuquerque,
o governador da Índia,
é o sexto Senhor de Vila Verde,
cujo rosto está esculpido na pedra de fecho da abóboda e tem as armas
representadas da campa casa
que se encontra no centro da nave central da igreja.
Esta pedra tumular está datada de 1566,
ano das obras da sala do capítulo,
mandada construir pela cunhada, Dona Cecília de Noronha.
Entre 1580 e 1590,
durante o período Filipino,
os frades Franciscanos tomam conta do Convento
e por portaria régia
é mandada construir nova portaria e Sacristia.
Os frisos e decorações destas duas dependências são deste período.
Na pós restauração,
os donatários do convento solicitam um novo retábulo em pedra a João Antunes,
o arquiteto Régio de D. Pedro II que projetou o Panteão Nacional,
a Igreja de Menino de Deus ou
a Igreja de S. Pedro de Alcântara em Lisboa,
a lembrar a importância da linhagem da família Albuquerque.
O remate do retábulo desenha a Flor-de-Lis,
ligação aos Borgonha,
família Real Francesa.
Do período de D. João V,
estão documentados os azulejos azuis e brancos de Albarradas
e os que se encontram por cima da porta que dá acesso à Sacristia e Claustro,
símbolo da Ordem Franciscana.
Da época de D. José I,
mas anteriores ao Terramoto,
estão os painéis seriados da vida S. Francisco,
que muito possivelmente
terão sido encomendados ao pintor de azulejos Valentin de Almeida
pela donatária Teresa de Noronha e Bourbom,
primeira mulher de Sebastião José de Carvalho e Melo,
primeiro Marquês de Pombal.
A família perde importância junto ao Rei e à Corte
e é com muita dificuldade que mantém o Convento.
Em 1834,
com a portaria de Mouzinho de Albuquerque e a extinção dos Conventos em Portugal,
o Convento da Visitação é posto à venda.
Em 1873 e após um longo processo judicial,
movido pela família,
é comprado em hasta pública por Sebastião José de Carvalho,
Visconde de Chanceleiros.
Depois da aquisição,
este manda edificar uma magnífica vivenda,
que Pinho Leal descreve no 11º volume da obra "Portugal Antigo e Moderno"
como umas das primeiras vivendas do concelho
produzindo um lindo efeito:
as janelas de ogiva,
os terraços com as suas ameias,
a Sala do Capítulo com o seu zimbório e o seu Mirante
destacando-se por cima deste, não vulgar conjunto,
a velha Torre da Igreja, com a sua cor enegrecida pelo bater dos séculos.
Fator prevalecente ao longo dos séculos,
a Água do Convento da Visitação,
foi estudada no início do século XX.
O professor Charles Lepierre,
classificou a Água da nascente da Fonte do Leão, como:
minero-medicinal,
bicarbonatada, fluoretada cálcica,
principalmente adequada para o tratamento de doenças do foro digestivo.
É uma das primeiras Águas a ser referenciada da Europa
ao lado da do Luso, da Evian
e da Vichi;
e chegou a ser comercializada em Lisboa.
A casa foi reabilitada há alguns anos e está hoje classificada pela Direção Geral de Turismo
como Turismo de Habitação,
dispondo de quatro quartos para hóspedes,
sala de estar,
sala de jantar,
sala de jogos,
biblioteca
e de uma sala polivalente com bar.
O Turismo de Habitação abrange ainda um campo de ténis
e de uma zona de SPA com piscina aquecida, jacuzzi, sauna e ginásio.
As quintas e propriedades da zona,
adquiridas por Manuel de Carvalho e Sebastião José de Carvalho, Visconde de Chanceleiros,
nomeadamente: a Quinta da Visitação,
de Cortegana e de Bravo, tiveram como principal objetivo a plantação de vinhas.
No início do século XX,
a Quinta passou para as mãos de Abel Pereira da Fonseca,
que manteve a sua exploração mesmo depois de a vender ao Comendador Nunes Correia
e no auge da sua prosperidade comercializou o vinho Quinta do Convento como vinho de prestígio e de elevada qualidade.
Hoje, os terrenos agrícolas da Quinta do Convento, mantêm como principal exploração
a vinha,
com uma área de 13 hectares e com proteção integrada,
cuja replantação,
foi concluída em 2002 com castas criteriosamente selecionadas
e adequadas ao terroir de solos calcários e clima de altitude.
Nele, as castas portuguesas de Touriga Nacional,
Tinta Barroca e Tinta Roriz
convivem com as castas Francesas: Merlot, Caladoc,
Pinot Noir e Syrah.
A adega em pedra, localizada no centro das vinhas e mandada construir pelo Visconde de Chanceleiros
foi cuidadosamente recuperada, por forma a permitir
utilizar as mais modernas tecnologias vínicas.
A vindima é feita para pequenas caixas de 12 quilos, sendo apenas utilizada
uva de excelente qualidade,
efetuando-se um segundo controlo
com recurso a mesa de escolha.
A vinificação é feita por castas, utilizando diferentes processos:
lagares abertos,
fechados,
rotativas e balseiros com fermentação em madeira,
sempre com controle de temperatura
por forma a tirar o melhor potencial qualitativo de cada uma delas.
O vinho estagia primeiro em barricas de carvalho Francês e Americano de elevada
qualidade
numa cave escavada na rocha calcária em condições ideais de temperatura, humidade
e luminosidade.
Depois de engarrafado, o vinho estagia em garrafas igualmente em condições
adequadas à obtenção de vinhos de elevada qualidade.
Não obstante a idade das vinhas,
o vinho obtido,
carregado de história e tradição
é a prova de que só o rigor da seleção e a exigência e dedicação ao longo de todo o processo,
permitem obter grandes vinhos.
Para a apresentação, comercialização dos seus vinhos,
integrados num projeto de enoturismo,
a Quinta dispõe ainda de instalações adequadas para receber quem as quiser visitar.
As salas e o jardim de inverno
permitem a realização de todo o tipo de eventos.