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Vamos fazer uma breve reflexão sobre a fé e a ciência
Numa esquina de uma das ruas de Lisboa, deparei-me com um amigo de longa data,
que, a seguir a uma efusiva e calorosa saudação,
perguntou-me sobre a vida e perspetivas futuras.
Surpreendeu-se com a minha firme decisão de ser sacerdote. Sacerdote?
Perguntou admirado! Imediatamente encetou o seguinte comentário:
com o progresso económico e científico a fé perdeu terreno.
Será isso verdade? Será mesmo que com o progresso científico os fundamentos,
os pilares sólidos da nossa fé foram abalados? Questionei e a seguir respondi:
absolutamente, isso não corresponde à verdade.
A partir de então nasce um ambiente profícuo de diálogo e
oportunidade para alguns esclarecimentos.
Comecei por dizer que a fé é algo de mais íntimo e subjacente que há no ser humano,
conforme dizia o Padre Gratry: “ o homem deve ter a fé, pelo facto de ser homem.”
Razão por que nem os próprios cientistas escapam às redes da fé. Porque,
apesar de terem conseguido conquistas portentosas,
das quais nos poderíamos orgulhar,
haverá sempre zonas inacessíveis às suas investigações,
como afirmam CATALAN e MORETTI.
Ou seja, não obstante este conhecimento abrangente e
a tentativa de explicar todos os fenómenos observáveis,
a ciência reconhece que há e haverá sempre questões e problemas que lhe escapam,
que saem da sua órbita de investigação,
dos quais nunca conseguirá compreender com o método científico.
Assim, a ciência moderna é consciente dos seus próprios limites na medida
em que não se move senão na fronteira dos fenómenos observáveis.
Meus irmãos, especialmente a vós jovens,
a quem a ciência resgatou com o seu poder fascinador,
lembrai-vos que sem fé não conseguireis compreender aquilo que é de mais essencial:
os problemas respeitantes à vossa própria vida,
à vossa própria existência neste mundo totalmente efémero:
de onde viemos e qual a razão que sustenta a nossa presença no mundo;
para onde vamos, ou seja,
qual é o destino efetivo da humanidade.
Com isto não pretendo aqui estabelecer uma dicotomia ou
construir um mouro entre fé e ciência;
aliás, João Paulo II na sua Carta Apostólica Fides et Ratio,
dizia que a fé e a razão eram como que duas asas pelas quais
o espírito humano se eleva para conhecer a verdade.
Assim, a fé, enquanto mecanismo de conhecimento, ajuda, completa e esclarece algumas verdades
que no campo da ciência ficariam sem resposta.
A fé, como muitos pensam, não significa crer em algo que não é evidente.
O próprio Deus é a evidência suprema da nossa fé, nós cremos e temos fé n´Ele;
nós não temos fé na fé, ou seja, no nada;
a nossa fé não está suspensa; a nossa fé está fundamentada e
alicerçada em Deus enquanto criador
daquilo que até fascina a própria ciência: o mundo e o homem.
A ciência quase encontrou explicação para tudo quanto existe,
mas para mundo e para o homem não há uma explicação exaustivamente sustentada.
O recente milagre de Buenos Aires,
onde a Hóstia Consagrada se transforma em Carne e Sangue humano, e,
após análises laboratoriais,
se chegou a conclusão que a pessoa referida na Hóstia teve uma morte brutal,
profundamente torturada e golpeada. Além do mais,
a Hóstia em questão pulsava de vida.
Ante esse acontecimento, o Prof. Dr. Zuquibe (USA), que conduziu as investigações,
afirma que é um mistério inexplicável para a ciência,
um mistério totalmente longe do seu âmbito de investigação.
Penso que estamos aqui a fazer referência à uma prova que tem algo de extraordinário.
Mas, com isto, pretendo apenas dizer que também podemos servir-nos da ciência para ajudar
a aproximar a nossa dimensão espiritual,
para ajudar explicar a nossa fé a partir de factos inexplicáveis, ou seja,
que existem coisas que maravilham a ciência mas que ela própria não consegue descortinar.
Caríssimos jovens, meus irmãos, vós que vos entregastes a uma vida marcada por um vazio espiritual,
vós que encontrais mergulhados em materialismo exacerbado, que buscais coisas que hoje existem e
amanhã deixam de existir, que procurais coisas que hoje têm sentido e amanhã deixam de o ter,
venho convidar-vos para uma mudança de atitude, para um redescobrir dos vossos valores,
para uma confiança e abandono em Deus, em quem tudo existe e nunca deixa de existir,
em quem tudo tem sentido nunca deixa de o ter, e, finalmente, de onde viemos e para onde vamos.
À exemplo de Apóstolo Paulo, que considerou tudo como lixo para ganhar e seguir a Cristo,
também eu, após o mestrado, abandonei todas as ilusões e
projetos de vida para seguir Jesus Cristo que me enche de felicidade,
uma felicidade perene e não oscilante.
Obrigado, meus irmãos, até ao próximo encontro.