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Boa tarde.
O Brasil não conhece a Amazônia...
inclusive, eu vou começar a explicar para vocês algumas coisas.
Por exemplo, aqui na Amazônia,
quando a gente fala "boa tarde", a turma responde.
- Boa tarde! - Boa tarde!
Obrigado!
Eu sou paulista, corintiano, dá pra você perceber pelo estilo.
Na verdade, nesta sacola aqui,
estão as 500 vezes que preparei a palestra.
Mas, cada cara que vem aqui, fala exatamente o que você ia falar!
Daí você fala: "Filha da mãe! E agora? O que eu faço?"
Agora mesmo eu tinha bolado que eu ia agradecer a todo mundo
que trabalha na produção e etc, e vem um filho da puta que faz isso!
Mas aos 47 do segundo tempo. Daí não dá pra mexer nada.
Mas diante de uma festa destas,
eu resolvi homenagear essa plateia vindo a rigor.
Acho que é mais legal. Essa camisa eu uso,
para os caras do hotel pensarem que eu trabalho aí.
Daí eu pego uma cerveja, eu tenho umas molezas e tal.
Quero dizer também para vocês que uma vez...
eu vou falar um monte de coisas e depois a gente vai separando,
é mais para refletir, tá?
Uma vez eu levei as minhas filhas,
tenho duas filhas que nasceram em Santarém,
e as levei para São Paulo, lá na escola.
Daí, a minha filha voltou para casa. Estava no primeiro ano, toda feliz.
Depois voltou chorando. Perguntei: "O que foi?"
Ela falou: "A professora mandou eu falar uma fruta que começa com a letra C".
Ela falou cupuaçu. A professora falou: "Essa não vale porque não existe".
Falei: "Não, filhinha, podemos fazer três coisas.
Posso dar um soco na cara da professora,
posso pedir para o dono da escola mandar ela embora, porque ele é meu chegado,
posso te mudar de escola".
Ela falou: "Nada disso, pai!
Da próxima vez que você for para Santarém, traga dois Cupu,
um pra gente fazer um doce e outro pra ela ver a fruta".
Falei: "Tá bom".
Vou pegar meu kit aqui. E eu vou fazendo assim.
Eu trabalho no Saúde e Alegria, um projeto de desenvolvimento integrado.
Os patrocinadores, às vezes, tem muita dificuldade de entender
o que é desenvolvimento integrado.
Ele faz um programa de aleitamento materno,
mas não quer fazer programa para mulheres,
então não sei como é que vai ficar o negócio. Vai mamar na vaca.
Vou botar aqui a minha maquiagem.
Eu sou professor...
a minha família é muito liberal, cada um pode fazer o que quiser.
Nós éramos sete irmãos homens, pode fazer o que quiser,
depois que fizer Direito.
Eu sempre fui professor, sempre adorei férias.
Então, quero cumprimentar
a turma da prerrogativa da diversão, que é muito legal.
Mas, você não pode deixar um aluno em recuperação, se não você perde as férias.
Entendeu? Então, você tem que dar a nota como se fosse luta de boxe,
todo mundo começa com 10 e vai perdendo a nota.
Daí você vê ataque, defesa, esquerda, eficiência e tal. Daí vai na boa.
Daí, estava lá em casa com meu irmão, Jacaré.
Meu avô estava na cama e minhas tias falando:
"Esse fim de semana é você que fica com o papai".
"Não, é você. Eu fiquei na outra semana".
Eu falei: "Jacaré, essa doença é hereditária
e nós vamos cair nas mãos dessas víboras".
"Temos que arrumar um emprego
para que a gente possa ter uma vida digna quando a gente ficar velho".
Daí, o Jacaré foi fazer uma pesquisa.
Falei: "Jaca, o que você resolveu?" Ele falou: "Palhaço".
"Como?" "É, olha o Carequinha, o Arrelia, o Fuzarca,
todos os palhaços legais eram velhos, mas tem que começar já!"
A gente já estava... eu já estava meio assim...
Eu sou presidente do clube de jovens da terceira idade.
Mas...
Muita gente falou um monte de coisa bacana e legal aqui.
Eu vou contar uma história para vocês.
Um cara resolver sair para caçar
e para não ir sozinho, ele levou o cachorro dele.
Daí o homem ia lá, só procurando a caça e o cachorrinho brincando,
caçando uma mariposa, uma borboleta e tal.
Chegou uma hora que aconteceu o que tinha que acontecer, se perderam.
O cachorro se perdeu do cara, o cara se perdeu do cachorro.
O cachorrinho estava andando lá, um pouco assustado, e viu uma onça.
Aquela onça lá.
Você vê como os caras já falaram o que eu ia falar?
Não é mole, até a minha história. Mas tá bom!
Daí, a onça foi pular em cima do cachorrinho,
ele olhou pra trás, viu um montinho de osso
que tinha no chão e começou a lamber.
Olhou, e falou assim: "Ah! Que delícia de onça que acabei de devorar".
A onça parou e falou assim: "Esse cachorro é muito feroz".
E saiu fora!
Tinha um macaco no alto duma árvore e falou:
"Vou entregar o cachorro pra onça,
assim eu fico numa boa com a onça e livro a minha cara também".
Daí ele falou: "Oh, onça, não é nada disso".
A onça ficou muito P da vida e voltou correndo.
"Agora eu vou pegar aquele cachorro
e vou mostrar pra ele quem é feroz aqui".
Daí ele foi pular em cima do cachorrinho que olhou e falou:
"Oh, macaco vagabundo, preguiçoso.
Mandei ele buscar uma onça pra eu comer de sobremesa
há mais de meia hora e ele não volta!"
Moral da história: Na hora do perigo, tu tem que ser criativo.
Não adianta correr, porque a onça te pega.
Bom, então vou contar mais uma história, enquanto vou terminando aqui.
Ah não! Preciso começar a passar os slides.
Então...
Quero ver se vai acontecer contigo em Capuí, igual.
Vou fingir que eu manjo.
Mas depois, no finzinho, eu vou convidar vocês
para ter a coragem de mergulhar no fascínio da alegria
e experimentar um pouco da doideira de ser alegre.
Então, vamos lá. O nosso projeto.
Como eu era professor, eu fazia o meu aluno ser ativo na sala de aula.
Não sou eu quem dou a aula, todo mundo aprende, todo mundo ensina.
A profissão de professor é ótima pra isso, você aprende muito mais.
O circo que a gente faz é ativo.
Não vou para o circo, no palco, me apresentar para alguém,
ao contrário, eu pego as pessoas e faço elas fazerem o circo.
Então, eu começo com o lero-lero, daí eu vou indo, e quando termina,
estou eu na plateia e todo o público no palco.
Daí, também, não preciso trabalhar.
É legal, então vamos ver.
Aqui é o seguinte:
todo mundo que trabalha no projeto Saúde e Alegria vai no circo.
Contador, motorista, piloto da lancha,
veterinário, enfermeiro, biólogo... quem for!
E se ele não tiver um nome eu dou.
Outro dia tinha uma dupla de gaúchos lá,
Botei o nome de Parafuso e Rosquinha.
Eles ficaram numa briga pra ver quem que era o Rosca.
Falei: "Problema de vocês!"
Este slide aqui não tem nada a ver com isso.
É no World Trade Center, é uma foto histórica,
porque as Torres Gêmeas caíram. Eu resolvi fazer a pose da bailarina.
Vocês veem que eu estava bem mais fininho na época,
mas não tem problema.
Então, a missão é usar o lúdico
em todos os programas teóricos.
E o meu papel como vice-coordenador e alinhador pedagógico
é passar as coisas para a sátira, pro riso, pra fotonovela, pra rádio-novela.
Tem uma rádio-novela que fiz agora que é a Dona Cida,
que é uma professora que quer mudar o mundo,
e a Dona Mara, diretora da escola, não quer deixar.
Daí ela muda e vira a Cida Dona.
Obrigado.
Um momento, vou pedir ajuda dos universitários.
André! Explica aí depois pra eles que a Dona Mara virou Mara Dona!
A nossa visão, o nosso forte,
é a metodologia de mobilização social, de envolvimento,
porque você trabalhando com confiança, motivação,
você consegue ter energia e as ideias para fazer as coisas.
A base do projeto é organizar as comunidades para que elas possam ter CNPJ
e possam ser pessoa jurídica de direito.
Aqui entra o meu lado advogado.
Eu vou com essa roupinha no fórum e o juiz quer morrer.
Aqui é a campanha de aleitamento materno.
E uma das coisas mais difíceis que existe
é você botar um homem para vestir sutiã.
Ele demora 20 minutos e põe ao contrário. A mulher, pá e pá, plum!
Daí ele vai lá, tem que limpar o biquinho, muda de peito, etc.
Aqui é um vereador amigo nosso, aqui é um financista do BNDES.
Essa foto aqui é sobre o tratamento da água.
Eu fiz um cordel do tratamento da água e deu errado,
porque as crianças adoraram os micróbios.
Acabava a peça e elas gritavam: "Micróbio! Micróbio!"
E o cloro era um caretão.
Daí, eu tive que mudar a música e fazer o brega do cloro
que era mais ou menos assim:
"Eu sei que você anda me evitando, mas sei que você gosta só de mim.
Eu sei, que quando vem a diarreia você se desespera!
Use cloro na água". Daí pegou.
Nós temos um filtro de água em cada casa.
Eu estava lá fora, conversando com alguém que falou:
"Tem um cara com uma maquininha aí que pega água e deixa branquinha".
Água cristalina não quer dizer água pura.
Então você tira a água, coa a água trata a água e filtra a água.
E faz igual eu, bebe cerveja.
Aqui é o soro caseiro.
A gente tem práticas baratas de alto impacto.
Esse que é o negócio e queremos que as crianças vivam.
E tem duas coisas aqui que foram faladas, não com a devida ênfase,
que debaixo da floresta da gente tem gente
e que na Amazônia tem a costa atlântica.
E do Oiapoque até os lençóis do Maranhão, é a maior área de manguezal do mundo.
Aqui é quando chega a água.
O cara tinha que andar oito horas por dia catando água,
agora tem água na torneira. Ali são as pedras sanitárias.
Nós damos cimento e ferro, a comunidade dá a areia e a mão de obra.
Eles gerenciam o sistema.
Aqui é uma aula de higiene oral.
O Penisvaldo, ele é um super-pênis do programa de DST/AIDS.
E aquele cara ali é um outro financista também.
Mas daí, o Penisvaldo ficava mole
e para botar a camisinha, tinha que endurecer.
Falava: "Põe a mão nele!" "Ah não! Aí não!", era incrível.
A geração de renda, com cestaria de tucumã.
Eco turismo de base comunitária, aí está conversando com a onça.
Aqui é o programa de cultura, comunicação,
nós temos internet na floresta.
Comunicação e inclusão digital, vídeo-foto-jornal.
Hoje nós temos 12 telecentros, 5 pontos de internet, 66 celulares desses 3G
para os caras fazerem filme das comunidades e 9 blogs.
Depois tem o geoprocessamento.
Você faz o trabalho participativo de reconhecimento
das áreas onde estão os recursos naturais,
onde estão as áreas de lazer e etc.
Aí é o telecentro, também construído pelos comunitários.
Trabalho de educação ambiental,
vou passar depressa, vou dar o endereço eletrônico.
Esse aí é um dos mais simpáticos palhaços que nós temos lá.
E é assim que a gente trabalha.
E esses caras são o nosso público-amado,
porque a gente não chama mais de público-alvo.
Pega muito mal.
Tem um outro lance também, que é ator social, não tem,
tem elenco social, porque ninguém vai fazer as coisas sozinho,
ninguém está aqui para fazer monólogo.
Esse é o nosso barco-hospital.
Ele dá atendimento para crianças, prevenção de câncer no colo do útero,
acompanhamento diabético e hipertenso, emergências, as parteiras.
Nossa área de atuação.
Nós trabalhamos em 150 comunidades
atingindo aproximadamente 35 mil pessoas em 3 municípios.
Esses aí são uns bonitinhos, a gente trabalha pensando neles.
E, opa... que bom.
Daí, a minha pergunta é se a casa concede 4 minutos
para eu mostrar um ato de biopirataria que aconteceu. Pode ser?
Pessoal, o Michael Jackson veio para o Brasil,
escondido para a Amazônia, e ficou olhando o quê os caboclos faziam.
Fiquem de pé, por favor, rapidinho.
Abra a porta de sua casa.
Tá bom, vocês são demais!
Daí, deem uma remadinha.
Rema, olha pra ver onde está o lugar de dormir dos peixes.
Rema, rema, olha lá! Agora, atire a linha de mão!
Agora a tarrafa!
Sobe no pé de açaí!
Desce do pé de açaí.
Tica o peixe.
Agora, dá aquela coçadinha na virilha.
E quando ele vai pra casa, ele pisa no caroço do tucumã e olhe.
Edmílson, bota um som aí.
Olha o barulho da porta.
Rema para o outro lado.
Olhe o peixe.
Olha a linha de mão!
Joga a tarrafa.
Sobe no açaí!
Desce do açaí!
Tica o peixe!
Tica o peixe!
Coça a virilha!
Pisa no caroço do tucumã.
Levantem as mãos.
Tá legal.
Eu vim aqui só pra te ver!
Espere, espere.
Eu tenho que contar a última história.
Sentem para ver se vocês estão preparados para o baque.
O camelo... não! O camelinho estava com a mamãe camela.
Daí falou: "Mamãe, porque a gente tem essa corcova tão feia?"
"Meu filho, isso é para armazenar a água
para nossas longas caminhadas pelo deserto".
"Mamãe! Porque nossa pata tem essa almofada embaixo, tão feia?"
"É para não queimar os nossos pés
nas longas caminhadas pelo deserto".
"Mamãe, porque nós temos os cílios tão longos?"
"É para proteger os nossos olhos dos ventos,
das tempestades de areia do deserto".
"Mamãe, porque nós estamos no zoológico?"
Moral da história: Não adianta ter o equipamento certo, tudo direitinho,
e não fazer nada, não estar na hora.
Então, pensem aqui, no nosso oásis Amazônia.
Cadê o Edgar? Aê bonitão!
Pense aí, não adianta nada estar todo mundo Nélson, e never, tá bom?
Levantem a mão, faz uma ginástica assim.
Tchau pra vocês, muito obrigado e desculpe o incômodo.