Tip:
Highlight text to annotate it
X
Até a próxima lição.
O que é o mercado e como funciona?
Olá Pessoal, Praxgirl aqui.
No nosso último episódio,
nós estabelecemos a base para a compreensão do método pelo qual a Cataláxia
– o subconjunto específico referente ao mercado na Praxeologia –
estuda como os preços são determinados no mercado.
Nós vimos que estudar o mercado não é tão simples como levar em conta o que se vê,
mas requer considerar o que não é visto também.
Nessa lição começaremos a descrever todas as características essenciais da economia de mercado.
Eu irei explicar como o mercado se diferencia de outros sistemas,
introduzir o conceito de renda,
e explicarei a estrutura de poder em um livre mercado.
O MERCADO
Quando ouvimos as pessoas referindo-se ao “mercado”, isso frequentemente nos lembra de conceitos específicos,
como o mercado de ações, ou mercado *** ou um supermercado.
Contudo, o mercado não é um lugar, uma coisa, ou uma entidade coletiva.
O mercado é um processo.
Esse processo é o resultado de todas as trocas voluntárias
– executadas pelos indivíduos –
quando eles são livres para administrar sua propriedade e direcioná-la para onde eles acreditam que esta será melhor usada.
Portanto, o mercado é diferenciado de outros sistemas possíveis pelo fato que não é controlado por qualquer planejador central.
Todos os outros sistemas, normalmente chamados de
Socialismo,
Comunismo,
Economia Planificada,
Economia Mista,
Economia Baseada em Recursos
diferenciam-se nitidamente, pois a sua característica principal é sempre alguma forma de domínio “público”
ou “governamental” de propriedade.
Especificamente, elas focam remover a operação do mercado e os preços dos fatores de produção.
Todo o indivíduo que está se engajando no processo de mercado age livre da violência para satisfazer seus próprios fins.
Mas, como nós já vimos, pela lógica da troca voluntária,
todo mundo, agindo para seu próprio interesse, está agindo para alcançar a satisfação dos outros.
Em termos praxeológicos, no que isso se traduz?
Que todo o mundo no mercado é tanto meio como fim da ação.
Um indivíduo é um fim porque ele age para se satisfazer,
e ele é um meio porque suas ações ajudam a outras pessoas na sua busca pelos seus próprios fins.
CAPITALISMO
Como vimos, quando as pessoas se engajam no processo de troca, um preço surge como a razão entre dois bens sendo comercializados.
Por meio da troca, o dinheiro surge e permite a todos possuírem um denominador comum.
Esse denominador comum comunica informação.
Essa informação informa aos produtores onde, o que, como e quanto produzir.
Produtores são todos aqueles indivíduos no processo de compra ou construção de bens de capital.
Nós chamamos esse processo de acumulação de Capital,
pois os bens em questão foram o resultado do menor consumo dos indivíduos do que, de outra forma poderiam, com o objetivo de consumir mais no futuro.
Esses “bens de capital” podem somente tornarem-se realidade por meio da poupança.
Uma vez que entendemos a definição de capital, nós apropriadamente chamamos os indivíduos que poupam de capitalistas.
Assim, o termo Capitalismo inclui os dois aspectos do sistema ao qual nos referimos:
1) O processo de mercado no qual o calculo econômico torna-se possível e, então, é mais valioso para os poupadores.
2) O fato que existe a propriedade privada desses meios de produção.
CAPITAL & RENDA
O modo de ação disponível para os indivíduos no mercado também difere.
Diferente de outros sistemas, na economia de mercado, o homem tem a habilidade de realizar o cálculo econômico.
Essa função provida pelo dinheiro,
permite ao homem pensar em termos contábeis devido ao fato que existe um bem que serve como denominador comum.
Ao invés de ter de verificar seu estoque de bens de capital,
um homem pode determinar sua situação considerando somente o seu dinheiro.
Uma das ideias-chave que o mercado abre à contabilidade humana
é sua habilidade para diferenciar entre seu capital e sua renda.
Enquanto o homem tentar agir para saciar seus desejos, eles desenham uma linha mental entre o consumo de bens no presente
e os bens que pretendem consumir no futuro.
Seu objetivo imediato é aumentar ou, pelo menos, manter os bens que planejam empregar nas ações futuras – o capital.
A renda é qualquer dinheiro que o homem pode utilizar por um período especifico de tempo sem consumir seu capital.
Diferenciar a renda do capital então permite aos participantes do mercado “viver dentro de suas possibilidades”,
um método de ação calculado não presente em outro sistema social possível.
A principal função do calculo econômico, então, é estabelecer as magnitudes da:
1. Renda
2. Poupança
3. Consumo de capital
OS CONSUMIDORES SÃO ESCRAVOS DOS PRODUTORES?
Nós entendemos que no mercado, os preços em dinheiro e o cálculo econômico ajudam os proprietários de bens de capital a emprega-los para o fim mais produtivo.
Agora, alguém pode ser rápido para deduzir disso que os capitalistas
podem ter algum tipo de poder intrínseco sobre os consumidores.
Foi afirmado repetidamente que, desde que os capitalistas estão no controle dos meios de produção, eles mantem a sociedade como refém,
movendo-a na direção que eles caprichosamente escolhem.
Nada pode estar mais longe da verdade.
Em primeiro lugar, devemos lembrar que TODO MUNDO que participa no mercado age tanto como comprador quanto vendedor,
um consumidor e um produtor,
um capitalista e um trabalhador.
Por exemplo, todo mundo que poupa mais dinheiro do que poderia, de outra forma, consumir torna-se um capitalista.
Nós ocupamos as diferentes funções que a Praxeologia definiria como categorias da ação repetidamente,
às vezes, no mesmo instante e, às vezes, durante diferentes períodos de nossas vidas.
Os termos praxeológicos Capitalista, Empreendedor, Produtor, Consumidor, Trabalhador são simplesmente usados para diferenciar diferentes modos de ação.
Esses termos não representam pessoas reais.
Dito isto, vamos considerar a estrutura de poder no mercado com um exemplo:
Suponha que Steve Jobs queira vender computadores Apple no mercado buscando o maior lucro possível.
Steve sendo um homem egoísta, sem remorsos, estabelece um preço alto para os seus produtos.
Se Steve não suprir as demandas dos consumidores enquanto são atraídos a ele pela estrutura dos preços de mercado,
ele sofre perdas, e sua companhia vai à falência.
Essa mesma situação aconteceu com a Apple durante a metade da década de 1990.
Eles falharam em seguir corretamente a direção que o público desejava que eles seguissem, e quase fecharam a empresa.
No mercado, assim como um produtor pode segurar a venda de seu produto, ou aumentar o preço de forma exorbitante,
um consumidor pode poupar seu dinheiro e não trocá-lo por mercadorias.
Dessa forma, o processo de mercado concede a cada individuo a soberania sobre sua propriedade, mas informa as consequências de suas ações.
Poderia ser dito, metaforicamente, que, no mercado, todo mundo como um produtor e consumidor vota em
quem deveria estar administrando fábricas,
quem deveria estar vendendo computadores.
O mercado pode tornar homens pobres em ricos, e ricos em pobres.
Contudo, existe uma grande diferença entre a democracia e o mercado.
Isso é porque, enquanto na democracia somente os líderes eleitos pela maioria são instrumental no que tange à direção das mudanças,
no mercado, TODO o voto conta.
Não há voto perdido.
Existem computadores Apple para pessoas que possam comprar um produto de melhor qualidade,
mas também existem PCs para consumidores mais preocupados com o custo.
Existem até mesmo computadores tablet por 100 dólares feitos para crianças pobres nas nações subdesenvolvidas.
Também é verdade que no mercado nem todos os consumidores tem o mesmo poder de voto.
Os cidadãos ricos “votam” mais do que os pobres.
Mas essa desigualdade é, em si, o resultado de um processo de votação anterior.
Ser rico, em uma economia de mercado pura, é o resultado do sucesso no atendimento da demanda dos consumidores.
E dado que sabemos o que é a renda, nós entendemos que um homem rico pode manter sua riqueza
somente se continuar a servir os consumidores da maneira mais eficiente!
CONCLUSÃO
No mercado, nenhum grupo ou classe tem a soberania sobre ninguém.
Todos os indivíduos são limitados a tomar decisões sobre sua própria propriedade e como proceder.
Na sua luta para alcançar a satisfação, eles são influenciados pelas ações de todos os outros indivíduos conectados pelo mercado.
O mercado é um produto de um longo processo evolucionário.
É o resultado do esforço humano para ajustar suas ações da melhor forma possível às condições do ambiente que não pode alterar.
A razão pela qual a Praxeologia centraliza seus estudos na economia de mercado pura é porque é a única característica da ação humana a qual possibilita o cálculo econômico.
Na verdade, o cálculo foi necessário para a Praxeologia emergir como uma disciplina.
Isso é porque foi só quando surgiu o dinheiro – e, como consequência, o cálculo – foi possível para os cientistas
perceber que podem existir problemas inerentes na ação calculada.
Inicialmente, toda a ciência da ação humana era essencialmente limitada ao estudo do dinheiro.
Os cientistas eram chamados Economistas, e eles investigavam as questões relativas à moeda, empréstimos, e comércio entre as nações.
Só foi depois que esses economistas entenderam melhor a lógica da troca, que eles
perceberam que essa forma de pensar poderia ser aplicada a todo o comportamento humano,
desenvolvendo uma teoria geral de todas as ações: praxeologia.
Até a próxima lição.