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Ó meu deus, como é lindo
O céu se abre mamãe Oxum vem vindo
Somos o Maracatu Nação Oxum Mirim, que foi fundado em 2 de Abril de 2002. Eu sou a presidenta.
O meu nome é Mauriceia Paixão de Melo. É assim: a gente saiu de uma outra Nação. Reunimos em família
e alguns amigos, e fizemos esta Nação.
Aí, por causa da minha entidade, que é o Xangô, sou filha de Oxum. Só que a minha Oxum é mirim.
É por isso que ele tem o nome de Maracatu Nação Oxum Mirim.
Por causa de minha entidade que é Oxum. O mestre do apito é:
O meu nome é Levi, tenho 25 anos. Hoje sou mestre de maracatu de baque virado.
A oficina que a gente tem aqui com os meninos, é sempre interligada, antes do ensaio.
Desde a afinação do tambor, a montagem de colocar a pele, tem todo uma
construção de afinar, não só o bater. Porquê bater?
A ideia não é só fazer os meninos pegar no tambor e bater e tirar o som, não.
A ideia é ele saber de onde veio o tambor. Qual é o toque que ele tá tocando. Qual é o ritmo que ele tá batendo.
Desmistificar mais no povo essa ligação do candomblé com maracatu, macumba,
a gente não tem esse ligamento muito voltado, mas a religião está presente na Nação e a gente
faz com que todos eles percebam isso. E a comunidade participa, vem muito.
E aí a gente discute a questão do maracatu, em si como essa vida. A batida do maracatu
vem desse compasso do coração. Então vem muito de dentro. Todos os anos assim
que a gente vai, passam anos... desde a boneca que é o ser mais
primordial do Maracatu, a calunga que sustenta toda a obrigação do maracatu
até os nossos afazeres antes do carnaval. Os meninos quando saem da sua casa para virem para cá,
já vêm com o intuito de praticar a cultura. Essa cultura hoje é o maracatu.
Aqui muito mais presente. Tanto aqui como no bairro todo.
A Nação vem com esssa raiz muito ligada a Nagô, com uma precedência de terreiros que a gente tem com Angola.
Mas os baques que fazem com que a Nação se mistifique, na realidade a gente segura muito
a marcação, que os meninos conhecem muito como Luanda. O luanda vem como um resgate
de celebração aos mortos. O baque tem uma sensibilidade que trespassa como as ondas do mar.
É o mar. É o movimento do mar. O luanda marca esse movimento. Então
o Luanda é presente como a marcação do maracatu. O outro baque que a gente segura, mais proporciponal a esta dança
é o Malé. Ele tem um toque chamado para a guerra. Ele dá mais uns..
é mais ritmado, mais cerrado. Tem duas batidas a mais. Isso faz com
segura os caboclos realmente para a guerra.
Então neste Maracatu, do baque do Malê vem justamente este baque de guerra.
Outro baque que a gente segura muito é como se fosse para coroar o nosso Rei e Rainha. É o baque de louvação.
Louvar o Rei. Muitas Nações determinam o nome dele
como baque de parada.
Esse baque de parada tem uma ligação muito mais forte, que vem do silêncio entre as batidas. Então
se dá um tempo de ligação. A gente aproveita esse baque de louvação para determinar
a lovação já, para poder louvar o Rei e a Rainha.
Apresento aqui a minha Rainha da Nação. A fundadora.
Ah sim! Esse maracatu, como ela falou, a gente fazia parte de outro maracatu. A gente se desgostou e aí
foi quando a gente combinou para botar o nosso maracatu. O meu marido era Rei
mas Deus já levou ele.
Agora tem outro substituíndo, no lugar dele. Eu estou aqui
até quando Deus me ajudar!
Outro baque que a gente traz num resgate muito grande é o martelo. Um baque mais cadenciado, tem um balanço.. A gente usa
muitos efeitos. Usamos também a saudação do Naná Vasconcelos, Tumaraca. Então tem um trabalho bem voltado
a esse resgate muito cultural. E não fica muito preso à criatividade.
A criatividade fica muito além. A gente chega na passarela dá a parada, dá o break. Então a gente tenta
colocar um elemento musical hoje, mas que o maracatu não perca a raiz. São justamente estes três
baques que seguram a raiz do maracatu, mas a gente começa a inclementar coisas novas que venham a suceder
dentro do maracatu.
A gente tenta trazer as musicalidades das loas, muito presente a Oxum, que é um Orixá,
que é um ser importante no maracatu.
Sem os batuqueiros a Nação não existe. A gente tem de ter os batuqueiros para Nação poder tocar para a frente.
Ninguém pode ter uma Nação sem batuqueiros. Cadê o som? não tem. Tem de ser o ponto baque virado, na raiz mesmo.
Ela representa a Nação. Uma é Carmelita e a outra é Bárbara.
Uma é Iansã e a Carmelita é Oxum.
É ela que sai à frente da Nação. É Oxum Mirim a menina que sai à frente do maracatu,
e as duas Calungas. Depois vem a Dama do Paço, a Rainha, os Orixás,
as baianas... Tem a corte completa. O conde e a condessa,
e os batuqueiros e as damas. As catirinas..
os vassalos, tem diversos componentes. Nem Nação sem batuqueiros, não é Nação,
nem sem a rainha é Nação,
e sem as calungas também não é Nação.
Tem que ser tudo em conjunto. O meu ordenado que eu boto no Maracatu. Tem alguma verba da Perfeitura
o pouco com Deus é muito. A gente faz bingo, a gente faz pic-nic. A Rainha ajuda
a gente e aí nos tocamos o baque para a frente. Tenho a maior vontade, é o meu sonho
é viajar com a minha Nação. Com toda a minha Nação. É preciso ter
verbas, tem que ter uma pessoa que nos ajude
para a gente ir.