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Muito obrigado.
Hans me colocou para ser o último palestrante - para me punir.
Ele esperava que eu ficasse aqui por toda a conferência mas ele
não precisava me punir porque eu queria estar aqui por toda a conferência.
Eu não queria chegar tarde ao congresso mas as obrigações do meu trabalho não me deixaram sair.
Porque não há melhor em todo o mundo para falar sobre as ciências econômicas,
as sociedades econômicas que Bodrum (Turquia).
Porque a maioria das atividades humanas emergiram gradualmente.
Ninguém sabe quando surgiu o primeiro mercador ou o primeiro técnico.
Mas a ciência é um construto humano e sabemos quem foi o
primeiro cientista que o mundo teve, nós sabemos quem ele era.
Ele era Tales, de Mileto.
Também sabemos quem foi o segundo cientista do mundo, foi Anaximandro, de Mileto.
Sabemos quem foi o terceiro cientista do mundo, foi Anaxímedes, de Mileto.
Acho que vocês perceberam o ponto.
Mileto é aqui perto.
E no primeiro século B.C.E., a ciência começou aqui.
Por que aqui?
Foi por causa que os três receberam benefícios do patriarcado de Felipe, da Macedônia, ou de algum outro rei?
Não. Foi porque Mileto foi a maior cidade comercial do mundo no século B.C.E.,
bem perto havia Lídia, que é aqui perto.
E que era então o estado mais comercial do mundo.
Os lídios foram bastante comerciais, seu rei era o Rei Meles.
Talvez já tenham ouvido falar dele.
Seu reinado inventou as moedas.
Os lídios foram os primeiros do mundo que tiveram
mercados abertos noite e dia, de segunda à sexta.
E os lídios eram tão comerciais que vendiam suas filhas para prostituição.
A ciência, assim como a venda de filhas para a prostituição,
foi a consequência de uma cultura bem comercial.
Mas a razão de que sociedades comerciais são tão importantes,
particularmente para os libertários,
é que com pesar que digo que nós, libertários,
esquecemos o passado da atividade econômica mais importante de todas.
A atividade econômica mais importante é a criação de riqueza.
E é um dogma absoluto que a criação de riqueza é baseada em pesquisa,
e essa pesquisa precisa de subsídio governamental.
Até mesmo Milton Friedman,
quando ele não estava inventando o PAYE, para ajudar o governo a aumentar o imposto de renda,
até mesmo Milton Friedman acreditava que o governo precisava subsidiar a ciência.
Na verdade, não há muitas pessoas no mundo que acreditam que o governo não deva financiar ciência.
Na verdade, às vezes acho que sou o único, o que é uma posição bastante solitária.
Ah, há duas novas pessoas que acreditam nisso aqui.
Ah bom, mais uma. Grande, é como um renascimento esta conferência!
O argumento para que o governo financie a ciência
e estamos aqui em um país muçulmano
então podemos culpar os muçulmanos,
foi primeiramente feito por Rashid Al-Din
em 1302, ele era o vizir do Império Persa.
Então ele escreveu, em uma linguagem extremamente familiar,
que o governo deve financiar a ciência porque a ciência é
a base do que chamamos agora de crescimento econômico.
Isso foi reproduzido por um inglês, Francis Bacon,
em 1605 em seu livro, "Of the Proficience and Advancement of Learning".
Em que ele falou a história moderna,
isso o que ele disse, traduzido na linguagem moderna:
"Se um indivíduo investe em alguma pesquisa e faz uma descoberta,
custará bastante dinheiro para fazer isso.
Mas os competidores podem copiar praticamente gastando nada
- qualquer um pode copiar - e então os competidores que estão copiando terão uma
vantagem sobre a pessoa que fez a descoberta então irão pegar sua descoberta
e o levar à falência porque é mais fácil copiar do que criar.
Portanto, ao menos que o governo financie a ciência como um bem comum,
não haveria crescimento econômico.
Se nós, como libertários, estamos a fazer uma importante contribuição pelo
estudo do crescimento econômico que é base de,
na verdade, eletricidade, hotéis, civilizações, viagens para Bodrum.
Ao menos que nós, como libertários, consigamos reivindicar o crescimento econômico
longe dos estatistas como Milton Friedman, estaremos marginalizados.
Então vamos olhar para os fatos.
Primeiramente, é importante notar que Adam Smith pensou que Francis Bacon estava errado.
Bacon era um advogado.
Ele não sabia nada sobre crescimento econômico, ele só escreveu sobre isso.
Adam Smith foi um mestre no começo da Revolução Industrial britânica
e ele observou o que acontecia nas fábricas da época.
E ele notou que eram as fábricas da época que estavam as
pesquisas e desenvolvimentos, fazendo as inovações.
Então ele notou, que as universidades como a dele, de Glasgow,
parecia estar recebendo informações da indústria, ao invés do contrário.
Mas na verdade a evidência econométrica moderna é surpreendentemente forte.
A Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento, a OECD,
publicou um livro bem importante em 2003,
chamado "As Fontes de Crescimento nos Países da OECD".
Foi assim que chamaram o livro. Podem ver na internet.
E eles olharam para o desempenho dos países da OECD, todos eles,
ao longo dos últimos 26 anos,
medindo qualquer parâmetro que puderam pensar, e a OECD tem acesso a vários parâmetros,
tentando descobrir qual política e quais parâmetros se correlacionam com crescimento econômico subsequente.
Não é uma correlação tempo com tempo, mas um evento 5 anos para frente.
É algo perto de quantitativo quanto os econometristas podem produzir.
E o que a OECD descobriu é que Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) privada
correlaciou fortemente, na verdade, com os países da OECD, com subsequente crescimento econômico.
A P&D financiada publicamente não tem nenhum impacto, nem um pequeno; até pior.
A P&D financiada publicamente parece desviar a P&D privado, que é a boa.
Pode até ser, a OECD concluiu, que a P&D financiada publicamente pode prejudicar o crescimento econômico
ao desviar o financiamento privado para P&D.
A OECD não foi a única a fazer essa observação.
Vários outros econometristas salientaram que é praticamente impossível encontrar
dados econométricos em nível nacional que mostre que o
financiamento governamental da ciência tem algum impacto positivo.
É simplesmente a evidência; simplesmente não está lá.
Falta de evidência não significa nenhuma evidência do que queremos encontrar.
Mas a história também é bastante interessante.
Os dois principais países dos últimos 200 anos foram, primeiro o Reino Unido,
que foi o mais rico entre os anos 1800-1900,
e os EUA, que foi o principal desde os 1900 até atualmente.
Seus competidores, é claro, foram países como a França e Alemanha.
O que é interessante é que os britânicos pavimentaram o caminho para a revolução agrícola -
começou com os holandeses - os britânicos terminaram a revolução da agricultura e
pavimentaram o caminho para a revolução Industrial com uma completa e total ciência laissez-faire.
Haviam pequenas intervenções governamentais na ciência, é claro.
Havia várias palestras sobre química aplicada à agricultura
fomentadas pelo Departamento de Agricultura em Londres.
Haviam uma ou duas intervenções totalmente pequenas e triviais na ciência na Grã-Bretanha.
Mas elas eram tão insignificantes que seriam como um ruído em qualquer cenário global.
Nós éramos, e com orgulho, laissez-faire.
Esse era o todo ponto do Estado mínimo, de William Gladstone, Robert Peel e outros.
Baixos impostos, baixa intervenção governamental e grande revolução industrial.
Qual país tomou o comando em 1900? Os Estados Unidos.
Os EUA eram tão laissez-faire em ciência que,
por exemplo, quando Smithson deixou dinheiro em Washington para o Smithsonian Institution
incialmente o congresso recusou o dinheiro.
Não somente o congresso não acreditava que os pagadores de impostos deveriam financiar a ciência,
mas nem acreditavam que os pagadores de impostos dos
EUA deveriam pegar dinheiro de outros pra pagar pela ciência.
No fim, o congresso estava embaraçado em usar o dinheiro,
porque eles depositaram o dinheiro em bancos no Arkansas
e depois de alguns anos somente metade do dinheiro sobrou.
Acho que o Arkansas tem uma cultura que não mudou muito com os últimos 200 anos.
E antes que tudo desaparecesse, o governo pouco parte do dinheiro e construiu o Smithsonian Institution.
Os EUA era tão laissez-faire em ciência que, por volta de 1940,
quando os EUA era o país mais rico do mundo, e logicamente o país mais avançado do mundo,
por volta de 1940 ainda em torno de 80% da P&D americana
tanto de ciência pura e aplicada era pelo setor privado.
E o restante dos 20%, metade era do setor militar, que é claro, não traz avanços econômicos,
e a outra metade, 10%, era voltado para pesquisas com agricultura.
E nunca esqueça, o problema com a agricultura americana,
desde antes da república, era um problema de superprodução.
O governo americano nunca financiou pesquisas na agricultura
nos EUA para resolver problemas de falta de produtividade.
O problema sempre foi, "como lidamos com o fato que os fazendeiros são tão
pobres porque produzem muita comida e portanto eles são pobres e demandam subsídios".
E os colegas morais tentaram persuadir os fazendeiros americanos a produzir menos, como um paradoxo.
Somente em 1940, quando a Segunda Guerra Mundial começou,
bem, nos EUA começou um pouco mais tarde, em 1941 na verdade.
Mas então em 1941, quando os EUA entraram na guerra,
eles então investiram bastante em ciência e então continuaram o financiamento.
O que é interessante, você pode verificar os dados de Angus Maddison,
que morreu recentemente, que coletava dados de produtividade, de PIB per capita,
tecnológicos, por toda a história da humanidade, uma excelente série de livros.
Podemos olhar para a história e nos fazer perguntas.
Qual foi a taxa de crescimento nos EUA antes de 1940 e depois de 1940?
Com a Grã-Bretanha é a mesma história.
O governo britânico começou a financiar pesquisa somente em 1913 com a criação do
Conselho de Pesquisa Médica (Medical Research Council).
Eugenia, claro, era a grande área da época.
Em 1916, é claro, no auge da Primeira Guerra Mundial,
a Grã-Bretanha começou a criar comitês de pesquisa para desenvolver bombas,
e então se repartiu em várias outras organizações.
Assim como nos EUA, a Academia Americana de Ciências em Washington foi criada no
auge da Guerra Civil para ajudar a criar exércitos para derrotar,
como descobrimos da palestra anterior, as pessoas do sul.
São todas iniciativas de guerra.
Você pode perguntar, "o que aconteceu com a taxa crescimento de
longo prazo do PIB per capita dos EUA depois e antes de 1940?" e
"o que aconteceu com taxas de crescimento de longo prazo britânico antes e depois de 1913?"
E uma das coisas impressionantes que você descobre desses dados,
é que países líderes, como Grã-Bretanha, França, Alemanha, Suiça, Canadá,
todos crescem em 2% ao ano por 200 anos.
A taxa de crescimento econômico entre países líderes é impressionantemente estável.
Mas é claro, como você deve esperar, não há desvio devido a
introdução do financiamento estatal da ciência nesses países.
O que é interessante é que na França e Alemanha grandes
investimentos governamentais na ciência deixaram milhares de pessoas pobres.
Na verdade, no caso da França, com Colbert, ocorreu no meio do século XVII, na verdade
França e Alemanha nunca convergem, sempre estão atrás da Grã-Bretanha e EUA.
E a França e Alemanha só passam a Grã-Bretanha bem depois de 1945,
depois do período de guerra, em que a Grã-Bretanha estava presa com [inaud].
Mas eles nunca chegaram ao nível dos EUA.
Os países líderes são os países laissez-faire, como Grã-Bretanha e EUA.
Aqueles com grande dirigismo, como França e Alemanha vão bem,
mas nunca tão bem como os países laissez-faire.
Um dos paradoxos que nunca é lembrado.
E quando os britânicos foram ultrapassados pelos franceses e alemães,
foi porque tiveram um vasto gasto governamental em ciência e foi por isso
que foram ultrapassados, quando adotaram a política de franceses e alemães.
Então por que é assim?
Por que não há dados históricos que mostra que o financiamento governamental da ciência é benéfico,
não há dado econométrico atual para mostrar que o financiamento governamental da ciência é benéfico e,
mesmo assim, todos dizem que o governo deve financiar a ciência.
A resposta é por causa do desentendimento sobre a natureza da ciência.
A história padrão, uma que até Milton Friedman acreditava,
é que a ciência é um bem público, no sentido que qualquer um pode ir aos periódicos,
ou à internet hoje em dia, e pegar o períodico Journal of Molecular Biology e ler os periódicos de graça.
Qualquer um pode fazer isso, você pode, eu posso.
Podemos conseguir de graça.
Podemos ir até o escritório de patentes, que, bem gentilmente,
publica todas as coisas graças a Stephen Kinsella, eu posso conseguir todas as patentes.
Eu não posso copiar diretamente, mas posso ter ideias e tudo mais.
Aliás, acho que Stephen concorda comigo, foi por isso que Thomas Jefferson
solicitou primeiramente um escritório de patente,
ele mesmo na verdade não acreditava em monopólio,
ele acreditava na livre transmissão de ideias.
Ele somente fez alguns cálculos errados e assumiu que as
patentes transmitem mais informações que segredos industriais iriam.
Apesar do que ele pensou, todos nós sabemos que ciência está disponível publicamente.
Portanto, é fácil de copiar todo ele.
Mas espere um pouco.
Quantas pessoas nesta sala podem ler o Journal of Molecular Biology?
Quantas pessoas nesta sala podem ler periódicos atuais de física?
Ou de matemática?
Ou de fisiologia?
Muitos poucos.
Mas, o interessante, e pode ser demonstrado bem facilmente,
é que os únicos que podem ler os periódicos,
os únicos que podem falar com o cientista que gerou os dados,
são especialistas da mesma área.
E o que eles estão fazendo?
Eles estão publicando seus próprios artigos.
E se eles tentarem não publicar artigos?
Se eles disserem:
"Não iremos nos engajar na troca de informação, iremos nos manter fora disso e
somente tentar ler os artigos dos outros mas não fazer nenhuma pesquisa própria,
fazer nenhum avanço próprio, não ter conversas com ninguém".
Em 2 ou 3 anos, eles estão obsoletos e supérfluos e eles não podem mais ler os artigos,
porque eles não estão mais fazendo ciência por contra própria,
o que lhes dá o conhecimento tácito, todo o conhecimento sutil que na
verdade te faz publicar que lhe permite, na verdade, acessar a informação de seus competidores.
Antes da Royal Society de Londres ser criada,
é a academia viva mais antiga do mundo, houve outras antes mas todas já pereceram.
Antes de Royal Society ser criada, os cientistas publicavam secretamente.
Eles iriam, por exemplo, escrever um artigo, e depositar em segurança com um
acadêmico ou advogado e mantê-lo em segredo até que, eventualmente,
alguém publique no campo semelhante e eles iriam ir atrás extrair o artigo original
que foi datado e certificado, para que pudessem declarar que conseguiram antes e dizer:
"Veja, o crédito é meu, eu fiz antes", e declamar o crédito.
Mas eu não quero publicar porque eu não quero ajudar meus competidores.
Eles publicavam em códigos.
As publicações do século XVII eram às vezes publicadas em anagramas,
em latim ou grego ou literalmente em código para que então as pessoas pudessem
registrar que eles o publicaram, que pudessem provar a publicação,
mas que não iria quebrar o código até que a publicação do concorrente subsequente
surja e então eu posso ir e provar que fui o primeiro e pegar o crédito.
Não tem jeito de avançar o conhecimento desse jeito.
O que a Royal Society introduziu foi a nova ideia, porque a ciência é um construto humano,
de publicação aberta, publicando uma seção de métodos e o crédito só vai para a pessoa
que publicou primeiro, não à pessoa que declama posteriormente que fez a descoberta.
Por que isso é importante? Isso é muito importante.
Imagine que essa sala são todos os cientistas existentes na Europa no século XVII.
Imagine que deste lado todos são membros da Royal Society e vocês, deste lado, não são.
Essas pessoas aqui tem um trato; elas irão publicar tudo no periódico da Royal Society;
métodos, tudo. Tão rápido quanto possível.
A recompensa que essas pessoas irão ter, que publicando tão rápido,
mais alguém pode ver a descoberta e se aproveitar disso.
Mas por outro lado, os outros irão publicar tão rápido quanto todos deste lado da sala,
e elas têm acesso a descobertas feitas por 30 diferentes pessoas.
Elas tem certa chance de ser ultrapassado por seus competidores
mas elas têm 29 mais chances de ultrapassar os outros.
Todos vocês deste lado são todos praticantes únicos.
Vocês têm somente seus próprios recursos para avançar seu conhecimento.
Adivinhe quem vai ganhar os prêmios Nobel.
Será alguém deste lado ou alguém do outro lado?
Então uma vez que a Royal Society entrou nesse novo negócio de compartilhar conhecimento instantaneamente,
tão rápido quanto possível, então este lado percebeu que iriam perder lugar,
então eles tiveram que se juntar à mesma convenção.
E então, rapidamente, a convenção surgiu de completa divulgação.
Mas você não pode acessar a ciência dos outros ao menos que participe do jogo.
É somente os biologistas moleculares que publicam seus próprios artigos,
são convidados para as conferências, conversam com seus amigos biólogos moleculares,
que podem captar o trabalho de outros.
Mas você não pega a informação de graça.
Você paga um preço bem alto para acessar a informação de seus colegas.
A ciência não é um bem público.
Eu a chamei, aqui no meu livro, um bem "agremiação invisível".
A Royal Society of London, em seu primeiro encontro, chamaram-se de "Invisible College".
Porque estavam preocupados com a opressão religiosa na época.
E o que a ciência é, e ainda pode ser descrita como, se não como um bem "agremiação invisível".
E custa tanto para acessar informação como custa para fazê-la.
Na verdade, se você fazer um pente fino dos dados econômicos contemporâneos está tudo lá.
Ninguém está juntando os dados porque ninguém quer juntar.
Mas ao colocar junto todas as evidências disponíveis é bem fácil verificar que
estava lá por anos que custa tanto acessar a ciência dos outros quanto fazê-la.
É somente que o custo de acessá-la é um tipo de custo paralelo sutil do
trabalho que você tem que fazer antes de você seja capaz de lê-la.
E como parte dela
você contribui para a base comum de conhecimento.
Isto é interessante, a base comum de conhecimento.
Tivemos uma palestra brilhante sobre patentes.
Nesse livro eu tenho um capítulo inteiro, sobre "vamos abolir as patentes".
Ele está totalmente certo.
Aliás, os libertários têm problemas com patentes, [inaud].
Porque todos libertários são obcecados com direitos de propriedade.
Há alguns libertários que simplesmente não entendem,
na minha opinião direitos de propriedade intelectual são bem diferentes dos direitos de propriedade.
Eu acho que os libertários, paradoxalmente,
geralmente tem mais problemas entre si próprios que os outros.
Mas é um exemplo bem interessante dessa base comum de conhecimento e
porque a ciência funciona, e aconteceu nos Estados Unidos da América.
Algo que poucas pessoas sabem é que o avião dos irmãos Wright,
Flyer I, ficou mais tempo...
Alguém nessa sala sabe em que museu o Flyer I ficou na maior parte de seu tempo?
A maioria do seu tempo, o avião Flyer I.
Não, não. Uma dica: sou inglês.
[Museu britãnico?]
Sim, Museu Britânico.
O Flyer I ficou mais tempo no museu britânico do que no Smithsonian Institution, poucas pessoas sabem disso.
E a razão para isso é que os irmãos Wright se tornaram o inimigo número 1 dos EUA.
Quando os irmãos Wright inventaram o avião; eles inventaram o avião inteiro;
as asas, os ailerons, os propelentes, absolutamente tudo.
E fizeram com o investimento de 1000 de seus próprios dólares.
Ao mesmo tempo, o Smithsonian Institution recebeu uma boa quantia dos EUA antes de 1940,
uma boa quantia de 76000 dólares do congresso para desenvolver seu próprio avião que chamaram de Aerodrome.
Porque em 1896, como ouvimos do palestrante anterior,
os americanos não tinham mais índios para matar,
então começaram a matar espanhóis em Cuba e nas Filipinas,
e acharam uma boa ideia matá-los do ar.
Os EUA, como sabemos, nunca mudou; isso foi o que o palestrante anterior falou.
O Smithsonian tinha 76000 dólares do congresso para desenvolver
um bombardeador e os irmãos Wright desenvolveram primeiro.
E os irmãos Wright patentearam o avião inteiro.
E qualquer hora que Glenn Curtiss ou qualquer outro quisesse voar um
avião nos EUA os irmãos Wright estavam lá, imediatamente, levando o caso à corte.
O resultado foi que, no tempo em que os EUA finalmente entraram na guerra em 1917,
os EUA não tinham uma indústria de aviação.
Os irmãos Wright estavam muito ocupados defendendo sua patente e ninguém mais podia voar.
Os franceses tinham uma grande indústria de aviação, os alemães também,
assim como os britânicos; até os canadenses tinham uma boa indústria.
Mas os EUA não tinham uma.
Então em 1917 o congresso, um dia depois da declaração da guerra,
impos uma pool de patente na indústria de aviação nos EUA.
De 1917 até 1975 que é bastante tempo,
não havia patentes efetivas na indústria de aviação nos EUA.
Você podia patentear mas você não podia reivindicar nada como consequência.
Uma pool de patentes.
Em 1917, leis de patente severas; indústria de aviação mais atrasada do mundo, EUA.
Em 1975, sem leis de patentes, mais forte indústria de aviação; EUA.
Um belo exemplo empírico que compartilhamento de conhecimento cria crescimento tecnológico para todos.
Tentar restringir, pelo contrário, por patentes ou como se fazia
no período antes da Royal Society, restringe o crescimento.
Em 1975 Richard Nixon tirou a pool de patentes porque, infelizmente,
ele não entendia na verdade a sociedade econômica, ele estava nas mãos de certos lobbies.
Então, para concluir.
Ah, só mais uma coisa e então irei concluir.
O que é realmente importante no compartilhamento de conhecimento é
o trabalho de von Hippel e outros no MIT Sloan Management School.
Cientistas industriais, conluiam, ou qual palavra queiram usar, trocam informações o tempo todo.
Até mesmo competidores.
Uma direta troca de favores, assim como cientistas acadêmicos.
Eric von Hippel, por exemplo, demonstrou que os 12 maiores fabricantes de aço nos EUA,
onze deles rotineiramente se encontravam discretamente e trocavam informações.
É um belo modelo, economicamente.
Há, na verdade, compartilhamento de conhecimento entre cientistas.
Um dos cientistas economistas líderes, eu não lembro o nome dele,
mas ele mostrou que não há segredo industrial nos EUA, ou na Grã-Bretanha, ou no ocidente.
Cientistas no nível de pesquisa, em companhias,
compartilham tanta informação que nenhum segredo existe mais que 1 ano, 1 ano e meio.
Você pode acreditar que a fórmula da Coca-Cola ou da Kentucky Fried Chicken é segredo.
Longe disso.
Pepsi sabe o que tem na Coca assim como todo mundo.
Esses segredos não existem.
Mas o que existe é a perpetuação de conhecimento em tecnologia.
Então todos os cientistas estão sempre compartilhando conhecimento, se ajudando.
Mas, uma vez que você desenvolve o produto, então você tem competição no nível de mercado.
Um modelo econômico quase perfeito para crescimento econômico.
Então, para concluir.
Não somente não há evidência que o financiamento estatal da ciência beneficia o crescimento;
na verdade há evidência da França e Alemanha,
pra não dizer nada da Rússia e Índia, que tem grandes programas governamentais.
Na verdade pode até prejudicar o crescimento econômico.
E a razão que prejudicaria é que é baseada no modelo errado.
A ciência não é um bem público.
Vazamentos não são uma coisa ruim.
Ciência não é feita por competidores.
Na verdade, a ciência tem aprendido de 1662 em diante e cientistas industriais atualmente.
Por que competidores se reúnem em congressos?
É para trocar informações, mesmo entre competidores.
Os cientistas descobriram muito tempo atrás que seu interesse próprio é
garantido se eles compartilham conhecimento com seus competidores.
Porque aqueles que não compartilham com seus competidores,
com cientistas visando o Nobel, ou empresários visando seus negócios,
são aqueles que não compartilham conhecimento que serão absolutamente deixados para atrás.
Então o modelo está errado e não há nenhuma evidência que esteja certo.
E por que ninguém chegou a essa conclusão?
Eu acho que a resposta é uma bem infeliz.
Eu tenho falado com cientistas econômicos de ponta e realmente os pressionei e
eu acho que finalmente acaba em popularidade e o desejo de não ser impopular.
Não há interesse, exceto por parte dos pagadores de impostos alemães - nós sabemos o que acontece por lá.
Não há interesse em defender ciência laissez-faire.
Os políticos adoram financiar ciência,
porque com uma soma relativamente pequena de dinheiro eles podem alegar que financiaram o projeto genoma humano.
Que mandaram o homem à Marte, até a Lua, e clamam isso, eles adoram.
Os cientistas amam isso porque é irresponsável.
É muito bonito pegar dinheiro do governo pra fazer o
que você quiser que fazer algo realmente socialmente útil.
A indústria ama porque vê como uma maneira de subsídio corporativista assistencialista.
Todos amam isso com exceção de algumas pessoas dessa sala.
Muito obrigado.