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Momento de Reflexão
Hoje vamos falar do SACRAMENTO DA PAZ
sim do SACRAMENTO DA PAZ
Caros Irmãos e Irmãs:
Tocamos aqui no âmago da vida interior, no âmago da Redenção, no âmago do Evangelho.
Vivamos esta Fé, esta Esperança, este Amor.
Vivamos as virtudes teologais, assim chamadas,
porque são elas que nos ligam a Deus e nos unem a Ele.
Vivamos esta humilde confiança «e tudo o mais vos será dado por acréscimo».
É ela (a Confiança) que une intimamente a alma a Jesus,
que estabelece a intimidade de coração a coração com Ele,
que liga o sarmento à videira, que é Ele.
«Se alguém tem sede, e sobretudo sede de pureza e de amor, que venha até Mim e que beba ...
Aquele que crê em Mim sentirá brotarem-lhe do seio torrentes de água viva»
Compreende-se que uma alma assim sequiosa recorra com fervor ao sacramento da Penitência,
ISTO É, À CONFISSÃO, que é fonte maravilhosa de humildade, meio de reconhecer os seus pecados,
e deles se arrepender, na alegria sobrenatural de os confessar,
apesar das repugnâncias da natureza, que é a ocasião de renovar, de todo o coração,
o firme propósito de se corrigir, e sobretudo ocasião de mergulhar, uma vez mais,
como o filho pródigo, no braseiro da Misericórdia.
Ainda que ele pense que as suas comunhões, os sacramentos,
os actos de amor confiante a purificaram já, irá fielmente receber, com a absolvição sacerdotal,
uma purificação muito especial, porque sacramental, uma nova efusão do Sangue de Cristo sobre ele,
como sua única esperança, sem esquecer que este recurso é necessário, em qualquer caso, para as faltas graves.
Eu penso que sereis como eu, pois tenho necessidade de ser feliz,
tenho necessidade de viver de amor, tenho necessidade de me saber perdoado.
Os psiquiatras atribuem a maior parte das nevroses,
dos desequilíbrios mentais, tão numerosos em nossos dias,
ao sofrimento causado pelo sentimento de culpabilidade.
Para os descrentes, o remédio para isso está em suprimir a noção de pecado.
Remédio radical, evidentemente; mas não o conseguem. A consciência está sempre ali.
Podem chegar a abafá-la, em parte e temporariamente, mas não a matam, como não se mata Deus.
Não. O remédio é a paz que Jesus deposita em nós,
com a certeza de que estamos perdoados, porque somos amados.
S. João afirma: — «Se dizemos que não temos pecados, mentimos.
Se confessamos os nossos pecados e caminhamos na luz, o Sangue de Jesus purifica-nos de todo o pecado»
O nosso amor por Deus é um amor de amizade, um amor recebido e um amor retribuído,
como em amizade é necessária uma certa igualdade entre dois amigos.
Deus fez-Se homem, baixou-Se até nós, fez-Se semelhante a nós.
E, por outro lado, pela graça santificante, elevou-nos até Si.
Assim, podemos realizar com Ele esta vida de amizade de que S. Tomás nos fala com admirável penetração:
«No amor de amizade, aquele que ama está no seu amigo, pelo facto de tornar seus os próprios bens e os males do amigo.
Por isso, é próprio dos amigos quererem as mesmas coisas».
O que faz a amizade é, pois, a confiança mútua, num querer comum.
Jesus tem um coração como o nosso. Tomou-o, para poder amar-nos, como nós O amaríamos.
Eis a razão por que um pecado de desconfiança O ofende e magoa mais do que um pecado de fraqueza.
Notamos frequentemente que, para recompensar um acto de confiança,
Jesus nos proporciona a ocasião de praticar um acto de confiança ainda maior.
Recordai a cena do lago. Os apóstolos estavam na barca que era batida pelas vagas, porque o vento lhe era contrário.
À quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, caminhando sobre o mar.
Os discípulos, tomaram-No por um fantasma, e soltaram gritos de pavor.
Logo disse Jesus: — «Tende confiança. Sou Eu. Não receeis.»
Pedro disse então: — «Senhor, se sois Vós, ordenai que eu vá até Vós, por cima das águas.»
— «Vem», disse Jesus.
Pedro lança-se às águas, mas, vendo a violência do vento, tem medo.
E, como começava a afundar-se, exclamou: — «Senhor, salvai-me!»
Jesus, então, estende o braço, segura-o, e diz-lhe:
— «Homem de pouca fé, por que duvidaste?»
Pedro tinha praticado um belo acto de confiança lançando-se ao mar.
Como recompensa, deu-lhe Jesus ocasião de praticar um acto de confiança ainda maior,
permitindo que ele mergulhasse na água. Pedro fez o primeiro acto de confiança, mas, que pena!
Não fez o segundo!
Marta e Maria mostraram, de modo requintado, a sua confiança em Jesus,
à cabeceira de Lázaro moribundo, dirigindo ao Mestre aquela súplica de maravilhosa delicadeza,
que provava como elas conheciam o Seu Coração, a Sua compaixão, a Sua amizade por Lázaro:
— «Senhor, aquele a quem amais, está doente!»
Oh! como Jesus se deve ter sentido sensibilizado por um tal pedido!
Para recompensar Marta e Maria pela delicadeza da sua confiança, permite que Lázaro morra,
dando-lhes ocasião para um acto de confiança mil vezes maior, um acto de fé na Sua omnipotência:
Jesus ressuscitará Lázaro, mas, como sempre, tem necessidade dum acto de fé.
Recorda a Marta Quem é: — «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim não morrerá. Acreditas?»
Eis a grande questão, a condição do milagre:
— «Acreditas que Eu possa fazê-lo? Acreditas que vou fazê-lo, que vou ressuscitar o teu irmão?»
Marta faz o acto de fé: — «Sim, Senhor. Eu creio que Vós sois o Cristo, o Filho de Deus vivo».
Já dissera, antes: — «Eu sei que tudo o que pedirdes a Deus, Ele vo-Lo concederá.»
Assim faz Jesus com os que ama. Não escuta uma primeira oração, permite um revés ainda maior.
E eis-nos desolados: «Oh! Pedi e não fui atendido. Está tudo perdido. Acabou-se. Deus não me ouve, não me ama.»
Porque Deus vos ama, quer ver até onde irá a vossa confiança. Quer poder dizer-vos, como à Cananeia:
— «Grande é a tua fé.»
Não façais como Pedro, afundando-se nas águas, mas fazei como Marta e Maria, diante do túmulo de Lázaro.
Meus irmãos e irmãs: Confiança até à morte. Crer. Crer na Omnipotência divina, crer no Amor. — «Senhor, aumentai a minha fé!»
(De “Confiar no Amor”- Jean d’Elbée)
+ A Bênção de Deus Todo-Poderoso e infinitamente Misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo
desça sobre vós, purifique a vossa alma de todo o pecado e vos dê a Sua Paz.
– Ámen.