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Esta é a história de uma das mais significativas lutas da ciência.
Pandemias causadas por bactérias, vírus e parasitas.
Este homem será derrotado por algo que não podemos ver.
É uma história travada numa era de mudanças técnicas sem precedentes,
na qual os avanços científicos nos deram as armas
para enfrentar algumas das maiores ameaças da natureza.
Varíola. Poliomielite. Gripe.
E estamos superando as rivalidades nacionais
para possibilitar sua implementação.
Vimos cada uma das nossas piores previsões se confirmarem.
Muitos de nós sentíamos como Cassandra, que podia ver o futuro,
podia dizer o futuro. Seria ouvida, mas ninguém acreditaria.
É também a história da era da televisão
onde cada novo surto de doença
reflete a natureza mutável da notícia.
Nós tivemos 1.000, 2.000 até 4.000 casos em apenas um mês.
A batalha da ciência com as pandemias
é uma luta de poder contínua.
E desde o seu advento, a televisão está lá
cobrindo todo sucesso e fracasso.
MUSK3TEERS Albattroz Capejuna Kakko
PANDEMIA O GUIA DO HORIZON
Pelo mundo, governos estão tomando medidas
de emergência para tentar conter a expansão da gripe suína.
Uma em cada três pessoas poderiam ser infectadas no Reino Unido.
A gripe suína espalhou rapidamente desde que chegou aqui do México.
Em março de 2009, uma nova forma do vírus H1N1, chamada gripe suína,
por causa da semelhança a um vírus achado em porcos,
pôs o globo sob a mais recente ameaça de uma pandemia.
Na última semana, o número de casos mais que triplicou.
Haverá mais casos e mais mortes.
Já não pode ser contida. Está na comunidade
e se alastrando. Veio para ficar.
Como virologista, H1N1 mostra todos os sinais de uma pandemia.
É causado por um vírus que é novo para humanos
e para o qual não temos nenhuma imunidade.
Pode causar graves doenças e é transmitido
de pessoa a pessoa numa grande área de dispersão.
Hoje, estamos mais equipados do que nunca para lidar com tal epidemia
é o precioso conhecimento que tem sido difícil de obter.
A gripe suína é apenas a mais recente numa
longa linha de pandemias, de varíola à SARS.
Epidemias que podem se espalhar pelo mundo à grande velocidade.
Esta é a história dessas doenças,
vista pelas lentes de mais de 40 anos do Horizon e da BBC.
Embora bactérias tenham sido estudadas durante séculos,
foi o advento do microscópio eletrônico em 1931
que nos permitiu ver um vírus pela primeira vez.
Se eu perfuro meu dedo assim...
Era o começo da relação entre descoberta e a comunicação.
A televisão tornou visível o que a ciência podia ver.
...uma gota de sangue que se forma gradualmente no meu dedo.
Ele iria determinar todo grande avanço científico,
e foi durante este período que aprenderíamos mais sobre doenças
que em toda nossa história.
E foi da mesma forma.
Em meados do século XX, micróbios mortais
eram uma das maiores ameaças à saúde humana.
O saneamento precário durante a II Guerra Mundial
determinou o domínio da doença infecciosa.
O desejo de dominar a doença despertou a criatividade científica.
Os recursos foram empregados no recém-criado Sistema de Saúde
e no desenvolvimento de antibióticos e vacinas.
Havia uma nova guerra a ser ganha: a erradicação das doenças.
Ao invés de tanques e aviões,
eles lutam com microscópio e tubo de ensaio.
Em suas mãos, vitória e vida.
Não morte para invasor nazista, mas morte para o micróbio insidioso.
Na década seguinte à guerra,
a televisão despertou interesse nessa luta pela saúde pública.
O mundo é nosso, ou assim gostamos de pensar.
E por que não?
Nós não trabalhamos para torná-lo nosso?
Não estamos seguros do nosso domínio?
Gostamos de pensar que sim, mas esse frasco nos contradiz,
pois seu conteúdo poderia destruir milhares de nós.
Não, não é um novo tipo de bomba.
É a menor criatura do mundo, um vírus.
O inimigo invisível.
Será o homem derrotado por algo que ele sequer pode ver?
Nós estamos ganhando, ou perdendo?
"O mundo é nosso", disse o tom dramático que
caracterizaria muitos dos programas que se seguiriam
e não sem razão.
Essa era a geração que ainda sofria os efeitos da pólio.
Esse enterovírus atacava o sistema nervoso
causando deficiência, comumente levando à morte.
500 casos, 1.000 casos, 1.500 casos,
2.000 casos.
2.300 casos confirmados de poliomielite.
No seu auge, 8.000 pessoas eram infectadas por ano no Reino Unido.
Meu avô foi incapacitado pela pólio, e cresci chocado
de como os efeitos de um vírus microscópico
poderiam ser tão devastadores.
Mas, em meados da década de 50, o otimismo científico proliferava.
Esta vacina finalmente eliminaria a doença do nosso mundo?
A nova vacina da pólio mostrava que a ciência
era capaz de suplantar exitosamente a doença.
Um grande passo à frente foi dado
e estamos confiantes que finalmente
a poliomielite será controlada por vacinação.
A televisão celebrava esse primeiro triunfo.
Apesar do progresso, a ciência sabia que o vírus permanecia rudimentar.
Horizon abordou em detalhes
os desafios apresentados pelos organismos.
Os vírus só podem crescer numa célula viva.
Eles não podem produzir suas células básicas sozinhos.
Eles parasitam as unidades básicas,
ácidos nucleicos etc, da célula.
O vírus tem que entrar na célula antes de se desenvolver.
Em certo aspecto, ele é protegido pela célula e se replica na célula.
É apenas quando ele destrói a célula e ela estoura,
que as várias partículas de vírus saem para infectar mais células.
É assim que o processo de replicação do vírus se dá.
E a única forma que se pode atacá-lo
é destruir o processo de desenvolvimento do vírus.
E para fazer isso sem destruir a célula...
É muito fácil dar ao homem veneno que mataria o vírus.
Mas ele também pode matar o homem.
Em razão de as tentativas para matar o vírus serem danosas,
a ênfase era descobrir vacinas seguras.
Acho que todo país ou área deveria ter ao menos um laboratório
que seja capaz de, em curto espaço de tempo,
proceder a investigação de uma doença infecciosa perigosa
que surgir pois, de tempos em tempos, elas irão emergir
e quando assim ocorrer, irá querer examinar o problema
e descobrir rapidamente o que pode ser feito.
Em laboratórios que visitamos na Grã-Bretanha,
também vimos trabalhos dramáticos sobre a gripe, como também raiva,
hepatite, bem como sobre as centenas manifestações do resfriado comum.
E as novas e incrementadas vacinas que vimos
são apenas os primeiros resultados disso.
Apesar das incertezas, há um forte sentimento de otimismo,
de empolgação pelo avanço.
Acho que nunca parou. Acho que começamos pelos fáceis.
Depois disso, tivemos problemas, pois nossas técnicas
não foram suficientes para revelar os vírus que sabemos existiam.
Mas tivemos que descobrir novas técnicas para identificá-los,
para mostrar que eles existiam.
É quase certo que as novas técnicas fornecerão
novas possibilidades de vacinas.
Sou muito otimista. Confiante.
Mas, com a experiência, veio a cautela.
Os efeitos a longo prazo das vacinas ainda eram desconhecidos.
Suprimentos contaminados infectaram aqueles que deveriam proteger.
O importante é ter certeza que o risco da vacina
não seja maior que o risco de contrair a doença.
Isto é o que é importante, que o risco valha a pena.
Ao mesmo tempo, a necessidade por vacinação em *** crescia.
A população global estava se multiplicando.
Cidades superpopulosas viraram criadouros de doenças,
e a viagem, o perfeito transmissor.
É só questão de tempo até algum vírus de uma doença exótica
chegar à Grã-Bretanha por voos intercontinentais.
Havíamos entrado num novo mundo,
conforme viajávamos mais, assim também faziam as doenças.
E não eram apenas os vírus que estavam causando danos.
Na década de 70, o mundo estava sob ataque de uma pandemia de cólera,
uma doença bacteriana intestinal típica do subcontinente indiano.
Ela foi transmitida por comida e água contaminadas.
E se espalhou pelas rotas de comércio para a África e Europa.
Em meados de 1973, a cólera havia chegado à Itália.
O inimigo Reino Unido estava transmitindo as notícias.
A doença é uma das mais contagiosas da história.
Mesmo a vacinação não garante 100% de proteção.
Você acha que todos os casos de cólera são notificados?
Não, de forma alguma. É uma doença mascarada.
A maior parte da cólera é relativamente moderada.
Ela passa como um ataque de diarreia.
É apenas quando há muitos casos graves que ela passa
a ser percebida, da forma como agora se encontra.
Quando a ponta do iceberg fica fora da água,
achamos que há uma epidemia.
A cólera era vista como uma doença da pobreza e subdesenvolvimento
mas, ao longo de 9 anos, ela foi notificada em 93 países.
Até hoje, ela ainda está para ser erradicada
e um novo tipo da bactéria está experimentando,
o que se teme ser, sua mais recente pandemia em 11 países.
O contato próximo do Ocidente com doenças tropicais
levantou questões sobre a responsabilidade das
nações ricas para com os países em desenvolvimento.
Horizon entrou cedo no debate dessa questão ética.
Ignoramos a saúde do Terceiro Mundo por nosso próprio risco.
Ela voltará para nos perseguir.
O vírus que infectou uma criança numa vila distante ontem
pode chegar à sua família hoje
e ser a semente de uma pandemia global amanhã.
A disposição e recursos para tratar as doenças
viraram parte de uma questão política global.
Há uma pandemia que sintetiza isso muito bem.
Ao longo da história,
a malária matou mais pessoas que qualquer outra doença.
É causada pelo plasmódio parasita e é transmitida por
picadas de fêmeas infectadas do mosquito anopheles.
Seu tamanho microscópico oculta seu impacto devastador na saúde humana.
Eu quero me deitar.
Horizon reiteradamente mostrou os esforços para se combater a doença.
E, em 1982, observou seu impacto no Sri Lanka.
Tragam uma maca.
Sem tratamento, este homem irá ter convulsões e
depois febre alta a cada dois dias, durante várias semanas.
Mais tarde, ele terá provavelmente recidivas.
Suba na maca.
Malária também pode causar doença cerebral, anemia e falência renal,
e ainda mata um milhão de pessoas por ano.
As primeiras tentativas de combate a doença
foram iniciadas por um tipo diferente de conflito.
O exército dos EUA estava perdendo mais soldados para a malária
do que para as balas nas zonas tropicais de guerra.
Então, na II Guerra Mundial, eles começaram
a desenvolver um poderoso inseticida
e surgiram com uma inovação. O DDT,
uma substância que destruía o sistema nervoso dos mosquitos.
Em 1955, a Organização Mundial de Saúde,
o novo vigilante global das doenças, usou o DDT
para lançar a primeira campanha de erradicação de doença do mundo.
Seu objetivo era eliminar a malária até a década de 90.
Parecia estar funcionando.
A malária foi erradicada da América do Norte
e controlada no sul da Europa, Ásia e América Latina.
No Sri Lanka, os casos caíram de quase 3 milhões para apenas 17.
A vitória parecia estar próxima.
Nossos filhos serão a primeira geração livre da febre escravizante.
Mas a ciência estava enfrentando um inimigo formidável.
A evolução.
Os mosquitos se reproduzem rapidamente.
Com cada geração, surge a possibilidade de mutação genética.
Com o passar do tempo, os mosquitos
desenvolveram resistência ao inseticida.
Em 1969, a OMS desistiu do combate.
O plano de erradicação mundial havia fracassado.
Quando os borrifamentos pararam, os mosquitos voltaram com força total.
Pensava-se que a malária havia sido erradicada
do Sri Lanka, em 1962 ela tinha voltado.
17 anos depois, cientistas ao redor do mundo
começaram a trabalhar num sonho, uma vacina.
O avanço no Sri Lanka era tão grande
que Horizon também mostrou um procedimento experimental.
Estas pobres criaturas são menos
afortunadas que seus benfeitores humanos,
pois este grupo de animais é altamente afligido por malária.
Estes macacos têm um parasita completamente distinto
especificamente projetado para invadir suas próprias células.
No caminho em busca da vacina, os macacos estão próximos ao homem,
mas são seguros para pesquisadores humanos
testarem formas de fazer a vacina funcionar.
Para isso eles precisam da ajuda desta mulher e de sua vaca
para atrair e prender a outra metade do sistema de malária dos macacos.
A função da vaca é ser uma isca cativa,
para atrair o mosquito chamado Anopheles elegans.
Para que, à noite, quando estiverem picando,
a equipe entomológica possa se aproximar e capturá-los.
Tudo que os mosquitos querem é uma refeição de sangue
e mesmo assim, se eles portarem a malária,
não poderão infectar a vaca, assim todos estão seguros.
Quando as vacinas são desenvolvidas,
elas tem que ser testadas contra malárias de animais como esta,
na Universidade de Colúmbia.
Seria este também o princípio do fim da malária humana?
Como a erradicação, as tentativas de uma vacina humana fracassaram.
A única esperança para controlar a doença era com drogas anti-malária.
Na China, já havia uma inovação.
Uma droga, a artemisinina, derivada de uma antiga planta
era promessa como tratamento.
Mas isso detonou uma rivalidade científica entre Ocidente e Oriente.
Em 2005, a Horizon examinou a verdade do que aconteceu.
Os estrangeiros pareciam estar bisbilhotando.
Eles eram tão arrogantes e insolentes.
Estavam surpresos porque os chineses conseguiram este incrível progresso
enquanto eles investiram tanto tempo e esforço nisso e falharam.
A China Comunista estava relutante em compartilhar
sua descoberta com seus inimigos da Guerra Fria.
Particularmente, porque membros do comitê responsável da OMS pela
criação da droga anti-malária eram membros do exército dos EUA.
A China recusou liberar a planta ou a droga para o resto do mundo.
15 anos após sua descoberta, a droga ainda não
estava disponível para milhões que precisavam dela.
Foi frustrante nos anos 80 pois havia a promessa conjunta de que
muitos queriam continuar o trabalho, mas não era possível.
Ela não estava sendo enviada da China.
Ficou claro que precisávamos de outra fonte para o composto.
O novo objetivo era desenvolver substitutos sintéticos.
Após anos de tentativas, a família de drogas da artemisinina
tornou-se a principal defesa mundial contra a malária.
As divisões políticas desperdiçaram tempo, mas
a arma fundamental ainda era a prevenção.
E havia um otimismo crescente acerca da criação de uma vacina.
O Horizon também acompanhou um *** experimental em Moçambique
que estava mostrando resultados promissores.
Uma vacina que dê proteção total contra a malária ainda não é viável,
mas não é mais vista como impossível.
Mais de uma dúzia de equipes pelo mundo
estão agora atrás deste grande prêmio.
Isso significa que temos uma vacina hoje? Não.
Mas que estamos absolutamente certos de que isso é possível.
Só precisamos calcular quanto tempo vai levar.
Enquanto isso, a artemisinina,
a droga chinesa nascida da política da Guerra Fria,
detém a promessa de uma cura barata e efetiva.
Pela primeira vez numa geração, a ciência criou uma arma eficaz
para uma vez mais declarar guerra contra a malária.
É uma guerra que muitos cientistas hoje acreditam que possamos vencer.
Sim, podemos erradicar a malária. Não vai ser fácil,
mas pode ser feito e agora temos os meios para fazer isso.
E devemos usá-los.
A ciência parecia estar vencendo a guerra contra a natureza.
Mas em maio de 2009, a TV deu notícias da mais recente derrota.
Cientistas disseram que descobriram a primeira evidência
de que os parasitas da malária se tornaram imunes
às drogas mais eficazes do mundo para tratar a doença.
Por ano, mais de 1 milhão de pessoas morrem de malária.
Os cientistas dizem que a resistência,
descoberta no Camboja Ocidental, tem de ser urgentemente contida
pois sua difusão pode levar a uma catástrofe da saúde mundial.
A despeito de seu impacto na história humana,
a malária só recebeu uma discreta atenção.
Sem tratamento eficaz,
a taxa de mortalidade poderia dobrar nos próximos 20 anos.
Presumimos que pandemias têm um começo e um fim.
Mas poucas se ajustam ao modelo.
Nos anos 80, uma nova ameaça surgiu,
numa escala que levaria anos para se entender.
Ela atingiu inicialmente homossexuais nos EUA
que desenvolveram doenças incomuns que não respondiam ao tratamento.
A GRID, ou Deficiência Imunológica Relacionada a Gays,
como era conhecida, representava uma potente mistura de
sexo, morte e sexualidade.
O Horizon foi o primeiro programa da TV britânica
a revelar a história do que ficaria conhecida como AIDS.
Em 1983, Horizon deu uma de detetive,
seguindo os primeiros passos da ciência
na compreensão dessa nova doença.
A trilha começou num importante centro de doenças americano
onde uma série de sintomas similares causou um alarme.
Foi uma rara pneumonia que alertou primeiramente
o Centro para Controle de Doenças em Atlanta, Geórgia,
de que algo muito estranho estava acontecendo.
Normalmente são pessoas como os transplantados,
cujo sistema imunológico é artificialmente reduzido,
que às vezes contraem pneumonia.
Sandy Ford controla os estoques da melhor droga para isso.
Preciso do nome dos pacientes, idade, sexo,
peso e a razão implícita para a imunossupressão.
Em 1981, houve um crescimento no número de pedidos.
Não há uma razão implícita para a imunossupressão?
A droga é restrita e ela deve ter um diagnóstico claro.
Ele não está na quimioterapia por alguma malignidade?
Só verificando. A quimioterapia também atinge o sistema imunológico.
Quando aconteceu pela primeira vez, ela pensou que era
falha no preenchimento, mas daí aconteceu de novo e de novo.
Em questão de meses, os formulários insatisfatórios acumularam.
Os pedidos vinham na maioria de Nova Iorque e Los Angeles.
- E a contagem de GB? - Glóbulos brancos.
- 2 mil. - Muito baixa!
Havia outros sinais exteriores de que as coisas estavam muito erradas.
Bobbi Campbell, um enfermeiro em São Francisco,
é uma das primeiras vítimas da AIDS ainda vivo.
Passeando num feriado, ele viu o que parecia uma bolha de sangue no pé.
Ela não desapareceu, daí ele a mostrou para um dermatologista
que fez uma biópsia e diagnosticou sarcoma de Kaposi.
Fiquei arrasado. Eu tinha 29 anos e estava com câncer.
Eu tinha um câncer que matou muitos
homossexuais neste país e em alguns outros.
Senti como se minha morte fosse iminente, mesmo me sentindo bem.
Desde o ano em que fui diagnosticado, três pessoas que
conheci pessoalmente morreram e cada vez é um facada no coração.
Pneumonias em LA, câncer em São Francisco,
ambos em Nova Iorque, e todos, parecia, eram homossexuais.
A homossexualidade existe desde os tempos antigos.
Mas a AIDS é nova. Então, por que aqui?
Por que agora? E por que eles?
A AIDS é contagiosa? Pode-se fazer algo para detê-la?
A AIDS pode ser curada?
Enquanto acumulávamos mais e mais pacientes,
eles se reconheciam entre si no consultório.
Tornou-se evidente que muitos dos pacientes
tiveram contato com uma ou duas, ou talvez mais,
pessoas que tinham a síndrome,
o que começou a nos sugerir que talvez
houvesse um agente sexualmente transmissível...
um único agente sexualmente transmissível...
que estava sendo circulando pela comunidade.
A ciência ansiava pelas possíveis causas da infecção.
Nossa hipótese mais instigante, e a com que mais trabalhamos,
é que, com a múltipla exposição ao esperma, que
os homossexuais têm de diversas origens,
tanto pela via retal como pela oral,
e possivelmente por fissuras na mucosa ou absorvido pela mucosa,
que o esperma consegue penetrar no sistema imunológico ou no sangue.
A mensagem mais óbvia à saúde pública é a de evitar contato ***
com alguém sofrendo ou com suspeita de ter AIDS.
Mas como a doença pode ser ocultada,
e o sexo casual e anônimo ainda é perfeitamente
possível em muitas cidades americanas,
175 médicos homossexuais endossaram este aviso.
"Reduza o número de parceiros sexuais diferentes,
"em particular, com homens que têm vários parceiros sexuais."
E tudo isto também se aplica aos britânicos.
Há um grande número de viagens entre as comunidades gay no mundo.
Um ano atrás, poucos casos britânicos foram registrados.
Agora, eles totalizam 40, com 22 mortos.
O que significa centenas mais com o complexo.
A epidemia da AIDS pôs o pé aqui.
Enquanto Horizon se detinha ao aspecto científico,
outras coberturas mostravam os aspectos sociais.
Não gosto nem um pouco das práticas homossexuais.
Acho um ato miserável, anormal, não sadio de transmitir doença.
O vírus da AIDS nos deu mais um motivo para querer minimizar
o volume de homossexualidade na sociedade.
Como uma grande porção de vítimas da AIDS é homossexual,
a homossexualidade não deveria ser declarada ilegal?
A única prevenção é a castração de todos os homossexuais
para evitar a difusão desta doença.
O ato homossexual é anormal.
É pervertido e extremamente asqueroso.
CERCO À PRAGA GAY
Contra este cenário de homofobia,
a comunidade científica continuou a buscar respostas.
AIDS É A FÚRIA DE DEUS
Gostaria de pedir ao Dr. Gallow para vir aqui.
E, em maio de 1984,
a Secretária de Saúde dos EUA fez um importante anúncio.
Há, é claro, novidades importantes.
A provável causa da AIDS foi encontrada.
Com a descoberta, veio a esperança de que a cura estivesse próxima.
... o processo nos permitirá desenvolver
uma vacina para prevenir a AIDS no futuro.
Esperamos ter tal vacina pronta para testar em cerca de 2 anos.
Cerca de 2 anos.
Em 1986, ainda não havia vacina,
e em "AIDS Um vírus estranho e mortal",
o Horizon explicou por quê.
O vírus da AIDS é uma das formas mais simples de vida no planeta.
Ele pertence a uma família rara chamada retrovírus,
só recentemente descoberta por infectar humanos.
Dentro de sua pontiaguda casca externa, está um núcleo
de proteína que protege o coração genético do vírus.
Estes genes estranhos podem copiar as células que infectam.
Os genes virais são permanentemente inseridos no DNA celular normal
da célula infectada da pessoa em especial que foi infectada.
A infecção da célula é para sempre, pois os genes virais são
agora parte dos genes celulares, perfeitamente integrados.
Esta integração ocorre quando a curta cadeia de genes do vírus
encontra o DNA da célula infectada.
A célula humana está dominada.
Num momento posterior, os genes inseridos farão cópias do vírus.
Como não bastasse a célula estar infectada
pelo resto da vida, quando ela se divide,
as células filhas não terão apenas os
genes da célula, mas também os genes virais,
Então a infecção da pessoa é para sempre.
O crescente alastramento da transmissão da doença
levantou questões sobre se isso era uma doença da homossexualidade.
É na África que a pandemia de AIDS é mais grave.
É difícil crer que a homossexualidade ou abuso de drogas
podem ser culpados por milhões infectados com o vírus da AIDS lá.
Fiquei mais convencido do que estava antes,
que a AIDS na África é transmitida principalmente por contato ***.
E principalmente pelo contato heterossexual.
Pode haver outros fatores, tais como a reutilização
de agulhas hipodérmicas que não foram devidamente esterilizadas
e dizem que talvez as picadas de insetos,
como mosquitos, podem espalhar o vírus.
Mas a única coisa que permanece muito clara é que a AIDS está
se espalhando nas pessoas mais sexualmente ativas na comunidade
e particularmente entre os promíscuos.
Mosquitos e agulhas não selecionam muito entre essas pessoas,
assim, acho que se conclui que, se quiser evitar a AIDS,
evite ter muitos parceiros sexuais.
A despeito de uma droga promissora chamada AZT
e experiências em animais para achar uma vacina,
o vírus estava contra-atacando.
Tal como a gripe, parece que o vírus da AIDS
pode mutar-se para evitar as defesas do corpo.
As espículas de proteínas é o que conta na resposta imunológica.
Pontos-chave na superfície destas proteínas
são reconhecidos pelos anticorpos.
Ao mutar em exatamente tais lugares,
uma mudança extremamente pequena no vírus pode vencer os
anticorpos produzidos naturalmente ou por vacina.
Os anticorpos feitos para a antiga configuração não servem mais,
e o vírus pode ficar um passo à frente do sistema imunológico.
E há uma segunda razão para duvidar que uma vacina funcionará.
O vírus da AIDS pode escapar da detecção pelo sistema imunológico
se entrar no corpo dentro da célula de outra pessoa.
Esta célula estranha é então engolida
por um macrófago coletor com aparência de caracol,
e, então, o vírus da AIDS passa diretamente de célula a célula,
evitando todos os anticorpos no sangue.
Parecia que o vírus podia superar até mesmo a ciência mais avançada.
Estamos na presença de uma epidemia para a qual não
temos vacina e nenhum tratamento. Só posso dizer isso.
Mais de 20 anos se passaram.
A caçada por uma vacina eficaz fracassou.
VACINA FALHA INEFICAZ - DECEPÇÃO
Agora sabemos que a AIDS é muito mais
do que uma doença sexualmente transmitida.
Apesar de os antivirais poderem reduzir seu avanço,
eles não podem detê-la.
Aprendemos que o *** explora sua habilidade
de mutar, mais que qualquer outro vírus.
Sem tratamento, o *** pode criar 10 bilhões
de novas partículas de vírus em uma pessoa num dia.
Devido à sua alta taxa de mutação, há muitas variantes do vírus
mais do qualquer uma única vacina poderia combater.
Desde o primeiro contato do Horizon com a AIDS,
ela matou mais de 25 milhões de pessoas pelo mundo,
tornando-a uma das pandemias mais destrutivas da história.
Poucas pandemias se apresentaram tão desafiadoras.
Graças a uma combinação de cooperação global e ciência secular
fomos capazes de conter uma das doenças mais temidas da história.
A sua origem está nesse recipiente.
O assassino mais violento do mundo.
O vírus da varíola.
Diferente do ***, o vírus que causa a varíola dificilmente muta.
No século XVIII, os cientistas foram capazes
de produzir a primeira vacina do mundo.
Quase 200 depois, a OMS teve um plano ousado:
vacinar todas as pessoas em risco. Ou um bilhão delas.
Em 1997, Horizon celebrou esse extraordinário feito,
indo encontrar os cientistas por trás dele.
Assustei-me com a tarefa adiante, sabendo que tínhamos que lidar
com tantas línguas, que tínhamos que lidar com tantos países diferentes.
Lidávamos com países que tinha fome, guerra, de todo jeito,
ou com um governo civil organizado, tínhamos de ir.
Houve cientistas que disseram que era impossível de ser feito.
De fato, na época, até o diretor-geral da OMS disse:
"Isso não pode ser feito."
Num esforço fenomenal,
uma equipe selecionada de médicos trabalhou
incansavelmente para vacinar ou tratar cada caso de varíola.
Tendo banido a varíola na Etiópia, Índia, Bangladeche e demais países,
os pesquisadores estavam na trilha da última reminiscência na Somália.
Eles rastrearam o vírus até esta vila.
E depois até esta mulher que infectou seus dois bebês.
Um morreu, mas esta criança sobreviveu.
Eles rastrearam todos os seus contatos,
e foi aí quanto eles o encontraram.
Ali Malin, a última pessoa no planeta com varíola.
Ele sobreviveu.
Chegamos ao ponto onde havíamos achado o último caso,
e 8 semanas se passaram, não havia mais casos.
Ninguém conseguia achar nada, de repente, percebemos
que ela havia acabado.
Foi considerado um milagre da saúde pública.
Em 1979, a varíola foi a primeira doença
infecciosa a ser erradicada do mundo.
De repente, milhões de vidas foram salvas.
O vírus era tão perigoso, que seu estoque seria mantido apenas
em dois laboratórios aprovados pela OMS nos EUA e na Rússia,
após o que seria finalmente destruído.
Durante a década de 80, ficou claro para todos que havia
uma crescente pressão por parte de todos os países...
para encerrar este programa e
concluir com a destruição do vírus.
Os cientistas americanos e russos, que na época
detinham o vírus, elaboraram uma série de passos a serem dados...
para assegurar que tínhamos analisado o vírus cuidadosamente
e um mapa completo do DNA do vírus começou a ser construído.
Ficou estabelecido que isso devia ser feito
até o final de dezembro de 1993.
1993 chegou e o trabalho não estava concluído.
A decisão de destruir o estoque foi adiada
pois algo extraordinário aconteceu.
Quando cientistas compararam os genes
do vírus da varíola àqueles dos bancos de genes,
eles descobriram genes em comum com os nossos.
Ficou claro que no interior desses genes havia instruções que
pareciam ter sido capturadas da resposta imunológica do hospedeiro.
Em outros termos, esses vírus estavam imitando o hospedeiro.
Eles tinham roubado componentes da resposta imunológica e inflamatória,
e isso foi uma descoberta surpreendente, um novo nível
de complexidade, algo para o qual nenhum de nós estava preparado.
Quando as células são invadidas por um vírus, elas enviam
sinais de aviso que chegam aos receptores das células saudáveis
ao seu redor e passam instruções para protegê-las do ataque.
Espantosamente, o vírus da varíola rouba nossa informação
genética e produz seus próprios receptores iscas.
Assim as mensagens dirigidas às células saudáveis são interceptadas
pelos receptores falsos do vírus e o aviso nunca consegue passar adiante.
Houve a constatação de que essas criaturas tinham truques
que nunca havíamos visto e isso foi algo emocionante.
Com essa crescente lista de descobertas,
cresceu na comunidade científica a ideia de que o vírus
nos compreendia melhor do que compreendíamos a nós mesmos.
Agora os cientistas começam a achar
que o vírus da varíola talvez seja muito precioso para ser destruído.
Se pudermos estudar o vírus para aprender como
ele obtém o controle do nosso sistema imunológico,
talvez possamos descobrir pistas
para outros vírus e talvez a nossa cura.
Acho que estamos vendo uma nova maneira de tratar as doenças.
Acho que esses vírus nos mostraram
os princípios dos receptores iscas, os princípios de...
lidar de forma sutil mas inteligente com a resposta do hospedeiro.
Acho que eles estão abrindo caminho para nos mostrar
novas formas de se fazer drogas e tratar doenças.
No laboratório de alta segurança na Sibéria
essa ideia despertou empolgação.
Podemos sintetizar proteínas individuais e usá-las
em produtos farmacêuticos futuros.
O vírus da varíola é um ótimo exemplo disso.
Ele pode ser usado para tratar doenças graves
que hoje são virtualmente não tratáveis.
Como choque séptico, malária cerebral, artrite reumatoide,
doenças graves relacionadas à AIDS, etc.
E é nisso que estamos trabalhando agora.
Há muito mais genes que ainda temos para estudar no vírus da varíola.
Cada um deles pode levar a novas drogas.
Mas tem algo mais.
Estes genes podem nos dizer como os outros vírus mortais nos atacam.
Pois a varíola usa todo truque possível.
Em 24 de maio de 1996,
a OMS se reuniu para finalmente decidir
o destino do vírus da varíola.
Se a OMS decidir dar esse passo funesto
e destruir um objeto tão único para pesquisa como o vírus da varíola,
isso irá confirmar que o mundo não é governado
pela razão, mas pela burocracia e política.
Senhoras e senhores. Algum comentário sobre isto?
Nenhum. Então a resolução foi aprovada.
Em 30 de junho de 1999,
os estoques de varíola serão destruídos.
E a pesquisa em um vírus vivo irá acabar para sempre.
Os estoques não foram destruídos.
E o que nos dizem sobre o vírus assassino é que
ainda está sendo usado na caçada da vacina para AIDS.
Mas a varíola foi poupada por outro motivo.
Depois do 11 setembro, o mundo mudou,
e o vírus poderia ser usado como arma letal por bioterroristas.
Os cientistas precisavam entender o vírus
para proteger nossa segurança global.
Mas, para mim, o limite entre o medo e
a verdadeira ameaça de doença era obscuro.
Tínhamos entrado numa nova era digital na qual rumores na internet
e canais de notícias espalhavam o medo da próxima pandemia.
No ano de 2002, o mundo estava preparado para um ataque global.
Eles estão lutando para conter a epidemia.
Nós tivemos 1.000, 2.000 até 4.000 casos em apenas um mês.
E uma nova ameaça surgiu.
Não do bioterrorismo,
mas da natureza.
A SARS é a história da praga moderna.
Um vírus que parece ter vindo do nada e espalhou pânico pelo mundo.
Começou quando uma pneumonia ameaçadora,
Síndrome Respiratória Aguda Grave, começou a se espalhar pela China.
Foi anunciada como uma ameaça maior que a AIDS,
dando início a uma rápida caçada para localizar a causa.
Hoje, a ciência tem uma nova arma no seu arsenal:
decodificação genética rápida.
Horizon acompanhou os passos que a ciência deu
para conter essa ameaça emergente.
No dia 15 de março, a OMS anunciou um alerta global.
Isso era algo que a OMS nunca havia feito.
O alerta era de que um misterioso vírus era agora declarado
uma ameaça oficial a todos no planeta.
Tivemos que reagir a uma necessidade urgente da saúde pública
Estávamos todos muito preocupados
e sabíamos que era uma corrida contra o tempo,
assim precisávamos achar rapidamente
o patógeno, o agente causador desta doença.
Todos os laboratórios concordaram
em esquecer suas rivalidades e colaborar.
Pela primeira vez na história,
todo o poderio científico do mundo estava unido
e concentrado em identificar uma só doença.
Mas enquanto o trabalho de investigação avançava,
a doença continuava a se espalhar.
Em 20 de março, 306 pessoas ao redor do mundo estavam infectadas.
E uma estatística perturbadora emergia.
A SARS matava cerca de 4% de suas vítimas. Uma em cada 25.
Mas então surgiram notícias mais encorajadoras.
Houve um progresso na caçada da causa da SARS.
Uma equipe em Hong Kong isolou o vírus de um paciente com SARS.
Usando uma técnica chamada reação aleatória em cadeia polimerase,
cientistas tentaram identificar este vírus.
Eles pegaram minúsculos filamentos de DNA
de centenas de vírus diferentes conhecidos
e começaram a testá-los, um após o outro,
para ver se algum deles coincidia com o vírus misterioso.
Eles deram sorte.
O vírus normalmente benigno que eles identificaram
era mais conhecido como resfriado comum.
Mas também é transmitido por animais,
que na China vivem lado a lado com as pessoas.
Se o vírus mutar, ele pode fazer a transferência mortal para humanos.
Estes vírus que passam de animais para pessoas
podem ser completamente letais.
Nosso sistema imunológico não está preparado para a ameaça do novo.
É assim que a maioria das doenças letais surgem
e pode ter sido assim que a SARS foi propagada pelo mundo.
Em 12 de abril, apenas 20 dias após a descoberta do vírus corona SARS,
uma equipe no Canadá
anunciou que havia decifrado todo o código genético do vírus.
Nunca, na história da ciência,
uma nova doença foi sequenciada tão rápido.
Fomos capazes, em quatro semanas,
de detectar o agente, isolá-lo, sequenciá-lo.
Nunca vi algo assim antes.
É surpreendente quão rápido nós somos.
Isso poderia ser um grande passo rumo à criação de uma cura.
A genética deu algumas notícias esperançosas.
O vírus mal está mutando.
Ele é virtualmente o mesmo de Hong Kong ao Canadá.
Isso que dizer que dever ser fácil criar drogas específicas para ele,
diferente do vírus que causa a AIDS, não é um alvo que evolui rápido.
Pelo que sabemos até agora,
parece que esse vírus seria bastante estável,
que o desenvolvimento de uma vacina seria uma opção viável.
Enquanto isso, sabendo como o vírus se espalhava,
cientistas apresentaram uma estratégia para contê-lo.
Uma simples.
Quarentena em *** e controle da infecção viraram
as formas mais eficazes de derrotar a doença.
Ao redor do mundo,
países coordenaram sua reação contra a doença.
É realmente uma boa notícia de união para a história humana.
Ver o mundo, que sempre é tão fragmentado,
se unir para tentar e combater esta causa comum.
Eles conseguiram deter o vírus
e o último caso foi notificado em maio de 2004.
A SARS tolheu 800 vidas pelo mundo,
enquanto 5.000 pessoas morrem de gripe por ano apenas na Inglaterra.
*** em humanos para uma vacina estão a caminho,
se é que essa pandemia irá voltar.
O êxito da contenção da SARS nos lembrou
do poder da ciência e da cooperação global.
Seria apenas um ensaio para um medo
ainda maior que estava se aproximando.
Em 2003, enfrentamos outra ameaça mortal.
O vírus H5N1, ou a gripe aviária.
A ciência evoluiu, e nosso conhecimento dos vírus
significava que não teríamos mais que esperar uma doença
virar pandemia para imaginar seu futuro hipotético.
Esta era a ciência da predição
e não demorou muito para a televisão copiá-la.
Antecipando-se a isso, Horizon uniu o documentário ao drama
para apresentar um relato ficcional do pior cenário da ciência.
Estamos falando de um aumento maciço no número de
mortes por dia acima do que normalmente veríamos.
Isso iria acontecer em toda a parte.
Ficaremos rapidamente lotados
nos necrotérios, funerárias e cemitérios.
Nossas escolas, que são lugares de alegria e vida,
virarão necrotérios.
Famílias em que todos estão doentes, os pais sequer podem
tomar conta do filho. Acho que isso está tão distante
do nosso conceito de vida, que não podemos imaginá-lo.
A base para esse cenário aterrador foi o fato comprovado que a H5N1,
um vírus achado nos aviários chineses,
passou rapidamente para os humanos.
Esse vírus H5N1 em particular
enquadra-se na categoria que chamamos vírus altamente patogênico.
Quando o analisamos, descobrimos uma
minúscula porção extra de material genético
que está em um dos genes do vírus.
Esta pequena mudança permite que o vírus se espalhe
além do trato respiratório.
Muitas das pessoas infectadas com o H5N1
estão morrendo por falência múltipla de órgãos.
Para esta pandemia hipotética se tornar real
o vírus teria que sofrer uma outra mutação.
Uma que permitisse a transmissão de pessoa a pessoa.
Esta proteína H neste momento
não pode se agarrar facilmente às células humanas
e não pode se transmitir de um ser humano para outro.
A melhor estimativa científica é que uma ou duas mutações
será o suficiente para permitir que este vírus
se agarre facilmente às células humanas.
Quando tossirmos ou espirrarmos,
facilmente o transmitiremos para outro ser humano,
e ele irá se espalhar como um incêndio entre a população.
Quando os cientistas libertaram o seu vírus
virtual da gripe no mundo que eles criaram,
os resultados foram grandes e devastadores.
O que acontece é que conforme a taxa de infecção aumenta,
as cores mudam de amarelo para vermelho.
E você começa a ver áreas instáveis aqui
com grande quantidade de pontos vermelhos, significando
que há alta incidência de pessoas infectadas nessas áreas.
Quando chegarmos aos três meses,
a incidência da pandemia de gripe atingirá seu auge.
Ela não estará apenas nas grandes cidades.
Basicamente, o país inteiro estará enfrentando uma epidemia grave.
Em apenas 3 meses, o país inteiro foi tomado.
O mar de pontos vermelhos deixa pouco espaço para a imaginação.
Com uma taxa de mortalidade de 60% para os infectados,
o H5N1 ultrapassará muitas das marcas
da doença mais devastadora da história:
a gripe espanhola de 1918.
Até o momento, o H5N1 matou 140 pessoas numa população de 6 bilhões.
As pessoas vêm até mim e dizem: "Isso não é muito".
Mas a minha resposta é: "Voltem ao ano anterior a 1918,
"havia 140 pessoas mortas, mas um ano depois ela eclodiu
"e matou 50 milhões de pessoas."
Há um alerta nisso. Não podemos ignorar
um vírus que fez isso no passado, realmente não podemos.
Se este vírus H5N1 mutar para
algo próximo ao vírus de 1918,
então o número de novas infecções e mortes dobrará a cada 3 dias.
Acho que até você acreditar que uma grande parcela das pessoas
em sua comunidade possa morrer no próximo mês
de uma doença da qual eles não têm controle. Até que acredite nisso,
como você irá se preparar?
Ainda bem que estes piores temores nunca se materializaram.
E uma pandemia da escala imaginada aqui é algo extremamente improvável.
As pandemias desafiam nossa arraigada
crença de que temos o controle da natureza.
Apesar dos nossos avanços tecnológicos, erradicamos
com êxito apenas uma doença, a varíola, da história.
As pandemias continuarão a ser uma incerteza biológica e matemática.
Na velha batalha entre ciência e doença,
parece que a doença ainda está vencendo.
MUSK3TEERS Legendas para a Vida Toda!