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Lordose, 20 anos.
Parabéns, quem diria que vocês iam chegar a esse ponto da estrada, né?
Faz um rock 'n roll bem, bem incomparável.
Assim, é bem, único o som deles, não tem outra banda que eu possa falar assim:
"Ah, eles usaram tal referência". É bem único o som deles.
Eu tenho que vomitar meu cérebro
Eu acompanho todos CDs. Lançaram 4 CDs já,
e agora estão lançando o DVD e o 4º CD tem a música...
"Eu tenho que vomitar meu cérebro", que é uma música boa, eletrizante.
Eu tenho que vomitar meu cérebro
Esta banda queremos é curtir, apreciar, e põe um rock 'n roll ai!
Eu tenho que vomitar meu cérebro
Eu tenho que...
"Eu tenho que vomitar o meu cérebro!"
O seu nascedouro é estudantes, em sua grande maioria do curso de comunicação.
Uma coisa ruim me aconteceu,
minha irmã, dando prum Judeu.
Sidney Sheldon!
O Judeu lê, Sidney Sheldon!
Sábado à noite.
Essa banda quer gravar um disco, quer fazer sucesso,
quer ganhar dinheiro e quer ir pro Jô Soares onze e meia.
Juliete era um cara babaca, ele tinha expressão de panaca
A gente faz assim, letras criativas e irreverentes pra, sei lá pra que...
A gente tenta é fazer as pessoas se divertirem, sei lá.
Eu acho que todo mundo deveria ter um disco do Lordose em casa.
rasgado doido...
A banda são sete pessoas, e eu acho que tem dado muito certo.
...do meu coração.
Rasgado blues
no meu coração.
E a lembrança que me faz o Lordose
é de uma época onde eu era chefe de departamento
e a nossa visão era de que um departamento
apesar de ser de artes plásticas, não pudesse sobreviver de imagens só,
então tinha que ter sempre música,
encontros, movimentos, e a gente promovia isso sempre lá.
Então, meu 1º encontro com o Lordose pra Leão,
é, na realidade foi com a figura do Serjão, de Zé Renato.
A rapaziada se juntava pra tomar um vinho,
num banquinho lá no CCJE, na UFES, né?
e não só o pessoal de comunicação né,
um pessoal de vários cursos diferentes e inclusive de fora do CCJE,
e a gente curtia muito tocar né, todo mundo...
eu tinha minhas canções, Bacana tinha as dele,
Pandini tinha as dele.
E teve "Tudo", A vida vai embora e você fica pra morrer agora,
foi assim a letra, mas é vamos dizer, séria,
que teve uma grande sacação de Zé Renato
de pegar aquela letra e entender, né, a alma daquilo ali.
Ele tratou um tema que é raro na música popular brasileira,
que é o limiar entre a vida e a morte, na música "Tudo".
E eu acho assim, é uma das músicas mais criativas e que tratou,
abordou a questão de uma maneira descontraída e delicada ao mesmo tempo.
No começo dos anos 90 foi também quando a gente começou a fazer História na universidade,
e eles faziam aquelas festas espontâneas, né?
Que o grupo de História também tinha muitas pessoas que faziam essas festinhas, né?
Que depois ficaram famosas né, a Marcela Lobo, né e o próprio Marcio Vaccari.
E outros movimentos, uma parte do pessoal do Moxuara,
e também tinha essa formação dentro do jornalismo
que eram as pessoas do Lordose pra Leão.
Que faz um som bacana, um som inteligente,
um som que tem atitude, um som que, isso é rock 'n roll.
Foi um instante que eu ouvi no Cemuni 4,
que eu tive um lapso quase que mágico,
assim, quase que uma percepção da realidade,
parecia que eu tinha ingerido alguma coisa além do normal,
que eu costumo consumir,
que eu estava assim em... êxtase,
a percepção da realidade...
Foi o 1º contato que eu tive com o universo Lordose né,
que logo depois eu vi um show e a gente,
eu tinha acabado de chegar na UFES né,
a minha turma, depois que até formou uma banda que era "Inconfidentes Banguelas"
e que é, assim, eu acho que o Lordose né, cara,
ele transcendia assim,
porque ele não era só a figura dos caras da banda
e sim eles representavam, cara, toda aquela galera ali.
Sabe, eu me sentia um Lordose, mesmo sem fazer parte da banda.
Foi dali que nasceu um monte de grupos.
E o Lordose pra Leão derivou também,
posso considerar, dali dos eventos do departamento,
onde sempre eles tocavam.
A gente nunca parou pra fazer o Lordose, o Lordose vai acontecendo,
a gente não delimita isso no tempo.
A gente encontra as pessoas, junta a galera,
junta quando dá pra juntar, não tem o Lordose como prioridade.
Cada um... Marcio é professor, Adolfo é professor também,
estuda na UFES e tem seus doutorados, seus mestrados pra estudar,
enfim, Marcelo tem o trabalho dele, eu sou radialista,
Zé Renato é professor também...
Cada um tem sua vida fora do Lordose
e por conta disso a banda anda do jeito que dá pra levar, né?
Cada um tem seu ofício e porisso a banda anda do jeito que dá pra levar,
mas vai levando e a gente tá sempre com um trabalho novo,
assim, independente do tempo que isso possa levar a gente tá sempre com um trabalho novo.
O primeiro momento é um momento universitário,
um momento daquela criação acadêmica,
ali a efervescência artística, intelectual, típica das universidades,
e o Lordose tá nesse contexto.
Pô, o Lordose fez parte da minha adolescência,
por um longo período, assim né? eu fiz 10 anos de UFES
e desde antes da UFES que eu fazia cursinho, eu lembro do show do Lordose.
Eu sentada num canto relembrando fórmulas de física,
lembro durante todo o período, cara, tinha show.
Pô, Lordose de novo, mas vão bora cara, que Lordose é a galera,
a galera daqui, todo mundo da UFES vai tá sempre muito legal,
sempre era um momento que a gente saía felizaço.
Foi um impacto muito grande ver os caras aqui da minha terra né, tocando.
Os caras capixabas tocando, né?
Não precisava necessariamente ter alguém do Rio de Janeiro e São Paulo,
que era sempre em voga, né? Uma banda como referência de rock 'n roll tinha que ser do eixo ali, né?
Então pô, a gente vê uma banda dos caras daqui.
Eu ouvi também pelo programa rock por estas bandas da rádio universitária,
na minha casa quando eu era estudante aqui.
Uma boa parte do grupo trabalhava lá, né?
O Serjão era programador da rádio universitária,
o Zé Renato, ele tinha um programa nos domingos pela manhã,
e também já tinha sido programador da rádio,
o próprio Pandini tinha passado por lá também,
então esta estrutura da rádio acabou que ajudou bastante o Lordose, né?
que uma banda de rock, uma banda que dificilmente teria uma saída né,
uma divulgação aqui no Espírito Santo,
com as pessoas trabalhando dentro da rádio facilitava bastante
e a rádio divulgava o material deles, né?
e as pessoas começaram a ficar conhecendo a banda a partir da rádio universitária.
Que a gente criou ali, é... de músicas próprias,
eu acho que fez uma sonoridade legal, que casou,
e eu acho que isso fez a diferença e isso foi reconhecido pelas pessoas,
e no momento em que as pessoas viram isso,
elas disseram, muitas delas disseram assim:
"Pô, eu também posso fazer isso."
Eu acho que a banda tem uma identidade formada.
Se você ouvir o 1º disco e ouvir esse de quase 20 anos depois,
a sonoridade é a mesma, os compositores são basicamente os mesmo,
e a gente bebe na mesma fonte de composições,
eu acho que não mudou muita coisa não, Lordose é a mesma coisa sempre.
Eu fiquei impressionado, os caras conseguirem tocar rock 'n roll,
scar, hard core, punk rock, aquilo me impactou de um modo que eu falei:
"Pô, um dia eu vou conseguir montar uma banda e ter a liberdade de poder flertar com qualquer estilo."
E isso foi muito significativo pra mim, eu acho que me influenciou muito, né?
Com as brincadeiras com as palavras.
Havia uma forma de trabalhar que me agradava né e aí é coisa de ser brasileiro, né?
Não tem que ser música internacional... nem música...
é uma mistura de tudo e sempre alegre, né?
eu acho que é interessante, descontraído pelo menos.
Eu sempre achei o Lordose, uma banda de muita qualidade,
sempre, uma banda expressiva, uma banda, é, bem humorada,
com ótimos músicos, né?
Eu tenho uma lembrança até hoje das, das letras que eles faziam, né?
Porque não foi só a "Juliete", né? Que foi a canção que fez sucesso,
tinham várias outras músicas deles, é bacana, gostosas de ouvir.
E a originalidade, eu acho que estava aí, né?
Na inocência das letras, na ironia, no deboche,
na ousadia e na coragem de fazer as suas próprias músicas, né,
de, ser o centro e não orbitar em torno de algo já pronto.
Eu acho que foi a grande sacada do Lordose pra Leão,
e o que encantou as pessoas.
Antes de eles se tornarem mais pesados mesmo, eles tinham uma coisa toda funkiada,
o Guita? Era até o André, André Moreira, acho que é Moreira o sobrenome dele,
aí deixava as canções bem funkiadas,
bem levadas, assim dançantes,
e isso era, isso era muito bom, cara!
Foi uma banda meio assim, sem comparação.
Mas, pô, na época poderia ter estourado nacionalmente.
A gente tem o Lordose como uma diversão mesmo,
uma coisa que a gente tem aí,
porque a gente depende disso, para, para se divertir mesmo,
é, pra profissional eu acho que a gente inclusive é muito...
perde muito com ele,
o Lordose sempre teve problema de gestão,
não sabe gerir a banda enquanto produto, não sabe administrar a banda.
Educação nenhuma se faz sem a coisa da, do entretenimento, da brincadeira,
do jogo, da diversão, do espetáculo.
Zé Ramalho gostava da banda,
eu lembro das conversas que, eles tinham por telefone.
O Zé Ramalho, incentivou porque ele gostava.
O Zé Ramalho tinha sido roqueiro, no passado.
Todo ano, artistas assim, desconhecidos, anônimos,
que hoje em dia tem selo para tudo que é lado,
eles me mandam pedidos de autorização pra gravar minhas músicas,
e eu não recuso nenhum.
Pra mim, Pandini, né? Sabia, sabe lidar com essa coisa legal do texto,
com a música mesmo que desconexo,
mas ele lida de uma forma criativa.
É, minha participação no Lordose, é, foi com várias letras, né?
Na primeira fase do Lordose, nessa fase mais irônica,
humorística, debochada e tal, é,
"Filme de ação", "Glaucoma".
É um conjunto que não tem forma, né?
O Lordose pra Leão, é uma coisa que não sabe os limites.
Até porque é um produto que ninguém sabe o que é,
ninguém sabe o que que vai comprar,
o que vai aparecer quando for num show, isso sim é inusitado.
Se tivesse um emblema
para aquele caldeirão, ali, de idéias que estava rolando naquele momento,
eu acho que o Lordose seria, foi, né? O mais marcante para mim.
Eu quero ressaltar aqui também a coisa, a idéia do Pandini, né?
de conseguir confeccionar esse nome,
dar esse nome à banda, né?
É "Lordose pra Leão",
ele é o criador dessa, dessa, deste título fabuloso.
É uma banda que foi criada pelo Adolfo Oleari,
foi o grande, é, foi o criador, foi o incentivador,
foi o cara que aglutinou, o articulador, foi letrista,
foi cantor, foi produtor e tudo mais,
e eu tive a honra de batizar essa banda, né?
A partir de uma dor nas costas que eu tinha,
porque eu carregava uma mochila muito pesada nas costas,
não tinha muito onde morar, morava na mochila, né?
E aí, um dia, conversando com ele, Adolfo,
"Pô, esse negócio de dor nas costas é dose pra leão, né cara?"
e ai eu brincando com o trocadilho, dose, lordose, aí eu falei:
"Olha, agora você já tem como fazer a banda,
porque você já tem o nome da banda, Lordose pra Leão."
Começou quando Adolfo foi me procurar,
com uma fita amanteigada do Dead Kennedy’s.
amanteigada porque estava meio engordurada.
Ai ele falou que dentro de cinco dias ele queria fazer um show
com uma banda chamada "Lordose pra Leão",
eu fiz cinco músicas, junto com André,
que também já havia sido guitarrista do grupo,
e dentre elas foi inclusive "Juliete", né?
a música que, que é uma espécie de marco na carreira do grupo,
porque teve uma aceitação do público muito boa,
ficou na rádio Capital, é, durante duas semanas em primeiro lugar.
Eu vi essa banda nascer,
e confesso que não dava a mínima pra essa banda.
Eu torcia muito o nariz pra aquelas bandas que já faziam sucesso,
imagina pro Lordose pra Leão.
Eis que fui na Lama, pela primeira vez,
e ali, eu vi o quanto eu estava errado,
eu vi uma galera com um talento fora de série,
eu vi uma galera inteligente, uma galera talentosa,
uma galera que gostava de música e gostava de poesia,
por incrível que pareça.
O grupo ele, ele era formado por,
eu acho que uns 10 ou mais componentes,
e aí entraram em crise com aquele monte de,
de componentes, e tentaram dar uma enxugada,
e o argumento que usaram era o seguinte:
Para continuarem na banda,
todos os componentes teriam que ter uma, um, tocar um instrumento,
e aí, como boa parte não tinha esse dom,
muitos tentaram aprender um instrumento em pouco tempo,
e o caso mais clássico, foi o caso do Caê Guimarães que eu me lembro dele querer
assim se esforçando pra desenvolver uma habilidade ali, e nisso os,
as mentes mais criativas da banda já fizeram uma,
aproveitaram uma inspiração que veio naquele momento e fizeram uma música
"Desencucaê", que na verdade é "desencuca Caê".
Tenho um poema aqui chamado "Diga lá Lordose" que é o seguinte:
"É, sobrecarregado de culpas, assim caminha a humanidade. Desencuca aê".
E "Desencucaê" é uma música do disco "Os pássaros não calçam rua".
Sem dúvida alguma, a grande marca do Lordose é aquele trompete.
Conseguiram misturar trompete, né?
Vários outros instrumentos de sopro, saxofone, e trabalhar muito bem os back vocals,
é uma banda que eu acho que, talvez pra tomar como referência
uma outra banda que tenha trabalhado muito bem back vocals,
como eles trabalham, talvez, acho que só o ***ãs.
O Zé Renato é fantástico, ele é um músico completo,
é, o trompete é dele, pra quem não conhece,
vai ouvir e tal. Maravilhoso.
O baterista, o Marcio Vaccari, que lá ficou com o nome "Vaccalôca",
ele trouxe um novo momento pro Lordose,
é muito querido o Marcio, por tudo que ele é,
pelo humor, pela criatividade, ele agregou ao Lordose.
O Marcio Vaccari, ele tinha uma banda chamada "Companhia 95", né?
que tinha um pessoal que fazia imitação do, dos "The Doors", uma banda muito bacana.
E quando Marcio foi pro Lordose,
eu acho que o Lordose deu um ganho, um salto tremendo.
Mas, o mais impressionante de tudo é que nesse primeiro show,
Adolfo não sabia cantar nada!
Então, durante a apresentação, as músicas começavam e... e... e...
ele ficava estático assim, sem saber o que fazer, então eu gritava:
"Vai Adolfo! Vai Adolfo!"
e ele entrava na música, inclusive a Rádio Guarapari,
que estava promovendo o show na ocasião,
deve ter o registro, das fitas, em que aparece o
"Vai Adolfo! Vai Adolfo!".
Marcio Vaccalôca, bateria, o André era guitarra,
e eu era o baixista, e a gente fez um show em Guarapari,
foi bacana a vibração, tinha uma canção chamada
"Os paralelepípedos não voam",
mas acabou voando em cima de mim.
Acho que o pessoal não gostou muito.
Fomos apedrejados porque, por coincidência, até na música
"Os paralelepípedos não voam", né?
Mandaram uma pedrada no contra baixo do Capitão.
E esse show, apesar disso tudo, ainda demos alguns autógrafos,
isso foi impressionante, o cara não sabia cantar, e eu gritava:
"Vai Adolfo!", o capitão era apedrejado e ainda demos autógrafos, né?
E se a gente tivesse ficado um pouquinho mais,
rolava até uma mulheres... A há há há há há
Foi bom eu não ter ido, porque no primeiro show
parece que a banda chegou até a levar uma pedrada lá!
Impressionante como as pessoas assistiram aquilo,
aí quando foi executada a música
"Os paralelepípedos não voam",
curioso foi justamente a coincidência,
foi quando deram a pedrada no baixo do Capitão.
Uma dessas pedras que eles colocam na calçada.
E foi o grande momento do Lordose,
eu diria que alí,
o Lordose foi mais o Lordose do que em todos os outros momentos.
Sobre as letras, eu gosto muito,
e eu acho que foi na parte das letras,
as contribuições de Alex Pandini,
elas foram, realmente, das mais valiosas,
e, é uma marca do Lordose, aquela crítica,
aquele humor inteligente, refinado, que vinha dali,
mas ele mesmo, não seguiu com a banda,
o Pandini depois, em seguida, sai.
O grande letrista é, nem ficou muito tempo na banda,
que foi o Pandini, Alex Pandini,
que aí houve um, um entrevero lá, logo no início da banda,
quando eles viram que tinha potencial, né?
Aí Pandini saiu, ficou todo mundo revoltado.
O primeiro show, do qual eu não participei,
por uma, é, situação, também engraçada,
porque eu peguei uma máquina de escrever emprestada,
e eu acabei perdendo a máquina,
e a máquina era do avô do Adolfo,
e eu fiquei morrendo de vergonha de falar isso com ele,
e acabei não indo no show, que foi lá em Guarapari.
Com a saída do Pandini, eu acho que não foi assim,
um grande trauma porque,
cada um tem o seu talento individual, né?
E, todos compõem, o mais legal é isso,
o Zé Renato faz altas letras, o Adolfo, nossa, o "gritador".
Não apenas a mistura de estilos,
mas por ser uma mistura de estilos,
também uma mistura de instrumentos, né?
que a gente vê, difícil, é raro eu acho,
mas no Brasil muito pouco a gente vê,
a gente tem um formato da banda de rock,
que dificilmente as bandas conseguem extrapolar este formato,
tanto da estética, ou das letras,
como dos próprios instrumentos que eles utilizam, né?
Alguma outra banda vai botar um teclado, por exemplo,
tem muita gente que torce o nariz,
os rock 'n roll, a galera rock´n roll ortodoxa, né?
Fecha o nariz, pô, os caras tão começando a, a comercializar o som,
principalmente com o Lordose a gente não via isso, né?
"Os pássaros não calçam rua"
é o 1º CD do grupo, é o que tem a participação do Zé Ramalho.
Eu lembro que pô, choveu demais, cara.
Então, tava uma chuva terrível,
e ainda tinha como agravante,
que o nosso produtor, o Vânius
na época, ele tinha viajado, entendeu,
e tinha ido ao Rio exclusivamente gravar com Zé Ramalho
e as fitas, cara, elas tinham, elas tinham sumido...
ele tinha guardado as fitas num lugar que,
o outro operador da mesa de som, não sabia onde estava,
cara, então pô, nós fomos buscar o Zé Ramalho
numa chuva terrível, cara, e as fitas tinham sumido,
então numa altura a gente falou,
não tem como Zé Ramalho participar,
porque as fitas sumiram, né, e ta chovendo demais,
ele não vai querer vir, ai nós fomos todos pra um bar, cara,
que tinha perto do estúdio, e começamos a beber muito,
e até ficar um pouco angustiados, né?
De repente, psi, pintou o cara né,
a gente falou "Pô, o cara!"
pintou, todo magrão né, com uma roupa preta,
eu falei: "Não, é o cara mesmo!".
Sex Beatles, foi você que fez?
Ah é?
Eu tenho uns vídeos que se chamam Tele Trash
Ele é um cara que ajudou muito o Sex Beatles a se organizar
Ele manja dessa área, né?
Ele pode dar umas dicas para vocês.
As fitas tinham sido achadas, Zé Ramalho entrou no estúdio,
e cantou a música,
e na segunda vez que ele cantou a música,
a música tava gravada com ele,
e ainda assim,
ele só gravou uma segunda vez porque ele pediu pra dar um grito
é o grito inclusive, que está no, no CD: "ANANIÁÁÁÁS".
Ananias passeava solitário montado em seu cavalo
quando de repente viu alguma coisa que o fez cair.
Uberaldo advogado do cavalo quis culpar o Ananias,
quis prendê-lo pelo fato de se ter deixado derrubar tão facilmente por aí
Ananias solitário pôs o rabo do cavalo entre as pernas
passeando sem cavalo pelo teto solitário bem no meio da prisão.
O cavalo cavalgando passeando solitário
contratou outro advogado argumentando que Ananias podia freqüentar a sociedade sim
Ananias passeava solitário montado em seu cavalo libertário
quando viu alguma coisa que o fez não mais cair
O cavalo cavalgando passeando acompanhado
demitiu o Uberaldo que era seu advogado
só porque esse safado lhe impôs a solidão durante dias
Enquanto preso Ananias
Enquanto preso Ananias
Enquanto preso Ananias
O cavalo cavalgando passeando solitário
contratou outro advogado argumentando que
Ananias podia frequentar a sociedade sim
Ananias passeava solitário montado em seu cavalo libertário
quando viu alguma coisa que o fez não mais cair
O cavalo cavalgando passeando acompanhado
demitiu o Uberaldo que era seu advogado
só porque esse safado lhe impôs a solidão durante dias
Enquanto preso Ananias
Enquanto preso Ananias
Enquanto preso Ananias.
As citações que ele deu pra gente na imprensa nacional
e até o que rendeu pra gente na imprensa local foi muito legal.
Então, quer dizer, a participação de Zé Ramalho foi muito boa.
Inclusive, pô, a gente ficou muito satisfeito porque,
por ter visto que ele realmente se empenhou em ajudar o grupo.
Teve então essa, essa oportunidade de vocês também me convidarem,
pra gravar, gravar o disco de vocês, o disco dos pássaros, né?
"Os pássaros não calçam rua", e eu me lembro que você achou a nossa música,
é, parecida com literatura de cordel.
Foi!
E isso é engraçado. O título da música, "Ananias e o cavalo" né?
Quantos aqui ouvem Os olhos eram de fé
Quantos elementos Amam aquela mulher...
Quantos homens eram inverno Outros verão
Outonos caindo secos No solo da minha mão...
Gemeram entre cabeças A ponta do esporão
A folha do Não-me-toque E o medo da solidão...
Veneno meu companheiro Desata no cantador
E desemboca no primeiro Açude do meu amor...
É quando o tempo sacode A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia Procurando por um...
É quando o tempo sacode A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia Procurando por um...
Quantos aqui ouvem Os olhos eram de fé
Quantos elementos Amam aquela mulher...
Quantos homens eram inverno Outros verão
Outonos caindo secos No solo da minha mão...
Gemeram entre cabeças A ponta do esporão
A folha do Não-me-toque E o medo da solidão...
Veneno meu companheiro Desata no cantador
E desemboca no primeiro Açude do meu amor...
É quando o tempo sacode A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia Procurando por um...
É quando o tempo sacode A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia Procurando por um...
É quando o tempo sacode A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia Procurando por um...
É quando o tempo sacode A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia Procurando por um...
Um olho cego vagueia Procurando por um...
Um olho cego vagueia. Procurando por um
Um olho cego vagueia...
Uma música regravadíssima,
eu tenho gravações de frevo mulher de todo tipo,
e ver aquele formato, praticamente heavi metal,
que a música foi apresentada, achei muito bom, achei espetacular.
"Os pássaros não calçam rua", é o primeiro CD do Lordose,
hoje é dia 15 de dezembro, e a vendagem dele está indo bem,
a gente tem que ver agora o que vai dar,
se vai ser um bom negócio, vender disco e fazer show também.
Vocês deviam relançar este disco também, né?
Esse disco dos pássaros,
tem que ter um lançamento dele agora
que vocês estão nesse momento de vinte anos.
Seria ótimo vocês botarem novamente aquele,
aquele produto ali na, assim na área, cara,
porque tá ligado, é uma coisa que tem um, a banda é,
tem uma trajetória muito longa, eu acho que até agora.
Tem, com altos e baixos, mas a gente ta indo.
Como o normal, também, todo mundo tem altos e baixos, né?
O Zé Ramalho, em um programa da MTV, que eu tive oportunidade de ver,
ele, foi perguntado pela, pela apresentadora se ele tinha algum,
algum destaque a nível nacional ou a um cantor ou alguma banda...
Nas raras vezes que eu fui na MTV, eu falei em vocês lá também.
De imediato disse que do Espírito Santo, vinha um bom nome,
o Lordose pra Leão,
que tinha tudo pra se transformar numa banda de reconhecimento nacional.
Se eles não vieram, pior pra eles,
assim agora é uma coisa que na época,
quando eu tive o acesso ao trabalho de vocês,
eu fiquei, através do "Frevo Mulher", fiquei muito empolgado,
é, foi uma descoberta muito grande, me deu uma, uma dimensão enorme,
assim, da forma como vocês trabalhavam com a música.
As regravações me trouxeram em um momento difícil,
e triste que eu estava passando.
Foi fundamental, rapaz, ver essa, essa alegria, essa pegada violenta.
Não parece ter 20 anos, pô.
A galera ainda mantém a juventude de sempre, né?
Esse pessoal é da pesada mesmo, são músicos assim,
completos, competentes, extremamente eficientes,
naquela, na proposta da música que eles fazem.
Então, eu acho que Lordose tem naipe de músicos,
de extrema qualidade, e de muita competência, isso é muito bom.
E ver Lordose pra Leão, agora, com 20 anos depois,
me dá impressão de que vocês tem a mesma, essa mesma energia.
"Todo mundo está feliz aqui na terra" é o segundo CD.
Te quero sim Te desejo amada
Carma de mim Toda deformada
Te quero nariguda banguela cabeçuda
Quero você
Te quero sim Te desejo amada
Carma de mim Toda deformada
Te quero nariguda banguela cabeçuda Quero você
Mulher horrível, Nariguda com mau hálito frieira chulé
Mas ainda assim tem bandeira de mulher
E além do que importa tudo isso pra mim
do que importa tudo isso pra mim
Nada, apenas a beleza interior
E além...
do que importa tudo isso pra mim
do que importa tudo isso pra mim
Nada, apenas a beleza interior
Te quero sim Te desejo amada
Carma de mim Toda deformada
Te quero nariguda banguela cabeçuda Quero você
Te quero sim Te desejo amada
Carma de mim Toda deformada
Te quero nariguda banguela cabeçuda
Quero você
Mulher horrível, Nariguda com mau hálito frieira chulé
Mas ainda assim tem bandeira de mulher
E além do que importa tudo isso pra mim
Do que importa tudo isso pra mim
Nada, apenas a beleza interior
E além do que importa tudo isso pra mim
do que importa tudo isso pra mim
Nada, apenas a beleza interior
E além, do que importa tudo isso pra mim
do que importa tudo isso pra mim
Nada, apenas a beleza interior
E além, do que importa tudo isso pra mim
do que importa tudo isso pra mim
Nada, apenas a beleza interior
A beleza das jóias do interior do seu cofre.
O 3º CD se chamava Live em big Field, "Pior que a merda", merda, a banda, punk né?
Eles marcaram, assim, vários shows aqui, e não apareceram, né?
Aí, pô, eu fiquei assim, marcavam uma semana, depois não rolava o show.
Eles fizeram um show em Campo Grande chamado "Pior que a merda".
E conseguiram, realmente, fazer um show pior do que a merda,
porque aquele show ficou horrível, ninguém agüentou aquele show,
as pessoas ficaram aqui porque eram amigas do Lordose.
E nem foi tão pior do que a merda, foi muito legal o show,
e o público participou bastante.
Uôu Uôu Uôu Uôu Uôu Lá lá lá lá lá lá lá
Um indivíduo que tem um só paletó
Um indivíduo que tem um só paletó
Um indivíduo que tem um só paletó
Um indivíduo que tem um só paletó
Uôu Uôu Uôu Uôu Uôu Lá lá lá lá lá lá lá
Um indivíduo que tem um só paletó
Um indivíduo que tem um só paletó
É um cara que nada quadrada na quadra envergada
Um indivíduo que tem um só paletó
Uôu Uôu Uôu Uôu Uôu Lá lá lá lá lá lá lá
Um indivíduo que tem um só paletó
Rodando na baila Em roda gigante
Vinil voador Levantando poeira de elevador
Um indivíduo que tem um só paletó
Uôu Uôu Uôu Uôu Uôu Lá lá lá lá lá lá lá
Um indivíduo que tem um palito só.
Juliete era um cara babaca,
ele tinha expressão de panaca
Juliete era um cara babaca,
ele tinha expressão de panaca
Juliete era um cara babaca
ele tinha expressão de panaca
Babaca.
Retornei à idade média, e coloquei Juliete na cruz,
Joguei muito álcool liguei meu isqueiro, Juliete entreguei a Jesus.
Juliete está com Deus, a sua direita, no paraíso,
o poderoso prefere agora os ateus, os ímpios, os cruéis e os sem juízo.
Valeu! Obrigado!
Sábado à noite, eu te procurei,
mas só encontrei a solidão,
por isso hoje, eu vou passar o domingo,
tecendo um blues. Pianinho.
Ouça a explosão que vai haver em seu cérebro antecipadamente,
de deixar a matéria frágil,
Do corpo seu que tomba, de deixar a matéria frágil,
Desse corpo seu que tomba, escute a bomba, escute a bomba,
Seus olhos serão só, duas unidades soltas sem propósito,
duas unidades sem propósito.
Mas ainda verão a vida indo embora,
e você fica pra morrer agora.
Ah, tudo, a vida vai embora, e você fica pra morrer agora.
Ah, tudo, a vida vai embora, e você fica pra morrer agora.
A vida vai embora, e você fica pra morrer agora.
A vida vai embora,
Todo mundo vai morrer
Ah ah ah ah ah... Tudo! Todo mundo vai morrer...
"Eu tenho vontade de vomitar o meu cérebro" o 4º CD do Lordose.
O CD traz, é, por causa da maturidade, da, do grupo,
por causa da experiência de outros 3 CD's, ele traz uma síntese do que é,
o Lordose pra Leão, até porque algumas das músicas,
são músicas bem do início do, do trabalho do grupo,
que reapareceram aqui gravadas pela primeira vez.
Então eu acho que ele é um CD síntese do que nós fizemos,
tanto nos outros 3 CD's, quanto na vida do Lordose como grupo, né,
como grupo que já, já participou de eventos por todo o Brasil,
como grupo que teve um reconhecimento do público,
e, acho que o público seguiu, o Lordose nunca se adequou ao público, né?
O público do Lordose sempre foi fiel,
e eu acho que o Lordose sempre se manteve fiel ao público também.
A gente nunca ofereceu mais do que a gente poderia,
ainda que sendo menos, né!
Tu és divina e graciosa estátua majestosa
A Rosa
A flor dos meus pesadelos
Que sinceramente eu até gosto de tê-los
A Rosa
A flor dos meus pesadelos
Que sinceramente eu até gosto de tê-los
Têm um conteúdo amoroso num ambiente horroroso
Que arranco da cabeça os pêlos
A Rosa
A flor dos meus pesadelos
Que sinceramente eu até gosto de tê-los
A Rosa
A flor dos meus pesadelos
Que sinceramente eu até gosto de tê-los
Têm um conteúdo amoroso num ambiente horroroso
Que arranco da cabeça os pêlos
Têm um conteúdo amoroso num ambiente horroroso
Que arranco da cabeça os pêlos
A Rosa
A Rosa
A Rosa
A Rosa.
Tu és divina e graciosa estátua majestosa
A Rosa.
E, tem uma frase famosa na história, onde ao assistir à ópera,
"O Barbeiro de Sevilha", Beethoven disse pra Rossini:
"Faça mil barbeiros, Rossini".
A gente poderia falar isso pro Lordose né, pra música capixaba:
"Faça mil Lordoses".
Eu não sou Roberto Carlos,
eu não sou Roberto Carlos,
eu não sou Roberto...