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Era primavera do ano de 1946, meu avô recebeu um pacote, vindo da Itália, da cidade onde
nascera. Ao abrir aquele pacote carregado de mistérios,
encontrou documentos dos seus antepassados, cartas que nunca chegaram ao seu destino;
objetos pessoais de seus pais; fotos antigas dos seus descendentes; e uma caixa preta com
alça e alguns buracos revestidos de pequenas lentes.
Não demorou muito tempo para que, uma de suas filhas, descobrisse que, aquela caixinha
era uma máquina fotográfica. Essa filha, muitos anos depois, virou a minha mãe. Mas
antes disso, tornou-se a fotógrafa oficial da família. Graças a ela e aquela caixinha
preta, o passado da minha família ficou registrado para sempre.
Meus avós, tios e tias, contam as suas histórias através das milhares de fotografias que guardo
comigo até hoje. Depois disso, o tempo passou.
Surgiram novas e modernas máquinas fotográficas, e aquela caixinha preta, ficou esquecida num
porão, junto com outras lembranças do passado. No ano de 1974, quando eu garimpava os objetos
deixados pelo meu avô, encontrei a velha caixinha preta.
Foi então, que a minha mãe revelou essa história.
Tornei-me fotógrafo bem depois disso. Hoje, aquela caixa preta descansa num local
de honra em meu estúdio. Toda vez que eu olho para aquela velha câmera,
tenho a sensação de que ela guarda, sem revelar, muitos segredos e mistérios em seu
interior escuro, além do seu próprio mistério de existência.
Assim como para mim e a minha família, a importância da fotografia para a humanidade,
foi e é imensurável.