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Gary F: Precisamos nos educar e não precisamos fazer julgamentos sobre
as pessoas. Julguem as ações, não julguem as pessoas. Há uma tendência
em acreditar que... os bem-estaristas fazem isso, eles dividem o mundo em: nós e eles.
Eles dizem, “não discutam conosco, a briga é com eles, os exploradores.”
Isso é uma loucura, pois os exploradores institucionais não são nada além de capitalistas que
têm seu dinheiro investido em uma atividade em particular. Uma vez que essa atividade deixa de ser rentável, eles
simplesmente investem o dinheiro...
Adam K: Sim, quero dizer, eu acho que nós temos a tendência de
achar que eles são pessoas maldosas que simplesmente acordam de manhã dizendo, “Eu quero
matar alguns bois hoje ou algo assim.”
Gary F: Certo! Sempre há uma tendência em retratar o outro como uma pessoa má.
E nós fizemos isso quando eu era mais jovem, já que eu sou muito mais velho do que você,
quando eu era mais jovem antes da queda da União Soviética, tínhamos a ideia de
que os comunistas eram pessoas que estavam reunidas em algum lugar e que diziam...você sabe, Nikita
Khruschev estava lá dizendo, “Oh, é realmente ótimo ser uma pessoa horrível”, e “eu gosto de
ser mal.”
Quando, na realidade, eu estou convencido de que ele sinceramente pensava que o
capitalismo era um sistema ruim, exatamente como alguns de nós pensávamos que o
comunismo era um sistema ruim. E eu acho que é parecido com essa caricatura
dos exploradores como pessoas diabólicas, como inimigos.
E minha visão é que isso é algo cômico, porque você tem um grupo de defensores dos animais
— muitos dos quais nem mesmo são veganos — eles são, em primeiro lugar, os que
estão gerando a demanda para esses produtos, e acabam dizendo, “Oh, não discuta
conosco, vamos todos olhar para eles como inimigos.”
E a resposta é, “não, desculpe fulano, você é o problema.
Você é quem está criando a demanda. Então, eu realmente não tenho muito em comum com você.”
Por exemplo, se você não é vegano e você diz, “olhe, você e eu temos muito em
comum e é o explorador que nós deveríamos estar questionando.” E a resposta é “não, não, você e
eu temos um problema, porque você é quem está gerando a demanda que os exploradores estão satisfazendo.”
O explorador é indiferente. O explorador é um capitalista que é indiferente
onde coloca o seu dinheiro. Ele apenas o usará em outro
investimento. Quando o investimento se torna improdutivo, ele investe em outro negócio. Minha visão é que 00:02:32.276,00:02:39.57—e a realidade econômica é—: as pessoas que não são veganas estão gerando a demanda.
Por isso, a ideia dos bem-estaristas que dizem, “Não discutam conosco. Não discutam
conosco não veganos. Vamos todos discutir com os exploradores. A resposta é: você é o explorador.”
Adam K: E, na realidade, existem grupos que usam táticas violentas para atacar
essas pessoas e dizer, “Parem de suprir o que as pessoas querem...”
Gary F: Exatamente! Temos os bem-estaristas que dividem o mundo
em exploradores e todos os demais; os defensores dos animais— as ”pessoas boas”
—e os exploradores; e então há pessoas que promovem a violência e dizem, “vamos
usar violência contra os exploradores.” Bem, existem pessoas que não são veganas na sua família?
Sim, então coloque a sua balaclava e vá atirar pedras nelas ou o que seja, quero dizer, não
faz nenhum sentido para mim. E não faz nenhuma diferença! Você pode incendiar dez
abatedouros, não faz diferença, porque se a demanda existe, então a demanda será abastecida por outros dez
produtores. Você pode fechar a Huntingdon Life Sciences. E qual o resultado? Outro produtor.
Se a demanda continua...
Adam K: Porque ainda há uso de animais…
Gary F: Exatamente, se a demanda para o uso de animais em experimentação existe,
então essa oferta será transferida para outra pessoa. E o que eu acho realmente cômico é que
muitas destas pessoas que estão promovendo a violência não são veganas. Ou elas vivem com
pessoas que não são veganas ou interagem... você entende, se a violência é justificável...
Adam K: Agora, você não está dizendo que é errado viver com pessoas que não são veganas...
Gary F: Oh, não, não. O que eu estou dizendo é que é engraçado para mim.
Quero dizer, falo sobre a falta de pensamento claro. Falo sobre a confusão que é profunda.
A ideia de que é aceitável... se você não é vegano, como algumas
dessas pessoas que promovem a violência publicamente que não são veganas. Bem, que sentido faz
dizer, “é certo usar violência contra o explorador—por falar nisso, eu sou um explorador—mas é aceitável
para mim usar violência contra um explorador institucional, o qual, na verdade,
de muitas formas, é menos culpável do que você é, porque você é aquele que está criando a demanda que o
produtor -- na janela de quem você está jogando pedras-- está respondendo.
Não faz sentido para mim. Absolutamente nenhum sentido. Nunca fez.
E eu entendo que isso atraia o… desculpe, a imaturidade do movimento.
Há essa noção de que é legal ser violento... mas à parte isso, novamente
isto foca em ativistas e não na questão central. É “isso é sobre nós, isso é sobre
nos sentirmos bem em colocarmos nossa balaclava e ir fazer uma Ação
Direta ou isso é sobre nós, defensores dos animais como mártires e
sofrendo pelos animais.” Pare com isto! Simplesmente pare com isto. Isto é contraproducente
e não está realmente endereçando o problema que é o sofrimento e morte de bilhões
e bilhões de animais e que vai apenas mudar quando nós mudarmos o paradigma.
Isso não acontecerá por meio da violência porque, olhe, se a violência fosse a solução
estaríamos vivendo em Utopia nesse exato momento, porque a questão da humanidade é a questão
da violência e a violência não nos levou a lugar nenhum e a violência não é a
solução para o problema, ela é o problema. E enquanto nós continuarmos exercendo
a violência, nós apenas teremos a violência, a violência causará violência. Então, o que devemos fazer
é mudar o paradigma. Nesse momento, você e eu vivemos num mundo no qual comer animais,
vestir animais, usar animais é tão natural como respirar ou beber água. Muitos
ativistas tentam dizer, “bem, você sabe, isso é como a escravidão.”. Agora, eu concordo,
economicamente falando, na verdade uma boa parte de um dos meus livros é sobre as similaridades
econômicas entre a exploração animal e a escravidão, então, eu estou bastante familiarizado com todos esses argumentos.
No entanto, eu diria que a situação que temos agora em relação aos animais, como
uma questão histórica e sociológica é muito, muito diferente da escravidão humana -- se você quiser
falar sobre a escravidão racial nos Estados Unidos, porque sempre houve
muita oposição à escravidão racial nos Estados Unidos. Sempre houve muita oposição,
sempre houve muitas pessoas que diziam, “isso não é uma coisa boa,” você entende, enquanto que com relação à exploração
animal a maioria das pessoas pensam que é perfeitamente normal. É uma posição padrão.
É a posição padrão, então o que nós temos que fazer é, nós temos um trabalho árduo
de mudar o paradigma e afastar as pessoas da noção de que os animais são coisas, que os animais são
recursos dos humanos, que os animais são mercadorias que estão aqui para nós os explorarmos.
Isso não acontecerá queimando abatedouros – quero dizer, esta é uma atividade muito tola— nem fechando
a Huntingdon Life Sciences. Não acontecerá promovendo o bem-estar animal...organizar o...
você sabe, colocar televisões em campos de concentração. Simplesmente não, isso não
mudará. Isso não mudará, o que mudará é conseguir que as pessoas vejam o
uso dos animais na sua totalidade como moralmente injustificável. Isso é o que mudará as pessoas.