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Creio que o mais importante é que a dor
e a doença são um mistério,
não tanto porque não se possa raciocinar sobre isso,
mas porque é uma coisa tão profunda que inclusive
tem gente que tira coisas boas da dor.
Tem pessoas às quais a dor lhes faz ver a vida
de uma maneira diferente. Abidal -jogador do Barça- saía faz pouco
tempo numa entrevista dizendo que
depois de ter passado por um câncer
tinha aprendido a valorizar muito mais a sua família
que as coisas que tinha.
E vendeu, por exemplo, todos os seus carros
para ajudar hospitais, crianças, e a pesquisar doenças.
Partindo da base de que
o tema da dor sempre será um mistério,
creio que a sua existencia é uma coisa que, a longo prazo,
nos livra dos nossos caprichos
e nos faz mais humildes e, portanto, mais capazes
de amar, que é a chave para a felicidade.
Por outro lado, creio que a existência da dor
é uma coisa que, naturalmente, exige
a existência de uma vida eterna que, em primeiro lugar,
compense as injustiças vividas no mundo;
e, em segundo lugar, que seja uma coisa
que faça parecer, todo o mal sofrido,
uma bobagem em comparação com o que
acontece agora.
Podemos fazer todo tipo de teorias
sobre o sofrimento, a dor...
Mas, se olhamos para Cristo...
porque tinha muitos modos que podería ter escolhido
para nos salvar... E escolheu morrer.
Escolheu a dor, a morte.
Então é engraçado porque, no fundo,
Deus se fez homem para nos salvar,
e se fez homem com tudo o que significa ser homem.
Então, a gente percebe que ser homem
significa sofrer, significa dor,
porque... a dor é uma conseqüência do pecado,
da liberdade humana, do mal.
Deus não peca.
Só unindo nossa dor
à de Cristo, à sua morte na Cruz,
podemos dar-lhe sentido, porque, no fundo,
estamos ajudando a completar a tarefa
da salvação.