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K: Vejo que todos os meus velhos amigos estão aqui!
Se me permitem
pedir muito polida e respeitosamente
não façam disto uma ocasião festiva.
Não estamos num festival pop
mas antes somos um grupo sério
não inclinado à frivolidade
mas um grupo de pessoas sérias e determinadas
que vão querer, ou desejar
investigar todo o complexo problema de viver.
E se podemos apontar novamente
não há orador aqui
embora ele esteja sentado na plataforma
mas de fato o orador não existe
porque então você estará meramente escutando o orador
e não de fato investigando por você mesmo.
Então, por favor, se posso outra vez sugerir bem seriamente
que não há orador mas estamos juntos investigando,
explorando, examinando alguma coisa
que é a vida com todos os seus problemas complexos e variados.
Então estamos partilhando esta coisa juntos.
O orador não está aqui.
E quero deixar isso bem claro.
Mas antes juntos vamos fazer uma viagem em nós mesmos
e exigir a excelência de nós mesmos.
Nunca somos desafiados
psicologicamente,
podemos ser desafiados externamente,
podemos exigir externamente melhores materiais,
melhor mão-de-obra, melhores escolas, melhores políticos:
o desafio é pelo melhor externamente, sempre.
Mas aparentemente muito poucos de nós examinam
e desafiam a si mesmos com a mais alta forma
de ação intelectual, ética, moral, psicologicamente.
E se pudermos, vamos entrar nesta questão juntos
que estamos desafiando a nós mesmos profundamente,
exigindo a mais alta forma intelectual e -
não gostaria de usar a palavra "emocional"
pois isso tende a se tornar sentimental -
mas antes a mais alta forma de afeição,
a mais alta forma de amor.
E por que os seres humanos
que viveram milênio após milênio,
vivem do modo que fazemos hoje,
confusos, infelizes, miseráveis, inseguros,
e externamente no mundo, como se observa,
as coisas estão ficando piores e piores e piores.
Quanto mais você produz, mais usamos
as coisas da terra, estamos destruindo a terra.
E internamente, espiritualmente se posso usar essa palavra,
perdemos todo o sentido de excelência religiosa.
Estou usando a palavra "religiosa" no sentido
não de crença, nem dogma, nem rituais,
nem a variada forma de afirmações hierárquicas, teológicas
mas a pessoa religiosa é aquela que não tem absolutamente ego.
Essa me parece a mais alta forma de ação religiosa
onde o 'eu', o ego, absolutamente não existe.
E essa é a mais alta forma de inteligência
e excelência eticamente e em ação.
Então nós vamos, se eu puder, entrar nestes problemas.
Então você não está escutando a um orador
mas antes escutando a si mesmo
e se desafiando
não aceitando nada além da mais alta forma de clareza,
a mais alta forma de comportamento
e assim excelência em ação.
É isso que vamos fazer juntos nesta questão.
Então por favor você está ouvindo a si mesmo,
está ouvindo não de acordo com seu gosto ou desgosto particular
incluindo esses, mas de fato ouvindo ao que está acontecendo
e perguntando por que vivemos como agora, deste modo
pavoroso, assustador, destrutivo em que vivemos.
Certo?
Penso que essa é a pergunta mais séria que temos que nos fazer.
Quando externamente tudo está se desintegrando
não há dúvida sobre isso
terrorismo, que é a forma suprema de guerra,
há terroristas, nações divididas,
tudo isso está acontecendo no mundo,
400 bilhões de dólares por ano gastos com armamentos
em todo o mundo.
Então somos todos pessoas loucas.
E permitir tudo isto, cada um de nós
deve descobrir por si mesmo qual é a ação correta
em relação a todos estes eventos externos
o que a pessoa faz, que deve ser correto, exato, verdadeiro.
E isso só pode ser descoberto por nós mesmos
se estamos desafiando nossas ações,
nosso modo de vida, que é profissão, ocupação,
relação com o outro
e a profunda falta de clareza no pensamento,
a sujeira de nosso pensamento.
E para viver um tipo de vida totalmente diferente
não baseada simplesmente no prazer, no medo e por aí vai.
Então vamos juntos
descobrir, se pudermos,
todas as respostas para estas perguntas por nós mesmos.
Se isso está claro entre você e o orador,
e o orador não está aqui,
se está muito claro no que estamos interessados,
então estabelecemos certo tipo de relação um com o outro.
Se todos estamos interessados na mesma coisa,
não em nossas opiniões e julgamentos particulares,
nossas teorias intelectuais
mas antes interessados juntos seriamente,
ao menos hoje e nos próximos poucos dias em que estaremos aqui,
interessados em descobrir um modo de vida
que possa trazer um mundo diferente.
Certo?
Então essa é nossa questão.
Se vamos examinar juntos
obviamente o primeiro passo é
deixar de lado todos os nossos preconceitos pessoais,
desejos pessoais, nossos pequenos problemas do momento
e assim termos a capacidade
de examinar livremente e profundamente.
Capacidade não chega com prática constante
estamos falando psicologicamente.
Ela chega quando há interesse direto
e o desafio a que você deve responder com sua mais alta capacidade
daí você tem a capacidade de examinar livremente.
De outro modo estará meramente brincando com palavras.
As palavras são importantes
porque transmitem certo significado
mas se as palavras nos guiam,
se as palavras nos forçam em certas conclusões,
certas ações, então a linguagem, as palavras
nos controlam, nos modelam, nos forçam.
Isso novamente está muito claro, não está?
Ou a linguagem nos usa, ou usamos nós a linguagem.
Mas a maioria de nós é guiada pela linguagem.
Na palavra "comunista" você tem todo tipo de ideias temíveis,
não que os comunistas não sejam temíveis.
E se você diz "Sou inglês", logo certas reações surgem.
Assim, palavras, a linguagem nos guia, nos molda,
molda nosso pensamento, nosso comportamento, nossa ação.
Perceber isso,
a escravidão à linguagem
mas se sabemos como usar a linguagem,
o exato significado das palavras
o conteúdo e significação da profundidade da palavra,
então usamos a linguagem não emocionalmente,
não sentimentalmente, não identificados com uma palavra particular
então podemos nos comunicar diretamente e com muita simplicidade.
Se me prendo à palavra "hindu" ou "indiano",
e essa palavra molda meu pensar, meus preconceitos, toda essa tolice,
então a palavra "indiano" ou "hindu" me força a agir de certo modo.
Mas ao contrário, se estou livre dessa palavra "hindu"
com todo seu significado nacional, limitado, supersticioso
então estou livre para entender o ser humano por trás da palavra.
Certo?
Estamos nos entendendo?
Pelo menos espero que sim.
Então aqui estamos usando linguagem
e a linguagem não está nos usando,
estamos usando a linguagem não emocionalmente,
linguagem que é flexível,
correta de acordo com o dicionário,
então podemos nos comunicar um com o outro
muito simples e diretamente quando usamos a palavra sem emoção
a palavra que não tem um tremendo conteúdo psicológico por trás dela.
Podemos fazer isto?
Para a maioria de nós é extraordinariamente difícil
pois nos indentificamos com a palavra
e a palavra sou eu - eu sou inglês, eu sou hindu.
Podemos nos desembaraçar desta rede da linguagem
que nos guia, nos molda
e sem emoção usarmos palavras que são simples, diretas
e portanto uma palavra que não gera reações psicológicas?
Certo? Podemos fazer isto, primeiro?
Se pudermos, então podemos examinar juntos
porque estamos livres da palavra que nos guia
mas estamos usando a palavra diretamente.
Espero que esteja claro.
Estou tornando a coisa clara?
Pelo menos assim espero.
Assim, conhecendo o significado das palavras sem emoção,
sem nenhuma reação à palavra
então podemos examinar todo este problema
de nosso modo de viver, por que vivemos deste modo
cada dia de nossa vida é conflito, violento,
egoísta, estreito, limitado, ansioso, assustado, incerto,
uma desordem na qual vivemos.
Então estamos nos desafiando
a descobrir por que vivemos deste modo.
Por que somos mecânicos em nossas relações,
em nosso modo de pensar,
por que suportamos qualquer forma de violência
em nós mesmos e externamente,
por que embora o homem tenha vivido por milhares e milhares
e milhares de anos, vive em sofrimento, sem nenhum amor,
com medo, infeliz, completamente sem inteligência.
Então vamos começar a examinar juntos
usando palavras sem emoção, sem qualquer reação,
para descobrir por que nos tornamos tão intelectualmente,
eticamente mecânicos.
Certo?
Estamos apenas expondo fatos, não conclusões.
Não é uma conclusão dizer que somos mecânicos, nós estamos
estamos presos numa rotina, seja no escritório
ou quando voltamos para casa de nossas tarefas
exatamente o mesmo processo repetitivo continua
sexualmente, eticamente, em nossa ação diária.
Alguns de nós percebem isso
e tentam fugir tornando-se revolucionários,
revolucionários físicos, ou revolucionários ideológicos.
A revolução física não produz nada.
Isso é óbvio, apesar dos terroristas.
Psicologicamente, internamente, sob a pele digamos assim,
por que nos tornamos mecânicos?
Quero dizer com essa palavra "mecânico"
ação baseada no prazer,
ação baseada no medo,
ação baseada na autoridade,
ação de acordo com certo padrão de pensar,
ação junto com evasão,
evitar, fugir e nunca encarar o fato como somos.
Estas não são conclusões, estes são fatos diários.
E novamente por favor, você está ouvindo a si mesmo
embora o orador possa expressar isso, pôr em palavras,
embora o orador não esteja aqui
você está ouvindo a si mesmo e descobrindo,
desafiando a vocês mesmos por que vivemos esta existência mecânica.
Você pode deixar uma série de ideologias
cristã ou comunista e aderir a outra série de ideologias.
Pode desistir de ser católico e se tornar protestante ou hindu
ou se é bem avançado vai para o zen budismo
ou se é ainda mais avançado
vai para a tolice de Krishnamurti! (Riso)
Então é tudo o que você entende
como nunca exigir de nós mesmos qual a coisa certa a fazer,
sempre dependendo de alguém,
gurus, esta pessoa ou aquela pessoa.
Então qual é a ação correta num mundo que está se desfazendo
que se torna cada dia mais assustador,
onde há tantas divisões de crenças,
dogmas, nacionalidades e assim por diante,
religiosas e toda forma de divisão.
Qual a ação correta para cada um de nós
em nossa vida diária com nossas ocupações e assim por diante,
qual é a ação certa, qual é o modo correto de viver?
Se vocês se desafiam
e espero que estejam fazendo isso agora,
o que você deve fazer?
Então temos que inquirir: O que é ação?
Certo?
O que queremos dizer com essa palavra "ação"
seja você casado, seja você não casado,
esteja num escritório, ou esteja bem fora
e independente e assim por diante,
qual é a coisa correta a fazer em minha vida
encarando tudo isto, não de acordo com algum padrão
obviamente, isso não é ação correta,
não baseada em certas ideologias,
isso também não é ação correta
pois essas ideologias são projetadas pelo pensamento
astuto, pensamento ardiloso.
E ação baseada de acordo com certa autoridade
seja religiosa, política
ou sua própria autoridade particular
baseada em sua própria experiência e conhecimento,
isso não é ação correta também.
Por favor entenda tudo isto
porque se você baseia sua ação em sua própria experiência
então sua experiência é muito limitada
e você fica constantemente demandando
maior e maior e maior experiência
que é maior e maior sensação, não experiência.
A palavra "experiência" significa passar por, encerrar alguma coisa.
E ação baseada em conclusão passada
por mais certa, por mais valiosa, mas é ainda do passado
e assim ainda limitada em termos de tempo.
Ou se sua ação se baseia numa conclusão futura,
numa ideologia futura ou num ideal futuro,
novamente não é ação correta
porque você projetou o ideal,
o que você deveria ser, ou o que seu país deveria ser,
ou o que seu grupo deveria ser
e age de acordo com o que deveria ser
portanto você não está de fato agindo.
Ação implica fazer alguma coisa agora
independente do passado e do futuro.
Isto é realmente muito fascinante e tremendamente interessante,
se posso usar estas palavras, que não são as palavras corretas
mas não importa no momento
descobrir por si mesmo:
existe uma ação totalmente destituída de tempo?
Compreende?
Tempo sendo o passado com todas as memórias, conhecimento,
experiência, acumulado no cérebro como memória
e agir de acordo com essa memória
que é o passado agindo no presente
ou o passado, que teve tantas experiências,
tantos fracassos, tantas angústias, medos, sofrimentos,
projeta algo no futuro como ideológico,
o que deveria ser, que feliz seria
e age de acordo com isso, o que é novamente não-ação.
Certo?
Ao menos vamos nos encontrar juntos intelectualmente
assim, se você compreende isso intelectualmente
então pode entrar ainda mais fundo
ao menos podemos nos entender nesse nível,
que é muito limitado.
Então: existe uma ação na vida diária,
em nossa relação um com o outro,
íntima ou não íntima, *** ou não ***,
existe uma ação que será holística, integral,
que não depende de tempo, do meio ambiente, de circunstâncias?
Então estamos desafiando: existe tal ação?
Ou só conhecemos ação baseada no passado, ou no futuro.
Não conhecemos nenhuma outra ação
e aceitamos tal ação,
ela é muito mais conveniente, mais confortável,
fácil de aceitar tal ação.
Então estamos nos desafiando a descobrir se é possível
viver uma vida de ação correta
que não depende do meio ambiente,
de circunstâncias, do passado, ou do futuro.
Compreende?
Esta é a coisa mais difícil de descobrir.
Quando você quer descobrir tal ação,
se existe tal ação,
o pensamento começa imediatamente a operar.
O pensamento diz "Existe tal coisa?" "Devo examinar".
Então pensamento é o passado - não é?
Pensamento é resultado da memória,
pensamento é o resultado de sua experiência,
conhecimento acumulado e daí surge a memória
e então da reação dessa memória está o pensamento.
Isso é simples, muito simples se você entra nisso.
Não é complicado.
Então quando há um desafio como dizer:
existe uma ação que não é dependente do passado
ou do futuro, ou do meio, circunstâncias
então o pensamento começa a operar.
Certo? É isso que você está fazendo.
Então o pensamento diz, "Tenho que descobrir tal ação".
Como o pensamento não pode descobrir tal ação, você diz, é impossível.
Está acompanhando tudo isto?
Estamos todos juntos nisto, ou estou falando comigo mesmo?
Posso fazer isso em meu quarto.
Mas não faço de qualquer jeito, mas faço assim.
Então ação baseada em pensamento é limitada
pois o pensamento é em si uma coisa partida, um fragmento
limitado porque se baseia no conhecimento
e conhecimento, mesmo tendo acumulado muito,
mesmo podendo acumular muitos fatos,
expandindo o conhecimento mais e mais,
expandindo constantemente, ele ainda é limitado.
Isso outra vez é óbvio.
Talvez não para as pessoas
que advogam a ascenção do homem pelo conhecimento
pois essa é a forma particular de conclusão delas.
Mas quando a pessoa vê de fato, na vida diária
como o conhecimento é tão extraordinariamente limitado,
você pode ter conhecimento tecnológico, e deve ter
e a esse conhecimento pode-se acrescentar mais,
ele pode ser constantemente expandido
mas existe o acúmulo de conhecimento psicológico
de onde a ação acontece?
Compreende? Estamos...
Tudo bem.
A pessoa acumulou conhecimento, psicologicamente.
Eu fui ferido
muitos anos atrás quando menino, ou menina, fui ferido.
E essa ferida se tornou meu conhecimento,
está lá, dentro da minha pele.
E ajo de acordo com esse conhecimento, ou seja, eu resisto,
me isolo a fim de não ser mais ferido.
E assim há constante divisão entre mim e o outro
para evitar ser ferido mais tarde.
Isto novamente é um fato comum.
Então ajo de acordo com esse conhecimento.
Posso ver a irracionalidade disso.
Posso ir à psicólogos.
Posso fazer todo tipo de coisas a respeito
mas a ferida ainda está ali
e essa ferida responde o tempo todo.
Então estou agindo de acordo com um incidente passado
se esse incidente passado é agradável ou doloroso é irrelevante
mas é o evento passado, que é meu conhecimento.
Passei uma tarde adorável - isso se torna meu conhecimento.
Vou ter um dia maravilhoso amanhã
e outra vez, entende? - todo este processo se baseia
no processo acumulativo de experiência, desejo e prazer.
Então, existe uma ação que é totalmente independente de tudo isto?
Entende minha pergunta?
Para examinar isso, a operação do pensamento
deve ser entendida porque você não pode parar de pensar.
Se você força, como muitas pessoas fazem através da meditação
que não é meditação, tentar controlar o pensamento,
moldar o pensamento, então elas se dividiram
entre o pensador que é superior e pensamento, inferior
e o superior tenta controlar o inferior - você sabe tudo isto.
Então, existe um modo
de ação que está totalmente apartado de tudo isto?
Estamos desafiando você,
estou desafiando você e você está me desafiando
juntos estamos num estado de ser desafiado.
Talvez se você desafiou bastante profunda e seriamente
e com todo seu ser
então descobrirá uma resposta, ou seja, eu lhe direi
mas estamos discutindo isto juntos,
estamos partilhando isto juntos
então não estou lhe dizendo e você não está aceitando
porque então se torna fútil,
então podemos do mesmo modo ir até algum guru.
Mas ao passo que se você pode descobrir por si mesmo
então está livre - compreende?
Você compreendeu a ação em todo seu significado
e sua profundeza e a beleza da ação.
Dizemos - o orador diz que existe tal ação
destituída completamente de passado e futuro,
de meio ambiente, de circunstâncias.
É ter um insight
em todo o movimento do pensamento
quando ele se expressa no meio ambiente, circunstâncias
passado e futuro, o que é ter um insight na ação.
Isto é, insight não é a resposta da memória.
Certo?
Nunca lhe aconteceu, de repente você diz,
"Eu compreendi"?
sem palavras, sem gestos, sem circunstâncias,
sem o passado, você de repente, por Deus, eu entendi.
E isso é irrevogável, é verdade definitiva,
você não pode dizer, bem entendi ontem, no outro dia perdi isso.
Então vamos descobrir juntos
o significado desta palavra "insight".
Ter um insight em alguma coisa não é pessoal,
não se baseia em conclusões ideológicas, memórias, lembranças.
A pessoa tem que estar livre disso para ter insight sobre alguma coisa.
Tem que estar livre do conhecimento para ter percepção instantânea.
Isto não é uma coisa exótica, extravagante, ou mesmo emocional
mas real.
Onde, se você já teve este tipo de compreensão imediata
e portanto ação imediata
essa compreensão imediata exige ação imediata, irrelevante do tempo.
Isso não aconteceu?
Acontece, obviamente
mas então o pensamento diz, "Eu tive esse insight,
tive essa estranha percepção profunda
e então a partir dessa ação imediata
mas gostaria que continuasse todo o tempo".
Compreende?
Eu quero que aquele insight, aquela percepção imediata
compreensão imediata, continue.
Quando você diz que tem que continuar,
já começou todo o movimento do pensamento.
Me pergunto se você vê isso.
Insight, a rápida percepção de alguma coisa
é instantâneo e se encerra ali.
Você não pode mantê-lo.
Ao passo que o pensamento exige ser mantido
assim impedindo o próximo insight.
Pergunto se você alcança isto.
Compreendemos alguma coisa disto
porque é muito importante
porque a partir disto podemos entrar em algo
mais onde o insight rápido é exigido
de modo que você nunca tenha que lutar, nunca tenha que ter conflito.
Pois quando você está agindo sob insight é uma verdade irretocável.
Não é intuição.
Não vá embora, estamos usando a palavra com cuidado.
As pessoas têm intuições, ou seja, elas desejam,
projetam e você conhece todo esse tipo de tolice horrível.
Isto é insight.
Percepção rápida e a ação não é pessoal
portanto é completa, é holística.
E nossas ações nunca são completas.
Fazemos alguma coisa, lamentamos
"Queria não ter feito isso"
ou fizemos alguma coisa que nos deu prazer
e queremos mais daquela ação.
Então o insight é algo bem simples
mas para ter tal insight das coisas
a pessoa tem que ter uma mente ágil, não uma mente embotada,
não uma mente que tem medo
ou uma mente onde o pensamento diz, "Se eu fizer isso o que acontecerá?
Posso me arrepender, ou pode ser um fracasso,
pode gerar ferida aos outros e a mim"
e então a ação nunca é total, completa, íntegra.
Ao contrário, a ação que nasce do insight,
percepção imediata, não tem remorsos porque é real
é a única ação.
Agora tendo isso em mente
talvez até intelectualmente
você tem uma percepção rápida
de qual é toda a natureza e estrutura da autoridade?
Autoridade de livros, autoridade de professores,
autoridade de cientistas, autoridade de sacerdotes religiosos
e assim por diante.
Ou sua própria experiência, que se tornou sua autoridade.
Ter um insight imediato sobre isso
então você está totalmente livre de toda autoridade.
Então você não tem que lutar e brigar para dizer
"Eu aceito esta autoridade, eu não aceito aquela autoridade.
A autoridade de meu guru é maravilhosa
mas rejeito a autoridade do sacerdote".
Elas são exatamente a mesma coisa.
Então discutindo, sendo desafiado
e desafiando um ao outro, você está livre da autoridade?
Existe a autoridade do policial,
existe a autoridade da lei,
a autoridade do cirurgião
que talvez tenha seu lugar certo,
mas existe a autoridade psicológica da crença, do dogma,
de uma conclusão, uma ideologia, a comunista, socialista
ou seja lá qual autoridade, religiosa, internamente?
Se você tem, então nunca descobrirá o que é ação certa
obviamente. Certo?
Então, examinando passo a passo isto, você está de fato,
se posso respeitosamente perguntar, livre da autoridade
incluindo a autoridade desta pessoa
sentada na plataforma neste momento?
Se não está,
descubra por que você aceita
a autoridade
internamente.
Objetivamente você precisa da autoridade.
Certo?
Não pode dirigir no lado da mão direita na Inglaterra,
haveria acidentes.
Se você rejeita a autoridade de algumas leis estaduais,
será punido e assim por diante,
aí a autoridade tem seu lugar certo.
Mas internamente, profundamente, não ter nenhuma forma de autoridade.
Daí podemos continuar examinando
por que os seres humanos vivem constantemente em estado de medo.
Certo?
Devemos entrar nisso?
Por que você como ser humano,
que é representativo de toda humanidade
certo? - me pergunto se você percebe isso.
Que você como um ser humano representa toda a mente humana
porque você sofre, você é inseguro,
está preso em certas crenças
ou é condicionado, você é inglês,
você é francês, alemão, ou isto ou aquilo
e você crê neste Jesus ou Cristo
ou alguém mais não crê nisso,
e você é hindu, muçulmano, entende?
Então você está cônscio de que em sua relação,
em sua atividade diária, há uma sensação de grande medo.
Certo? A pessoa está cônscia disto?
Se está, então ter - agora veja:
se você tem medo, a resposta natural...
não chamarei natural - a resposta irracional é
cultivar a coragem, o que quer que isso possa significar,
ou fugir dele
ou racionalizá-lo - por que eu não deveria ter medo,
é natural e assim por diante.
Ou você identifica seu medo e você mesmo,
você mesmo e o medo são um,
não existe você separado do medo
de modo que o medo que é você identifica-se com algo maior
e diz, nessa rendição ao maior perdi o medo.
Temos jogado todos estes tipos de jogos por séculos.
E ainda temos medo, depois de um milhão de anos
todo ser humano mundo afora tem algum tipo de medo.
Agora, ter um rápido insight dele
e portanto ficar totalmente livre dele.
Isso é possível?
Porque o medo é a coisa mais terrível, faz você...
você conhece todo o resto, qual é o resultado do medo,
neuroses de todo o tipo,
fugir através de várias formas de entretenimento,
religioso e outros,
racionalizar o medo e aceitá-lo como parte de nossa existência diária.
Agora perguntamos: é possível
ter um insight sobre toda a estrutura e natureza do medo
e ficar livre dele?
Você não quer saber se pode ficar livre do medo?
Ou você aceita, como aceitamos tantas coisas, como parte da vida?
Se você não o aceita como parte da vida
então qual é a natureza do medo?
Qual é a raiz do medo?
Qual é a substância, a estrutura, o movimento total do medo?
Não só o medo da esposa ou do marido, namorada - sabe, medo
em sua inteireza, não uma forma particular de medo.
Você não quer descobrir?
No sentido, você não quer dar sua mente,
seu pensamento, seu ser, toda sua energia para descobrir
se é possível erradicar totalmente o medo?
O medo tem muitas formas,
um dos principais fatores do medo é o apego,
apego a uma pessoa, apego a um ideal,
uma crença, apego a uma peça de mobília,
você sabe o que é apego.
E onde há apego,
há inevitavelmente o medo de perder.
E é possível viver sem isolamento, sem apego?
Compreende minha pergunta?
É possível para um ser humano
que vive há dez mil anos ou mais
vive sempre com medo como parte de sua vida
desde o homem da caverna até hoje,
é possível descondicionar ele mesmo do medo?
Como dissemos, um dos fatores do medo é o apego.
Descobrir se a pessoa é apegada, não evitar isso,
descobrir para ver se a pessoa é apegada a algo,
a seu guru, a seu conhecimento, a sua mobília,
seu amigo, sua esposa, namorada, namorado ou o que seja,
apegado a seu país.
Onde existe apego, existe ciúme,
existe possessividade,
existe um senso de se identificar com outra coisa.
E quando há esse apego e identificação
há sempre incerteza.
Estes são fatos, não são?
Não?
Então, você pode se livrar do apego
não amanhã ou quando estiver no leito de morte
então naturalmente é muito simples ser desapegado! (Risos)
Você não pode argumentar com a morte.
Mas agora, vivendo sua vida diária
ficar livre de toda forma de apego
sem se tornar isolado, o que outra vez gera medo.
Posso me desapegar disto
e de tudo mais e de repente sinto que estou solitário,
sensação de vazio
e tendo medo desse vazio
começo de novo a me apegar, não a uma pessoa, mas a um maravilhoso ideal.
Tudo isso, em toda forma
de apego traz medo.
Um homem ou mulher que realmente examina e demanda, se desafia
se você pode ficar livre do medo
então temos que ter um insight rápido
de toda a natureza do apego.
Você, enquanto estamos falando, explorando um com o outro
teve este sentimento, este insight,
esta percepção imediata de toda a natureza do apego
e sua estrutura com todas
as complicações envolvidas nele, ver instantaneamente.
E quando você o vê em toda sua totalidade, está acabado.
Não significa que você se tornou insensível.
Não significa que se tornou isolado.
Ao contrário: você é um ser humano livre
que não está mais oprimido pelo medo.
Certo?
Essa é apenas uma expressão de medo.
Talvez a mais profunda expressão do medo
de perder o que você tem.
De fato você não tem nada, mas isso é irrelevante.
Então qual a raiz de todo este medo?
Veja, a maioria de nós tende a
podar os galhos do medo.
Certo?
Tenho medo desta coisa portanto deixe-me livrar dela
ou deixe-me procurar alguém que me ajudará a me livrar do medo,
dessa expressão particular do medo,
o psicólogo, o sacerdote, o analista,
os últimos gurus e todo esse negócio.
Mas não estamos interessados na poda da árvore do medo
mas antes em expor a raiz do medo
de modo que quando você enxergar a raiz dele
e tiver a profundeza de compreensão da raiz
então se você tiver tal compreensão
e isto é um insight, então o medo desaparece completamente
você não está mais com medo psicologicamemte.
Fisicamente é um assunto diferente.
Fisicamente
a pessoa deve ter cuidado,
deve ser racional, sensata
a menos que seja extraordinariamente neurótica
e isso é um assunto diferente.
Mas fisicamente a pessoa deve estar atenta ao perigo
como estaria atenta ao precipício,
como estaria atenta ao animal perigoso
e talvez os seres humanos estejam se tornando
mais e mais perigosos que qualquer animal.
Então a pessoa tem que estar atenta aos seres humanos,
aos terroristas, aos políticos,
há algum político aqui? (Riso)
E muito atento aos gurus (riso) e assim por diante.
Então a pessoa compreende a vigilância, o perigo - físico.
Mas qual a raiz do medo psicológico?
Por favor desafie, pergunte a si mesmo.
Não aceite meu desafio.
Pergunte a si mesmo qual é a raiz de tudo isto.
Não diga "Eu não sei"
e deixe assim mesmo, ou tire alguma conclusão.
Se o fizer, isso impedirá você de descobrir a raiz dele.
Se você diz, "Eu realmente não sei
qual é a raiz do medo", então você começa com humildade.
Daí você diz, "Eu realmente não sei, mas vou descobrir".
Mas se você começa com arrogância dizendo, "Posso resolver isso.
eu sei, tenho todos os fatos sobre o medo"
então está começando com uma conclusão,
com um sentido de esperança
o que não significa que deve estar em desespero para perguntar
mas se você está realmente profundamente interessado na
natureza e estrutura do medo na sua profundeza,
qual é a raiz do medo?
Aqueles de vocês que leram ou ouviram o orador antes
não digam "Sim, eu sei".
Esse é um truque barato.
Porque você ouviu alguém lhe dizer isso
e pode ser a verdade, mas não é sua
não é a verdade, é de outro alguém.
Não existe sua verdade ou minha verdade
mas se você aceita uma afirmação feita por alguém como esta pessoa
e diz "Sim, eu ouvi isso antes
mas não me livrou de meu medo"
então a linguagem está lhe guiando.
Compreende?
A linguagem está guiando você.
A linguagem está usando você.
Mas se você está livre do que ouviu antes
mas realmente pergunta agora sentado aí, para descobrir
qual é a essência, a raiz, a base de todo medo
então como você não sabe, chega a isso de novo,
chega com certo sentido de curiosidade para descobrir.
Mas se você já chega com alguma conclusão
não há possibilidade de sua compreensão da raiz dele.
Então vamos descobrir juntos, de novo
qual é a raiz de toda esta natureza e a estrutura do medo.
Quando você quer descobrir, se você tem um motivo,
isto é, "Tenho que me livrar do medo" - o que é um motivo
então esse motivo dá uma direção para seu exame.
Então o motivo que dá uma direção, impede você de examinar.
Isto é simples, não é?
Se tenho um motivo para examinar o medo
porque quero me livrar do medo
então já dei uma direção a ele.
Certo?
Porque meu desejo é me livrar dele
não compreender a natureza e a estrutura e a profundeza do medo.
Quero me livrar da palavra "medo".
Então a palavra "medo" está nos guiando.
Compreende?
Ao passo que se você olhá-lo,
se você está livre da palavra e diz
"Que medo é este com que vivo por tanto tempo?"
O que é ele?
É tempo?
Tempo sendo ontem, hoje e amanhã
pôr-do-sol, nascer do sol.
Ou seja, o medo é resultado do tempo?
Alguma coisa aconteceu que você tem medo
de um ano atrás ou ontem
e esse medo desse incidente permanece
e essa memória dessa coisa é chamada medo.
Você está acompanhando tudo isto?
A memória daquele incidente
que aconteceu um ano atrás ou ontem
deixou certa lembrança
e essa lembrança diz que existe medo.
Certo?
Então, recordação de uma palavra chamada medo, dizemos, isso é medo.
Do contrário estamos tentando descobrir
estando livres da palavra, qual é a essência dele.
Você está acompanhando tudo isto?
Está tudo ficando muito cansativo?
"Tant pis".
Qual a raiz dele?
Digo para mim mesmo porque sou uma pessoa muito séria
e tenho bastante energia
devo descobrir porque não quero viver com medo.
É muito absurdo, muito ilógico, irracional.
Qual é a essência dele? É o tempo?
Parcialmente é isso, tempo.
E também
o pensamento está criando medo?
Compreende?
Então tempo, pensamento.
Eu compreendi mais ou menos a natureza do tempo,
tempo externamente, tempo internamente, psicologicamente:
eu serei, eu não sou, eu serei
ou eu deveria ser, embora eu não seja.
O "deveria ser" é o movimento do tempo.
Certo?
Imagino se você...
Isto é importante, você está compreendendo?
Está uma bela manhã e espero que você esteja apreciando isto também.
Espero que esteja passando um tempo agradável, feliz nesta investigação
como passaria um tempo agradável sentado na grama
e olhando as árvores e as nuvens e o calor da luz do sol.
Então o que é pensamento?
Compreendi a natureza do tempo.
Agora quero entender se o pensamento é responsável pelo medo.
Eu não sei mas vou descobrir.
Se o pensamento é responsável
devo entender toda a natureza do pensamento.
O que é pensar?
Pensar é a resposta da memória.
Certo? Obviamente.
Se você não tivesse memória alguma, não pensaria.
Mas pensar se tornou muito importante para nós.
Aplicamos o pensamento em tudo que fazemos.
Amor é uma lembrança, um pensamento?
Não estou falando de amor ***, sensação, amor sensual.
Eu nem chamarei isso de amor, é sensação.
Amor é sensação?
Amor é lembrança?
E pensamento é amor?
Você entende, estou perguntando tudo isto.
E qual é a natureza do pensamento?
Muito simples, ele se baseia no acúmulo de conhecimento
reunido através da experiência de milênios, vivendo
que está armazenada no cérebro.
Não sou especialista, você pode olhar por si mesmo
no cérebro, e a memória responde a um desafio.
Agora estou me desafiando: o que é pensar?
E então ele diz, "Memória, claro".
Então a memória é responsável pelo medo?
Fui ferido fisicamente no ano passado,
lembro disso e tenho medo que possa voltar novamente
a doença, ou a dor, ou o que seja.
Isto é,
o pensamento baseado na experiência de dor do ano passado ou de ontem
lembrando dela e tendo medo dela
de que ela possa acontecer outra vez.
Toda nossa ação, toda nossa existência baseia-se no pensamento.
Não sei se você percebeu este fato extraordinário:
tudo que fazemos se baseia no pensamento.
Não existe espontaneidade,
essa é uma existência totalmente diferente, ser espontâneo.
Para ter essa espontaneidade
a pessoa deve entender a natureza do pensamento
que condicionou nosso cérebro,
toda nossa perspectiva mental, nossa atividade.
Quando há uma compreensão,
insight imediato disto, então há espontaneidade,
há liberdade.
Mas esse é um assunto totalmente diferente.
Então perguntamos: o tempo, vejo, é parcialmente responsável.
O pensamento também é responsável.
Tempo é pensamento?
Ou pensamento é tempo?
Compreende?
Eles não são tempo e pensamento, separados.
Existe apenas pensamento que cria tempo psicológico.
Certo?
E assim, tendo entrado na profundidade dele,
compreendido, não intelectualmente, verbalmente
mas de fato visto por si mesmo a natureza do pensar
então se percebe que o pensamento é basicamente responsável pelo medo.
Então a pessoa diz, "Como então posso parar de pensar?"
que é a pergunta mais absurda.
Veja, isso é parte do truque que os gurus produziram.
Ou seja: meditar, tentar controlar o pensamento, parar o pensamento.
Você já tentou parar de pensar?
Se tentar você descobrirá
que a pessoa que diz "Eu devo parar de pensar"
a entidade que diz isso, é também parte do pensamento.
Ela está pregando uma peça em si mesma.
Então, se você vê que tempo é pensamento, tempo é movimento, movimento
de ontem, hoje, amanhã.
E também que pensamento é um movimento
movimento baseado em memórias passadas, experiências passadas
conhecimento passado - o conhecimento está sempre no passado.
Então o pensamento é basicamente responsável pelo medo.
Compreende?
Agora a palavra "medo" é medo? Compreende?
A palavra "medo" é o medo real?
Ou a palavra não é essa coisa.
Vocês todos estão ficando muito cansados?
Entendem minha pergunta?
A palavra é diferente da coisa?
Ou a palavra cria essa coisa, medo?
Então a palavra está lhe guiando
e a palavra está criando o medo.
Ou existe medo independente da palavra?
Ou seja, a palavra não é a coisa.
Certo?
Compreende?
Então você separou a palavra da coisa?
Compreende?
A tenda, o toldo, a palavra, não é isso.
Certo?
Então quando você olha isso
pode separar a palavra da coisa?
Entende minha pergunta?
Então você separou a palavra da reação
que você chama medo?
O que significa
você está cônscio de que está preso numa rede de palavras?
E assim as palavras estão lhe guiando.
Então pode você olhar uma coisa sem a palavra,
significando olhar aquela coisa sem nomeá-la
o que se torna a palavra.
Me pergunto se você entende tudo isto!
Olhe, isto requer grande vigilância,
grande atenção, de sua observação.
Não é apenas aceitar, "Sim, posso separar a palavra,
isto e aquilo" - brincar.
Mas de fato ver que você está preso
sua observação é através da palavra
e assim a palavra se torna importantíssima.
Assim, percebendo que você diz, tudo bem
vou separar a palavra, afastá-la, deixe-me olhar a coisa em si
não com a palavra interferindo nela
a palavra com todas as suas conotações, seus conteúdos.
Deixe-me olhar essa coisa.
Compreende?
Estou gastando muita energia, espero que você também.
Então, pode você olhar o medo, a palavra
a sensação real sem a palavra?
Ou a palavra está criando a sensação?
O nome, medo, está criando isso.
Compreende?
Você pode olhar o toldo
a palavra e o fato, a tenda, diferentemente
pode separá-lo e dizer
"Sim, posso olhá-lo sem a palavra.
Posso ver as linhas, posso ver as estacas, sem a palavra".
Mas fazer isso psicologicamente é muito mais
a pessoa tem que estar extraordinariamente alerta.
Estar muito profundamente ciente do significado, da palavra e da coisa.
Agora se você está, então a coisa que você está olhando
sem a palavra, é medo?
Compreende o que estou tentando dizer?
A reação que você nomeou como medo
se não nomeá-la, é medo, existe medo?
Você chegou a isso depois de investigar
compreender tempo e pensamento.
Pensamento é tempo porque ambos são movimento.
Tempo é movimento.
Pensamento é movimento.
Então eles não são duas coisas separadas.
O pensamento cria o tempo psicológico.
Então o pensamento criou a palavra.
O homem original ou o macaco ou o aborígine
primata diz "Eu tenho medo" - o medo passou - compreende?
- totalmente para nós - compreende?
E agora perguntamos: separar os dois,
a palavra e a sensação, a reação e olhar para ela,
observar a reação sem a palavra.
Ora, quando você observa a reação,
o observador é diferente da reação?
Compreende?
Ou eles são o mesmo, o observador é o observado,
a reação é o observador?
Certo?
Vejo que vocês não entenderam, alguns de vocês.
Você ficou com raiva,
essa raiva é diferente de você?
Você só está cônscio dessa raiva,
no momento da raiva você não está
mas um segundo ou um minuto depois você diz, "Fiquei com raiva".
Você se separou da coisa chamada raiva
e aí há uma divisão.
Do mesmo modo (risos)
A reação que você chama medo é diferente de você?
Obviamente não é.
Então você e aquela reação são o mesmo.
Quando percebe isso, você não luta com isso, você é isso.
Certo?
Me pergunto se você vê isso.
Então uma ação totalmente diferente ocorre
que é, antes, você usou uma ação positiva em relação ao medo
disse, "Não devo ter medo, vou negá-lo,
controlá-lo, devo fazer isto ou aquilo a respeito,
ir ao psicólogo" - você sabe, todo o resto.
Agora quando você percebe, quando há o fato - não percebe
quando há o fato que você é a reação,
não existe você separado daquela reação.
Então você não pode fazer nada, pode?
Me pergunto se você percebe, você não pode fazer nada.
Portanto um negação, uma negativa,
uma observação não-positiva é o fim do medo.
Certo?
Que horas são? I: Uma hora.
K:Desculpem-me por falar durante uma hora e meia, não percebi.
Espero que não estejam aborrecidos,
vocês não estão sentados duros na mesma posição.
I: Não tenha medo. Nós gostamos. (Riso)
K: Bom. Vamos nos encontrar amanhã outra vez.
I: Obrigado.
(Palmas)
K: Por favor não aplaudam. Não vale a pena.