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Sincronização: Franchinen
Tradução: Mucreio
Na manhã do dia 2 de julho de 1853,
um pescador japonês relatou ter visto algo estranho:
"Eu fiquei sabendo que havia barcos em chamas."
"Eu subi na montanha para ver melhor."
"Os barcos chegavam mais e mais perto."
"Até os barcos se mostrarem não ser japoneses"
"mas estrangeiros."
"E quando chegaram perto da enseada
"eu vi fumaças negras saindo de chaminés."
Barcos à vapor, assim como outras inovações ocidentais
eram desconhecidos no ***ão.
Agora, eles são quatro no porto.
A esquadra americana, armada com canhões e quase mil homens
estava decidida a forçar a entrada nas praias japonesas.
O ***ão era um país cheio de mistérios
uma sociedade de guerreiros governada pelo poderoso xogunato de Tokugawa.
Com sucesso, eles mantiveram o Ocidente afastado de suas águas
por mais de 200 anos.
Mas agora, o poder ocidental exige entrada
Poderia a nação-samurai repelir o poder industrial
do determinado ocidente?
Esses são as memórias do império secreto do ***ão.
***ÃO MEMÓRIAS DO IMPÉRIO SECRETO
O RETORNO DOS BÁRBAROS
"Todos aqueles que têm contato conosco"
"tiveram que fazer juramento e assinar com o próprio sangue"
"não contar ou confiar em nós"
"informações sobre a situação de seu país"
"seus despachos e segredos de estado."
Assim escreveu o médico alemão, Engelbert Kaempfer,
um dos poucos europeus permitidos no ***ão.
O ano é 1690,
e os japoneses vêem os ocidentais como bárbaros
que ameaçam sua sociedade ordeira.
Os japoneses estão determinados a manter as portas fechadas para o ocidente.
por quanto tempo puderem.
Há uma exceção:
um pequeno posto de mercadores holandeses que concordaram
viver em confinamento na ilha do porto de Nagasaki.
Por mais de 200 anos esse isolado posto comercial
seria a única janela da Europa nessa terra impenetrável.
As Companhias das Índias Orientais da Holanda enviou o doutor Kaempfer
para atendimento médico para a comunidade holandesa.
A ele foi pedido também, juntar informações do dia-a-dia dos japoneses,
o que não seria uma tarefa fácil.
"Nós somos estritamente e fortemente fechados por dentro e por fora"
"por muitos guardas que não nos tratam como homens honestos"
"mas como criminosos, traidores, espiões, prisioneiros,"
"ou finalmente, refens do xogum."
"Esta cadeia tem o nome de Dejima."
Os holandeses viveram como prisioneiros em Dejima,
Mas Kaempfer estava facinado com a oportunidade de escrever sobre algo
que ninguém tinha acesso.
Dejima era pequena
Kaempfer contou 236 passos de comprimento e 82 de largura,
Nunca houve mais de 19 homens permitidos na ilha por vez
e nunca, nenhuma mulher ocidental.
Longe de casa os homens faziam o que podiam
para transformar os estranhos prédios em estilo japonês
em um pequeno ambiente holandês.
Eles jogavam xadrex em mesas altas sobre tapetes trançados,
trocaram os futons por camas
e insistiram que fosse servida comida holandesa ao invés de japonesa.
Nenhum japonês, exceto prostitutas,
tinha permissão de ter contato, sem supervisão, com os holandeses.
Ainda, para conseguir informações para seus relatórios
Kaempfer deu um jeito de criar um grupo inervante de informantes japoneses.
vamos começar a legenda !
"eu cordialmente lhes oferecia licores europeus"
"eu os questionava com perguntas locais,"
"natureza, assuntos mundanos, conversas espirituais que eram permitidas."
Os japoneses eram tão curiosos como Kaempfer.
As instalações dos holandeses eram a janela para o mundo exótico do Ocidente.
Mas as poucas informações que chegavam do exterior
eram cuidadosamente guardadas.
Toda vez que um barco holandês chegava
O navio holandês teria as últimas notícias da Europa
E essas notícias seriam dadas às autoridades holandesas em Nagasaki
E depois, essas notícias seriam traduzidas para o japonês
e enviadas com urgência, imediatamente para o quartel-general do xogum.
O governante do ***ão, o xogum,
ansioso por notícias do mundo exterior
Ele ordenou que os ocidentais se apresentassem em seu castelo
uma vez por ano.
A única vez que Kaempfer realmente viu o ***ão
foi quando ele viajou de Nagasaki até Edo, que era a capital do xogunato.
A viagem pela estrada até Edo deu a Kaempfer relances reveladores do mundo dos japoneses.
Ele anotou todo dessa viagem de um mês.
"Eu vi muitos homens que pareciam que eram lordes de províncias."
"Suas estradas são molhadas para manter a poeira abaixada."
"Nas casas que ficam ao longo das estradas, as pessoas atrás das telas das janelas"
"assistindo a procissão em profundo silêncio."
"É impressionante o número de pessoas usam diariamente essas estradas pelas províncias."
"De fato, em certa época do ano há multidões como nas cidades populosas da Europa."
"A razão dessas multidões é que os japoneses viajam"
"com mais frequência, que qualquer outro povo."
Kaempfer escreveria tudo sobre outros viajantes.
Samurais e seus lordes chamados daimios
Comerciantes e performistas de beira-de-estrada.
Monges budistas e um grupo de jovens mulheres vestidas como freiras.
"Elas cobrem sua cabeça com lenços de seda"
"e andam com muita formosura."
"Ela se atrai a um viajante em particular."
"Começa-se uma conversa com tom de excitação"
"e ela diz que por alguma gratificação"
"ela seria uma companhia que o entreteria por várias horas."
Assim como o número de transeuntes aumenta
também aumenta o número de mercadores para atender as necessidades dos viajantes.
"Há muitas lojas finas"
"elas são mercados"
"lojas de roupas"
"vendedores de remédios"
"negociantes de estátuas"
"vendedores de livros"
"vidraceiros"
"vendedores de animais"
"E pessoas gritando boas vindas"
"Incontáveis estalagens"
"restaurantes de beira-de-estrada, tavernas de sake ou cervejas"
"confeitarias e casas de doces estão por toda a estrada"
"entre as mesas também tem uma variedade de 'biscoitos' de diferentes cores e formas"
"...à mostra."
"Elas são lindas para se olhar, mas ah...!"
"Mas devem ser tão difíceis"
"como comer essas comidas que grudam nos dentes ao tentar engoli-las."
Comerciantes que antes eram conhecidos como parasitas da sociais
começaram a melhorar sua posição na tradicional sociedade japonesa.
Vendedores ambulantes se tornaram comerciantes de beira-de-estrada
que eventualmente, construíram lojas grandes e até se mudaram para as cidades.
Kaempfer foi testemunha da mudança do estilo de vida na ***ão
que logo balançaria as bases dessa sociedade altamente ordenada.
O Samurai não tinha permissão de comercializar
então, os padrões de vida dos comerciantes começou a subir
enquanto o dos samurais estava caindo.
E isso não era apropriado
para a sociedade de Tokugawa, onde os samurais eram o topo das classes.
Os samurais eram a classe de elite governante.
Menos de 10% da população
No ***ão de Tokugawa, eles nasceram samurais
e apenas o samurai tinha o direito de usar as duas espadas
Obrigação e lealdade para seu lorde daimio
formam as bases do código do guerreiro.
Mas agora em tempos de paz,
os samurais, que antes eram privilégiados, encaram um futuro incerto.
Não existe guerras para lutar
e muitos daimios encontram dificuldades em manter todo o exército.
Enquanto um samurai de alto nível pode encontrar serviço como funcionário público
Outros samurais não podem trabalhar em profissões consideradas inferiores a sua classe.
E um número crescente de samurais desempregados, conhecidos por ronin,
vagam pelo país procurando por um novo mestre
A procura por novas oportunidades levaram muitos para as cidades
E não havia outra cidade que crescesse tanto como Edo,
que depois seria conhecida por Tóquio.
Edo era a capital do xogunato de Tokugawa
E era o destino do doutor Kaempfer
Aqui ele finalmente ficaria face-a-face com o xogum,
a pessoa mais poderosa do ***ão.
O DOUTOR E O XOGUM
Quando o doutor Kaempfer chegou em Edo
ele foi preso, ficando em seus aposentos, por duas semanas.
Finalmente ele foi agendado a aparecer no castelo do quinto xogum,
Tokugawa Tsunayoshi.
"A casa do xogum é espaçosa, com muitos corredores, com grandes salas"
"que podem ser fechadas por partições deslizantes"
"De acordo com os mais finos projetos da tradição japonesa."
"O teto, vigas e pilares moldados pela natureza cobertos por vernis ou"
"ou esculpidos artisticamente em formas de pássaros e folhagens."
A coisa importante a respeito do Tokugawa Tsunayoshi
é que ele foi o primeiro xogum que não foi educado como samurai.
Ele foi educado como acadêmico porque não era para ele se tornar xogum.
E então, ele tinha uma visão bem diferente do mundo.
A mãe do xogum era filha de comerciantes
Ela quebrou as barreiras sociais quando se casou com um eminente xogum.
Seu filho, Tusnayoshi, carrega consigo ambos valores de samurai e comerciantes
Ele governará rumo a uma nova direção a sociedade japonesa
Em sua corte academicismo era a moda ao invés de bravuras marciais
E os daimios que queriam ganhar favores dele
se tornaram patronos de artes e literatura.
Foi um tempo de florescimento cultural no ***ão.
Tsunayoshi mudou a sociedade dos samurais,
ele condenou a violência, que lógico, era parte da ética dos samurais.
Influenciado por seus estudos na infância de clássicos do budismo e confucionismo
As leis do xogum eram de compaixão e de proteção de todas as criaturas da natureza.
As leis compaixão de Tsunayoshi
protegiam aqueles que estavam abaixo na escala social.
Ele criou leis contra infanticídio.
Isso era muito avançado.
Crianças eram abandonadas quando os pais não podiam mais alimentá-las.
Elas simplesmente eram deixadas para morrer.
Mas Tsunayoshi ordenou que o Estado tem que cuidar, alimentar e encontrar casa para elas.
Mas Tsunayoshi era também conhecido por utilizar do tesouro nacional
para seus prazeres pessoais.
E ele começou a fazer suas reformas
severas e não populares ao extremo.
Nascido no ano do cachorro,
Tsunayoshi criou leis restritas protegendo os cachorros.
Os samurais possuiam grande quantidade de cães em suas mansões.
E aqueles que eles não queriam eles eram jogados na cidade.
E geralmente eles atacavam crianças
Ninguém queria ser responsável por um cachorro.
Mas não podiam ordenar que esses cães fossem mortos.
No final, tiveram que construir canis
E eventualmente, até 45 cães eram encontrados em canis,
e lógico, os senhores feudais, os daimios tinham que pagar por isso.
Tsunayoshi ficaria conhecido como o xogum-cachorro.
O doutor Kaempfer, observou com humor:
"Quando um cachorro morre, é levado para as montanhas"
"E enterrado com cuidado não menor do que uma pessoa."
"Um certo camponês carrega com muito esforço seu cachorro morto para a montanha"
"e reclama para seu vizinho sobre o ano do nascimento do xogum"
"o outro replica - Meu amigo, não vamos reclamar,"
"se ele tivesse nacido no ano do cavalo, nossa carga seria mais pesada."
Era o xogum-cachorro que o doutor finalmente iria se encontrar.
Depois de uma viagem de um mês e duas semanas esperando
Kaempfer estava tão impressionado com a experiência
Que fez desenhos para ilustrar o encontro e as ordens de performances
"Depois de sermos treinados por duas horas, ele mandou-nos que nós tirássemos as capas"
"dançar, pular, fingir de bêbados, falar japonês sem habilidade, cantar"
"sob as ordens do xogum, temos que fornecer essas alegrias"
"e outras inúmeras macaquices."
Kaempfer e o xogum compartilharam uma coisa
que era a grande curiosidade.
Mas na audiência o xogum estava atrás de uma tela de bambu
E ele pediu a Kaempfer que se aproximasse da tela de bambu
E mesmo tendo tirado sua peruca e ter dançado e cantado para ele
Kaempfer frizou seus olhos para ver como o xogum se parecia
e suas esposas atrás da tela de bambu.
Mas eles foram capazes de conversar um com o outro, diretamente.
O xogum e o doutor se encontraram apenas três vezes
Mas cada um forneceu uma pequena visão ao outro sobre seu mundo
Os trabalhos de Kaempfer no ***ão se tornaram bestsellers.
Primeiramente foi lançado em inglês, depois foi traduzido para holandês, francês
diversas traduções, até russo.
E basicamente todo o conhecimento, até o começo do século 20
foi baseado sobre os trabalhos de Kaempfer no ***ão.
O ***ão não tinha interesse em abrir suas portas para o Ocidente.
O país estava em paz, mas a economia estava em declínio.
Milhares de samurais guerreiros desempregados manteriam a nação no limite
A CIDADE DE SAMURAIS
No começo do século 18, Edo era provavelmente a maior cidade do mundo.
Com mais de um milhão de habitantes.
Diferente das capitais européias, os cidadãos apreciam uma cidade segura e limpa
com um avançado programa de reciclagem.
E era próspera, além das medidas
"Moedas de cobre, flutuam como moeda das águas."
"Prata. Pilhas como montes de neve."
"Toda manhã, peixes são vendidos em tanta quantidades."
"que ficamos imaginando se os suprimentos dos mares irão se acabar."
"Visível à distância, está o monte Fuji."
"Se erguendo em toda sua magnitude contra o horizonte."
Pelo menos, metade da população de Edo era de samurais guerreiro
que vieram para a capital acompanhando dos lordes daimios.
Desde que não não há guerras para lutar os samurais tem tempos ociosos.
Mas não todos parecem gostar
O lado ruim da era de paz para os samurais
é que eles não poderiam trabalhar com comércio
e gradualmente eles passaram a ver um monte de comerciantes ricos
mas capazes de fazer todas as coisas que queriam fazer
porque eles tem mais dinheiro
e você é um samurai comum.
Ironicamente, os mercadores que invejaram dos samurais foram os que se beneficiaram
Eles agora podem conseguir educação
desenvolver o gosto, gosto cultural.
E emular a classe alta dos samurais.
De quem, esses mercadores, sempre admiravam e invejavam.
A barreira social estava sendo derrubada.
Desde o começo da Era de Tokugawa
uma estrutura rígida manteve cada um no seu lugar.
Embora as classes não eram para se confraternizar.
as regras começaram a se curvar.
Em algumas situações como os populares clubes haiku
onde ambos, samurais e comerciantes participavam
Ao invés de se apresentarem pelos nomes conhecidos nomes de família
cada um criava um nome um pseudônimo
Dessa maneira eles estavam livres
das rígidas regras que eram exigidas pelo padrão social
Encorajados pela paz e próspera economia
as artes e entretenimento floresceram
Samurais interessados em educação
apreciavam a literatura entre todos os grupos sociais.
85% da população masculina em Edo eram leitores ávidos.
Em 1800,
havia aproximadamente 120 ou mais poetas haiku
e também havia aproximadamente 500 livrarias
e muitas pessoas no ramo de impressão
O povo exigia esses livros e informações.
Eles queriam ler excitantes ficções
Alguns dos bestseller da época eram escritos por um mercador que virou escritor
Ihara Saikaku
seus livros celebravam a era emergente da cultura popular.
Uma nova era na ficção japonesa
Saikaku, percorria as ruas de Edo procurando seu matéria literária
Unindo prostitutas e daimios
assim como mendigos e comerciantes.
E ele escreveu sobre tudo com ternura e muito humor
Especialmente sobre os novos e prósperos comerciantes.
Que tentavam emular os sofisticados samurais
"Se você não os conhecer melhor"
"vai achar que todos eles vêm de famílias importantes."
"Mas deixe-me contar-lhe"
"Aquele alí com casaco brilhante"
"É um fazedor de goma"
"Ele negocia em bodegas e espeluncas"
"Mas do jeito que se veste"
"Você acharia que ele é um produto de uma família fina"
"Ele teve que colocar sua casa no penhor"
"Seus credores querem levá-lo à justiça."
"Se você me perguntar, ele é louco por ficar à "noite-fora-da-cidade".
Em Edo, "noite-fora-da-cidade"
significava "kabuki", o mais popular palco de entretrenimento.
Para as pessoas de Edo, os atores de kabuki eram como astros de Holywoody.
Os fãs colecionavam placas de madeira impressas de seus atores favoritos.
não apenas para se divertir colecionando-os,
mas também para saber que tipo fantástico
de fantasia seus atores favoritos estão usando no palco.
se os leitores gostarem de certo tipo de estilo ou design
rapidamente se tornará em uma nova moda.
O kabuki encena contos heróicos e românticos
Um dos mais famosos Chushingura foi baseado em fato real:
Um lorde daimio foi humilhado por oficial de justiça.
O xogum ordenou que o lorde cometesse seppuku
cerimônia de suicídio.
Furiosos por sua morte, 47 samurais do lorde, vingaram sua honra matando o oficial.
Isso representa para o xogum governante um dilema:
os samurais obedeceram o código de honra mas desafiaram a autoridade do xogum.
O povo suplica por clemência, mas o xogum não se mantém firme.
Ele ordena que os samurais comitam suicídio.
Esses samurais viveram e morreram pelo seu próprio código de honra.
O incidente chamou a atenção da audiência como nenhum outro.
Logo esses homens foram imortalizados no palco do kabuki.
Um nostálgico tributo para uma era que partia.
Isso representa para eles, os ideais dos samurais
eram tão abnegados e devotados à honra pelo lorde, que desistiram de viver.
e isso a reafirma para eles um bagunçado e comercializado mundo
em que a maioria dos samurais passavam a maior parte do tempo bebendo, festando
assistindo teatros e sendo egoístas como nós.
Haviam 47 samurais
realmente atuando como guerreiros.
"Todos se levantam e aplaudem: bravo, bravo!"
"E essa peça vai atravessar as eras que virão"
"por esses lordes serventes."
"Nós registramos aqui sua glória."
"Todos renovados como as folhas do bambu."
A honra do samurai vai viver em mito e legenda.
Mas no ***ão de Tokugawa não havia guerras.
Não há mais busca para a eterna glória.
Na vida real o samurai tinha que arrumar outra saída para sua paixão.
O MUNDO FLUTUANTE
"A cortesã arruma sua roupa"
"de maneira que sua roupa íntima de seda fique aberta"
"para revelar a carne de pele branca"
"Quando homens vêm uma vista dessa eles ficam insanos."
"E gastam o dinheiro que eles carregam consigo"
"Mesmo que significa literalmente perder a cabeça no dia seguinte."
"Mas a maioria apenas sonham"
"São poucos os que podem pagar o preço das cortesãs.
Mais de 3 mil cortesãs e gueixas trabalhavam em Yoshiwara, o "distrito do Prazer" em Edo.
Yoshiwara era autorizado pelo governo
uma ferramenta eficaz para manter a população masculina sob cuidadoso controle.
Como soldados de perpétua partida,
os samurais, com frequência, passam seu tempo oscioso
e desperdiçam seu minguado salário nessa sedutora ilusão.
Yoshiwara era a "terra dos sonhos" para os homens de Edo.
Ela dava fantasia, imaginação e romance.
Era como Holywood, onde celebridade era importante.
Com muralhas, portões era uma cidade dentro de outra.
Nenhum ocidental foi permitido experimentar esses prazeres.
Existe uma distinta diferença entre gueixas e cortesãs.
Gueixas eram artistas profissionais.
Elas não faziam sexo
para entreter os homens.
Elas tinham suas músicas, elas cantavam, tocavam instrumentos musicais e dançavam.
As cortesãs entretinham os clientes
com conversas
e com gratificações sexuais.
As cortesãs de Yoshiwara eram a elite das prostitutas.
Se alguém apenas queria satisfazer suas necessidades sexuais
em toda a Edo havia ilegais e baratas ... prostitutas.
Mas todos queriam ir para Yoshiwara
porque era um lugar especial e de prestígio.
Recrutadas quando crianças de famílias pobres
ambas, cortesãs e gueixas eram treinadas e rigidamente educadas
E possuiam um magnífico senso de estilo e de arte refinada.
Sua habilidade de manter uma conversa sobre o papel da mulher ou escândalo da cidade
era tão importante quanto o que viria em seguida.
As cortesãs e os clientes se encontravam em casas-de-chás vizinhas.
Eram locais de estilo, elegantes e finos
muito parecidos com as casas-de-café de Londres, no mesmo período
O auto-retrato dos encantos de Yoshiwara era a própria arte.
E as cortesãs de Yoshiwara eram treinadas para saber eram melhores que seus clientes.
Se um homem quisesse ir a Yoshiwara ele tinha que agendar-se seis meses antes.
Ele terá que comprar um conjunto fino de espadas
ele tem que pensar no que vestir
porque ele não vai apenas lá
pois, a cortesã tem o direito de dizer ao cliente que ela não gostou dele
mesmo se ele puder pagar por ela
por isso mesmo, ele quer causar uma boa impressão à cortesã.
E depois, uma vez comprometido com ela
ele não tem direito de ver outra mulher.
E se ele, astutamente, ver outra pessoa
a cortesã tem todo direito de puni-lo
seus cabelos serão cortados
ele será obrigado a usar o vestido vermelho de mulher
e será zombado por todo mundo.
Yoshiwara possuia seu próprio costume, arte, moda e linguagem.
Era um mundo que parecia flutuar da dura realidade da vida.
"Vivendo somente do momento"
"Comendo todo nosso tempo para os prazeres da lua"
"A neve, desabrochar das cerejeiras, e folhas secas"
"Cantando músicas, bebendo saquê"
"Plumando um ao outro"
"Apenas flutuando, flutuando"
"Nunca se importe se não tiver dinheiro"
"Recuse o desânimo"
"Como um pano flutuando ao longo da corrente do rio"
"Isto é o que chamamos de ukiyo."
"o mundo flutuante"
Mas a palavra ukiyo
ainda carrega o senso budista, de vida transitória
Essa... essa... impermanente, esta... vida sofrida,
ainda está lá, particularmente para as cortesãs e prostitutas
ou para todos que tenham algum tipo de problema.
Elas eram muito infelizes
E ainda tinham que se apresentar muito brilhantes e alegres
estoando sua aparência com o público em geral
isso me faz pensar sobre a música, o Blues e o mundo do jazz
definível e descritível, desalentos, tristezas e mágoas
Esse é o significado da palavra ukiyo para mim.
Para o samurai que frequentava Yoshiwara, os tempos estavam mudando.
eles continuavam treinando para batalhas
mas sem guerra para lutar, muitos ficaram sem objetivo.
"Os guerreiros de hoje, tudo que fazem é falar de mulheres, comer e beber"
"atores e produções dramáticas"
"seus treinos obsessivos são apenas para brigas pessoais"
"seus estudos de artilharia e balística são apenas para mostrar"
"escrevem apenas para cerimônias"
Katsuo Kokichi era um samurai de nível médio que foi para Yoshiwara
mas não tinha dinheiro para satisfazer seus desejos
"Eu tinha 21 anos e sem dinheiro"
"Eu não tinha escolha a não ser vender minha espada"
"Eu tinha apenas problemas"
"para me aliviar da aflição, fui ao Yoshiwara"
Havia jovens que protestavam
que não se enquadravam na sociedade
vestiam kimonos muito grandes, cortes interessantes de cabelos, algumas vezes,
ou carecas como forma de protesto.
Muitos desses jovens, desempregados, como Katsuo Kokichi
viviam às margens da sociedade
que poderiam ser levados a morrer, roubar ou gangsterismo.
"Quando entramos na administração do templo"
"Dois homens que pareciam ricos se apresentaram segurando um tubo"
"Sem avisar, ataquei batendo no rosto do homem"
"Quando percebemos havia um grupo de vinte homens"
"todos armados com bastões de madeira"
"Fora dos portões, havia um reforço de uns 30 homens com varas"
"Nós éramos quatro contra 50."
Para Katsuo Kokichi, todo o código de honra do samurai se foi.
Em meados do século 18,
o caríssimo Yoshiwara não estava mais ao alcance da maioria dos samurais.
O distrito do prazer chegou a um limite horripilante.
Os donos de estabelecimentos perderam seu orgulho
se tornaram escravos da ganância por dinheiro
se tornaram muito mais sem compaixão
Alguns deles se tornaram muito, muito cruéis,
e tratavam as prostitutas miseravelmente, e algumas morriam.
No fim do período, prostitutas doentes não recebiam medicamentos ou cuidados
e quando morriam elas eram apenas jogadas num buraco para mortos-sem-nome.
"Sentindo sozinha"
"Assim como plantas"
"Cortadas das raízes"
"Eu talvez devo seguir onde as águas me levarem"
O mundo insular do samurai está se apodrecendo
para encontrar a cura para suas doenças
alguns começaram a olhar para uma direção peculiar:
o Ocidente, agora com novas idéias e esperança.
O CADÁVER DE UMA CRIMINOSA
"Eu não sabia ler uma palavra, lógico"
"Mas desenhos de víceras, ossos e músculos"
"Não se parece com quase nada que já tenha visto"
O médico Suguita Genpaku não sabia ler holandês
Mas quando começou a olhar os livros de anatomia dos holandeses
ele ficou vislumbrado com os desenhos.
Ele não tinha visto nada igual em seus livros chineses de medicina.
Em meados do século 18, livros ocidentais, primeiramente trazidos clandestinamente da Hollanda,
chamou a atenção de muitos cientistas e médicos japoneses.
Suguita Genpaku recebeu permissão do governo
para fazer a primeira autopsia de um cadáver de criminoso
para estudo científico.
O cadáver de criminoso no caso era de uma idosa
de aproximadamente 50 anos.
Um açougueiro velho apontou isso, cortou aquilo dando nomes.
Mas havia algumas partes que não tinha nomes.
Quando nós comparamos o que víamos com as ilustrações no livro holandês
era exatamente como estava desenhado.
Doutor Suguita e seus amigos refletiram como era vergonhoso
o fato de que tratavam os pacientes sem o real conhecimento do corpo humano.
Ele jurou aprender mais.
Ele começou a aprender holandês para poder traduzir o livro
"No próximo dia, nos encontramos e começamos,"
"gradualmente conseguimos decifrar dez ou mais linhas por dia."
"depois de 2 ou 3 anos de duro estudo"
"tudo ficou claro para nós."
"O prazer disso era como saborear uma doce cana-de-açúcar."
Em 1774, o xogum autorizou o doutor Sugita
que publicasse o livro de medicina de maneira que
ele poderia compartilhar seu conhecimentos com outros médicos
Esse livro se tornou parte de um crescente interesse em conhecimentos holandeses
conhecido por rongaku.
Originalmente, rongaku iniciou com estudos médicos.
Um médico descobriu que poderia curar uma doença com remédios da Holanda
que eles não conseguiam através da medicina tradicional japonesa
eles ficaram muito interessados em estudar rongaku,
gradualmente, assim que a língua holandesa foi amplamente espalhada
outros aspectos do rongaku,
como Astronomia, Ciência e Química foram introduzidas no ***ão.
Quase 100 anos depois do doutor Engelbert Kaempfer,
o desejo por conhecimento ocidental iniciou uma abertura das portas do ***ão
de dentro para fora.
E assim como o conhecimento ocidental atraía alguns intelectuais
há outros que acreditam que qualquer coisa estrangeira
ainda ameaçava a sociedade japonesa.
"Uma fonte de perigo apareceu em estudos holandeses"
"esses estudantes estão sendo levados pela fraqueza de alguns"
"por instrumentos novos e medicina rara"
"que encanta aos olhos e joga fora o coração."
"E algum dia, esses estrangeiros traiçoeiros vão se aproveitar da situação"
"e enganarão pessoas ignorantes com suas maneiras."
"Nosso povo vai começar a comer cães e ovelhas."
"E ninguém será capaz de detê-los."
"É como criar bárbaros em nosso próprio país."
OS BÁRBAROS ESTRANGEIROS
"Hoje, os bárbaros estrangeiros do Ocidente"
"uns órgãos abaixo das pernas e pés do mundo"
"estão escorregando nos mares, pisando em outros países com seus pés"
"como ousam com seus olhos vesgos e pernas mancas"
"querer apagar nações nobres."
"Que maneira arrogante é essa?"
O ***ão conseguiu manter os bárbaros estrangeiros afastados
por mais de 200 anos.
Mas agora, em meados do século 19,
o ocidente se posiciona para ocupação
O xogum se vê numa ameaça estratégica
em três frentes:
do norte, os russos vêm vindo,
do sul, vinham os ingleses
e finalmente, pelo leste, vêm os americanos.
o novo país, os Estados Unidos da América, estava em movimento.
***ão era conhecido depósitos de ouro
e algo mais em abundância.
Baleias.
Oléo de baleia, que literalmente engraxa a indústria américana
é um negócio multimilionário.
Caçadores de baleias ocuparam o norte do Atlântico.
Agora, América olha para leste, em direção ao ***ão.
"Se aquela terra superfechada, o ***ão"
"nunca se tornar hospitaleira"
"será somente na forma de um navio-baleia"
"que todo crédito será pago."
Assim escreveu Herman Melville, em seu livro clássico
sobre uma grande baleia branca que aterrorizava as costas do ***ão.
Na época em que Moby *** foi publicado, em 1851,
os Estados Unidos estavam prontos para declarar seu poder.
Os líderes do ***ão estavam a par
da grande pressão em direção ao seu litoral.
O xogunato estavam se preparando
para a "chegada" do Ocidente por décadas.
Eles criaram um birô especial de traduções,
que reunia informações sobre o Ocidente,
traduzindo Atlas, traduzindo dicionários.
desenvolvendo uma série de especialistas do exterior.
Conselheiros-chave informaram de uma eminente ameaça estrangeira.
Eles pediam que o xogum reforçasse suas defesas.
"Nós deveríamos construir navios de guerra."
"E se os bárbaros vierem ao nosso mar."
"Nós mataremos cada um deles."
Outros temiam que o ***ão não serveria de oponente do Ocidente
suas armas e navios não mudaram
desde que fecharam as portas para Europa, 200 anos atrás.
Não havia consenso.
Então, na manhã do dia 2 de julho de 1853,
um pescador local relatou essa estranha visão:
"Me contaram que haviam barcos pegando fogo."
"Eu subi então no morro para dar uma boa olhada."
"Os navios chegavam mais e mais perto"
"Até os barcos se mostrarem que não eram navios japoneses"
"...mas estrangeiros."
"E quando chegaram perto da enseada
"eu vi fumaças negras saindo de chaminés."
Esses barcos à vapor sobrepujavam
qualquer navio que já tivesse sido construído no ***ão.
Para os japoneses eram os "kuro-fune"
os "navios-negros" com aparência demoníacas.
A bordo, mais ou menos 60 canhões e quase mil americanos
e eles não chegaram nos portos para estrangeiros de Nagasaki,
mas nas águas proibidas da baía de Edo,
a cidade-capital do próprio xogum.
Após ouvir a notícia,
o xogum, em seguida ficou doente.
Muitos dizem que foi devido ao choque ao saber que uma esquadra estrangeira
estava à sua porta.
Seus conselheiros tentaram lidar com a crise.
"Novas informações chegavam uma atrás da outra."
"Essa situação apareceu tão de repente"
"tão formidável,"
"e tão importante."
"Ordens para os grandes clãs se manterem em vigília"
"como se fosse possível que esses barcos bárbaros"
"pudessem agir de maneira violenta."
Numa tentativa desesperada de mostrar força,
o xogunato enviou uma esquadra de navios de patrulha
para cercar os navios americanos.
O oficial japonês ordenou que os barcos partissem.
O comandante, o comodoro Matthew C. Perry o ignorou:
"Estou a par de que quanto mais me fizer exclusivo"
"o mais exigente eu for,"
"com mais respeito, esse povo cheio de formalidades e cerimônias me tratarão."
Cinco mil guerreiros-samurais armados de espadas e canhões antiquados
se enfileiram na praia.
Ordenam de novo o comandande-chefe Perry
a deixar a baia imediatamente.
O comodoro recusou:
"Eu tenho a firmeza de afirmar"
"que governo dos Estados Unidos é superior em força para persuadir o ***ão."
"A honra da nação a reclama"
"e o interesse do comércio exige isso."
Os japoneses na praia, viram a tripulação de Perry prontos para ação:
canhões foram carregados, armas foram sacadas.
Perry desembarcou na praia.
Perry apresentou seus papéis e entregou um ultimato.
Ele voltará e espera que o ***ão acate as ordens americanas
de abrir o país para o comércio.
Senão, ele está preparado para tomar o ***ão pela força.
Ele retornaria na primavera para a resposta.
E então, ele e sua esquadra deixaram a baía de Edo.
"Eles deportaram com maneiras e expressões com excessivas arrogâncias"
"resultando um insulto à nossa dignidade nacional que não é pequena."
"Quem ouviu não pode fazer nada além de sofrer ranger os dentes em silêncio."
"Depois que os bárbaros se retiraram, uma pessoa sacou sua espada"
"e fez um gesto de cortar aquele líder: Perry."
Havia grande medo do Perry.
Havia retratos do Perry como demônio, havia retratos dos seus navios lançando fogo.
Tudo isso serviu para chicotear uma quase histeria
numa porção da população japonesa.
Ao mesmo tempo.
Havia fascinação. Havia fascinação pelo Perry.
Havia fascinação pelos navios, esses enormes navios que nunca tinham visto.
Havia fascinação pela náutica tecnológica dos americanos...
Para complicar os fatos, o xogum morreu
e o novo xogum, era mentalmente incapacitado.
Seus conselheiros assumiram mas não entraram em acordo.
Os lider dos conselheiros do xogunato
decidiu fazer uma pesquisa entre todos os daimios do ***ão:
O que o xogunato deveria fazer?
Está é uma quebra radical da tradição. A autoridade do xogunato é...
é atuar em relações-exteriores.
O título de xogum significa: "subjulgador-de-bárbaros-generalíssimo."
E vemos aqui, a cabeça do xogunato
perguntando aos daimios o que ele deveria fazer.
Duas posições emergiram, uma ficou conhecida como "abrir o país":
"Os americanos não entendem a ética da humanidade e justiça."
"Não temos escolha a não ser começar a negociar com eles."
O outro lado queria convencer o imperador e expulsar os bárbaros.
"Os americanos vieram sitiar o ***ão."
"Entretanto,"
"se não expulsá-los agora, outras nações os seguirão."
"Nós estamos uma situação perigosa."
Enquanto o debate intensificava...
o xogunato continuava indeciso.
O fim do ano foi cheio de divergências
e com planos inadequados para defender a costa.
e então, em fevereiro...
Perry voltou antes do esperado.
Desta vez ele mostrou força ainda mais ameaçadora.
Ele chegou com o dobro de barcos e tripulação.
A honra dos japoneses estava sendo desafiada.
Mas eles não tinham maneiras de se defender.
Sua única esperança estava nas negociações.
assim que Perry desembarcou, as negociações iniciaram.
Elas iam até o alto da noite, e duraram 23 dias.
No final o acordo foi selado.
que serveria aos interesses dos dois países.
Perry conseguiu o que queria,
que era estabelecer relações do ***ão com os Estados Unidos.
O xogunato conseguiu o que queria,
em não perder o controle das relações-exteriores
em abrir o ***ão para um comércio sem regulamentos.
Eu não tenho certeza que o xogunato recebeu devido crédito
por escolher a paz ao invés da guerra.
E você pode achar que o xogunato demonstrou
uma fraqueza ao abrir relações com a América e Ocidente.
Mas ele não demonstrou.
O xogum escolheu a decisão prática.
E escolheu a paz,
para preservar a integridade e soberania territorial de seu país.
Depois de assinar o acordo com Perry,
o xogunato organizou uma recepção social à noite.
um pré-requisito de condução de negócios que continua até hoje.
Os lutadores de sumô mostraram sua força.
O primeiro convidou Perry para dar um soco em sua barriga
e outro lutador segurou dois sacos de arroz sobre sua cabeça
para mostrar sua força.
Perry ofereceu champanha e uísque
e deu presentes aos japoneses.
Entre as coisas particularmente interessantes estavam
um telégrafo, uma câmera...
e um trem reduzido a uma escala de um quarto,
coisas que nenhum japonês tinha visto antes.
Engenheiros japoneses rapidamente fizeram projetos para reproduzi-los.
Três dias depois, o acordo foi assinado.
E não demorou muito para o ***ão assinar acordo com a Rússia, Inglaterra,
França e Holanda.
apesar dos relacionamentos com o Ocidente,
os dias da dinastia dos tokugawas estavam contados.
A classe de samurais não controlava mais o destino da sociedade japonesa
e dentro de 10 anos os samurais seriam debandados.
Mas a ética dos samurais ficaria enraizada na cultura japonesa.
Em 1868, o décimo-quinto xogum é exonerado.
Com a sua saída, 265 anos de governo da família de Tokugawa
chegou ao fim.
A era moderna do ***ão começou.