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O PAGAMENTO FINAL
Alguém me arrasta junto ao chão.
Posso sentir, mas não vejo.
Não estou em pânico. Já passei por isto.
Como quando fui alvejado na rua 104.
Não me levem pro hospital, por favor.
A porra das emergências não salvam ninguém.
Filhos da puta, sempre o fodem à meia-noite...
quando só há um estagiário chinês com um palito na mão.
Olhem pra estes tontos ao redor. Pra quê?
O meu couro porto-riquenho não foi feito pra isto.
A maioria da minha gente foi limpa há muito tempo atrás.
Não se preocupe meu coração, não pare.
Não estou pronto pra partir.
FUGA PARA O PARAÍSO
Parece que acabei de sair da prisão.
Levantei-me perante o juiz e disse tudo o que sabia.
Não digo que o meu destino teria sido diferente...
se minha mãe fosse viva quando era garoto. Só ouvimos isso na prisão.
"Eu não tive uma chance." Não. Besteira.
Eu já era um pequeno degenerado quando minha mãe estava viva, e eu sei disto.
Mas eu aprendi sobre mulheres com ela.
Sr. Brigante, há 56 casos, na agenda do tribunal para esta manhã.
Para que me interessa isso?
O Sr. Brigante, está compreensivelmente excitado...
por ter sido reabilitado após cinco anos de prisão.
Aqui não há reabilitação, Advogado.
Nem absolvição, bênção, ou outra coisa...
diferente de uma incrível convergência de circunstâncias,
que explorou em benefício do seu cliente.
Sr. Juiz, estas circunstâncias de que fala...
incluem escutas ilegais e provas forjadas.
É um caso típico de "fruto da árvore envenenada".
Penso que após 5 anos de injusta prisão,
é razoável solicitar que o Sr. Brigante tenha o direito de falar.
Ok sr. Brigante, sou todo ouvidos.
Sr. Juiz,
com todo respeito,
passado e presente, e sem mais considerandos,
quero garantir neste tribunal que cansei-me de ficar no lado selvagem.
É o que tento dizer-lhe.
Eu fui afetado pelo problema social do gueto,
mas o tempo que passei nos institutos correcionais...
de Green Haven e de Sing Sing não foi em vão.
Estou curado!
Renascido, como os de Watergate.
Sei que conhece esta ladainha Sr. Juiz mas digo...
isto é verdade. Eu mudei.
Eu mudei e não precisou de 30 anos...
como o Sr. Juiz pensava, apenas cinco.
É verdade Sr; cinco anos.
Olhe pra mim. Completamente reabilitado,
revigorado, reassimilado e vou ser finalmente recolocado.
Quero agradecer a muita gente por isto.
Eu vejo ali o Sr. Norwalk.
Agradeço-lhe ter feito as gravações por métodos ilegais.
Eu quero lhe agradecer, senhor, por considerar as fitas uma prova ilegal.
E quero agradecer...
a Deus Todo Poderoso, sem o qual nenhum caso fica esquecido.
- Não acredito. - Quase me esquecia...
do meu querido amigo e advogado,
David Kleinfeld, que nunca, nunca, nunca me abandonou...
nos bons e nos maus momentos.
- Levante-se. - Desculpe-me.
- Sr. Brigante! - Davey Kleinfeld.
- Não está recebendo um Oscar. - Aqui do meu lado.
- Só quero... - A decisão da Apelação...
e os infelizes métodos de investigação do Procurador Geral...
obriga-me ao doloroso dever de soltar para a sociedade...
um famoso assassino e narcotraficante condenado.
Nunca fui condenado por drogas.
É retirada a acusação. O preso é libertado. O próximo caso.
- Estou em dívida contigo. - Tudo bem.
Sinto que ganhei.
Com licença. Parabéns.
- Sem ressentimentos? - Estou de olho em você, Brigante.
Disse um monte de besteiras...
Não foi besteira, meu. Tudo o que disse foi sincero.
Não compreende. Não está vendo.
Sou um homem livre, não é só por estar aqui fora.
"Sou finalmente livre...
graças a Deus Todo Poderoso!"
Trabalho aqui. Poupe suas forças.
Espere até ver o que planejei para esta noite.
Como vai ganhar a vida? Voltar a trabalhar com o Rolando?
Já te disse que não voltarei pra rua.
Trabalhei 25 anos praquele idiota.
Que ganhei eu com isso? Nada.
Está dançando comigo ou com ele?
Que quer dizer com: "Não voltarei pra rua!"?
Que mais sabe fazer na vida?
- Tenho planos, filho. - Conte-me.
Pode dançar com ele, se quiser.
Conheço o Dave desde que acabou o curso de Direito.
Trabalhava como assistente de um advogado mafioso.
Tinha o macaco debaixo do assento e tentava não se mostrar assustado...
pelos seus clientes mafiosos.
Mas Davey Kleinfeld já não se assusta.
Olhe bem para você.
Tem algum sucesso na vida.
Você que me introduziu no meio. Os meus clientes vieram de você.
É como eu digo. Auge.
Está no auge, Davey.
Caramba!
Escuta, tenho algo pra você. Lembra-se do Saso?
Saso. Sim.
Gordo. Tinha um bar argentino na Madison.
Arrendou de uma discoteca falida. Um lugar bonito.
Reuni investidores e financiamo-lo.
Investi 50.000 dólares.
O problema é o Saso. Limpa a caixa, para pagar dívidas de jogo.
Diz que se não tiver mais 25.000, perde o direito do arrendamento.
Gosto do lugar. Vou lá, às vezes.
Dinheiro não é problema. Não paro de investir,
se souber que tenho alguém gerindo o bar com competência e limpeza.
Eu?
Eu tenho bares. Não os dirijo.
Qual o problema? Entra, endireita tudo,
- tira um salário, parte dos lucros. - Por favor.
Já fez muito por mim.
É um favor entre amigos.
Favor, não. Dívida.
Um favor mata mais rápido que uma bala.
Salvou-me a vida.
Salvou-me a vida, Dave.
30 anos. Sabe o que é isso?
Estava morto e enterrado.
Desenterrou-me.
Não tenho palavras pra você.
Nem sei o que dizer.
Diz que me ama.
Amo-lhe.
Se fosse mulher, casava contigo.
- Meu garoto. - Não duvido.
Você é que sabe.
Vamos ao banheiro.
Adeus.
- Alguém tem que ir lá. - Adeus.
Então, que planos são esses?
Qual é o grande segredo?
Lembra-se de Clyde Bassie?
Saiu da prisão há 2 anos.
Foi pras Bahamas, pra Ilha do Paraíso...
e comprou uma agência de rent-a-car.
Sempre falava disso, na prisão.
Saiu, foi lá, abriu o negócio...
e está indo muito bem.
Faz um bom dinheiro.
Há uns meses, escreveu-me dizendo...
que podia entrar no negócio, quando tivesse 75.000 dólares.
Vai alugar carros.
Do que está rindo?
- Vai alugar carros? - Sim. Sei muito de carros.
Os roubo desde os 14 anos.
Está rindo?
Digo-lhe uma coisa.
É raro matarem vendedores de carros.
E onde arrumará os 75.000?
Não sei. Talvez uma herança de algum parente rico.
É um sonho, Dave. Temos que sonhar, bebê.
Tem tudo planejado, Carlito. À sua!
E então voltei pra rua.
3º domingo de Agosto. Dia de regresso ao bairro.
- Quando saiu, papi? - Há dois dias.
Não ficou nada.
Como nos Westerns, só que em vez de cactos e bosta de vaca,
há carros descascados e merda de cão.
Muitas caras novas?
Esta vadiagem jovem, não os reconheço.
Mi barrio ya no existe.
Carlito, isto é uma desolação, meu.
Mira, sabe como sou, vou à luta com qualquer destes cornos, meu.
Mas estes garotos novos, meu, não têm respeito pela vida humana.
Disparam em você, só pra ver se voa.
Muchacho, está melhor preso.
Nem vou mais ao Harlem.
Aí, eles são doidos. Lembra-se do Victor?
- Aquele de barba. - Foi alvejado em frente ao liceu.
Em frente ao Liceu Patrick Henry.
- E o Lalin, conhece-o? - Lalin Miaso. O que há com ele?
Lalin está cumprindo 30 anos em Attica. 30 anos!
Walberto! Olha. Mira quem está aqui.
- Mira eso. Oye. - Oi, Wally.
- Muito bem. - Prazer em ver-lhe.
Tenho-lhe procurado em todo lugar.
Devia saber que lhe encontraria passeando por aqui...
- matando saudades. - Enquanto ainda tenho memória.
- Mira, o Rolando quer falar contigo. - Carlito, tenho de voltar ao jogo.
Se precisar de algo, guarda-costas, etc., avisa.
- Ligue-me. Fique bem. - Pachanga. Prazer em ver-lhe.
- Rolando? - Sim. Ali na esquina.
Guajiro, espera por mim.
- Volto em cinco minutos. - Claro, Carlito.
Quem é? Novo guarda-costas?
É meu primo. Tenho de visitar a minha tia, depois.
Carlito, mi socio.
Bem-vindo!
Quando estava em "cana" rezei...
amaldiçoando quem lhe fez mal.
- Obrigado. - Siéntate. Sente-se.
- Está bem? - Vou indo.
Parece que está bem.
Porque não? O negócio vai bem.
- O pó. - O negócio da coca.
É o que está dando. A heroína já era.
- Mas você já sabia, não? - Não, não sabia.
Vamos falar a verdade entre nós.
Cumpriu cinco anos e nunca mencionou o meu nome.
Sabe que podia ter-me denunciado...
e facilitado às coisas pra você, mas não o fez.
Muy bien hecho. Melhor pra você.
Mas eu enriqueci, entretanto.
Deve pensar que lhe devo muito.
Não quero nada de você.
- Com quem trabalha? - Não trabalho com ninguém.
- Ninguém? - Reformei-me.
- Reformou-se? - Sim.
Reformou-se?
Sério?
Sério. Estou fora. Saí.
Quer dizer que virou bonzinho?
Então, o que faz agora?
Nada de especial. Vou à escola.
Mas trabalho.
Sério? Faz o quê?
São só uns recados pro Señor Pablo Cabrales.
- Cabrales. - Sim.
Pra que se meteu nessa merda? Isso não presta.
Ora, Carlito. Não quero fazer carreira.
Sou só um cara de recados.
Olha só.
São 30.000.
Posso pedir-lhe um favor?
O que é?
Tenho de ir ali embaixo fazer uma "tramóia". Pode vir comigo?
Não me meta em confusão.
Vamos. Eu conheço os caras. São amigos.
Só quero que me acompanhe.
Eles vêem o meu apoio e cagam-se todos.
- Eles nem me conhecem. - Você?
Você é uma lenda.
Vamos.
Certo. Dez minutos. Prometi à sua mãe que íamos lá jantar.
Não tem problema. Os caras são profissionais.
Toma lá, dá cá, já está.
Então, o garoto foi lá com 30.000 nas mãos.
E eu, a lenda, acabei indo com ele.
Em cinco minutos, estaríamos na rua...
com 30.000 dólares em pó branco,
mais que suficiente pra me levar de volta à prisão.
- Cómo está? - Oye, Quisqueya. Qué pasa?
Porra, Guajiro! Quem é este?
É meu primo. Carlito Brigante, meu.
Já ouviu falar do Carlito, não?
Pra que precisa dele?
Fica tranqüilo. Só vim acompanhá-lo.
Então, Quisqueya. Conhece o Carlito, não?
Estou limpo.
Acabou de sair de Lewisburg, meu.
Era sócio do Rolando Rivas.
Carlito. Ouvi falar de você, meu.
Costumava passar heroína com o Rolando.
Um pouco.
Um pouco? Essa é boa.
Ouvi dizer que vocês eram os reis, meu.
Lo siento, Carlito.
Hermanos, acompanhem o Carlito.
Temos de tratar de negócios.
Hermanito.
- Quiere jugar? - Fico vendo.
- Jogamos bilhar de oito. - Bom jogo.
- Importa-se que conte? - Está tudo aí.
Eu conto na mesma.
- É capaz de perder. - Está bem.
- Gostou desta tacada? - Isso não é nada.
- Anda! - Pra que a pressa? Vou ganhar.
- Raios! - O que é que houve?
- É ali o banheiro? - É ali, é.
Não funciona.
Está avariada.
Lamento, meu.
- Não funciona? - Não.
Posso esperar uma semana.
Aí pode voltar. Já estará reparada.
Põe mais alto! Gosto desta música!
Mira, quer jogar ou não?
Calma. Estou colocando as bolas.
- Tem fogo? - Claro, meu.
- Jogam bilhar de oito? - Sim.
Não resisto. Tenho de mostrar-lhes uma tacada.
- Estamos no meio do jogo! - Estão jogando bilhar de oito.
Antes de começarem. Não demora. Não interfere no jogo.
Nem acreditarão. Vamos alinhá-las.
- É uma tacada de fantasia? - Não é fantasia. É magia.
Depois desta tacada, vocês mudam até de religião.
Quisqueya, tem de ver isto.
- O Carlito dará uma tacada de fantasia. - Guajiro.
Ainda não contei.
Quer uma cerveja, hermano?
Sirva-se, meu.
- Levei 6 meses aprendendo esta tacada. - 6 meses?
- Mas preciso de ajuda. - Claro.
Estão vendo?
- Sobre a 12. - Certo!
- Como está o seu chefe? - Bem. Estive com ele esta manhã.
Põe aqui o dedo, em cima da 12. Segura aqui, está vendo?
- Sim? - Tens de mantê-la alinhada com esta.
- Não ouviu as notícias? - Que notícias?
Não tem cerveja aqui, meu.
Está lá no fundo.
Eu e Clyde Bassie treinamos muito.
Estão vendo a nº 9? Dê-me o seu taco.
Alinhe-as.
- Estão alinhadas? - Parecem alinhadas.
Então, Quisqueya, que notícias...?
O seu chefe morreu e você também.
Está recarregada!
Venham, cornos!
Venham! Estou esperando!
Não vêm?
Então, eu vou!
Meteram-se numa fria, cornos!
Vou estourar-lhes os miolos!
Julgam-se muito importantes?
Terão um final bonito!
Estão prontos?
Aí vai a dor!
Jesus!
Jesus Cristo, olha pra você.
Disse que eram amigos, Guajiro,
mas não há amigos, nesta merda de negócio.
Adiós, primo.
O que foi que aconteceu?
Acabaram-se os golpes,
só meia dúzia de canalhas comendo-se uns aos outros.
Eu não procuro esta merda. Ela vem encontrar-me.
Vem sempre atrás de mim.
Deve ter onde me esconder.
Dei uma olhada no clube do Saso. É bom. Está bem localizado.
Se for bem gerido, pode ser bom negócio.
Ótimo. Adianto-lhe 25.000.
Eu entro com o meu dinheiro.
Seu dinheiro? Que dinheiro?
Fui ver o Rolando, que me devia 25.000 de um negócio antigo.
Só assim é que eu entro, Dave.
Tudo bem. Ótimo.
Liga pro Saso pra se encontrar comigo esta noite.
É pra já. Queria pedir-lhe um favor.
Não é grande coisa. Preciso de um bom guarda-costas.
Querem fazer-lhe mal? Eu conheço?
Nada de importante. Um pequeno mal entendido.
Se não é importante, para que quer um guarda-costas?
Confia em mim?
É por pouco tempo. Depois, arrumo alguém,
mas preciso de alguém pra já.
Há o Pachanga, da velha guarda do bairro. É bom.
Ótimo.
Está bem?
Tenho um bom pressentimento.
Acho que faremos muito dinheiro.
Eu também tenho, mas...
Logo que tiver os meus 75.000...
saio.
Tudo bem.
Alugará Ford Pintos a turistas no Paraíso.
Pois vou... e vou muito feliz.
Os tempos mudaram.
Que aconteceu às mini-saias?
Que fizeram da marijuana?
Agora são só saltos altos, cocaína e danças esquisitas.
É o que nos espera quando perdemos cinco anos.
Mas há merdas que nunca mudam, como o Saso.
Charlie Brigante, meu amigo! Como está?
Oi, Saso.
Não sou mais Saso. Agora todos me chamam de Ron.
- Ron? - Ron, de Reinaldo.
Ok, Ron. Vamos ao ponto.
Disseram que este bar dá muito dinheiro.
- Dá muito. - Então, por que precisa de mais?
- Eu? - Voltou ao jogo, não?
Quanto deve?
Não sei, 50 ou 60 mil, talvez.
Digamos cerca de 100 mil. A quem deve o dinheiro?
Bem, Charles, a alguns caras.
25.000 pode sossegá-los, por agora. E você fica com 1/4 dos meus lucros.
Tudo bem. Amanhã, dou-lhe 25.000 em notas.
E fico com metade dos seus lucros.
Que quer fazer de mim?
O que quero fazer, Saso, aliás, Ron, é salvar-lhe o couro.
A mim?
Exato, porque é ao Fat Anthony, ou ao Scooze, que deve dinheiro, não?
De qualquer modo, acabará na mala de um carro...
em alguma rodovia.
Podem demorar semanas até lhe encontrarem, como ao DeeDee.
Lembra-se quando abriram a mala?
É fedor que vai deixar.
"Que cheiro ruim é este?", Saso.
Este é o Saso. Chamavam-lhe Ron.
Ok. A que horas, amanhã?
Eis-me então no bar, metido a Humphrey Bogart.
As coisas podiam sair erradas, por isso, levei o Pachanga,
como guarda-costas.
Achava que eu ia enriquecê-lo,
e temia que me matassem antes de receber o dele.
Ouvi falar daquela merda com o seu primo.
Por que não me chamou pra Proteger-lhe?
Isso foi há um mês. Só soube agora?
Mandou-me proteger o Kleinberg de dia. Agora me tem aqui...
Kleinfeld! Espero que faça um trabalho melhor com ele do que comigo.
O cara está cheio da grana.
Tem um cofre no escritório cheio de maços de 100 à espera...
O Kleinfeld é meu irmão. Olha pra mim.
É meu irmão.
Só estava brincando.
Não brinque. Fica de olhos abertos.
Olha pro bar. Estão roubando.
Eu tento, mas isto é muito escuro. Que quer que eu faça?
Aquele cara diz que não tem de pagar.
- Qual cara? - Aquele ali de vermelho.
Que quer?
- Cale-se e beije-me. - Com licença.
- Há algo errado na conta? - Sim, há algo errado.
- Vamos, querida... - Mira!
- Benny! - O que é, meu?
Merda! Foda-se, meu! Desculpe, Sr. Brigante.
Desculpe. Não foi nada.
Sabe, Saso...
deve-me dinheiro e demora a pagar.
Estou abatendo da dívida. Ainda não fomos apresentados.
- Chamo-me Benny Blanco e sou do Bronx. - Conhece-me?
Conheço. É o Carlito Brigante, o invencível.
Não o conheço e não te devo nada. É o Saso quem te deve.
Quem manda aqui agora sou eu.
Todos pagam. Ok?
Ok. Está certo.
Que houve contigo? Paga a porra da conta, ***!
- Ao empregado. - Ao empregado, estúpido!
E traz champanhe francês.
Bebe um copo, meu.
- Não, obrigado... - Quero aprender contigo.
Uma cadeira. O homem está em pé!
Traz uma cadeira. Sem essa cara de estúpido.
Sabe quem é este homem?
Este homem que vêem aqui é o maior no negócio do pó.
É a primeira vez que ouvi isso.
Então, meu. Tinha 90 a 100 caras na rua, não tinha?
- Mais ou menos. - Estou começando, aos poucos...
a montar minha organização.
Estou a aperfeiçoá-la ao máximo.
O meu negócio dará muita ***.
Se me der dois minutos...
- Depois, talvez. Boa sorte. - São só dois minutos.
Depois falamos.
São só dois minutos.
Garotos escrotos.
Vendem umas gramas e julgam-se logo os maiores.
Ganham um dólar enquanto estou preso e tenho de respeitá-los?
- Fodam-se! - Foda-se essa merda!
Fale-me disso.
Carlito, vi que falava com o Benny Blanco.
Benny Blanco, do Bronx.
- Dizem que vai subir na vida. - Dizem?
Tem um grande futuro...
se viver além da próxima semana.
Como é que um homem elegante como você...
não tem mulher?
Creio que sou viciado no trabalho.
Qual o problema?
Nunca viu aqui alguém que Agrade-lhe?
Você é a única, Stef.
Jesus Cristo, parece a Gail.
A mesma cor de cabelo. O modo como dança.
Conheci a Gail um ano antes de ser preso.
Tinha estilo de bailarina,
ia ser uma estrela da Broadway.
Creio que se apaixonou.
Eu também. Jurei que nunca iria magoá-la, mas as coisas acontecem.
Sinto sua falta, Gail.
Quando estamos presos, passamos o tempo...
planejando quem visitaremos no primeiro dia fora.
No segundo dia. No terceiro.
Mas quando saímos, todos têm caras diferentes das que nos lembrávamos.
Eu e você também.
Ansiamos ver uma cara que não tenha mudado.
Uma cara que nos reconheça,
que olhe pra nós como sempre olhou.
Não podia imaginar. Não seria capaz de viver daquilo.
- Adeus, Gail. - Até pra semana!
- Eu conheço-a. - Cai fora.
Costumava sair com aquele cara.
Como se chamava? Aquele bonitão.
Sim, Carlito Brigante. É isso.
Olá, Gail.
No ano passado, fiz um papel no espetáculo Songbird.
Fiz a filha do governador.
Não era o papel principal, mas era de destaque.
E entrei num espetáculo musical em Las Vegas.
Detestei o clima. Já esteve lá?
Las Vegas? Sim. Tem algum espetáculo, agora?
Posso vim te ver.
Estou atuando em bares noturnos. Quase sempre só por uma noite.
Posso vir a entrar numa peça que começa no outono.
Ótimo.
Está vivendo o que sempre sonhou.
Estou perto.
Estou muito perto. Ainda não cheguei lá, mas não faz mal.
Como passou na prisão?
Nada de especial.
Muitas flexões. Muito tempo perdido.
- Mas saiu. - Sim. Aqui estou eu.
Estou sendo inconveniente? Surgir assim depois destes anos todos?
Ainda está zangada comigo?
O que acha?
Foi duro quando me deixou.
Vem agora me dizer que foi pro meu bem?
Não, foi pro meu bem.
Foi pro meu bem. Cumpria 30 anos.
O que eu devia fazer? Sabia que tentaria esperar por mim.
Visitaría-me e faría-me lembrar de você, todo o tempo.
O que eu podia fazer? Estava ali sentado...
imaginando onde estaria,
o que fazia e com quem.
Isso me enlouquecia.
Iria acabar comigo. Acredite.
Era melhor acabar com tudo, entende?
Cumprir a pena de cabeça limpa.
E agora?
Agora o quê? Não sei. Estou aqui. Saí.
Para o que der e vier.
E esse o seu bar?
O bar não é meu. Só tenho uma parte dele.
Só quero fazer dinheiro suficiente...
Com a minha sorte, alguém é baleado...
chega a Polícia e fecha-me o bar.
Nem parece você falando.
Não pareço? Sério?
Antes, nunca falava assim.
Nunca me senti assim, antes.
É engraçado.
Em Lewisburg, um advogado,
o Sr. Seawald, disse-me uma vez:
"Charlie, está ficando sem forças.
Não agüenta esse ritmo. Vai ter de parar, um dia.
Não consegue resistir pra sempre. Acabará sendo...
apanhado pela vida.
Se não se retirar,
acabará por perder as forças."
Tenho de ir.
Posso visitar-lhe?
Deixe-me ser eu a visitar-lhe.
- Sabe onde me encontrar, não? - Sim.
Disse que nunca me magoaria.
Eu sei. Desculpe.
Sinto muito.
Boa noite.
PRISÃO FLUTUANTE DE RIKER'S ISLAND
O advogado do Sr. Taglialucci, o Sr. Kleinfeld.
Vamos.
Tony, como está?
- Jackson, suma. - Sim, Sr. Taglialucci.
Está com bom aspecto.
Não me obrigue a falar, Kleinfeld. Anote aí este número.
555-5888.
É o telefone do meu filho Frankie...
e digo-lhe já pra que é.
Cale-se!
Nunca gostei de você, Kleinfeld. Não por ser judeu.
Conheço muitos judeus. É porque é um trapaceiro de merda.
Dou-lhe um milhão de dólares pra fazer um simples pagamento e nada acontece.
Já disse ao seu filho que paguei pessoalmente ao Nicky.
Se ele decide trair e testemunhar contra você...
- Não posso ser... - Olha pras minhas mãos.
Se me obrigar a levantar a voz, esmago-lhe a cabeça como uma broa.
Vigarista. Por quem me tira?
Nicky nunca viu o meu dinheiro.
O meu milhão foi direto pro seu bolso.
- Eu, pessoalmente... - Não minta, seu fodido.
Se voltar a enganar-me, vai acabar naquele rio.
Pensa nisso, quando sair. Olha bem pra baixo...
e imagina a sensação...
de andar lá no fundo, com enguias e caranguejos saindo das suas órbitas.
Que quer de mim?
- Sei que tem um barco. - Sim.
- Vai tirar-me daqui. - Estou fazendo tudo...
Todo o meu gabinete cuida do seu recurso.
- Falei com o juiz, esta manhã. - Não falo do recurso.
Eu falo de me tirar daqui pra fora.
Sou advogado.
Ouça, advogado de merda. Dei-lhe um milhão de dólares.
O meu filho Frankie vai contigo e estará de olho em você.
Faça com que tudo dê certo.
Viu o guarda que me trouxe aqui?
Foi pago pra me pôr dentro da água.
Tudo o que tem a fazer é estar lá com o barco pra me receber.
Não é exatamente o tipo de...
O seu contrato está assinado.
Os homens, as armas, o fosso com o cal foi cavado.
Compreende? Daqui, basta-me apertar um botão.
Sim?
O Sr. Norwalk, do gabinete do Procurador Geral.
Não atendo chamadas!
Ele está aqui.
Sr. Kleinfeld?
Dê-me um segundo, por favor.
- Sr. Kleinfeld, o que faço? - Mande-o entrar.
Como está?
Prazer em ver-lhe. Sente-se.
Espero não incomodar. Passava perto.
Nada. Por acaso, estava para lhe ligar.
Os seus problemas não desaparecem facilmente.
Aqui estou eu no bar contando os tostões.
Além dos 25.000 que investi, já juntei mais 14.000.
Mais 35.000 ou 40.000, e vou!
Mais dois, talvez três meses,
É só ter paciência,
não dar na vista...
e manter-me discreto.
Lalin está no escritório.
- Lalin? - Quer falar com ele?
- Disse que cumpria 30 anos. - Deve ter saído.
- Como está? - Não tão bem como você...
Que quer dizer?
Lalin era do bairro, um filho da puta bem apessoado.
Trabalhava num cassino privado na West 87.
Era uma espécie de recepcionista, arranjava garotas pros clientes.
Se me perguntarem sobre o Lalin,
diria que é um cara pra cima.
- Bons olhos te vejam, meu. - Oi, hermano.
Como vai isso, meu? Belo lugar.
Que lhe aconteceu?
Que quer dizer? Não soube?
Levei uns tiros nas costas.
Quando a rua se volta contra você, não lhe mete num caixão;
Deixa-lhe numa coisa assim.
- Você quer? - Não. Estou trabalhando.
- Quer uma bebida? - Pode crer.
Pachanga, o que houve lá em cima?
Vamos, cara, diga.
Tenha cuidado.
Vi aquela garota com quem saía.
Aquela das Bahamas.
Sabe qual é, a ruiva. A que parece com a minha irmã.
É a Gail.
Vi-a num espetáculo na Broadway.
Quando foi isso?
Há duas semanas. Era um espetáculo fantástico.
Era artístico, mas cheio de talento.
A garota tem muito talento.
Na Broadway?
Tome outra bebida.
E você? Está de volta ao negócio?
Retirei-me, Lalin. Já lhe disse. Por mim, o negócio chegou ao fim.
Com todos os contatos de Lewisburg, quer dizer-me que não os usa?
Li muito. Trabalhei no meu recurso.
E você? Que houve?
O Pachanga disse-me que cumpria 30 anos.
Sim. Safei-me.
Safou-se? Como fez?
Como você, li muito...
e trabalhei com alguns caras espertos, na prisão...
e safei-me. É tudo.
Não me diga. Isso é bom.
À sua.
À sua. "Finalmente livre."
Estou trabalhando com uns caras novos. Uns italianos, você sabe.
Confiam em você. Acham que é italiano.
- De onde são? Da Pleasant Avenue? - Da Baixa.
Seja como for, têm um monte de grana.
Pagam mais de 25.000 por um quilo, se o produto for bom.
Querem trabalhar com pessoal fixo, gente do bairro. A velha guarda.
- Gente direita como nós? - À moda antiga.
Que diz? Você e eu, como nos velhos tempos.
Traga o seu pessoal.
Não tenho ninguém. Já lhe disse. Estou fora do negócio.
Vamos, cara. Não sabe quem eu sou?
- O que é? - Espera.
É assim que encurta 30 anos, pedaço de merda?
- Eu explico. - Eu mato você.
- Afundo-o dentro do rio. - Que merda houve aqui?
Espera um segundo.
É um cabrito, meu? É delator? Eu mato este corno!
Deixe-me matá-lo por você!
Deixe-o matar-me! Foda-se!
Mate-me, filho da puta!
Olha pra mim! Você tem tudo!
Vê se entende!
Olha o que eu tenho de trazer comigo, fraldas!
Ando cagando nas calças!
Não posso andar nem foder!
Vamos, filho da puta! Mate-me!
Fui obrigado, senão mandavam-me de volta.
Não faço nada na prisão. Estou numa cadeira de rodas.
- Nem estava drogado. - Quem te mandou? Escute-me.
Quem te mandou?
- Quem te mandou, ***? - O Procurador.
Norwalk?
- Norwalk? - O cara é obcecado por você.
Soube que voltou a operar.
Operar, eu? Quem disse?
Estou limpo. Não fiz uma única operação. Quem foi que lhe disse?
- Não sei. - Quem disse?
Juro por Deus que não sei!
Eu nunca te trairia. Nunca o faria.
Ia fazer-lhe um sinal.
Nem sequer estava ligado. É pra outra coisa, meu.
Olha, deixa-me...
Vamos, cara. Mate-me de uma vez!
Não vou matar-lhe.
Nem sequer vou te magoar.
Pergunto-lhe...
como pode trair a única pessoa que se preocupou com você?
Como pode fazer isso?
Está perdido, ***.
Chamarei alguém pra te levar.
Deixa-me explicar...
Alguém disse ao Norwalk que eu operava de novo.
Entra.
Sabe quem foi?
Só sei que enviou alguém pra falar comigo com um microfone.
Filho da puta.
Também me pressiona, por outra merda.
Não estou no negócio e não voltarei pra prisão, de jeito nenhum.
Calma. Não está operando, então, ele não tem nada contra você.
O cara é assim mesmo. Está só lançando o anzol.
Eu trato disso, está bem? Vamos!
Foda-se Lalin!
Não tem ninguém.
Não lhe resta ninguém.
E você? Dê uma olhada, meu.
Que tal, meu? Veja bem. Tudo bem?
Certo, meu. Pega.
Isto é uma surpresa.
Grande surpresa.
Pepsi Diet.
Foi mesmo... espantosa.
- Sério... - Obrigada.
Muito, como direi...?
Sexy?
- Exatamente. - É isso que se pretende.
- A senhorita foi maravilhosa! - Realmente maravilhosa!
- Muito obrigada. - Foi mesmo maravilhosa!
Obrigada.
Fãs!
Que houve?
Nada. Eu só...
Esta situação... acho que...
Situação?
Não estava esperando isto. É tudo.
Disse-me que estava num espetáculo musical.
Achava que era um espetáculo da Broadway.
Falou em filha do Governador, ou algo assim.
E eu chego aqui e vejo isto.
Não digo que seja errado.
Espera. Trabalho muito aqui.
Danço. Sou bem paga. Não fodo com ninguém.
Não disse isso, por favor.
Está julgando a minha vida.
Por favor, não diga isso.
Eu não lhe julgo. O que você faz de tão fantástico?
Já matou alguém, Charlie?
Desculpa. Não devia ter dito isto.
Desculpa. Não devia ter vindo sem avisar.
Peço desculpa.
Tenho de ir agora.
- Aonde vai? - Para casa.
Quando a verei de novo?
Por que não me surpreende novamente?
- Quando? - Não posso lhe dizer.
- Por quê? - Deixaria de ser surpresa, não é?
Quero sentir a sua bunda.
Já conhece a minha bunda.
Vem comigo.
Por que olha pra mim?
- Benny! - Como vai?
- Benny Blanco, do Bronx. - Olá, gorducho.
Pote de banha.
- O meu dinheiro? - Que dinheiro?
O meu dinheiro! Acha-se esperto, está fodido!
Está brincando?
Cadê Steffie?
Traga a Steffie. Sinto-me só.
- Por favor. - Cadê a Steffie?
- Vi-a por aí. - Vai buscá-la.
Muy bien.
Madre de Dios!
Depois disso, teve seis filhos.
Há um problema com o Sr. Kleinfeld.
- Que problema? - Está no WC fodendo com a Steffie.
Qual o problema? Melhor pra ele.
Mas ela agora é do Benny Blanco.
Quem?
Lembra-se do Benny Blanco, do Bronx?
- Aquele merda do outro dia? - Esse não. Foda-se ele!
Ele está aqui e vai armar confusão.
- Onde ele está? - Ali.
Foda-se! Cague pro Benny Blanco! Está tudo bem!
Que devo dizer numa situação dessa?
Tem de viver com isso.
Onde tem escondido este homem? É um touro.
- É um animal. Sabia? - Mais rápido que uma bala.
Sim, e até tem um Mercedes e um iate.
O Sr. Blanco diz que está tudo bem.
Ofereceu uma garrafa de champanhe...
e que lhe mande a Steffie, quando estiver pronto.
- Carlito, o que eu faço? - Sem problema. Steffie fica com Dave.
Mas o Benny disse...
Foda-se o Benny!
Isto é de Benny Blanco.
Leva de volta!
Anda! Mexa-se!
Por favor, não faça isto.
- O Benny deixa muito dinheiro aqui. - É um pequeno negociante.
Que há com você? Por que age assim?
Não faz sentido odiar este cara. Você era assim há 20 anos atrás.
Eu nunca!
É a segunda vez que me recusa uma bebida.
- Não gosta do meu champanhe? - Talvez não.
Deve haver um mal entendido.
- Talvez não se lembre de mim. - Talvez não me importe.
Talvez nem me lembre da última vez que assoei.
Quem é você, ***, pra me lembrar de você?
Acha-se parecido comigo?
Não é como eu, ***! É um patife!
Sou ligado a pessoas influentes.
Está ligado a quem?
Ladrões de carteiras, tarados e filhos da puta.
Suma. Vai bater carteiras. Vai passear, fodido.
O problema é que a Steffie não sabe aonde pertence.
- O lugar dela é aqui. - Acho que ela comete um grande erro!
Estouro-lhe os miolos.
- Estouro os miolos desse brocha. - Guarda a arma!
- O que é que sente? - Vai! Vai!
O que é que sente?
Tira as mãos de cima de mim.
Que merda é essa?
Vigia o salão!
Temos um problema de comunicação, meu!
Parem! Segurem-no aqui.
Muito bem, Benny Blanco, do Bronx.
A Steffie pertence ao bar.
Se eu voltar a ver-lhe aqui no bar,
morrerá. Assim!
Está velho, meu. Já passou pra história.
O melhor é matar-me agora, porque se voltar a ver-lhe, é pra matar-lhe.
Tirem-no daqui. Pelos fundos.
Levem-no para o beco.
Má jogada, cara.
É o velho instinto que está de volta.
Sei o que tem de acontecer agora.
Tenho de afundá-lo.
Se não o fizer, dirão:
"Carlito é um indeciso, um descuidado.
Um cara que já foi durão. A prisão amaciou-o."
A rua está alerta. Está sempre vigiando.
Parem! Parem!
Colocamos na mala do carro e jogamos no píer.
- Foda-se, meu. - Não é longe. É ali ao fundo.
Era engraçado. Como nos velhos tempos.
- Soltem-no. - Como?
Deixem-no ir.
Noutros tempos, o patife morria, mas não posso voltar a fazer isso.
Não quero matar ninguém, mesmo sabendo que devia.
Não sou mais assim. Só quero pegar meus 75.000 e sair daqui.
Façam isso.
Diga-me que o cara está morto. Que aconteceu?
Algo que nunca devia ter acontecido. Dê-me a sua arma, Dave.
O que?
Dê-me a porra da arma. Desde quando é valente?
Ainda acaba morrendo.
Sei cuidar de mim.
Pensa que sou algum moleque da escola, que nunca viu um mafioso?
Apontou essa coisa pro cara errado,
e é certo que ele a enfiaria pelo seu cu adentro.
Agora, dê-me a arma. Anda.
Sei que gosta de mim, mas está exagerando.
Escuta,
Darei uma festa sábado, na minha casa de Verão.
Quero que vá. Preciso falar contigo.
Por que não pode falar agora?
No sábado, saberá. Falta-me o cenário.
Que houve, pra jogá-lo na piscina?
Os seus amigos acabam com a mobília alugada.
Que faz aqui sozinho, Carlito?
Sentado.
É mesmo esquisito, baby.
Por que nunca tentou foder-me?
Ocasiões não lhe faltam e nunca Colocou-me um dedo em cima.
- É a garota do Dave. - Não pode foder-me, com tanta coca.
- Do que vocês estão falando? - Foder.
A propósito, olha pros seus amigos.
São uns bastardos.
- Faça as honras da casa. - Foda-se, babaca.
Foda-me você.
Tem a garota batendo coxa na frente de todos!
Temos convidados, distintos! As pessoas estão comendo!
- Calma, Dave! - Calma, você! Não tem modos?
Quer fodê-la, faça como todos! Leve-a pro quarto!
Gente!
Ok, Dave, o que há?
- Preciso que me faça um trabalho. - O que é?
Ajude-me a libertar Tony Taglialucci da prisão flutuante de Rikers.
Está louco?
Acha que lhe roubei um milhão.
É um moribundo. Está louco. Está completamente paranóico.
Tem consciência do que me pediu?
Se não o fizer, manda matar-me. Simples assim.
Quer dizer que terá de arrombar a prisão?
Acha que sou louco?
Sairá pela água.
- Pela água? - Sim.
Morrerá afogado.
Não vai, se você e eu formos buscá-lo...
naquilo.
O Tony tem lá dentro quem o ponha na água.
Conheço estes canais como a palma da minha mão.
Cruzamos a Little Neck Bay pro lado norte e apanhamo-lo.
Há uma bóia a 100 m ao largo. É onde ele estará.
É ir e vir. Meia hora, no máximo.
Saltará da plataforma,
nadará 100 metros...
até uma bóia em East River?
Impossível. É muito difícil. Morrerá.
O problema é dele. Não interessa discutir.
Tenho de fazer. Peço a sua ajuda.
É advogado, meu. Que porra está havendo contigo?
Não sei.
Estou tão... perturbado. Nem consigo pensar direito.
Estou completamente entalado.
Quando puser o Tony em terra,
há uma grande probabilidade de que ele e o filho...
já tenham planos pra mim.
Que tipo de planos?
Como sei que não vai matar-me? O cara odeia-me.
Estou metido numa grande encrenca.
É a única pessoa no mundo...
em quem posso confiar.
Dou-lhe 50.000 por me acompanhar.
Se for, não é pelo dinheiro.
Vai?
Quando será?
Não sei. Ele vai ligar-me. Vai?
Está bem, vou.
Obrigado.
Surpresa!
Estava dormindo.
Posso entrar? Comprei uma torta de queijo.
Não gosto de torta de queijo.
Não apertaria o botão, se não quisesse deixar-me entrar.
Estou dizendo que não, Charlie.
O que eu posso fazer?
Será que vai...
arrebentar a corrente?
Correr atrás de mim pela casa?
Despir-me?
Atirar-me no chão?
- Estou velho demais pra isso. - É pena.
Se não consegue entrar...
não entra.
Onde está a minha torta?
Posso fazer-lhe uma pergunta pessoal?
Pode.
Já matou alguém?
Desculpa.
Não é uma pergunta qualquer.
- Não posso responder assim... - Não faz mal.
- Não tem de... - Facilmente.
Não tem de responder.
Quando era menino, em East Harlem,
os italianos diziam:
Não passam hispanos a Leste da Park Avenue.
Os negros diziam: Nenhum riquenho a oeste da 5ª Avenida.
Tinha pouco espaço de manobra.
Se queria ir ao Central Park, brincar com os patos, não tinha muita sorte.
O que fazer? Ia a todo lugar.
Uma vez, estava no Central Park, perto do lago.
Fui apanhado por uma gang que me cercou.
Meu sangue ferve, puxo a faca,
E digo: "Corto um de vocês, putos!"
Eles dizem: "Não, cara, mataremos você" e sacam as armas.
Pistolas artesanais.
Você puxa o cão pra trás, dispara a bala. Ping!
Se acerta na cabeça, podemos ter sérios problemas.
Foi a última vez que me apanharam.
Desde então, ando sempre com a minha arma.
Morreram alguns caras, mas não e uma coisa...
que se decida de um dia pro outro. Não.
Faz-se o que é preciso pra sobreviver.
No fundo, acabamos sempre onde estamos.
É assim que todos acabam, onde estão.
Toda a gente.
Só que sairei. Alugarei carros.
Por que ri?
Todos riem. É um sonho que tenho.
Eu sei, desculpe.
Nunca teve um sonho?
Claro que tive.
O Diamond Room não é propriamente o fim do meu arco-íris.
Só que...
não sei.
Às vezes, dou comigo a falar...
de agentes e audições e tento ser otimista.
Depois, penso:
Por que devo ser otimista?
Já tive um sonho,
mas já acordei...
e detesto o meu sonho.
Talvez fosse hora de pensar em fazer outra coisa.
Ir para outro lugar, também.
Parece que todos os dias descubro algo novo sobre Gail.
Continuo traçando planos pra sairmos de New York,
vivermos juntos nas Bahamas, pra sempre.
Ela não fala muito, mas...
vejo que a idéia começa a agradar-lhe.
Tenho feito um bom dinheiro. Não falta muito pra ter o que quero.
Estou tão perto de viver o meu sonho.
Posso quase tocá-lo.
- Aonde vai? Não, espera. - Estou cansado.
- Estou velho. Sem energias. - Vamos! Por favor!
Fico olhando. Gosto de olhar você. Vai!
É isso mesmo.
Desculpe!
Olha praquilo!
Estamos todos no Copa.
Todos dançando e bebendo Dom Perignon.
Kleinfeld pagando tudo.
Nem nos deixa colocar a mão no bolso.
Sempre pagando adiantado ao empregado.
Mas sempre com a cara amarrada.
Tem os olhos cada vez mais pequenos e brilhantes.
Devia ter percebido antes.
Não parem, por favor. Olha aqueles passos.
Vai deixar o filho da puta do italiano fazer o que quer com a sua mulher?
Estão só dançando.
Não gosta do movimento, do ritmo?
Eu não gosto é das mãos dele na porra da bunda dela.
Não estão na bunda dela.
Pra mim, estão no quadril.
Olha o ***.
Estes caras pensam que são muito machos.
Estou farto destes patifes ...
que entram no meu escritório,
pensando que podem pressionar-me.
Devia dizer-lhe o que pensa. Pra que recalcar isso?
Por que não coloca tudo isso pra fora?
- É terrível carregar esse peso? - Farei isso.
- Devia fazer. - Eu farei.
Pra ver como reagirá aos seus comentários.
Que está fazendo?
- Enlouqueceu? - O que foi?
- Sim, você! - Eu?
- Você, filho da puta. - Espera. Tudo bem.
- Falo contigo. - Fala comigo?
- Ignore-o. Está bêbado. - O que ele disse?
Sente-se!
- Quem ele pensa que é? - Não há problema.
Venham todos beber comigo.
- Estão vendo este pateta? - Voltem pra mesa.
- Não há mais senso de humor. - Vamos embora.
Eu estava só brincando. Não ia acontecer nada.
Carlito e eu cuidamos um do outro. Ele sabe, não é?
Vamos.
É uma mulher linda.
Você não enjoa de barco, não?
- Não. - Ótimo.
Só pra saber, pela nossa viagem amanhã à noite.
Cale-se.
Estou só prevendo as possibilidades. Será amanhã.
Vocês vão a algum lugar?
É só um passeio.
Por que não fica calado? Está sendo chato.
- Qual é o problema? - Está insuportável.
Só fiz uma simples pergunta. Qual é o problema?
Age como um babaca fodido.
Quando alguém viaja de barco, é bom saber se enjoa. Pode ser importante.
Que barco?
De que barco estão falando?
Que barco, Charlie?
Se voltar a falar disso na frente dela, mato-o.
O que ele tem?
Não gosto dele.
- Desde o primeiro momento em que o vi. - Não está ouvindo-me.
Está bem.
Que negócio é esse do barco?
O que combinou com esse idiota? Diga-me.
Vou ajudá-lo numa coisa. Devo-lhe isso.
Deve-lhe?
É um cheirador de coca!
Não acredito que ande com este cara.
É doentio.
Fará com que te matem, ou que seja preso.
Salvou-me a vida!
E agora lhe paga com sua vida?
Meu Deus, Charlie, diz essa ladainha...
de que está fora do negócio, mas não está.
Ladainha? Que quere dizer com isso?
Não está.
Onde arrumou essa idéia?
- Por que me arrastou pra isto? - Arrastei-lhe pra quê?
Por que me fez acreditar na besteira das Bahamas e do paraíso?
Sinto-me ridícula!
Por que não mudou!
Não mudou nada!
Que porra quer dizer com isso?
Que não passa de besteira eu estar desligado de tudo?
É o que disse? Como pode dizer isso?
Como pode dizer isso, sabendo que estou tão perto?
Como pode dizer-me essas palavras?
Só tenho de fazer esta coisa e depois sairei.
- Devo isso ao Dave. - Não lhe deve nada.
Acha que deve. O problema é esse.
- Por isso ninguém gosta que saia. - Não está me ouvindo.
Tudo o que você aprendeu no bairro...
só irá lhe matar.
O que sabe do que eu aprendi no meu bairro?
O que diz não faz sentido.
Sei como acaba este sonho.
Não é no paraíso.
Você acaba comigo atendendo aos pedidos de Sutton...
às 3h da manhã.
E fico aqui...
chorando como idiota,
os seus sapatos cheios de sangue e você morrendo.
- Não está ouvindo-me. - Por que está mentindo pra mim!
Não está ouvindo-me!
O Dave é meu amigo.
Devo-lhe isto.
É assim...
que eu sou.
Eu sou assim, bem ou mal...
Não posso mudar!
Faça ele o que quiser,
você não fará.
Por mim, por favor!
Por favor!
Não faça.
É a última vez que limpo o seu sangue!
Chegou a grande noite e comecei logo a não gostar.
Kleinfeld estava cheio de coca,
com as narinas vermelhas e inchadas.
Mau começo, Jack.
- Pra que este cara? - É um dos filhos do Tony, o Frankie.
- Frank. - Ou isso.
- Pra que este cara? - Desculpa, o barco é seu?
Então, cale-se. Achei que precisava de ajuda e trouxe-o.
Vamos à margem de La Guardia, pela margem de Sound.
Segure o leme ao apanharmos o Tony. Carlito, ajudarar-me a pegá-lo.
- É Frank. - Ou isso. Desata a corda.
- O que é isso? - Desata a porra da corda! Vamos!
O cara é seu amigo?
Sim, é amigo meu.
É um patife.
Calma, fique calmo.
Vejo a bóia.
A viu? Onde?
Devagar. Não vejo porra nenhuma.
- Está mesmo ali. - Ouviu o que eu disse?
Vai mais devagar. Vai passar por cima dele.
Aonde vai?
Foda-se! Passou por ele, babaca!
Agüenta, Frankie. Vem comigo até à ponte.
Daqui não podemos voltar o barco.
Aqui em cima! Vamos!
Vamos! Siga-me! Por aqui!
Socorro!
Aqui! Voltem aqui!
Sai da frente! Não consigo ver nada!
Aqui!
Já passaram! Aqui!
Está vendo aquela luz?
Ok, a luz.
Mantenha a proa apontada pra luz, ok?
- Consegue fazer isso? - Ok, a luz.
Aqui!
- Vamos! - Aqui!
Socorro!
Apanhei-o! Pare!
Apanhei-o! Pare!
- Depressa! - Boa! Vamos!
Socorro!
- Pegou-o? - Peguei.
Segure o leme. Começamos a virar. Já o tenho. Pegue um cabo!
Socorro!
Diga-me o que se sente...
com a porra das enguias e dos caranguejos...
saindo-lhe pelas órbitas!
Que porra está fazendo?
- Afunda, italiano filho da puta! - Sai daí!
Ajude-me com o Frankie.
Matou-nos, Dave.
Meu Deus.
Vamos, Frankie.
O seu pai está lhe esperando.
Vamos!
Pega desse lado, porra! Estamos perdendo posição.
Vamos pegar em você e dizer boa-noite.
Pega do outro lado.
Um... dois... três.
Há uma linha que se atravessa de onde nunca mais se volta.
Não há retorno.
Dave atravessou-a. E eu com ele.
Quer dizer que estou metido nisto até o pescoço,
até ao fim da linha, onde quer que seja.
Tinha de fazer. Ele nunca me deixaria vivo.
Sei que está brabo. Eu pago-lhe mais 10.000.
Amanhã, mando-lhe os 60.000, em dinheiro. Certo?
Parecerá que o garoto tentou puxar o velho, o barco virou e afundaram.
Além disso, devem ser atingidos por algum barco.
Nunca seremos acusados. Confie em mim.
- Deu-lhe um calote, não? - Em quem?
Ao Tony T. Roubou-lhe um milhão, não foi?
Sim.
Já não é um advogado, Dave. Passou a ser um gangster.
Está do outro lado. O jogo agora é outro.
Não se aprende na escola e não pode-se começar atrasado.
Não se preocupe comigo.
Mais uma coisa.
Estamos quites.
- Vamos beber um copo. - Diga!
Estamos quites.
Estamos quites.
Nunca iremos escapar desta.
Matar um chefe e o filho...
Conheço estes italianos, lidei com eles.
Verão tudo com os olhos fechados.
Tenho de partir.
Ouça-me com atenção, Carlito.
O Rudy disse que o Pachanga queixa-se de estar falido,
não tem um único dólar.
Diz também que você é um pedaço de merda,
que não tem bolas pra resolver problemas...
e que já perdeu muito tempo sem fazer nenhum dinheiro.
Além disso, sei que espiona-nos pro Benny Blanco.
Deixe-me cuidar do Pachanga.
É meu irmão.
Seu irmão? O filho da puta é capaz de matar a mãe por dinheiro.
Como a maioria.
Vejo você amanhã.
Quando envelhecemos,
sabemos sempre as razões por que todos nos querem matar.
Todas são possíveis,
mas sabemos quando alguém mente.
Ou, talvez... todos mentem.
Quando perdemos o discernimento, estamos perdidos.
Estamos perdidos.
O agente de trânsito Williams ao telefone.
Pode passar.
Sr. Kleinfeld? Sou o agente Williams. Estamos na sua garagem.
A sua matrícula é DK 777?
Sim. Algum problema?
Tentaram roubar o seu Mercedes. Houve um acidente.
- Houve um acidente? - Sim.
- Está muito destruído? - Receio que sim.
Já vou descer.
Saio por dez minutos. Vamos.
O Sr. Taglialucci disse pra guardar esta!
Espera!
Não posso falar. Tenho um encontro.
Tinha razão quanto ao Kleinfeld. O cara não presta.
- Parei com ele. - Não posso falar. Depois te ligo.
Pare. O que foi?
- Está zangada comigo? É isso? - Sim.
É uma loucura. O que há com você?
Tenho muito a pensar. Podemos falar depois?
Só queria dizer-lhe que tinha razão sobre o Kleinfeld.
- Desculpe se ficou chateada. - Tenho de ir.
Tenho consulta no médico.
- O que há? Está doente? - Não, estou atrasada.
- Pegue um táxi. Qual é o problema? - Na menstruação, Charlie.
- Quer dizer...? - Não será por muito tempo.
Que quer dizer?
Não terei um filho que não terá um pai.
Precisamos falar sobre isso.
Sr. Brigante, chamo-me Duncan.
Estou aqui para acompanhá-lo ao gabinete do Procurador.
Nada tenho pra lhe dizer, a menos que esteja preso.
O Sr. Norwalk tem uma gravação que gostaria que ouvisse.
Se não estou preso, não irei a nenhum lugar sem o meu advogado.
O Sr. Kleinfeld foi esfaqueado no peito às 2:0oh da tarde.
Aconselho-o a vir conosco.
Podemos ser os seus únicos amigos.
Também vou.
Kleinfeld tem sorte em estar vivo.
É vigiado no East Side Hospital.
Queremos-o em forma, quando o mandarmos pra cadeia.
Vão mandá-lo pra cadeia? Porquê?
Kleinfeld tornou-se um tubarão, enquanto você esteve ausente.
É pior que você. É nojento.
Lavagem de dinheiro. Suborno a jurados. Já o temos vigiado a algum tempo.
Desconheço tudo isso...
Há muita coisa que desconhece.
Bill, não tem nada contra mim. Sabe tão bem como eu.
Nem sequer tem uma intimação.
Quer tentar a sua sorte?
"Não percamos mais tempo. Você disse que eu posso escapar."
- "Não está gravando isto, não? - Dê-me algum crédito."
"Está bem. Pensei em algo que pudesse interessar-lhe."
"Se me ajudar, ajudo-o a engavetar de novo Carlito Brigante."
"Brigante? Por quê?"
"Desde que saiu, tem feito uma série de ligações do meu escritório."
"Descobri que voltou a traficar coca com seu antigo sócio, Rolando Rivas."
"Eu falo de números grandes."
"Seria capaz de testemunhar?"
"Absolutamente."
Não acreditamos nele.
Sabemos que você está limpo desde que saiu da prisão.
Nós queremos é Kleinfeld.
Ele está certo. Nunca poderia lhe intimar com o que tenho.
Mas agora, com a sua ajuda,
podemos pô-lo nas grades por muito tempo.
Hermano...
já sabemos do Tony T.
Quem é Tony T?
Sabe disso.
O corpo dele e do filho apareceram ontem boiando no East River.
Alguém tentou tirar Tony da prisão.
Não conheço essa gente. Não sei quem são.
Além do Frankie, Tony tinha outro filho, Vincent.
Parece que enlouqueceu quando os corpos apareceram.
Espalhou por aí que Kleinfeld planejou a fuga da prisão...
e depois matou o pai e o irmão.
Não afirmamos que também estivesse no barco.
Mas tendo em conta a sua relação com o Kleinfeld, é uma possibilidade.
Não acha, hermano?
Não gosto de barcos.
Pois bem, o acordo é este.
Se esteve no barco, e eu sei bem que esteve,
testemunhe contra o Kleinfeld, por homicídio em 1º grau.
Terá total imunidade e dois bilhetes de avião para as Bahamas.
Quer desforrar-se do Kleinfeld? Aqui o tem em bandeja de prata.
Adoraria ajudá-los,
mas não posso. Não sei do que estão falando.
Não conheço esta gente. Não sei do que falam...
Vou dizer-lhe uma coisa, Sr. Narcotraficante.
Achamos que esteve no barco. Quando os italianos pensarão o mesmo?
Se eles apanharem Kleinfeld, podem espremê-lo.
Acredita que não o entregará? Pense bem!
Não deve nada a Kleinfeld.
O miserável tentou trai-lo e engavetá-lo.
É tudo?
Quero sua resposta amanhã às 12h.
Acha que escapará como num cruzeiro ao pôr do Sol?
Pense bem.
Tem de fazer. Não lhe dão outra hipótese.
Se quer sair, saia agora.
Vire as costas, siga em frente, sem olhar pra trás.
Eu entendo. Mas tenho um plano.
Tenho uma saída pra isto. Encoste aí, por favor.
- O que foi? - Espera cinco minutos.
- Aonde vai? - Espera aqui cinco minutos.
O que é isso?
Bilhetes do trem da noite pra Miami.
Ninguém nos procurará no trem.
Em Miami, voamos pra Nassau.
- E o bar? Seu dinheiro? - Foda-se o bar.
Já tenho 70.000 num cofre. O meu amigo nas ilhas empresta-nos o resto.
Vamos sair daqui pra fora.
Nós três.
Resta-nos pouco tempo, amor.
O sonho não se realiza sozinho. Temos de ser nós a forçá-lo.
Sei que não foi assim que planejei, mas aconteceu assim.
Vou ao bar buscar o dinheiro e sigo logo pra Estação Central.
O trem parte às 23:30h. Estará lá, Gail?
- Estará lá? - Eu estarei.
Eu te amo.
- Vê se estará mesmo lá. - Até logo.
O trem parte em cinco horas, e eu com a cabeça cheia de planos.
O Norwalk não é problema. Não sairá do país, se não pode prender-me aqui.
Mas não é o meu único problema.
Mais cinco horas. Posso pensar em tudo?
Pensar em todas as situações?
Tenho de seguir meus instintos,
como o que me diz que aquela cara não condiz com o uniforme.
Só um último pormenor. Tenho de olhar Kleinfeld nos olhos.
Ter a certeza.
Quem é você?
- Kleinfeld é meu advogado. - Mãos contra a parede.
Vamos!
Relaxe.
É o seu amigo.
Deu-me um susto.
Os tiras não deviam deixar ninguém entrar. Contigo ok, mas...
Os tiras não te protegerão.
A Máfia quer te pegar.
Eu sei. Diabos, onde se meteu?
Que tem aí?
- Onde esteve? - Como está?
Não muito bem. Porra, onde se meteu?
Estive no gabinete do Norwalk.
Ouvi a gravação.
Aquele porco.
Nunca entregue um amigo David, haja o que houver.
Manipulam as coisas. Usam-nas fora do contexto.
Não acredito que seja tão...
Não faça isso! Foda-se!
Porra, o que está fazendo?
Vira essa porra pro outro lado! Está carregada!
Vai foder ainda mais o seu código de integridade da rua.
Livrou-se em cinco anos, numa pena de 30? Não, fui eu.
Livrou-se de acusação quatro vezes? Não, fui eu.
Foda-se, você e a rua. O seu mundo é muito pequeno...
e só tem uma regra: Salvar a própria pele.
Salva a sua pele.
- Salvar a sua pele. - Vê isto? Deve ficar aqui.
Não debaixo da almofada. Assim, pode ser mais rápido.
Quando entrarem, estará preparado.
Adeus. Tem um belo futuro pela frente.
Mudança de turno.
- Veio cedo. - Uns minutos. Acabou de ler o jornal?
- É todo seu. - Obrigado.
Fique bem.
Há uma entrega pra você, Sr. Kleinfeld.
- De quem? - Do meu pai...
e do meu irmão.
Adiós, advogado.
Onde tem estado? Sabe que tentaram matar o Kleinfeld?
Ouvi dizer. Escuta, vou pra fora com a Gail, por uns dias.
- Vão casar. - Escute-me.
Quero que vá na casa da Gail e a leve pra Estação Central.
Quero que espere lá com ela por mim.
O trem sai às 23:30h em ponto. Não podemos perdê-lo, entendeu?
Entendeu? Vai!
Sou eu, Pete Amadesso.
- Lembra-se? - Pete, como está?
- Bem. - Que faz aqui?
Disseram que o bar era seu. Passamos pra te cumprimentar.
É bom te ver. Como está?
- Já faz muito tempo. - Muito tempo.
Sente-se. Beba conosco.
Vamos. Sente-se.
Dizia eu: "Não vejo Carlito... há 15 anos". não é?
Quinze... deve ser. Claro.
- Muito tempo. - É muito tempo.
- Desculpe. Joe Battaglia. - Prazer em conhecê-lo.
Sonny Manzanero.
- Como está? - Carlito Brigante.
Eu e Carlito passávamos uns pozinhos, nos anos 57, 58.
Dois garotos fodidos.
Quando conheci este cara, pensei que era italiano.
Olhem pra ele!
Merda!
Pete Amadesso vem ao meu bar sem mais nem menos.
Besteira!
Cheira mal. Pete não é qualquer um.
O tio dele é um chefe. Tem gangue na Pleasant Avenue.
Que faz ele aqui? Deve vir mandado pela gente do Tony T.
Deve estar me vigiando, ver se eu tremo.
Ou se entro em pânico.
Ainda não têm certeza se eu estava no barco.
Presumem, mas não sabem.
Se soubessem, eu já estaria morto.
Por enquanto, apenas me observam.
Sempre foi dos nossos. Sempre um cara direito.
Temos de ter certeza.
Então, eu disse ao cara:
"Tommy, Carlito não é nenhum ***. Olha como dança!"
Dança como um italiano.
- Devia vê-lo dançando a tarantella! - Murdock!
Traga o melhor champanhe da casa pra estes senhores.
- Aonde vai? Fica conosco. - Sou um homem trabalhador.
Tenho uma coisa pra fazer e já volto.
Ok cara.
Filho da puta!
Foda-se!
Viu o cara?
Saso.
- Meu dinheiro? - O que houve?
- Meu dinheiro? - Não sei.
Soube que pegaram Kleinfeld e achou que eu também tinha sido!
- Achou que herdaria o meu dinheiro? - Juro...
Cadê o dinheiro? Arranco-lhe o fígado!
Ok, ok.
Está embaixo da registradora. Ia dizer-lhe.
Quero que conheça um bom amigo meu.
Ouviu falar do pai do Vinnie, Tony Taglialucci?
Tony T. Sim, faleceu recentemente. Sinto muito.
Soube que seu advogado judeu teve um acidente.
Não o tenho visto ultimamente. Que é isto?
Disse pra trazer o melhor champanhe e traz esta merda?
Com licença.
- Vinnie, tenha calma. - "Não o tenho visto!" Filho da puta!
- Viu-o no hospital! - O Levamos pra fora. Sente-se.
Calma, vamos pegá-lo.
Diabos, onde está?
- Espanhol filho da puta! - Aonde vai, cara?
- Ninguém passa aqui! - Sai da frente!
Vamos. Pegamo-lo lá fora.
Está ali! Vamos!
O que eu posso fazer?
Não posso fazer nada!
Sai da frente!
Atenção, Senhoras e Senhores. Última chamada, linha 17.
Reservas para as 23:20h na Amtrak Merchant's Limited.
Composição 1-7-9 com destino a Washington, D. C.,
passando por Newark, Menlo Park, Trenton, Filadelfia, Aberdeen e Baltimore.
Embarque!
Sai da frente!
Vigie as portas.
Vê aquele ali de azul?
Vocês serão cães de guarda!
Embarque na linha 19.
Reservas para as 23:30h na Amtrak Silver Star para Tampa e Miami.
Talvez... seja melhor esperar no trem.
Também acho.
Vamos, Charlie.
Vou pro Bronx LRT, na parte alta. Sabe qual é o caminho?
Vá pela direita, siga em frente...
- e suba as escadas. Não tem erro. - Obrigado.
Lá está ele!
Vinnie, espera.
Não está aqui em cima. Vamos descer.
Está bem.
Atenção, Senhoras e Senhores. Embarque na linha 12,
reservas para as 23:45h na Amtrak Senator, trem nº 1-7-6...
para Boston, passando por Stamford, Bridgeport,
New London, Cambridge, Kingston e Providence.
Atenção, Senhoras e Senhores. Última chamada, linha 19,
na Amtrak Silver Star, 23:30h com destino a Tampa e Miami.
Embarque!
Não está aqui.
- O Perdemos. - Não o perdemos. Está lá em cima.
Ouviram? Mexam-se!
Está ali!
Eu lhe mato!
Filho da puta! Eu lhe mato!
Pare! Polícia!
O trem vai partir! Vamos, cara!
Vamos!
Conseguiu!
É ele!
Polícia! Pare!
Ok, tudo bem.
Lembra-se de mim?
Benny Blanco, do Bronx?
Sem mágoas Carlito. Também tenho de pensar no meu futuro.
Acontece muitas vezes, papi. Vamos embora.
Não, você fica aqui.
Não tente falar.
Vamos levar-lhe pro hospital. Ficará bom.
Agüenta, meu amor.
Agüenta, por favor.
Guarda isto.
Vai embora daqui.
Saiam ambos daqui.
Ficará bom.
Não me deixe, Charlie. Ainda não.
Não me deixe, Charlie.
Não vá.
Por favor, não me deixe.
Não pode fazer-me isto.
Meu Deus. Não me deixe.
Desculpem-me garotos,
todas as suturas do mundo não bastam pra me costurarem de novo.
Repouso.
Vou esticar-me na Agência Funerária Fernandez, na Rua 109.
Sempre achei que faria ali minha parada,
mas muito mais tarde do que muita gente achava.
O último dos Mo-Riquenhos.
Talvez não o último.
Gail será uma boa mãe.
Um Carlito Brigante mais perfeito.
Espero que use o dinheiro pra partir.
Não há lugar nesta cidade pra corações como o dela.
Desculpa, baby.
Fiz o melhor que pude. Honestamente.
Mas não pode vir comigo.
Já chegaram os espasmos.
Última bebida. O bar vai fechar.
O sol já se pôs.
Onde tomaremos o café da manhã?
Não quero ir longe.
Que noite!
Estou cansado...
cansado.