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E se eu dissesse para vocês
que construir o mundo que a gente sonha, ou realizar o mundo que a gente sonha,
pode ser rápido, pode ser divertido,
e não precisa colocar a mão no bolso?
OK, talvez estejam achando que eu sou um pouquinho louco,
vamos investigar um pouquinho isso, como é que "rola".
Quem aqui acha que merece viver num mundo melhor?
Por favor, fique de pé.
Quem acha que merece viver num mundo melhor, fique de pé.
Olha só! E quem acha que merece viver num mundo melhor, e está aqui,
e sente que tem algo para contribuir
que adoraria contribuir com algum talento teu,
o teu dom pessoal, por favor, levante tua mão direita.
Você acha que tem um talento que você adoraria contribuir
para ver esse mundo melhor? Levante a mão direita.
Beleza!
Dê uma olhadinha em volta de você, quantas pessoas estão...
você não está sozinho, pode dar um acenozinho para eles,
olha quanta gente está querendo um mundo melhor,
parece que você não está tão sozinho assim no mundo, não é?
Aqui no TED é fácil porque todo mundo se jogou da sua casa pra Amazônia,
e é tudo meio ativista... não é?
Daí a gente fala assim, "mas o mundo não está interessado nisso,
as pessoas não estão preocupadas com isso, só isso aqui não muda o mundo".
Então, vamos fazer o seguinte.
Quem, daqui, tem um amigo, lembra de um amigo que não está aqui,
e que você tem certeza que ele vai querer mudar o mundo
e que ele pensaria a mesma coisa que você?
"Estou a fim de um mundo melhor, vou mudar".
Quem tem isso, procura alguém em volta de você,
que tem essa vibração do seu amigo e toque ele.
Procure alguém em volta de você,
que vai representar esse teu amigo, e toque ele.
Eu sempre esqueço de avisar do começo,
eu estou um pouquinho nervoso aqui em cima,
que o nome desse jogo é "Tocô-Colô".
Então, onde a sua mão tocou, fica lá.
Então, vamos trazer esses amigos para cá!
Já é o dobro de gente aqui no auditório.
Está crescendo o número de pessoas querendo mudar o mundo.
Agora, é o seguinte, a gente tem muito mais amigos.
Então, pense o seguinte. Levante a mão esquerda.
Dá um tachauzinho aí, tá colado, fica colado.
Agora, você vai lembrar de um outro amigo teu,
muito diferente desse primeiro aí,
que tem uma qualidade totalmente diferente, porque é importante a diversidade,
que também gostaria de entrar nessa contigo,
daí, você procura uma segunda pessoa, que você não está tocando, e toca ela.
E fica lá! Tocô-colô!
Segura!
Já tem o triplo de gente aqui nessa sala,
está crescendo, o pessoal para mudar o mundo!
Mas, veja bem!
Tem mais gente que, de repente, nem é tão próxima da gente,
mas que tem qualidades que podem ajudar um pouquinho mais a gente.
Então, pense o seguinte. Você tem muito recurso ainda para se movimentar.
Com o teu pé direito.
Você vai pegar uma terceira pessoa, que você ainda não está tocando,
que vai representar um amigo teu, ou uma amiga,
que é muito popular, que conhece muita gente,
que, se ela vier, ela vai trazer um bando de gente junto.
Então, pegue aquele amigo popular e toca.
Toca nele, pede ajuda, isso.
Se vira, e tocô-colô, não solta!
Todo mundo junto!
Está fácil? Está confortável, todo mundo?
É o seguinte, gente,
eu falei que mudar o mundo ia ser rápido, divertido e sem dinheiro.
Mas ninguém falou que ia ser fácil.
Com o pé esquerdo...
Aaaah, já veio até a Amazônia e não vai conseguir fazer com o pé esquerdo?
Pé esquerdo vai tocar qualquer outra pessoa perto de você, mas conecta.
Conecta com mais recurso. Pega, pega, pega o câmera. É isso, Abujamra.
Está tranquilo?
Está fácil mudar o mundo?
Agora é o seguinte.
Preste atenção, preste atenção porque eu tenho pouco tempo aqui.
Agora é o seguinte, a gente fica pensando assim:
"mas que complicado que é mudar o mundo!"
Simples minha gente, ainda tem mais recurso sobrando.
Com a sua cabeça, com a sua inteligência,
com seu cérebro maravilhoso, que tem que vir junto com as ações,
você vai procurar o ombrinho mais próximo de você,
uma costinha, e recoste a sua cabecinha.
Encoste lá a cabecinha e fica confortável
porque a gente merece mudar o mundo bem confortável.
Eu vou contar até três,
e, quando eu falar "três", todo mundo dê três pulinhos e um mortal de costas.
OK, obrigado!
Muito interessante, Edgard.
Mas o que essa baboseira toda tem a ver com mudar o mundo?
Né? Qual é a conexão com isso?
Vamos lá?
Em novembro de 2008, a gente sofreu no Brasil uma grande catástrofe.
Santa Catarina.
Quase todo mundo aqui, quem é brasileiro, vai lembrar disso.
Foi o maior desastre da história de Santa Catarina.
Foram 60 cidades em baixo d'água.
Da noite para o dia.
Foram 135 mortos.
E alguns ainda desaparecidos, até hoje.
E foram quase 9.300 pessoas desabrigadas.
A dor, foi um baque muito grande em Santa Catarina.
Mas, o quê aconteceu logo em seguida, foi uma grande comoção nacional,
Vocês se lembram disso?
Uma grande comoção nacional e, automaticamente,
gente do Brasil inteiro começou a se auto-organizar
e mandar água, roupas, comida.
As companhias de transporte liberaram os caminhões,
e as empresas aéreas liberaram aviões e, muito rapidamente, um recorde,
começou a chegar ajuda lá.
Até aí, foi ótimo, isso aconteceu em vários lugares do mundo também.
Mas, poucas semanas depois, a coisa começou a esfriar.
Na verdade, três meses depois,
as pessoas continuavam desabrigadas,
5.000 e poucas pessoas continuavam desabrigadas.
Não havia chegado, a verba federal, do governo.
Não tinha mais nenhum jornal, mais nenhuma televisão, cobrindo a notícia.
E as pessoas estavam totalmente deprimidas.
Apesar de toda aquela comoção, toda aquela movimentação nacional,
o povo de Santa Catarina estava bem deprimido.
E o povo de Santa Catarina é um povo bem especial
porque eles estão muito acostumados com enchentes,
eles são muito rápidos,
eles limpam uma cidade inteira em um ou dois dias, e fica novinha.
Estão acostumados a se organizar com isso.
Mas essa catástrofe foi tão grande
que eles deprimiram e não estavam conseguindo se mover.
Eu e um grupo de amigos meus,
a gente tem essa história de brincar de mudar o mundo,
a gente costumava fazer essas brincadeiras em comunidades, de verdade.
Mas, quando a gente olhou para Santa Catarina, a gente falou assim:
"Legal, como é que a gente vai brincar com isso agora?"
Ficamos um tempinho deprimidos também, e de repente, a gente falou o seguinte:
"Não, vamos nos mexer".
Então, a gente resolveu criar um "game",
Oasis Santa Catarina, um jogo real, que vai mudar a sua vida.
A gente pensou o seguinte.
No começo, éramos 5, e falamos:
"O quê a gente vai poder fazer para mudar Santa Catarina?"
A nossa ideia, o nosso foco, era conseguir fazer alguma movimentação
que tiraria o pessoal da depressão.
Que iria fazer o pessoal correr, se mexer, voltar para a vida.
E como a gente vai fazer isso? Cinco pessoas?
A gente lembrou, a primeira coisa que a gente lembrou foi o seguinte:
tem uma multidão, têm milhões de pessoas no Brasil inteiro que se mexeram.
A gente não está sozinho nessa história.
Então, a gente começou a criar um "game" que juntava vários grupos diferentes.
O povo do fogo, que é aquela gente louca que vê na televisão e fala:
"Eu quero ir para lá, eu quero me mexer.
Corre, porque eu quero botar a mão na ***, quero ajudar esse pessoal".
Então, o pessoal de fogo.
Mas, não são só dos heróis que a gente está precisando hoje em dia.
Herói ou gente louca.
Mas, tinha o pessoal de ar, que a gente ajudou a criar um outro time,
que é aquele pessoal que quer ajudar, quer apoiar, mas não pode ir para lá,
dona de casa...
"eu estou no trabalho", "eu adoraria, mas não sou tão jovem".
Então, não faz mal, você vai poder ajudar na internet!
Então, eles se inscreveram na internet,
e engenheiros, designers, jornalistas, um monte de gente se auto-organizando,
gente que tinha empresa de transporte, doando transporte para os caras,
para levar o pessoal do fogo para lá.
E o terceiro, que foi um tesão,
foi o pesoal de terra.
Porque o pessoal de lá, de Santa Catarina, não poderia ser tratado como vítima,
levar um monte de gente lá para ajudar.
Então, a gente queria parceiros locais,
que vão jogar junto com a gente, cooperativamente, e vão fazer a mudança.
E os melhores parceiros que a gente poderia ajudar:
crianças de Santa Catarina,
que não estavam tão deprimidas, estavam esperando alguma coisa,
então ficaram os parceiros locais
que ficavam construindo um monte de tarefas para acontecerem lá.
Montamos a plataforma "de grátis", porque tem que ser "de grátis",
plataforma livre na internet,
e as pessoas poderiam se inscrever nos times que elas quisessem.
O que a gente fez, foi o seguinte:
tudo o que parecia dificuldade para a gente,
"como é que a gente vai conseguir aparecer lá?",
"como é que a gente vai treinar um monte de gente
que não sabe o que está fazendo, que nunca mexeu com enchente,
para poder chegar em Santa Catarina, pegar doenças, e não sabe como se mexer?"
A gente criou uma sequência de tarefas
que, na verdade, eram treinamentos para o pessoal em casa se organizar.
Então, por exemplo, monte sua equipe, o mais diversa possível,
pelo menos cinco disciplinas diferentes
da universidade têm que estar presente aí. O pessoal se virava.
Segundo, organize sua rede.
Cada um de vocês tem um monte de amigos.
"Tocô-colô", quem pode te ajudar?
Tua família, engenheiro, arquiteto, dona de casa,
que vão querer te ajudar a te apoiar nessa história.
A rede começou a crescer.
De 40, ficavam 500 ou 600 pessoas que podiam me ajudar.
O pessoal foi se animando com isso.
Um mês e meio depois, tinham 3.600 pessoas
que se inscreveram para jogar o jogo.
A gente tentou assim, meio que, "vamos fazer nossa parte", eles entraram nisso.
E mais de 30 equipes universitárias de fogo, do Brasil inteiro,
de Fortaleza ao Rio Grande do Sul, falaram: "eu vou".
E se inscreveram. Começou a ficar um pouquinho mais feliz.
Automaticamente, na rede, o pessoal começou a montar sistemas de ligação.
"Ah, mas é só o site, não vai funcionar".
Quem reclamava para a gente, a gente falava: "Legal, o quê você vai fazer?"
"Ah, eu posso fazer?" "Pode!"
Daí, o pessoal foi fazendo um monte de comunicação visual,
e foi montando estratégias de mudança.
Até que começaram, as grandes surpresas.
Primeira coisa, as equipes,
os times começaram a ficar tão animados, tão excitados,
que começaram a criar tarefas por eles mesmos.
"Ah! Só 600 pessoas na nossa rede não está bom!"
Então, eles saíram pela cidade e começaram a fazer "free hugs"
e contar para a cidade deles inteira
que o pessoal em Santa Catarina precisava de ajuda.
Começaram a montar, e colocavam provocação na internet.
"Meu time, de São José dos Campos, fez o 'free hug', olha que lindo!"
"O quê você vai fazer?" Aí, provocava o outro time,
daí o outro time aprontava uma coisa pior.
Ou melhor!
E começava a fazer aquele "auê" todo,
e mais gente entrando para a rede, bonito, no "tocô-colô".
De repente, a gente estava no São Paulo Fashion Week,
fizeram um "lounge" para a gente,
uma grande líder mundial de tendências fez um "lounge" para a gente,
com várias conexões,
porque a gente queria montar uma coisa de ponta no mundo.
A gente foi lá, bonito, no São Paulo Fashion Week,
e começamos a ficar fixos em cima dos famosos,
e saímos no blog da Glorinha Kalil.
O Oasis é o quê pega.
Aí, começou a sair no jornal, o pessoal começou a dizer assim:
"Quem é esse pessoal doido indo para Santa Catarina?"
"Mas, é de verdade? É um jogo de verdade?
Vocês vão lá para Santa Catarina, construir?" Vamos para lá para construir.
Passamos também.
E ao último, que eu achei o luxo do luxo, "Missão Impossível".
Uma grande companhia telefônica,
e uma grande produtora de celular, se impressionou com a nossa história,
não tinha contrato, não tinha nada,
não sabia quem a gente era, o nome da gente,
mas eles ficaram animados com essa história toda,
"vamos doar 40 celulares Magic Johnson para vocês!"
Desde criança eu quis brincar de "Missão Impossível" gente!
A gente tinha vídeo, satélite, a gente conversava um com o outro,
"na comunidade tal, como está indo? Câmbio!"
Resolvia a crise um do outro, tudo "de grátis" pelo Brasil inteiro,
a gente conversava e a nossa vida ficou muito feliz!
Foram selecionados 12 melhores times, do Brasil, quem jogou melhor,
foram para Santa Catarina, arrumaram o próprio transporte deles, a comida deles,
a gente não quis nem saber! Jogo é jogo! Se vira!
Tu quer aparecer? O teu prêmio é ir para Santa Catarina,
porque a gente não está podendo!
Vamos lá! Integração e prepação.
Tinha que tentar transformar esse pessoal em um time, bonitinho, "tocô-colô".
Dois dias de preparação em Blumenau, para eles se conhecerem,
para ser uma missão assim "do Brasil", "o Brasil vai para Santa Catarina".
E, no dia seguinte, sai no jornal exatamente o quê a gente queria.
A gente queria incendiar as pessoas e o jornal solta.
"A esperança chegou".
Aí, pegou forte na gente.
Se dividiram os times, fomos cada um para uma cidade.
E a primeira coisa que a gente foi fazer com eles, para acender eles,
não era chegar lá e reconstruir a cidade,
a gente não ia dar conta de reconstruir a cidade inteira.
Mas, a gente perguntou para eles quais eram os sonhos deles.
A gente não queria saber quais são os problemas deles,
"não importa qual é o teu problema".
"Eu quero saber qual é o teu sonho, vamos fundo".
Com isso, começam a sonhar, a escolher alguma coisa, a gente falou:
"É isso o quê a gente vai construir", e tinham 5 dias para construir.
A primeira coisa que a gente faz é fazer eles sonharem,
e montar o sonho, montar o modelinho, montar a maquete,
todo mundo participando.
E depois, a gente tem cinco dias para construir.
Daí que foi acontecendo, várias magias.
A comunidade despertando.
Primeiro chegam as crianças, que querem apoiar sempre.
Depois os pais vêm ver o que está acontecendo,
"por quê o meu filho não quer voltar para casa,
para assistir à televisão, nem para comer?"
Daí, depois, já vêm as mães, os adolescentes,
e fomos construindo os sonhos deles.
Um dos sonhos, por exemplo, era construir uma ponte.
O quê a gente pensou: "isso é impossível".
Engenheiros, pela internet, pessoal de São Paulo, começou a mandar,
"pensa nisso", "tem eucalipto por perto", "como é que vai fazer?"
eles falaram que seria impossível fazer, tinham cinco dias,
"não dá para construir esse sonho".
Eles construíram a ponte em um dia.
Na verdade, a própria comunidade foi lá e construiu em um dia.
E, não contentes, resolveram fazer jardinzinhos
para enfeitar a ponte, para ficar bonitinho, porque a gente está com tempo.
E começaram a construir mais coisas.
E construíram pista de motocross, construíram quiosques, campo de futebol,
brasileiro adora futebol, música e futebol.
Seis cidades, doze comunidades, cinco dias,
quarenta e três encontros comunitários que ninguém tinha feito em seis meses.
Como eu falei para vocês, "rápido, divertido, e sem botar a mão no bolso".
Quarenta e três encontros comunitários, doze comunidades, seis cidades,
e doação, até no nosso celular impossível.
Depois disso, o pessoal gostou tanto da farofada, que eles combinaram assim:
"Eu não quero ir embora, eu não quero..."
Combinaram o grupo inteiro, que veio do Brasil inteiro, e falaram o seguinte:
"O nosso estado também não está bom,
vamos voltar para o nosso estado e fazer mais Oasis.
cada um vai ter que voltar para o seu estado e fazer mais Oasis".
Nos próximos quatro meses...
mais de 90 Oasis espalhdos pelo Brasil e pelo mundo.
Gente botando a mão na *** e comunidades vão fazendo tudo acontecer.
Agora, é o seguinte.
Brincando, todo mundo é empreendedor.
Brincando, todos nós queremos trazer, naturalmente,
sem pensar muito, sem muito medo, sem muito esforço,
a melhor versão de nós mesmos.
Brincando, a gente não quer parar de jogar.
É sustentável, "eu quero mais, eu quero mais, eu quero mais..."
A escala dos desafios que a gente tem hoje.
A escala do desafio global que a gente tem hoje,
é tão grande, que não dá mais tempo de heróis,
de líderes, de ativistas, do governo, e do chefe.
E gente precisa que todo mundo "bata um bolão".
Se a gente chama as pessoas para sacrifício, para trabalho, para sacerdócio,
a maioria dos nossos amigos...
Vamos combinar.
Não é elegante a gente chamar os nossos amigos para sofrer.
Para chamar para uma festa, chamar para uma brincadeira, dá.
E a gente consegue mudar grandes coisas.
Em muito pouco tempo e sem botar a mão no bolso!
Obrigado!