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Olá, sou Donna Amadei e estou trabalhando para a Positive TV.
Hoje estamos em Brighton e eu estou em frente ao Grand Hotel.
Há 25 anos, o IRA (Exército Republicano Irlandês) colocou uma bomba nesse hotel na conferência do partido dos conservadores.
Estamos aqui para nos encontrar com duas pessoas que estão muito envolvidas com aquele acontecimento.
Vamos nos encontrar com Patrick Magee, o homem que colocou a bomba em nome do IRA
– quando deu a sentença, o juiz do julgamento de Patrick Magee recomendou uma sentença de pelo menos 35 anos,
mas hoje, graças ao esquema de soltura antecipada, parte do Acordo da Sexta-feira Santa, ele saiu da prisão de Maze,
depois de 14 anos apenas,
e Jo Berry – seu pai, Antony, foi morto naquele atentado.
Jô, há nove anos, procurou por Patrick para tentar buscar entender o que aconteceu, o que o fez vir e colocar uma bomba,
e para tentar buscar uma solução para o conflito. A jornada dos dois tem sido extraordinária.
Eles estão trabalhando juntos há 9 anos, e hoje, 25 anos depois,
eles lançam sua instituição beneficente Construindo Pontes para a Paz.
Vamos saber mais sobre sua jornada; sobre estas duas pessoas que se uniram para chegar
à uma saída para o conflito. Também veremos a exibição do filme “Soldados da Paz”, em que essa história
é mostrada.
Então, Jo, obrigada por estar aqui conosco hoje. É um dia especial para você hoje, não?
25 anos da morte de seu pai,
que foi morto aqui no atentado de Brighton, no Grand Hotel e desde então você tem estado numa incrível caminhada.
Eu queria me encontrar com Pat para construir essa ponte; para vê-lo como ser humano,
para escutar sua história, para colocar uma feição humana no inimigo. O que você aprendeu com o encontro com Pat, quero dizer, nessa caminhada juntos?
Aprendi que atrás de todo rótulo e de todo inimigo, há um ser humano,
e é possível dialogar, nos comunicarmos,
e que se Pat tivesse tido outras opções, ele as teria usado.
Também aprendi que nós todos somos capazes de usar de violência em situações extraordinariamente difíceis.
Todos podemos ser aquela pessoa que machuca outro ser humano.
Sua história está em toda a imprensa esta semana. Como é isso para você?
Qual tem sido a reação da imprensa?
Eu entendo que algumas pessoas se sintam provocadas pelo o que fiz
e que elas acham que eu estou desculpando a violência,
que muitos pensam que se alguém fez algo errado, deve ser punido para sempre.
Eu entendo isso. Alguns se ofendem com isso e têm uma reação natural
de quere ver Patrick como o inimigo.
Eu estava pensando, quando descia do trem, que na verdade, estive aqui 5 anos atrás, já que eu e Jo
fizemos uma entrevista aqui no vigésimo aniversário, e estamos de volta hoje.
De volta também em uma semana em que ambos falamos no salão do Comitê da Casa dos Comuns
e isso atraiu muita atenção da mídia, nem sempre boa,
o que é triste e em desacordo com o espírito do evento.
Em termos de estar lá, eu acho que foi algo muito válido. Eu estou extremamente satisfeito de ter sido convidado para realizar isso.
Eu acho que gastamos duas mil vezes mais com guerras e armamentos do que
com soução e prevenção de conflitos, por isso eu gostaria de achar uma forma
de ajudar os governantes e políticos a entender que nós precisamos muito de mais recursos
para encontrarmos uma maneira de resolver conflitos. Dessa forma nós podemos realmente mudar o mundo de maneira mais pacífica,
em vez de essa guerra anti-terror, que tudo o que faz é criar mais vítimas,
que se tornarão, ou podem se tornar algozes.
Nós viemos aqui hoje para ver a exibição do filme Soldados da Paz, um filme
em que há histórias de todo o mundo, de pessoas que escolheram solucionar conflitos de forma pacífica.
E eu e Pat fazemos um pequeno papel perto do final do filme.
E estamos aqui para celebrar o lançamento de sua fundação beneficente Construindo Pontes para a Paz, com Patrick Magee, e também ver como vocês se uniram para resolver o conflito.
Its remarkable that I met Jo and I killed her father
but she is still willing to meet me
and we both still recognise that it can be a benefit for us both.
E estamos aqui para celebrar o lançamento de sua fundação beneficente Construindo Pontes para a Paz,
com Patrick Magee, e também ver como vocês se uniram para resolver o conflito.
Esta é uma tarefa que na verdade começou apenas dois meses depois do atentado.
Eu tive essa idéia de Construindo Pontes, e agora acabamos de conseguir o status de fundação beneficente.
Espero que hoje tudo corra bem e as pessoas possam se concentrar no trabalho
da fundação de Jo.
Todo mundo precisa ter a doutrina do perdão.
É muito difícil. Tem que ser difícil,
e todos têm que obtê-la.
Bem, eu vim mesmo para escutar Jo Berry falar com Patrick Magee.
Tenho enorme respeito por eles. Vim do norte de Londres,
porque acho que é uma evento importante e extraordinário.
Esta noção de arrependimento, Pat, o quanto você se sentiu compelido a se arrepender
ou dizer “sinto muito pelo o que fiz” e até que ponto
você disse, “Não, não sinto pelo o que fiz,
mas vou enfrentar as conseqüências”. Qual delas para você?
Vinte e cinco anos depois daquele terrível acontecimento, eu estou aqui sentado num palco com Jo,
e eu mateu seu pai,
e quando eu voltei a 25 anos atrás, como membro do IRA,
e estou certo de que isso é desafiador para muitos da platéia e dessa cidade;
não importa que eu possa olhar para o passado, examinar as razões e justificar decisões
que tenha feito e justificar a luta da qual eu fazia parte.
A questão é, como ser humano, eu carrego aquele peso que é o de ter machucado outros seres humanos
e isso realmente causa conflito.
A violência é uma estratégia que pode trazer algumas maneiras novas de se comunicar,
mas o custo é muito alto. Eu acho que se uma pessoa e machucada, não vale a pena.
Quando pessoas são machucadas, mortas ou lesadas por minhas ações,
não importa a justificativa.
O que espero é que estando aqui,
me apresentando,
as pessoas possam começar a desfazer
o que penso serem idéias errôneas sobre o que acontece num conflito.
Eu meditava hoje, de pé lá fora do teatro, que este evento foi promovido,
bem antes, publicamente anunciado, sem nenhum corpo de segurança
e uma atmosfera absolutamente diferente no entorno. Eu acho que isso realmente diz algo,
certamente, sobre o trabalho de vocês e de outros como vocês. Eu acho que é um grande feito
ou um sinal para um grande feito.
Quanto à luta, eu acho que as pessoas que foram machucadas no Iraque,
como nos carros-bomba, numa Guerra em que não acreditam – eles estão apenas lá porque
seus amigos estão lá também e eles estão tentando se proteger.
Eu acho importante não se transformer raiva em violência.
Raiva do governo etc...
não deveria se transformar em violência, porque então você está fazendo o que eles fazem.
Sou Paul Striker, eu era presidente da Anistia Internacional,
por você não ficará surpreso se eu disser que este filme é incrível.
É, eu acho, é uma grande realização em todos os campos.
Um deles é que ele reúne os pacifistas,
os que de fato experimentaram a dor para fazer a paz, e, ao mesmo tempo,
reconhecendo que os militares,
por exemplo, não sejam demonizados.
Eles têm um papel na pacificação.
Eles podem ser parte da resposta, em vez de se dizer apenas
“militares são o problema”.
Tem tudo a ver com comunicação. Como nos comunicamos. Hoje eu realmente creio que posso me comunicar
com alguém e esse alguém se fechar e ficar na defensiva
e depois querer atacar ou eu posso me comunicar e ele ou ela pode se abrir
e começar a dialogar sobre as necessidades e problemas reais de suas vidas, e é assim que
seguiremos adiante, ser capaz de falar com respeito
e empatia e tentar entender o outro e estarão menos propensos
a atacar e ferir, mas isso requer que eu suspenda meu julgamento e minha visão de inimigo
em você ou qualquer outro. Eu acho que quando estamos ferindo, ainda temos aquela necessidade de querer culpar e responsabilizar
alguém. Por isso é que eu acho que é uma opção dirária, um trabalho diário,
que todos podemos fazer. Toda vez que estamos demonizando alguém, meditemos e, ok, o que eu preciso para me ajudar agora?
A missão deles é entender as raízes da violência, do terrorismo
e da guerra, para se certificarem de que a prevenção contra conflitos seja praticada em todos os lugares.
Eu acho a história deles extraordinária e que nós todos podemos aprender muito sobre o que aconteceu aqui
em Brighton e, nos unindo, o que pode ser alcançado por meio da resolução de um conflito.