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Esta é a sala, mas também é o meu quarto
porque eu não consigo chegar às outras divisões.
A cadeira de rodas não passa!
Este foi o rés-do-chão que encontrei, mas não tem acesso aos quartos
Mas (o banco) pressionou-me tanto...
isso não faz mal, isso não faz mal... é a tua casa, é o teu apartamento.
Disse "ok" e comprei-o.
Quando contraí a hipoteca tinha um bom salário, e...
que problema havia para mim?
Nenhum.
O problema veio quando chegou a crise e fiquei sem trabalho.
Comecei por pagar 700 euros e acabei a pagar 1.400 de hipoteca
e 280 de penalização do Euribor.
Agora sei o que é o Euribor...
naquela altura nem sabia que existia.
Então, com toda a ignorância possível adquires uma hipoteca praticamente enganada.
E se não pagar, vou para a rua com os meus filhos.
Aliás, dizem-me para não me preocupar com os meus filhos
porque os serviços sociais tomam conta deles.
Para comer está a paróquia, os amigos,
estão as assembleias, os vizinhos...
Há ataques de ansiedade, há incredulidade,
mas sobretudo muita depressão e muito assombro
mas sobretudo muita depressão e muito assombro
pelo pouco cuidado que os governos têm tido pelo cidadão.
É uma sensação de fracasso total,
e sentes-te muito mal como ser humano...
que fracassaste na vida, que não conseguiste dar a volta.
A culpa é do sistema.
Estou convencido disso.
O mais digno para o ser humano é ter um teto para dormir.
Acreditamos que o que deveria acontecer
é o fim da impunidade das entidades financeiras
e que respondam pela responsabilidade que têm na concessão de hipotecas
porque o que fizeram foi especular com um bem de primeira necessidade que é a casa.
Tudo... tudo muito fácil.
Agora já não há futuro.
O futuro vai ser que, possivelmente,
as minhas filhas tenham que suportar uma dívida para o resto da vida.
Ou isto muda... ou Espanha não vai ser a Grécia...
será, talvez, pior que a Grécia.
Os culpados são eles (os bancos)...
A luta é contra eles
e contra uns legisladores que lhes dão razão. Vamos atrás deles.
Estamos aqui para pressionar a banca.
Sentimos muito frio, claro, mas estamos em plena luta...
não nos importa se chove, trovoe, ou seja lá o que acontecer
mas vamos estar sempre aqui...
apoiando-nos e resistindo.
Aqui não dormes... aqui o que descansas...
se estás a conversar com os companheiros até às 2h, 3h da manhã,
e acabas por dormir uma hora ou duas horas e já está.
Eu quero entregar as chaves e que me perdoem a dívida.
Oxalá eu pudesse gritar ao mundo
que isto é injusto!
Que isto não se pode suportar!
Que isto é intolerável!
Temos a desgraça de não ter trabalho,
de não ter dinheiro...
mas temos dignidade,
temos altivez...
temos orgulho...
e até isso nos estão a espezinhar!