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(quem é o gajo alto?)
Olá pessoal! Está tudo bem?
Então, esta é a minha primeira actuação como comediante
Já aqui estive duas vezes antes,
mas como membro da audiência, não como comediante.
Portanto ainda não sei muito sobre esta coisa de standup.
Devem reparar que eu fico muito nervoso,
Engano-me nas palavras, mexo as mãos que nem doido...
Oh, por falar nisso...
(está melhor agora)
Mas aquilo que me surpreendeu mais quando estive aqui no palco
foi o público de uma standup comedy. Vocês.
Vocês riem-se sempre nas alturas erradas!
Lá estão vocês outra vez!
Eu estive aqui da última vez, estava a dizer a minha piada
Cheguei à "punch line",
que é a parte em é que suposto vocês rirem,
e vocês... nada.
Digo por acaso que venho de Portugal
e toda a gente está a rir às gargalhadas!
Onde é que ser de Portugal tem piada? Não sei...
Enfim...
Esta foi a parte engraçada da minha actuação,
agora vou passar às partes chatas.
Como esta é a minha primeira actuação a sério,
vou ter que vos explicar o meu nome.
Portanto, olá a todos, o meu nome é João.
Conseguem dizer? João!
João!
Podem enrugar o nariz assim e dizer João! João!
Muito bem, muito bem.
Muito melhor que os meus amigos alemães que me chamam Jóaaau!
Ei Jóaaau, está tudo bem Jóaaau!
De qualquer forma, já estou habituado, não faz mal, não me importo.
Portanto, João é um nome português, claro,
e quer dizer John, ou Johann. Tão simples como isso.
E eu sei que pode ser difícil de pronunciar como deve ser se não souberem português.
Aliás, é tão difícil que no outro dia fui a um bar com Karaoke
e queria cantar uma música, por isso fui ter com o apresentador
e disse-lhe, "OK, eu quero cantar uma música."
E ele diz "OK, então diga o nome da música que quer cantar,
"diga-me o seu nome, e daqui a pouco chamamo-lo."
E eu disse "OK, o meu nome é João."
"Desculpe, como é que é?"
"João!"
"Johan?!"
"Sim, sim, isso serve."
Então ele escreve qualquer coisa num papel
e diz "OK, pode ir sentar-se, vamos chamá-lo mais tarde."
Então passa-se uma hora, e ele vai chamando uma data de pessoas para cantar
e o meu nome nunca aparece,
e de repente, ele vai ao palco e diz:
"OK, eu tenho aqui um nome, será... Takan?"
"Tokan?"
E eu olho para o gajo e penso: "Ele está a chamar-me a mim!"
E então vou ao palco e digo-lhe "Homem, foi você que escreveu isso,
"como é que não percebe o que está aí escrito?"
E ele diz "Oh!", ele deve-se ter lembrado da minha cara ou assim
e ele diz "Oh, já me lembro, já me lembro, agora, é Jóaaau!"
O meu segundo nome é Paulo, e isso é mais fácil de pronunciar, não é?
Vocês conhecem São Paulo, no Brasil?
Portanto, os meus primeiros dois nomes são João Paulo, que quer dizer John Paul
e João Paulo lembra-me sempre do último Papa,
que era João Paulo segundo.
E isso era muito útil porque era traduzido para todas as línguas,
por isso, durante bastante tempo,
sempre que eu queria traduzir o meu nome para qualquer outra língua,
eu perguntava, "OK, como é que vocês chamam o Papa?"
E vocês aqui na Alemanha diriam "Johannes Paul zweite".
E eu diria, "OK, esse sou eu!"
"Mas tirando o zweite".
Mas depois o Papa morreu, e veio este Papa novo,
e acreditem ou não, isso tornou as coisas muito mais difíceis para mim
Quando eu vim aqui para a Alemanha, conheci um dos meus colegas de trabalho,
e se calhar é porque este gajo é muito novo,
ele tem 20 anos, ou 21 anos ou assim... É um miúdo.
E ele queria saber sobre o meu nome,
eu disse "OK, como é que chamas o Papa?"
"Oh, mas não este Papa, o Papa antes deste Papa."
E ele diz "Bento 16".
E eu digo, "Não, não é esse Papa, o Papa antes desse."
E ele diz "Havia um Papa antes desse?!"
A sério, ele é muito novo.
E eu digo "Então mas, não te lembras?
"O Papa morreu, e tiveram de escolher um novo Papa,
"e depois havia o fumo branco, e o fumo *** e o camandro...
"Então, o Papa que morreu, como é que o chamavam?"
E ele diz "Bento 15."
E eu digo "Não, não é o Bento 15, é um nome diferente!"
E ele diz "Pá, se vem antes do Bento 16 tem que ser Bento 15!"
E eu já estou desesperado, e não sei mais o que hei-de dizer
e estou a tentar dizer-lhe "Não, não é assim que funciona, é um nome diferente!"
E ele olha para mim e diz "É pá, tu estás doido ou quê?
"O que tu dizes não faz sentido nenhum."
E nesta altura só digo "OK, esquece...
"Chama-me Jóaaau."
Vou passar já para o próximo tópico, não tenho uma boa transição para isto,
por isso vou saltar já para o próximo tópico, que é amanhã!
Sabem que dia é amanhã?
É o dia de S. Valentim! Yes!
Então, quem gosta do dia de S. Valentim aqui na sala?
Oh, não é assim tanta gente...
E quem detesta o dia de S. Valentim?
OK, eu não vou dizer que detesto o dia de S. Valentim,
Eu só não gosto nada do dia de S. Valentim.
Já vos vou explicar porquê.
Embora esteja descomprometido agora, já fui casado antes,
por isso tenho uma boa ideia de como se acaba no dia de S. Valentim
quando se está solteiro e quando se está casado.
Normalmente quando estás solteiro acabas sentado no sofá,
a beber, a ver televisão, a ver comédias românticas na televisão
e a sentir-te miserável porque estás sozinho.
A sério, pela quantidade de whisky que se bebe,
devia chamar-se dia de S. Ballantine's, não dia de S. Valentim!
Quando estás casado,
acabas sentado no sofá, a beber e a ver televisão
porque a tua mulher te expulsou do quarto
porque ela ou não gostou do teu presente,
ou o restaurante onde foram era muito chunga,
ou querias oferecer-lhe flores e deste-lhe orquídeas em vez de lírios.
E basicamente sentes-te miserável porque é o dia dos namorados
e não vais ter sexo hoje.
Porque tudo no dia de S. Valentim tem de ser perfeito.
O presente perfeito, o jantar perfeito, tudo perfeito.
E porque é suposto ser tão perfeito, qualquer coisa pode correr mal.
Então vais com a tua esposa ou namorada a um restaurante fino,
um daqueles tipo gourmet, que tens de reservar com semanas de antecedência
E entras no restaurante, e já está cheio com outros casais.
E começas a sentir a pressão dos outros a subir-te pelas entranhas.
E sabes que tens de ser pelo menos tão romântico
como todos os outros casais ali.
E então começam os problemas.
Aqueles pequenos detalhes que vão lentamente arruinando o que podia ser uma noite perfeita.
Primeiro, demoras muito tempo a atrair a atenção do empregado.
Isso já te pode pôr nervoso.
Depois um de vocês não pára de falar de trabalho,
e o outro começa a ficar aborrecido.
E então uma rapariga gira que tu conheces aparece com um gajo qualquer,
e ela diz-te olá,
e vai-se sentar do outro lado do restaurante,
e de repente a conversa é sobre a rapariga
e como tu "sorriste demais para ela".
Portanto quando chega a altura de lhe dar o presente,
que é aquele presente perfeito que é suposto dares-lhe,
o que é que acontece? Ela não gosta!
Porque, um, é muito barato,
ou dois, é mais caro que aquele que ela te deu.
E nesta altura, já o dia de S. Valentim está estragado,
e vais dormir no sofá esta noite.
Enfim, isto é só na pior das hipóteses,
Não quero estar a agoirar o dia de S. Valentim para vocês,
Desejo-vos um bom dia de S. Valentim amanhã,
não um dia perfeito, só um dia bom,
e se algum de vocês ainda está à espera de algum "sinal"
para convidar aquela pessoa especial para sair amanhã...
De nada!
Muito obrigado.