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Mako!
Na confusão que se seguiu após o terremoto de 1923,
o anarquista Sakae Ôsugi foi assassinado, junto com sua esposa.
Noe Itô, era sua mãe, certo?
Você tinha 7 anos quando sua mãe foi assassinada,
conte o que lembra.
Tinha 7 anos, deve se lembrar de algo.
Quando sua mãe partiu naquela manhã, o que ela lhe disse?
Sua mãe era bonita?
Amava sua mãe?
Amava sua mãe?
Há muito tempo queria encontrá-la e fazer essas perguntas.
Desde que saí de Tóquio, tenho as repetido em voz alta.
Não tinha ciúmes de Noe? Quero dizer, como mulher.
De repente, no dia em que seus pais desapareceram,
tornou-se ciumenta, certo? Sim, ciumenta.
Durante os 28 anos de sua curta vida, ela se casou 3 vezes.
E abandonou o 2º marido, o poeta Jun Tsuji.
Faltou o item número 21.
Ela foi a responsável pela amante de Ôsugi,
Itsuko Masaoka tê-lo esfaqueado por ciúme.
O caso ''Hikage no Chaya'', em 1916.
Aderiu ao movimento ''Seitô'', liderado por Aichô Hiraga,
tornando se o membro mais jovem do grupo.
Como último membro remanescente, ela dissolveu o movimento.
Nos últimos 10 anos de vida, deu a luz a 7 crianças.
Em poucos anos, viveu tanto quanto diversas mulheres comuns.
Noe Ito...
era sua mãe, certo?
Obrigada. Não tenho mais perguntas.
Diga o seu nome mais uma vez.
A-ko.
Sou Eiko.
Eu Eiko Sokutai, 20 anos, estudante.
-Então, sou B-ko. -Bom, B-ko.
Uma palavra final, por favor.
Não tenho nada a ver com isso.
Fala sobre minha mãe?
Não tenho mãe.
Fala sobre a mãe da minha mãe?
Minha mãe não tinha mãe.
Fala da mãe da mãe da minha mãe?
Então...
é você.
PRIMAVERA, MARÇO. ''SOBREVIVENTES DO MASSACRE
NÓS DANÇAMOS ENTRE AS FLORES.'' SAKAE OSUGI
BEBEMOS SOB A FELICIDADE DA DECADÊNCIA.
ESTE FILME É UM DIÁLOGO ENTRE VOCÊS E EU
PARTICIPANTES DA REVOLUÇÃO ERÓTICA DE SAKAE OSUGI E NOE ITO.
CUJAS VIDAS FORAM DEDICADAS Á BELEZA DO CAOS.
EROS + MASSACRE
EROS + MASSACRE
AGENDAI EIGASHA Production
Em colaboração com BUNGAZUKA
Produção de: Kijû YOSHIDA, Shinji SOSHIZAKI
Escrito por: Masahiro YAMADA, Kijû YOSHIDA
Cinematografia: Genkichi HASEGAWA Música de: Toshi IOHIYANAGI
Luz: Yoshio UNNO Design de Produção: Tsuyoshi ISHII
Som: Yukio KUBOTA Edição: Hiroshi YASUOKA
Mariko OKADA
Toshiyuki HOSOKAWA
Yûko KUSUNOKI Etsushi TAKAHASHI
Masako YAGI, Taeko SHINBASHI, Kazuko INANO
Kinji MATSUEDA Kazunori MIYAZAKI
Takehiko TAKAGI Yoshisada SAKAGUOHI
Toshiko II, Midori TAMAI, Daijirô HARADA
Kyûzô KAWABE Kikuo KANEUOHI
Kyûzô KAWABE Kikuo KANEUOHI
Dirigido por Kijû YOSHIDA
Aeroporto de Genebra.
Avião israelense destruído por guerrilhas árabes.''
Combate pega fogo entre a polícia e as guerrilhas.''
Conferência de Paris, sem progresso.''
Missão Apollo 9 falhou.''
Não, ''bem sucedida''.
Nunca me esquecerei daquele momento.
-Que momento? -Aquele momento.
Que momento?
Uma aranha desceu do teto por um fio.
Ela balançava no ar.
Eu a queimei.
Então disse, ''que eu queime e morra!''
Quem queimou?
Eu.
Você é louco! Louco!
O ladrão Kandata salvou a aranha.
E eu a queimei.
Só para preencher o vazio do tempo.
Não, isso é uma desculpa!
Vazio?
Bem, olhe o estado da sua vida amorosa!
Usa sua imagem para esconder um coração seco e vazio.
Até pouco tempo, esse era o seu slogan!
Mas agora...
Agora, tenho escrito nas costas...
Buda, me condene ao inferno!''
Kandata salve a aranha, não eu!''
Chega de histórias estúpidas.
Minhas histórias são estúpidas porque não digo nada.
-O que está olhando? -Suas pernas.
Os pelos das suas pernas.
O que tem meus pelos?
Será que continuarão crescendo após sua morte?
O que fará a seguir?
Vou para casa dormir. Quero dormir profundamente.
Não, quero dizer... o que fará no futuro?
Quais são os seus planos?
Casar.
Está noivo?
-Uma garota lhe disse ''sim''? -Eu decidi.
É um estudante, certo?
Quando se forma?
O que fará depois?
Em um ano e nove meses.
É mesmo? O futuro deve assustá-lo.
Não entendi o que quis dizer.
Que deveria se preocupar com o futuro!
Na verdade, não. Não estou interessado em nada.
Viemos buscar as cinzas de Sakae Ôsugi!
O anarquista foi executado.
-Proibiram seu enterro! -Não os deixe!
Não entregue à polícia!
Ele terá o funeral que merece!
Bando de ladrões!
Devemos remover os restos de Ôsugi!
Decidi morrerem 24 horas. Megumi.''
Megumi... benção...
Benção... benção...
Piedade... graça...
Pelo quê?
Por que não respondeu?
Não escrevi apenas por curiosidade.
O cobre que poluiu o Rio Watase,
levou os vilarejos mais próximos a serem abandonados.
Isso foi há 30 anos, antes de eu nascer.
Já faz mais de 10 anos que Shôzô Tanaka
criou uma confusão no parlamento por causa disso.
Achei que tudo tinha sido resolvido.
Alguns aldeões resistiram, para ficar no pântano desolado.
Mas hoje, o Estado os despejou para construir uma represa.
É como afogar o filho ilegítimo depois do escândalo.
É exatamente a mesma coisa! Mas ninguém está fazendo nada.
Nem sequer uma palavra em nenhum jornal!
Quando soube, foi como levar um tapa a cara.
Fiquei envergonhada.
Envergonhada da minha ignorância sobre o que acontece no mundo.
É por isso que...
quero lhe perguntar o que fez.
Por isso enviei a carta.
As cerejeiras estão florescendo.
Como naquele dia.
Para você,
uma caipira infantil como eu lhe pedindo por justiça
não deve parecer nada, além de um ligeiro sentimentalismo.
Foi o que disse a Tsuji?
Ele teria dito,
ao invés de pensar nisso, pense sobre quem você é.
Porque uma daquelas burguesas entediadas, do movimento 'Seitô'
acaba de ficar tocada com a tragédia do Vilarejo Yanaka,
e delira coisas sem sentido...'' Não é o que você pensa?
O que uma dessas 'novas mulheres' pode fazer?''
-Mas eu... -Também não posso fazer nada.
Olhe atrás de você.
Sou vigiado 24 horas por dia, graças ao dinheiro dos impostos.
Um anarquista sem armas
é como um pato com as asas quebradas.
Um pato?
Só posso fazer ''quá-quá''.
Esse jeito de falar... Não é o Ôsugi que eu conheço.
Esta é a minha verdadeira aparência.
Um pato!
O pato escreveu de volta a outro pato, mas não enviou.
Era uma carta longa,
poderia ter sido interpretada como uma carta de amor.
As cerejeiras...
dançam perante meus olhos.
As cerejeiras?
São tão lindas!
Onde nasci, em Imajuku,
elas florescem uma semana antes do que em Tóquio.
Primavera, março.
Sobreviventes do massacre, dançamos entre as flores.''
Também estavam floridas naquele dia.
Quando saí da prisão,
Shûsui e os outros não estavam lá.
Haviam sido assassinados.
Dançamos entre as flores... as flores...
Também havia cerejeiras daquela vez.
Minhas cerejeiras.
Antes que se aproximasse de mim, fugi na noite do meu casamento.
Eu não suportaria...
ficar presa a antigas tradições, ou no papel de esposa.
E Tsuji recebeu um pássaro que ele trata como sua mulher amada.
Agora que exauriu seus recursos, quer voar novamente.
Não tire sarro. Não estou exagerando.
Estava falando sério.
Não.
Eu deveria fugir para uma casa livre de antigas tradições,
mas quando recobrei meus sentidos,
vi que estava presa na mesma casa velha.
A casa de Tsuji.
Está representando ''O Voo de Nora'',
muito popular no Teatro Imperial ultimamente?
Disse para não tirar um sarro de mim.
Fugir não é a questão. E sim, saber o que faremos depois.
Só sabermos se fugirmos.
Como pode saber antecipadamente?
-Noe... -É sério!
Pensei nisso por mais de 6 meses.
Sabe o que está dizendo?
Sr. Ôsugi, onde está sua ousadia habitual?
Está sendo covarde.
Eu...
estou grávida!
Lembra-se de quando o conheci?
Eu já havia dado a luz.
Eu o chamei de Ryûji, Ryûji Tsuji.
Um bom nome, certo?
Estou realmente grávida.
Ainda não sei o que é.
É tão complexo. E tão novo!
É a única coisa que só uma mulher pode saber.
-É nosso ato único! -Acho que entendo.
Mas o que fará?
Tem sua esposa, Yasuko Hori,
e também Itsuko Masaoka, sua amante...
além de mim.
-Porque queimá-la? -Para relaxar.
Queime-a!
Está queimando.
Não, falo de outra coisa.
Li sobre isso,
há barreiras em seu subconsciente que você nem sequer imagina.
Traumas da infância, obsessões.
Isso explica por que brinca com fogo.
Não aceita que já é adulto.
Não gosto de psicanálise.
Nunca se sabe se o doutor é normal.
Se o doutor é louco, torna-se inútil.
Conseguiria colocar fogo em mim?
Me deixe em chamas!
Tudo bem. Preparem-se.
Rodando! Ação!
-Preciso ir. -Aonde?
Ao apartamento de Megumi. Ela quer morrer.
-Quem? -Megumi.
Deixe-a morrer se é o que quer.
Eu sei.
-Mas não posso fazer isso. -Faça o que quiser.
Até mais tarde.
Corta! Mais uma vez!
Me desculpe, você é Eiko Sokutai?
Sim. O que você quer?.
Eiko Sokutai, estudante, 20 anos.
Escola de Design de Tóquio.
Especialidade, estética da informação.
Residência, vive em Gifu.
-Endereço atual... -O que você quer?.
No dia 28 de fevereiro, às 19h00, na lanchonete Fairmont...
encontrou-se com um homem, certo?
Claro, encontro com homens todos os dias.
Existem 5 milhões e 300 mil homens em Tóquio.
Vamos. Prepare-se!
Rodando!
Ação!
Certamente.
Corta!
Mais uma vez.
Tirando os menores de 9 anos, sobram 4 milhões e 200 mil.
Todas sofrem de carência ***.
O que quer?
É um repórter?. Inspetor de seguros?
Não sorriam! São modelos, não humanas!
Rodando! Ação!
Polícia.
Você é suspeita de prostituição.
Sem expressão! Estão atuando!
Ainda vai embora?
É o último dia da revista ''Seitô''.
Quando sucedi Aichô como editora,
ninguém achou que eu duraria duas edições.
Mas esta já é a quarta!
Já é a quarta?
Você prometeu que ajudaria, mas continuo esperando.
A revista é sua. Faça o que quiser.
Ás vezes, gostaria de contar com você.
Já lhe dei tudo que podia.
Fala como se quisesse me abandonar.
Sim.
Você estripa tudo que encontra, depois devora.
Não quero que isso aconteça comigo.
Você é a pessoa que me encorajou a estudar,
a completar o treinamento.
Sim, e você progrediu!
Aos 20 anos, editora da ''Seito'',
ativista militante pelos direitos das mulheres,
esposa do preguiçoso, Jun Tsuji,
e mãe de Makoto e Ryûji.
O que está dizendo?
Sempre fala sobre ''emancipação das mulheres''.
Certamente, o empenho das mulheres deve melhorar.
Mas, tenho repensado sobre isso ultimamente.
Tudo o que conseguimos realizar até agora são só palavras.
Emancipação das mulheres.
Modernização.
Ego.
Qual é o propósito?
Fala sobre a liberação das mulheres,
mas não cuida de Makoto,
e não faz as tarefas domésticas.
Desculpe, estou sendo irônico.
Tenho muito respeito pelo seu ativismo.
É o seu melhor mérito.
A restauração e modernização do Meiji.
Temos um trem, e um arranha-céu em Asakusa.
Temos um parlamento.
Atualmente, toco o shakuhachi,
mas ele não me consola.
Não busque a liberdade na renúncia,
busque-a dentro de si, e torne-se o todo-poderoso Ego.''
Foi você quem me ensinou as palavras de Max Stimer.
Por isso parei de trabalhar.
Leio, durmo...
faço o que quero, e me concentro em mim.
Dessa forma, posso olhar muito além.
Você sempre olha muito além!
Por que não olha ao seu redor?.
Os camponeses de Yanaka podem morrer congelados amanhã,
e você não vai perceber!
Eu sei!
Olhar tão à frente, às vezes, pode ser doloroso.
Emancipação das mulheres. Modernização.
Quando acontecerão?
Em 50 ou 70 anos? Não sei.
Estamos em 1916. Os trens só vão até Kyûshû.
E mesmo assim...
de onde vem essa luz intensa,
que muda gradualmente o ego interior?
Esse vazio em mim cresce dia após dia.
Como se antecipasse o dia em que...
a emancipação seja finalmente alcançada.
É como me sinto.
Eu...
ainda o amo.
Muito.
Mas não precisa mais de mim.
Não. Preciso de você.
As pessoas nascem livres.
Mas apesar disso,
ou talvez por causa disso, as pessoas temem a liberdade,
e desejam ser acorrentadas. E assim se destroem.
Amor.
Nosso amor matou a nossa liberdade.
Sabe disso.
Você é como um pássaro que parou da bater as asas.
Eu pediria que ficasse nesta casa,
mas você não seria capaz.
Não sou do tipo que vai contra o vento.
Mas você vai,
não importa para qual lado sopre.
Eu voltarei.
Quando lhe disse para esquecer os camponeses de Yanaka,
ficou furiosa.
Abandonada por 30 anos,
deixada num lago frígido e amaldiçoado.
Aqueles camponeses teimosamente agarraram-se às suas terras.
Pensei que algo em seus corações,
a fonte de sua determinação,
fosse mais forte do que meu próprio vazio.
Por isso disse aquilo.
-Não entendo. -Você não entende.
Também não entendo.
Por isso continuo olhando além.
Makoto está chorando. Por favor, cuide dele.
Você sobe as escadas,
do primeiro andar para o segundo, do segundo para o terceiro,
do terceiro para o quarto.
Vou do terceiro andar para o quarto!
Você entra num quarto afastado dos outros.
Sim, um quarto secreto.
Você tira a roupa.
Tiro minha roupa!
-Para quê? -O cliente quer.
Se não agradá-lo, não vai receber.
Você está nua.
Estou nua!
-Então você diz... -Eu digo...
-Diga. -O quê?
Como vou saber? Você disse.
Rápido.
-O que você disse? -Não sei.
Mas foi você que disse.
Olá, olá para 1970.
Não é isso.
Olá, cara. Olá, amante.
Olá, cliente.
-Está melhor. -E agora?
Mostre seus atributos.
Mostro.
Esse é o caso de 28 de fevereiro, às 19h20.
Esse é o caso de 20...
-28. -De noite.
Porque precisa da data?
Vá direto ao crime.
-O rapaz foi assassinado? -Não diga isso.
A fita está rodando.
Pode servir como evidência.
Você fez amor.
Fiz amor com aquele rapaz. Com meu amante!
Antes de deixar o hotel, pega seu dinheiro.
Quanto?
Este jogo está chato!
Posso fingir que o matei? Quebro um vaso em sua cabeça!
A quantia, por favor. Ainda temos muita fita.
Corto sua artéria com uma tesoura!
Quanto?
-300 ienes. -Fale sério.
Pensei em pedir 5.000,
mas comecei a gaguejar, e não consegui pronunciar.
Que tal 3.000 ienes. Tudo bem?
3.000 ienes? Muito barato.
-Então ele foi assassinado? -Ele está vivo.
Não será preso.
Nas leis deste país, aquele que paga não é criminoso.
A lei pode parecer injusta,
mas devemos denunciar o crime,
a causa e o sistema são outras partes,
se precisamos eliminar o mal.
Obrigado pela cooperação.
Diga seu nome de novo.
Eiko Sokutai.
''A'' como ''ABC'' em inglês,
''A'' como ''ABC'' em inglês,
''A'' como ''água'', ''astúcia''...
Como quiser.
Não e importante para mim se sou ou não sou a mulher certa.
Não importa, porque para mim, ''eu'' não existe.
Entendeu?
Se essa mulher não sou eu,
então deve ser outra pessoa, mas para mim, ''eu'' não existe.
Isso é, meu ''ego'' não existe.
Por definição, o ego não existe.
Se meu ego não existe, então outros também não existem.
Os outros existem contanto que o meu também exista.
Se não há diferença entre eu e as outras,
ninguém pode saber se essa mulher sou eu ou é outra pessoa.
A busca é inútil.
Desde o começo, essa mulher não é ninguém!
Muito bem.
Se, do outro lado daquela porta de hotel,
alguém assumisse o seu lugar,
gostaria que me dissesse seu nome.
Claro, podemos ter trocado de lugares,
mesmo que sejamos o mesmo ''eu''.
Isso é comum no mundo da prostituição.
Mostre uma pérola verdadeira, mas venda a falsa.
Pode ir.
É hora de esperar. Sim.
É hora de esperar. Sim.
Ás vezes, deve se esconder como um gato.
Qualquer movimento hoje é certeza de derrota.
As paredes ao nosso redor são muito grossas.
Encare, teríamos que recuar.
Não podemos fazer isso,
então temos que esperar.
Você sempre diz para atacar imediatamente.
Mas esperar pelo momento certo como um gato
requer determinação e coragem.
Não faz nada porque está com medo!
Está falando como um covarde preguiçoso!
Não espero por uma oportunidade, eu crio uma!
O que vai encontrar lá fora?
Apenas um deserto cheiro de pedras, e uma prisão.
No fim, há uma forca!
Vão matá-lo como um cachorro!
Esperei por dois anos!
Nada aconteceu! Nada mudou!
Vai esperar até morrer como um cachorro?
Eu não!
Não quero morrer como um cachorro, ou morrer tolamente.
Disse a mesma coisa há dois anos.
E disse que a ação apropriada
era focar na zona neutra da literatura,
e publicar o ''Pensamento Moderno''.
Isso é só masturbação intelectual! Não realizou nada!
Já cansei disso!
De masturbação intelectual?
Falou bem!
Afirmar o ego, desenvolver o indivíduo...
sou a favor disso.
Mas só nos sonhos controlo o mundo e satisfaço meu ego.
Na verdade, somos oprimidos por paredes grossas.
Pare de resistir, apesar do seu ressentimento,
e recolha-se em seu casco.
Desobediência eterna é derrota eterna.
Fuja da sociedade. Essa é a filosofia do prisioneiro.
É verdade. Cansamos de ser prisioneiros do pensamento,
e fechamos o ''Pensamento Moderno.''
Preferimos ressuscitar o ''Jornal das Pessoas Comuns''.
Mas somos seguidamente atados por censuras e proibições.
Já é quase março! Primavera!
O que faremos agora?
Aquilo!
Porretes ou explosivos?
Siga aquele caminho para morrer como um cachorro.
Você está ávido para atingir o topo.
Claro, os homens podem chegar ao topo da montanha,
mas não podem viver lá por muito tempo.
Sakai! Falou sobre se esconder como gatos e morrer como cães.
Agora somos macacos, escalando uma montanha?
Macacos que continuam escorregando e caindo.
É o que parece.
Macacos que não podem viver no topo.
Chegar ao topo já é suficiente.
O que quer dizer?.
O que quero é a liberdade para atingir o topo.
Para escalar os maiores cumes da vida.
Quando pudermos fazer isso,
conheceremos o êxtase da liberdade.
Quando uma greve acontece,
não uma greve econômica, e sim uma geral,
propulsionada pela coragem dos indivíduos,
ávidos a conhecer esse êxtase,
os trabalhadores serão libertados da escravidão,
para escrever suas próprias histórias e valores.
Ôsugi, suas teorias são muito pessoais e literais para seguir.
São como uma filosofia de vida, mas...
Quem disse que você fala sobre sua vida ***,
-ao invés da vida universal? -Não eu!
Não importa.
Mas essa ''greve pela vida'' é impossível.
Na realidade, não pode sequer publicar um jornal.
É duro lidar com a realidade.
Esperar, de braços cruzados, é uma morte tola.
Amanhã é o começo de março.
O que faremos?
Amor?. Revolução?
Ambos! Se o ''Jornal das Pessoas Comuns'' não funcionar,
vamos recriar o ''Pensamento Moderno.''
Vamos nos focar nos trabalhadores,
e começar uma pesquisa em sindicatos.
Estou vendo...
repetir os mesmos erros!
É melhor do que ficar aqui sentado, bocejando!
O fracasso é melhor do que a inação!
Falando em amor, Ôsugi, sua esposa...
Não, sua parceira de 8 anos na desgraça nos trouxe um pacote.
Já é primavera.
Eu lhe trouxe roupas mais leves.
Obrigado.
Vocês formam um casal perfeito.
Dizem que também é louco pelo brilhante jornalista
da língua inglesa, Itsuko Masaoka, do jornal ''Tônichi''!
É verdade?
É.
Já que estamos falando nisso, também amo Noe Itô.
É com isso que se preocupa?
Nosso movimento está suspenso,
um completo fracasso,
e você está preocupado com mulheres!
O movimento e o amor são a mesma coisa para mim!
Não há diferença.
Até hoje,
amo Yasuko com todo o meu coração.
Mas não posso dedicar minha alma somente a Yasuko.
O amor morre se não é livre. Yasuko já sabe disso.
Não ouvi nada disso.
Sou esposa de Ôsugi.
Sua única mulher.
Certamente.
Ele só está sustentando suas teorias sobre o amor livre.
Ouvi dizer que ele cortejou Yasuko colocando fogo em seu quimono.
Indo tão longe para provar seu amor.
Isso é valioso!
É verdade.
Falei sério.
Estou em busca do amor livre.
Ela ainda não chegou?
Voltará logo.
Não faço ideia do que Noe tem feito ultimamente.
Acha que ela está mudada?
Crescemos juntas desde os 7 anos,
quando sua família foi arruinada.
Usamos as mesmas roupas, comemos a mesma comida...
como irmãs gêmeas!
Quase sempre sabia o que ela estava pensando.
Mas agora somos completamente diferentes!
Aos 18 anos, ela tinha pressa em se casar com você.
Mas já tenho mais de 20 anos e não sei com quem vou me casar.
O que é isso?
Noe...
você me deixou.
Desde o começo, sabia que esse dia chegaria.
-Mas, agora... -Jun!
Parece que o vento levou.
Noe disse que as cerejeiras estavam desabrochando naquele dia.
Mas não me lembro se o vento estava soprando.
Sou Haruko Hiraga.
Conhecida como Aichô.
É claro!
Estava tentando verse era diferente de como a imaginei.
Sou diferente?
Nem um pouco.
É mentira.
Mas você escreveu,
No começo, a mulher era o Sol.
Agora, é a Lua, dependente do brilho de outro.
Mas agora devemos recuperar nosso sol escondido.''
Seu artigo na ''Seitô'' realmente me chocou!
Então, como me imaginou a princípio?
Não posso dizer.
Deve ter imaginado uma mulher muito mais velha.
Recebeu o dinheiro?
Sim, usei-o para fugir de casa e vir vê-la.
Esqueci de lhe agradecer por isso.
Vou devolver quando encontrar trabalho.
Tolice! Não foi nada! Não precisa devolver.
Sim, obrigada!
Esta é Itsuko Masaoka.
Sou Noe. Prazer!
Ouvi falar sobre você.
A estudante de inglês mais brilhante da universidade.
Estou me demitindo da ''Seitô'' hoje.
Que pena!
Há um limite para o que um grupo de mulheres pode fazer.
Devemos mergulhar na sociedade masculina.
Um grupo de mulheres é seguro.
Entre os homens, não acabará com a descriminação.
Devemos lutar pela igualdade.
Vou escrever para o ''Tóquio Nichinichi''.
Bem, boa sorte.
Cuide-se, ''Aichô''.
Sua carta gerou muita discussão entre nós.
Ela escreve com a determinação de um homem.''
Aqui está uma mulher, de apenas 18 anos,
de uma região atormentada pela pobreza,
mas que escreve com razão e clareza!''
Isso prova que nosso movimento finalmente se tomou autêntico.''
Autêntico? Mas...
Deve saber que as pessoas veem a ''Seitô'' como uma distração
para mulheres burguesas.
Mas na verdade, há mulheres como você
escravas do sistema familiar, das antigas tradições e da pobreza
em todo o ***ão.
Libertar essas mulheres de seus cativeiros é o nosso objetivo.
Essa luta é a sua luta,
mas essa luta não é somente sua.
Devemos unir forças, e fazer o que pudermos.
Mas não tenho outra escolha.
Fui criada por camponeses pobres em Kyûshû.
O que fará agora?
Pensei em viver com o meu ex-professor, Jun Tsuji.
Também deve pensar em como vai ganhara vida.
Eu sei.
Tenho um trabalho para você.
Como escritora na ''Seitô.''
Tenho procurado alguém como você.
Desde o início esse é o meu objetivo.
Aceito com prazer! Vou começar amanhã!
Essa não é a janela sobre a qual escreveu na revista?
Posso abri-la?
O vento está gelado.
Queria olhar lá fora,
vero que há.
Apenas uma paisagem chata.
Ameixas, bambus, peônias na primavera...
a Lua no outono...
neve no inverno...
Então...
Num desses dias...
você colherá a fruta...
que cultivamos tão cuidadosamente.
Está esfriando. Que estranho.
Estava pensando... aonde estamos indo?
E por que eu vim?
Já faz duas horas. Mais quanto tempo?
Aqui parece o Polo Norte!
Meu coração está partido.
Agradeça a civilização por nos dar o frio.
Já sei! Estou escoltando uma prostituta!
Estamos fugindo!
Pelo menos, vamos salvar alguém.
-Será que ela está morta? -Aposto que está.
-Eu também. Mas porque apostar? -Não é esse tipo de aposta.
Não há porque correr para um funeral.
Já chega. Pare!
Onde tem um hospital? Minha esposa engoliu comprimidos!
Deixe-a em paz. Ela fará de novo.
O hospital!
Não sei onde estou, e está muito frio.
Todos aqueles que escolhem esse caminho
deixam suas esperanças para trás.
Perfeito.
Eu beijei Noe.
Eu beijei Noe.
Ela está apaixonada por mim.
Veio para dizer isso?
É uma mulher culta e inteligente.
Entende minha forma de pensar.
Sim, entendo.
Desde o começo eu disse.
Sou casado com Yasuko, uma mulher simples e ignorante.
Mas, seu caráter é perfeito para a esposa de um revolucionário.
Causei a ela muito sofrimento, mas a amo.
Também amo você.
Também ama Noe?
Isso é bom.
Fico feliz por você, do fundo do meu coração.
Sim. Os 3 laços vão aguentar,
se respeitarmos 3 condições.
Que condições?
Primeira,
que cada um de nós seja financeiramente independente.
Segunda,
não viverei com as três, mas separadamente com cada uma.
Terceira,
devemos respeitar a liberdade de cada um.
Isso inclui a liberdade ***.
Tenho muitos amigos,
mas nenhum deles reclama por falta de amizade.
Somos amigos em termos justos e iguais.
Nosso amor...
também é baseado na igualdade, e na busca da liberdade.
Nesse caso,
peço que mantenha a sua promessa.
Promessa? Que promessa?
Na primeira noite em que passamos juntos...
Você se esqueceu?
Eu já lhe disse.
C casamento não tem valor para mim.
Eu me convenci disso...
após observar minhas irmãs e seus maridos.
Atualmente, o casamento não é garantia de felicidade.
Por isso não quero casar.
Já que não acredito no casamento, fui capaz de amá-lo
sem sentir culpa por Yasuko, ou mesmo sua presença.
Mas em troca, quero tomar minhas próprias decisões,
sem me importar com as dificuldades que surgirem.
Estou ouvindo. Qual foi a promessa?
Está dizendo que Noe é diferente de Yasuko?
Não! Eu lhe disse a mesma coisa quando só havia Yasuko.
Queria que mantivesse nosso relacionamento em segredo.
Mas contou tudo a Yasuko.
Não só a Yasuko, como também aos seus amigos. Por quê?
Não vi razão para esconder deles.
Era para ninguém nos perturbar.
Para podermos nos ver livremente.
Livremente.
Quer dizer, para fugirmos dos rumores.
Não me importo com os rumores,
ou com o que seus amigos monogâmicos pensam.
Mas não dá para mudar completamente como pensam.
Por isso, para preservar nosso amor...
Não se preocupe com eles. Ignore-os.
Algum dia, o mundo vai entender.
Mas nós seremos atacados, e vamos nos defender.
Diz isso porque é homem.
Quando eu tinha 18 anos, me apaixonei por um homem casado.
Tentei perseguir esse amor, mas era impossível.
Não só minha família, todo mundo forçou a nossa separação.
Seguir as morais da sociedade? Esconder-se nas sombras?
Acha que existe liberdade nas sombras?
Vamos respeitar as suas três condições.
Pela liberdade e pela verdade.
Mas sou uma mulher. Eu disse da última vez
que queria fugir do problema e da responsabilidade.
Disse que não quer filhos, certo?
Tudo bem, se quer assim.
Acho que essa é a segunda condição.
E a terceira?
Você não tem que ir.
Noe ficou sem fôlego quando a beijei.
Pude senti-la tremendo.
Foi surpreendente.
Está fazendo isso de propósito para dificultar a situação.
Parece estar se divertindo.
Vai voltar para Yasuko?
Espere!
Certamente precisa de dinheiro.
Não sei nada sobre você.
-É um estudante? -Não sei.
Yakuza?
Vi você dormindo com um homem, mas eu não dormi com você.
Isso é ''impotência psicológica.''
Errado!
É por isso que quero dormir com você!
Você aceita!
Vamos a um hotel!
Mas eu quero mais!
Você recusa!
Diga!
É a minha vez?
Não! Eu recuso!
Então, subitamente, dou um soco no seu estômago!
Você grita e cai.
Eu caio.
Eu seguro suas mãos atrás das costas, mantendo-a no chão.
Você se debate!
Continue, está bom!
Começo a estrangulá-la...
Você me estrangula...
Mas você resiste com toda sua força!
Eu resisto!
Sua saia está levantada e sua calcinha rasgada!
Estou dentro de você!
Está dentro de mim!
Espere! Veja aquilo?
Todos estão correndo! Houve um acidente!
O que aconteceu? Me diga!
Assassinato? Revolução? Acidente de trânsito?
Não consigo ver. Tem muita gente.
Alguém está vindo!
Viu o acidente?
Sim! Foi assustador!
Conte o que aconteceu.
Um guindaste gigante caiu!
Os cabos se soltaram.
Porque se soltaram?
-Um cabo de suporte quebrou! -E?
O guindaste estava carregando uma gôndola.
O que havia na gôndola?
Não sei.
Vamos trocar de lugares.
Não era uma gôndola. Era um arco de ferro!
Para quê?
Deveria permitir que sobrevivêssemos ao desastre.
Mas caiu!
Pesava 16 toneladas e caiu a uma velocidade de 82 km/h.
E então?
Caiu num ônibus que passava embaixo.
Um ônibus...
cheio de idosos de um asilo!
É uma cena diabólica!
Um mar de sangue e carne!
Uma pequena bolsa rola pela sarjeta.
Veja! Tem uma boneca dentro!
Provavelmente um presente para a neta.
Aquela pobre senhora... tinha uma neta?
Senhor! Quem disse ''senhora''?
Abram alas! Temos que socorrer os feridos!
Abram alas! Saiam!
Saiam!
Este mundo não é lugar para você!
Está certo. Eu o trouxe para o quarto.
Está certo. Eu o trouxe para o quarto.
Mas dentro já havia outra garota esperando.
Me trouxe aqui só para dizer isso?
Sim. O que mais poderia dizer?.
Espera que eu acredite?
Fui apenas uma participante. É verdade!
Aqui está a minha parte.
Acabei de pegar.
Chega de idiotice.
Você não acredita em mim.
Quem colocou você nessa?
Não é difícil de entender.
Você já decidiu que sou uma criminosa.
Me deu um motivo.
A localização é... Não, encontre sozinho.
Pode encontrar tudo, até crimes imaginários.
Já lhe dei um motivo gratuitamente.
Agora vá!
Está satisfeita com uma vida miserável.
Acho que uma vida sem propósito não é uma vida.
Mas não há um propósito para a vida.
A vida é miserável.
A única certeza é que todos morrerão.
Fora isso, ninguém sabe o futuro.
Por isso vivemos em nossa imaginação.
Vivemos... mas viver é sofrer.
Minha mãe assassinada me ensinou que a vida é uma batalha.
Uma batalha! Acha que a vida é isso?
Assassinada?
Por quem?
Pelos nossos pais!
Sua imaginação é bem irritante.
O que é a imaginação? E a ilusão do pobre.
Eles não são ricos, mas imaginam que são.
Sonham com a revolução.
Aquele homem no telefone...
o que fez à sua mão esquerda?
Começou imaginando,
depois confundiu a imaginação com a realidade.
Precisamente naquele momento,
suas ações tomaram-se aparentes para mim.
Parecia exatamente como um crime.
Então eu...
o farejei, como um cão.
E o prendi.
Como sou capaz de fazer isso?
Porque não vivo em minha imaginação.
Não sofro.
Não acredito na impotência dos homens.
Sabe, neste momento, a outra eu é uma prostituta.
Aqueles que sofrem...
já estão numa prisão, ou num asilo.
Não há motivos para prendê-los de novo.
Teve apenas um pesadelo nesta manhã, só isso.
Já encontrei a rede de prostituição que procurava.
Ontem.
Vou lhe mostrar algo bom.
Decidi matá-lo.
Trouxe ontem de Nihonbashi.
A lâmina tem 16.5 cm. Custou 50 ienes.
Decidi não deixá-lo.
Se o deixasse, não poderia matá-lo.
Tomei a decisão de matá-lo.
Essa liberdade é a fundação da vida.
Devemos entregar a vida a ela.
A liberação das mulheres...
é para os homens.
Não, a felicidade de toda humanidade reside na liberdade.
Conheço sua liberdade e seu ego,
colocarei isso num contrato...
baseado nas 3 condições.
Foi só um truque para tirar um sarro de mim.
Foi só um truque para tirar um sarro de mim.
Por quê?
Por quê?
Não foi um truque. Eiko estava preocupada comigo.
Tem belas amizades.
Espere!
Nunca dormi com um homem.
Não parta! Estou com medo!
Socorro! Estou com medo!
Abri meus olhos.
Olhei as horas como de costume.
Era 6h37.
Permaneci deitada e adormeci.
Quando olhei as horas novamente, eram 10h07.
Levantei e me olhei no espelho.
Meu rosto estava áspero, coberto de pele morta.
Levei 15 minutos para me trocar.
Imaginei se usaria jeans ou saia.
Então percebi que não faria a mínima diferença.
Entrei no banheiro e escovei os dentes.
E percebi que já havia os escovado.
Mas isso foi ontem de manhã.
E na manhã anterior, pensei na mesma coisa!
A janela do banheiro tinha uma abertura de 3 cm.
O vento deve tê-la aberto. O vento morno da primavera.
Olhei lá para fora.
Na rua, um carregador tentava pôr rolos de cabos num caminhão.
Mas sem sucesso.
Eles sempre caiam.
Quando finalmente terminou, eu entrei.
Ainda não tinha me maquiado.
Só passei um creminho.
Ultimamente quando me maquio,
ou passo batom, sinto um calafrio.
Então fui comer.
Bebi leite, uma garrafa de 180 ml.
Com salada e metade de um sanduíche.
Mais tarde, sentei-me numa cadeira sem fazer nada.
Talvez por uma hora.
Então me lembrei de que não tinha regado as plantas.
Reguei-as por meia hora.
Talvez tenha regado demais!
E de novo, não tinha nada a fazer.
Sentei na cadeira mais um pouco.
Então o telefone tocou! Eram 11h12.
Aqui é o proprietário, é sobre a conta de telefone.''
Eu apenas disse ''sim''.
Mais uma vez, nada para fazer.
Fiquei lá sentada.
Me ajudem, por favor!
Há uma maneira de viver sem medo?
Durante o ano todo só ouço o barulho dos carros passando.
Preciso estar com alguém! Qualquer um!
Acalme-se.
Não pense em nada.
Não precisa pensar. Não pense em nada.
Nada.
É o meu pai.
Escrevi uma carta de suicídio.
Mas não quero ver os meus pais.
Porque os deixei por Tóquio.
Você tem um lar para voltar.
Deveria estar feliz!
Vamos.
Não! Não quero vê-los.
Não quero ver ninguém!
Diga que saí!
Pare de tolice.
Pegue...
enxugue as lágrimas.
Abra.
Aonde está indo? Para casa?
Preciso de férias.
De férias bem longas.
Não abra! Por favor, não abra!
Dizem que não deveríamos fazer nada além de criar os filhos.
Mas você é muito tolerante.
Noe tornou-se consumista.
Não se preocupe.
Se não deixá-la trabalhar, vai se tornar insuportável.
Mas ela sempre fica fora até tarde da noite.
Estou acostumado.
Acostumado...
Por que não a escolta?
Bem...
acho que sou preguiçoso.
Fico feliz tocando o shakuhachi.
Não quer ouvir mais.
Venha aqui.
Venha aqui.
Meu pobre irmão.
Meu pobre irmão.
É estranho. Agora mesmo,
É estranho. Agora mesmo,
estava considerando viver com outra pessoa.
Porque está apaixonada por Ôsugi?
Não!
Pensei em deixar você e Ôsugi, para pensarem calmamente.
Ohiyo...
Ela tem a mesma idade que eu.
Crescemos juntas como irmãs gêmeas!
Como pôde dormir com você?
Ela sentiu pena, só isso.
Agora, entendo que o ciúme...
pode ser um sentimento violento.
Então como pode permanecer tão calmo?
É tudo que pode dizer à sua esposa?
Responda!
Pode uma boa esposa...
se comportar como você tem se comportado?
Farei tudo para revelar a verdade Noe.''
Aumente suas habilidades...
ao maior nível possível e se torne uma mulher maravilhosa.''
Quem disse isso?
Você disse que eu não sou uma mulher comum!
Está certa.
Você não é uma mulher comum.
Mas o que sua família se tornou?
Não.
Nós não aguentaríamos nos tomar...
as mesmas pessoas comuns que desprezamos.
Somos incapazes de nos enganarmos.
Duas pessoas,
desesperadas para ficarem juntas,
como qualquer casal.
Não percebem que só estão juntos...
por causa das memórias, da sociedade,
dos filhos,
e das próprias fraquezas.
Passamos os dias...
nos apegando um ao outro, enquanto rimos de nós mesmos.
Pare!
Agora tenho certeza... de que amo você!
Impossível!
Isso não é mais possível.
Está aborrecida, só isso.
Está certo.
Talvez com ciúme.
Outra pessoa dormiu com o seu marido.
Seu orgulho de esposa está ferido.
-E isso a deixa furiosa. -Está errado!
Estou furiosa porque traiu a minha confiança!
Desde o inverno,
tenho falado sobre a mudança em nossos sentimentos.
Com nosso estado de desapego,
não podemos falar como um casal.
Não há traição para discutirmos.
Ficou furiosa...
por causa dessa ofensa conjugal insignificante.
Isso não revela um pouco de vaidade?
Como?
Como pode ser tão calmo e desapegado?
Não consigo entendê-lo!
Makoto provavelmente ficará triste.
Mas pelo menos pode sair desta casa...
com paz de espírito.
Me deixe.
Vá para onde quiser.
Não...
não vou deixá-lo.
Me dizer para deixar Ôsugi é um problema.
Sou louca por ele!
Mesmo que ele seja um espião?
Um espião? O que você quer dizer?
Os rumores estão circulando.
Ele se entregaria às autoridades se estivesse falido.
Só para sustentar suas esposas?
Isso é muito engraçado! Tão engraçado que estou chorando!
-Ôsugi... -Não é engraçado!
Quer que eu investigue?
Muito bem.
Eu lhe direi se descobrir alguma coisa.
Mas espião ou não, não tenho nada a ver com isso.
Ôsugi é apenas o homem que eu amo.
Noe?
Por favor, não abra a porta.
Não sou uma mulher curiosa. Não preciso saber de tudo.
Preciso vero rosto da mulher que se tomou a amante do meu marido?
Também se sentiria assim se estivesse em meu lugar?.
Mais alguma coisa?
Se não tem, por favor vá para casa.
Ôsugi não está aqui.
Por favor, diga que...
eu...
passei para vê-lo.
Gostaria de lhe dizer pessoalmente.
Mas estou com pressa. Quero resolver isso imediatamente.
Não quero preocupá-la.
Só vim para terminar com Ôsugi.
Terminar?
Você não queria abandonar Tsuji, certo?
Não podia abandoná-lo depois de todos esses anos.
Não, estou deixando Tsuji.
Mas também não ficarei com Ôsugi.
Viverei sozinha.
De agora em diante,
não dependo de Ôsugi, nem de ninguém.
Ultimamente, você só pensa em você e em Tsuji.
-Está certa. -É claro.
Não quer ser a responsável por destruir sua família!
Que desonesta!
Quer viver independentemente, só para salvar a pele!
Acha realmente que pode fazer isso?
Nunca conseguirá!
Sim, conseguirei. Já estou decidida.
Se quer partir, não deveria ter vindo se despedir.
Você não tem a intenção.
Me diga...
para você, não importa se é Ôsugi ou outra pessoa, certo?
A vida com Tsuji era muito dura.
Para fugir daquela vida...
um caso com qualquer homem servia.
Não, é tudo igual.
Acho que queria apenas trocar os sapatos velhos por novos.
Mas você mal deu um passo, e eles se cobriram de lama.
Veja.
Há lama onde quer que você vá.
Engraçado...
você... eu...
cobertas de lama.
Ama Tsuji?
Ama-o com todo coração?
Ama Ôsugi?
Sabe o que significa ''amor''?
Amor significa...
capturar o coração de alguém,
e monopolizá-lo.
Isso é o que o amor significa para mim.
Ôsugi e eu somos assim.
Pertencemos um ao outro.
Desde que se tornou amante de Ôsugi,
tem interferido entre nós.
Não pode se livrar de nós tão facilmente.
Não até terminarmos.
Uma pessoa possuindo outra... Ninguém tem esse direito!
É claro tem!
Como jornalista, ganho 150 ienes por mês.
Ele é um anarquista sem dinheiro.
Eu sustento Ôsugi e Yasuko.
Todos se beneficiam.
Mas ele sabe que é um mentiroso.
Quando dou a ele 10 ienes,
ele não irá admitir que recebe muito mais.
Guiado pela falta de dinheiro, tornou-se um espião do governo.
Não há liberdade sem dinheiro.
Mas tomar-se um espião, significa vender a liberdade por dinheiro.
E mesmo que ele tivesse dinheiro,
não conseguiria fugir de mim.
Eu o mataria se tentasse me deixar.
Dizem que não dá para comprar sentimentos, mas é mentira.
Dá até para comprar...
um revolucionário e sua alma!
Itsuko é assim.
Dizer esse tipo de tolice a deixa feliz.
Não lhe dê atenção.
Mas nada disso tem a ver comigo.
Vou deixá-lo. O resto não importa.
Bem...
então terminamos.
Sim.
Como Itsuko disse,
talvez eu tenha sido desonesta.
Talvez tenha o usado como trampolim para outra vida.
Queria apenas desatar o nó que me prende.
Mas desatando esse nó,
também desatou os outros.
Adeus.
Não voltarei mais.
Eu sei.
Acabará se estabelecendo com Ôsugi.
Acabará se estabelecendo com Ôsugi.
Sim.
E Yasuko?
E Itsuko?
Também não importam?
Bem...
seja feliz.
Agora acredito que estou apaixonado por mim mesmo.
O importante é que vá para onde acha que deve.
Makoto e Ryûji...
certamente entenderão quando forem mais velhos.
-Teve um sonho? -Fala do pesadelo?
Acabei de tê-lo.
Espero que também tenha.
Imagino se deu certo com Megumi e com ele.
Deu certo? O que poderia dar certo?
Qualquer coisa e tudo.
Não podemos voltar agora.
O que está pensando?
Também não sou tão má, certo?
Eu estava na 5ª série.
Estava nevando.
Eu o vi através da janela do banco.
Eu estava lá fora, observando.
Era o amante da minha mãe!
Foi o que pensei.
Sempre o via pela cidade.
Já chega.
Foi nosso último encontro.
O vagabundo que fez esses filmes 10 anos antes...
Aquele cineasta...
é o amante da minha mãe.
Acha que serão usadas num anúncio?
Em 19 de setembro, lá pelas 9h00,
Ôsugi e Noe saíram de casa juntos,
vi pela cerca do quintal.
Mako, que estava brincando em casa,
correu assim que viu suas sombras.
Mas retornou imediatamente,
e disse, ''aqueles são meu pai e minha mãe!''
Essa foi a última vez que vi Ôsugi.
No dia seguinte,
e nos dias que se seguiram, Mako veio brincar como sempre.
Um dia quando estava aqui, brincando como sempre,
um jornalista veio tirar uma foto dela.
No dia seguinte,
anunciaram oficialmente a morte de Ôsugi.
''Se Mako vier brincar hoje,
proíbo que fale sobre o pai dela!
Isso partiria seu coraçãozinho.''
Disse isso ao meu filho.
Ele pareceu entender que algo terrível havia acontecido,
e concordou em silêncio,
Um instante depois,
Mako entrou pela porta dos fundos, como sempre.
Quando nos viu, disse, ''papai e mamãe estão mortos.''
''Meu avô e meu tio vieram cuidar das coisas.''
''Hoje partirei com eles num carro.''
Aquela garotinha inteligente entendeu tudo.
Entretanto, entendeu como uma garota de 7 anos.
Sabia do destino triste de seus pais,
mas brincou como sempre, na total inocência.
Meu filho teve pena,
e lhe deu uma boneca que adorava,
além de muito papel para colorir.
Roan Uchida,
Pessoas de Quem Me Lembro. Os Últimos Dias de Ôsugi.
O que espera encontrar nesta biblioteca escura?
O passado? Uma história?
Documentos? Pó?
Ou cultura?
Eu jogaria tudo fora.
Não sei o que fiz ontem ou por que.
Você sabe muito sobre nada!
INTERVALO
Noe?
Você não é Noe Itô?
Sim, sou Noe.
Procuro por você há muito tempo.
Estou muito feliz em encontrá-la.
Já fui a Hakata e a Imajuku.
Era o meu sonho!
O que posso fazer por você?
Quero apenas conversar.
Sabe o que acontecerá amanhã?
Sei.
Sabe o que vai fazer?.
Sei.
Hoje, eu entendo o amanhã.
Se você e Ôsugi não estivessem juntos...
Em outras palavras...
se Masaoka tivesse vencido o triângulo amoroso,
teria evitado a morte 7 anos depois, em 1923,
após o terremoto? Já pensou nisso?
Não posso mudar meus princípios.
É o que eles são. Meus princípios.
Uma última pergunta,
entre 1923 e 1969, 46 anos se passaram.
Como vê esses 46 anos?
Vim para lutar!
-Como camarada ou como amigo? -Ambos!
Esse é meu aviso final, então ouça!
Isso não é da sua conta.
Pode ouvir as vozes?
-Ouço um gato. -Yasuko está chorando.
Itsuko também! Não consegue ouvi-los?
-Estou ouvindo. -Itsuko fechou o jornal.
Enquanto você e Noe estavam em Onjuku gastando dinheiro,
ela estava lhe esperando na estação Ryôgoku.
Ela está enlouquecendo.
Você entende o que fez?
-Já acabou? -Não sente vergonha?
-Não posso fazer nada. -O que disse?
Amo as três com imparcialidade. Elas sabem disso.
Imparcialidade? Descarado!
Não presta mais atenção a Noe?
Vivem juntos no Hotel Kikufuji.
E o que vai fazer?
Deixaras outras duas morrerem lentamente?
Já disse que não posso fazer nada!
Devemos viver separados, em completa independência.
Mas Noe está desempregada. Está falida.
Só podemos esperar.
E as outras duas enlouquecem enquanto isso!
Quer que eu deixe Noe? Seu conselho é inútil.
Noe reviveu o revolucionário dentro de mim.
Quando éramos proibidos de nos encontrarmos,
e nossas publicações censuradas, fomos desencorajados.
Fale por si próprio!
Todos nós fomos!
Estávamos resignados à perseguição da classe dominante,
e apenas assistimos a tragédia em Yanaka.
Ela me lembrou da minha determinação original.
Ela me ensinou a odiar o odioso, aceitar ofensa do ofensivo,
e inflexivelmente apoiar o avanço do oprimido.
Sakai define isso como sentimentalismo infantil.
Mas não é do sentimentalismo infantil que precisamos?
O resultado da nossa determinação é esse escândalo miserável?
Se aquelas palavras não tivessem vindo de uma das suas amantes,
não teria perdido sequer um camarada!
Camaradas.
Meus camaradas na revolução.
O que a revolução significa para nós?
É uma forma de alcançar a liberdade absoluta.
O método mais valioso para acabar com a exploração do homem.
Mas a existência de propriedades privadas sustenta essa exploração.
E o que é uma propriedade privada?
É o sistema pelo qual o Estado
intervêm nas morais do matrimônio absoluto,
então a riqueza é algo herdado.
Pior! É o nosso desejo mais profundo!
Esse é o problema.
Revolução é a forma de deixar esse sistema em pedaços!
Casamento...
O casamento constrói a família...
e a família constrói o Estado.
Enquanto os princípios absolutos forem considerados sagrados,
a revolução permanecerá fora de alcance!
Pense nisso!
Um homem com amantes é a moralidade da burguesia.
Uma recompensa para as ativistas dos direitos das mulheres!
Vocês apoiam a revolução para obter liberdade,
mas quando se fala em amor livre entre um homem e uma mulher,
ficam apavorados,
e gritam ''traidor''! Ou ''vagabunda''!
Você é assim. Posso ver.
Entendo que é difícil manter a cabeça fria.
Mas o que você fará?
Quer se tornar um radical confucionista?
Que situação estranha.
Recusa-se a olhar ao redor,
e imagina se a revolução e a liberdade são realmente possíveis.
Já chega.
Adeus!
Na Rússia...
a situação está mudando.
Alguns dizem que isso não acontecerá até março que vem.
Certo!
Procure Yasuko.
No fim das contas, acabou colhendo a fruta que cultivei,
antes que caísse no chão.
Mas tudo bem.
Deixei a ''Seitô'' aos seus cuidados.
Arrepende-se em deixá-la para mim?
Querido!
O vento não está um pouco gelado?
Não me arrependo nem um pouco!
Quando parei de pensar na revista,
você teve o desejo de continuá-la.
Nossa revista não poderia ter chegado a um fim mais apropriado.
O número de páginas e a qualidade do papel diminuíram,
depois morreu miseravelmente como um cachorro.
Talvez seja o que merecia.
Poderia dar licença, por favor?
Está bloqueando o Sol.
Ela não poderia ter me dito para recomeçar a ''Seitô''?
Não se culpe.
Fez um grande trabalho sozinha.
Mas esses esforços não são nada para uma burguesa,
que vê a revista como um filho.
Eu queria protestar.
Dizer a ela que estava tentando algo novo.
Mas as palavras não saiam.
Algo as impedia de saírem.
Algo?
Não falo de você, claro.
Particularmente, um tipo de apreensão de Aichô.
Talvez porque nos distanciamos um do outro.
É verdade que não se comportou como deveria.
Quando as coisas se acalmarem, vou retomara publicação.
Caso contrário, deixar Tsuji para correr com você não faria sentido.
Correr comigo?
Entendo.
Você certamente corre rápido.
Yaeko Nogami também me disse isso.
Se continuar correndo tão rápido,
não vai acabar se ultrapassando?''
Talvez tenha finalmente acontecido.
Não achei que estivesse ocupado com Noe.
A empregada disse que havia alguém com você,
presumi que fosse Yasuko.
Vou para casa.
Desculpe.
Provavelmente não deveria ter vindo.
Se realmente acredita nisso,
teria sido você quem saiu agora.
Mas eu queria vê-lo. Pode entender isso, certo?
Ontem...
e antes de ontem, fiquei esperando por você desesperadamente.
Quando não apareceu, fiquei preocupada.
Imaginei que tivesse ficado doente.
Doente?
Sim.
Tive um pouco de resfriado e febre.
Então me deixe dormir um pouco.
Durma bem.
É Noe?
É ela. Tenho certeza.
Não encontro as chaves do Hotel Kikufuji!
Procurei em todos os lugares!
Estava indo a Yokohama, mas resolvi voltar.
Você é tão esquecida.
Espere. Vou buscá-la.
Se teve resfriado, não deveria sair à noite.
Traga o meu casaco.
Vou para casa.
Noe disse que estava saindo, mas acho que está escondida,
esperando que eu saia.
Pode me deixar em paz?
-Está pensando em Noe. -Já chega!
-Noe... -Tem medo que ela volte?
Ela não irá voltar! Não é esse tipo de mulher.
O que eu sei? Ela é sorrateira.
Precisamos ter uma conversa séria.
Não suporto mais essa situação!
Fala sério?
Tudo bem.
Tem razão em achar patético.
Cansei!
Vamos acabar com isso de uma vez por todas.
Então você...
Nossa história terminou.
-É só o que tem a dizer? -O que mais?
Não foi você que propôs o amor livre?
Acreditei em suas teorias e fiz o que disse.
Mas passou dos limites! Passou dos limites!
Está me dizendo para admitir que minha teoria falhou?
Com prazer!
Falhou porque tinha que falhar.
Está feliz agora?
Meu egoísmo arruinou tudo.
É o que está tentando dizer, certo?
Nada mais é possível entre nós?
Amor livre?
Está ao alcance. Ao alcance!
Algum dia, homens e mulheres, até mesmo parceiros,
farão amor sem se preocupar com dinheiro.
-Eu... -Não, é impossível!
Agora sei o que está pensando.
Não sabe.
Nos dias que tem dinheiro, e nos dias que não tem.
Seja clara!
Noe estava vestindo um belo quimono.
Quando tiver dinheiro, você mudará.
Não fale besteira. Não vou mudar.
Sua forma de pensar é que mudou.
Você é bom com as palavras.
Mas e com as ações?
Qual é a realidade do nosso relacionamento?
E Noe? Ela está entre nós!
Aproveitando-se do seu dinheiro e de Yasuko sem trabalhar.
Não.
Aproveitando-se dos sacrifícios que eu fiz!
Qualquer troco, e ela sai por aí em belos quimonos!
É a realidade do amor livre!
Um pequeno escândalo, como todos os outros!
Sim, um mero escândalo!
Iniciado por todo aquele dinheiro!
Entendo.
Só isso?
Então lhe devo dinheiro.
Por isso pode presunçosamente me atacar!
Vou lhe dar!
Não é dinheiro de espião.
Ganhei ameaçando o ministro do Interior.
Nosso movimento está os obstruindo,
então é claro que irão distribuir dinheiro!
É para você!
Olhe, é dinheiro. Pegue!
Pegue e vá para casa!
Agora você é uma estranha para mim.
Uma estranha!
O que está fazendo?
Quero que me abrace.
Não a conheço mais.
Me desculpe.
Me desculpe. Estava errada.
E então?
Pode ver como é patética?
Já que não resolvemos nosso problema.
Estou com frio.
Não consigo dormir.
Deixar os problemas de lado antes de serem resolvidos.
Odeio isso! É errado!
Tenho minhas regras, mas, por favor, me abrace.
Sem chance.
Você aceita Noe. Mas não a mim.
Li as cartas dela. Sei de tudo.
Noe...
Noe.
Você reclama que é uma vítima.
Até mesmo saiu para comprar uma faca.
Mas ao me dirigira ela, atacou Yasuko.
Uma agressora como você,
sob o pretexto de que é vítima de Noe,
não deveria reclamar.
Sei que a presença de Noe parece um ataque para você.
Eu percebi.
EROS + MASSACRE