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Qual é a conexão entre a liberdade e a segurança?
Até certo ponto, a liberdade requer segurança.
Você não pode ser livre se você é encurralado em toda esquina por
pessoas que podem tomar a sua propriedade, sua vida, sua liberdade.
Realmente, John Locke argumentou, no seu Segundo Tratado sobre o Governo,
que o propósito do governo era criar um tipo de segurança para aquelas coisas que iriam permitir a liberdade.
Especificamente, ele argumentou que o governo deveria prover pela segurança da vida, liberdade e propriedade.
Uma vez que sua vida, sua liberdade, e sua propriedade estão seguras,
então, você pode começar a usar sua liberdade efetivamente.
Você pode fazer as coisas que deseja na vida.
Mas, e se queremos que o governo nos proteja contra outras coisas além daquelas três?
Existem, acima de tudo, muitos riscos no mundo.
A vida é cheia de riscos.
Suponha que queiramos que o governo comece a nos proteger contra outros tipos de riscos.
Riscos de terrorismo, doença, riscos associados à velhice, e assim por diante.
Uma vez que você começa a pensar sobre todos os comportamentos imprudentes e todos os
riscos que a vida expõe, existem grandes quantidades de coisas que um governo poderia ter de fazer.
Bem, deveríamos pedir ao governo para nos proteger contra todos aqueles riscos?
Aqui existe algo a se considerar.
O aumento do nível de segurança vem a um preço.
Qual é o preço?
Não é somente dinheiro, embora seja em forma de moeda.
Não é somente tempo e energia, mas também nossa liberdade.
Pois quanto mais coisas das quais o governo nos protege, mais coisas sobre as quais não mais temos controle.
E podemos chegar a um ponto; deve haver um limite no qual não mais temos qualquer liberdade.
Se nós pedíssemos ao governo para nos proteger contra todos os riscos, nenhum custo barrado,
então, o que nós faríamos efetivamente é ceder toda a autoridade, toda a discrição (arbítrio) de
nossas decisões e nossas vidas para alguma outra entidade, ao Estado.
Naquele ponto, nós temos efetivamente zero de liberdade.
Mas não somente não temos liberdade, nós provavelmente também não temos segurança,
precisamente porque nós não estamos mais em controle de nossas vidas; outra pessoa está.
Isso nos relembra daquela famosa citação de Benjamin Franklin,
algo da natureza que as pessoas que renegam a liberdade essencial por segurança temporária não
merecem nenhuma delas, e eles provavelmente acabarão perdendo as duas.
Ela contém uma importante dose de sabedoria.
Existe uma relação de troca (trade-off) entre liberdade e segurança.
Quanto mais segurança obtemos, menos liberdade teremos.
Agora, onde exatamente está esse trade-off?
Onde exatamente está o limite além do qual não deveríamos passar?
Pessoas de boa fé podem ter visões diferentes sobre isso, mas eu adiciono outro aspecto à citação de Franklin.
E essa é que a liberdade não é somente um aspecto do trade-off com a segurança.
A liberdade também é a coisa que nos dá dignidade.
Nós temos dignidade humana e moral porque temos liberdade.
Então, se nós renegarmos a nossa liberdade em troca de segurança, não estamos só perdendo a liberdade,
mas estamos também perdendo até certo ponto um pouco de nossa dignidade.
Esse é um alto preço a pagar e uma vez que desistimos de nossa liberdade, pode ser difícil recuperá-la.