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Mas, afinal, por que és triste?!
Sou triste, porque o fundo de toda a Natureza é triste.
Triste, porque a tristeza é Deusa, Deusa severa e soberana
com a sua larga, longa clâmide majestosa
sombriamente pendida em graves, grandes rugas, envolvendo para sempre os Desolados...
Ser fundamentalmente triste não exclui, a alegria
essa alegria mesma que é mais sincera e séria
porque foi fecundada na sinceridade e seriedade da própria tristeza.
Não essa alegria romba, a alegria dos adolescentes espirituosos
que é a forma mais expressiva da imbecilidade distinta.
...totalmente alegres, vitalmente alegres.
Eu estou falando dos que riem, pelo estilo, pelo tom de rir, por ser oficial o riso
Porque o riso dá maneira, porque o riso dá beleza
e não se pode, nos centros da fina gente, deixar, enfim, de proclamar o riso!
Não é essa alegria fácil, fútil, essa que chega a celebrizar-se
a formar tipo, que constitui o singular encanto sereno de certo modo de ser e sentir...
...como a alegria...
...eu tenho, momentos de tristeza...
...pelo tom de rir, por ser oficial o riso...
A alegria verde da originalidade dos viços virgens, dos imaculados renovos;
A alegria pagã de um grego engrinaldado de acanto; a alegria ideal do Diabo coroado de cornos;
a alegria obscura e ascética do Isolamento; a alegria clemente, justa
a alegria da bondade simples e radiante, a alegria enfim,
dos que se sentem fortes porque se sentem dignos!