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Olá, acadêmico!
Vamos continuar nossa conversa?
Com o Iluminismo, movimento sócio-
político-cultural que se baseia na confiança
na razão e na possibilidade da construção
de um conhecimento esclarecido e racional
do mundo, a metafísica se transforma,
principalmente a partir das críticas a esta
feitas por Kant e Nietzsche.
Kant propõe uma nova metafísica partindo
de sua crítica à razão pura.
Segundo este filósofo, para se acessar
verdadeiramente o real é preciso
questionar os próprios alcances e as
características da razão.
Um dos principais pontos desta crítica é a
negação da existência da coisa-em-si, sem
consideração ao sujeito do conhecimento.
Uma das questões tratadas é em relação à
moral, que para Kant não encontra
fundamento na metafísica, uma vez que
esta não possui condições de fazê-lo, já que
está distanciada da experiência empírica.
A moral, neste sentido, apresenta-se em
Kant enquanto dever para com a vida.
Rompendo com a metafísica clássica, o
pensamento kantiano aponta para
possibilidades inéditas das implicações
entre a virtude e a natureza, onde os
princípios éticos apresentam-se enquanto
criações humanas.
Assim, Deus deixa de ser o fundamento da
ação moral humana, uma vez que estas
devem se basear na experiência sensível.
Podemos ver que a crítica de Kant à
metafísica dos costumes aponta para um
direcionamento da ação moral que se
mostra enquanto dever que se funda na
boa vontade do ser humano.
Desta maneira, desloca-se a metafísica de
seu fundamento divino em favor de um
princípio humanístico para a
fundamentação do real.
Da mesma forma, Kant promove uma crítica
à razão pura, da metafísica enfim, por esta
prescindir dos dados sensíveis da experiência.
Kant assim fundamenta sua metafísica
tendo por base esta impossibilidade da
relação do conhecimento com a experiência.
Procura-se assim delimitar o alcance da
metafísica, já que esta não pode ser
atribuída ao sujeito do conhecimento.
Outra crítica importante à
metafísica parte de Nietzsche.
Este filósofo pensa um futuro para a
humanidade onde a metafísica e a ideia de
Deus não encontram mais lugar.
Segundo Nietzsche, não existiria ordem
nem imperativo moral que não tivesse
como ponto de partida a vontade humana.
A realidade se fundaria assim no desejo
humano, que se estrutura a partir da
multiplicidade das coisas e em seu movimento.
A metafísica, consequentemente,
apresenta-se enquanto verdades
estruturantes que visam à estabilidade e a
regularidade ao pensamento do homem
anulando sua força criativa e
capacidade de se (re)inventar.
Para Nietzsche, a metafísica apresenta-se
apenas enquanto ilusão, uma mentira
necessária ao conforto humano em face da
tragédia da existência.
Assim, a metafísica despe-se de sua
importância na constituição do pensamento
humano e é denunciada em seus objetivos
práticos, que seriam introjetar no homem
normas e valores conforme esta.
Para Nietzsche, portanto, a metafísica
constitui numa ficção destinada a promover
o otimismo na crença de uma ordenação
natural do mundo, artifício humano para o
enfrentamento do mundo real, visto como
trágico por se destinar ao nada no
aniquilamento da morte.
Com Husserl vemos uma tentativa de
superação da contradição entre o realismo
e o idealismo, propondo este filósofo a ideia
de que toda consciência
é consciência de algo.
Fundando a fenomenologia, este filósofo
resgata a questão do ser como objeto
legítimo da Filosofia, reabilitando a
metafísica, que passa a ser entendida
enquanto ontologia.
Também Heidegger resgata a metafísica,
deslocando-a para a compreensão do ser-aí,
isto é, do ser na experiência
histórica que o define.
Assim, a metafísica passa a tratar da
questão do sentido do ser, que é sempre
reatualizado a partir da práxis humana.
Com Heidegger a metafísica mostra-se
enquanto ontologia fundamental, isto é, um
conhecimento ***ítico do jogo da
existência do ser no mundo.
Assim, a metafísica em Heidegger trata das
possibilidades do ser-aí de se pensar e
questionar a respeito de
seu próprio ser-no-mundo.
Correntes contemporâneas do pensamento
têm, entretanto, procurado esvaziar a
metafísica enquanto reflexão válida acerca
do pensamento humano, apontando para
sua inutilidade em face da impossibilidade
desta de ser verificada empiricamente ou
de validar o discurso do homem.
Para o pensamento lógico-positivista não é
admissível o conhecimento a priori das
coisas, o que esvazia completamente a
metafísica da possibilidade de dar conta de
um saber científico.
Embora o positivismo lógico negue a
capacidade da metafísica de ser um
conhecimento válido, esta pode ainda se
ocupar de generalizações possíveis,
servindo indutivamente à
construção de conceitos.
Com a Filosofia ***ítica e a Filosofia da
mente, vemos a análise da linguagem
substituir a metafísica, dando um caráter
naturalista e materialista
à investigação filosófica.
Contemporaneamente temos assistido à
constituição de uma pós-metafísica, onde se
destaca a questão da intersubjetividade.
Nesta virada da metafísica reforça-se a
perspectiva da construção da subjetividade
humana pelo diálogo e pela negociação
diante da diversidade do ser humano.
Vimos assim que a metafísica perpassa toda
a história do pensamento filosófico, sendo
constantemente reelaborada e repensada a
partir das condições históricas de produção
do conhecimento humano.
Esperamos que você, acadêmico, possa se
posicionar de maneira crítica e reflexiva
diante da metafísica e dos problemas que
esta tratou, construindo a partir deste
conhecimento uma prática produtiva para
sua vida profissional.
Boa sorte e bom estudo, sucesso!