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Quando olhamos para uma das pinturas de ***,
elas são familiares e aceitas.
Na época em que foram feitas,
eram uma afronta; eram absolutamente chocantes,
porque eram um ataque à própria pintura.
Para fazer este trabalho, *** colocava a tela no chão e
derramava e pingava a tinta, fazendo uma pintura que é
sobre a substância da própria tinta, sobre o fato de a tinta ser líquida.
E quando vemos
pintura em tela, normalmente
isso é escondido.
Sabemos que a pintura
é feita para parecer
outra coisa, seja o céu,
um campo ou carne.
Mas, o que *** faz é apresentar tinta como tinta. Ele foi o primeiro a fazê-lo.
Muitos tentaram copiá-lo. Ninguém teve a
energia, a espontaneidade
e a destreza que ele tinha para lidar com a tinta.
De longe vemos a pintura como diferentes tons de cinza, razoavelmente contidos,
mas ao chegarmos perto, outras cores se destacam. De começo,
é como se *** salpicasse tinta preta, fosca, que penetra na tela vazia.
E por cima, fosse fazendo camadas de um tumulto de cores: prata, creme, rosa,
cinza, tons de verde, turquesa e
amarelo. Você pensa na imagem como sendo plana,
mas é uma superfície muito, muito trabalhada,
amarrada, coagulada.
Às vezes,
as linhas são bem
estreitas e finas. Em alguns pontos,
a tinta se agrupa, e começa a coagular e
é, até mesmo, espalhada. Algumas tintas são fluidas, outras
são brilhantes e emplastram a superfície,
então, a pintura é bem texturizada.
As pinturas são incrivelmente humanas, pois estão na escala de alcance do braço
de ***, de modo que cada uma dessas linhas
grave o gesto de sua mão enquanto ela se move
em cima da tela. Apesar de o trabalho ter sessenta ou mais anos de idade, você
sabe o momento em que foi feito. De algum modo,
***, o artista, está presente quando observamos a pintura. Ela é incrivelmente
honesta; *** não nos tenta enganar de maneira alguma. Mas, nossos cérebros não resistem tentar ler a profundidade da perspectiva.
Eles nos levam para dentro desta floresta ou matagal de linhas e tinta.
Poderíamos caracterizá-la como paisagens compostas apenas de tinta.
Não importa qual seja seu conhecimento ou entendimento da arte do século XX,
de qualquer arte, não há
requerimentos, não há iconografia. Está
aberta a qualquer um. A urgência com que foi pintada
é também a urgência com que encontramos
a obra e a compreendemos.