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Desde que o homem surgiu na Terra,
tentamos entender o sentido do nosso mundo
e prever o que o futuro trará.
Contudo, hoje, nossas vidas parecem
mais complicadas e imprevisíveis do que nunca.
E metade da população do planeta hoje vive
em cidades movimentadas que se alastram.
Todos os dias ocorrem milhares de encontros diferentes.
Uma gama de interações e forças
que parecem estar fora do controle.
É difícil ver como isso possa estar conectado.
No entanto, quando olhamos de perto toda essa complexidade,
padrões surpreendentes começam a surgir.
São estes padrões que, eu acredito,
apontam para um código invisível,
o cerne da existência,
que controla, não só todas as coisas do nosso mundo,
mas nós mesmos.
MUSKETEERS otoni jr, sdias.sdias e kakko
O CÓDIGO
PREVISÃO
Como matemático, sou fascinado com os padrões ao nosso redor.
Padrões que refletem as conexões ocultas entre tudo.
Do movimento da multidão na hora do rush...
...à formação de deslocamento de um bando de estorninhos.
A cacofonia de um bilhão de buscas na internet,
e os caprichos do clima.
Juntos, esses padrões e conexões compõem o código.
Um modelo de nosso mundo
que descreve não só como ele funciona,
mas que pode também prever o que o futuro reserva.
Há cerca de 500 anos,
um navio foi pego em uma tempestade terrível.
A chuva assolava o convés,
ventos fortes rompiam cordames,
o navio começou a fazer água.
O capitão teve que atracar o navio e esperar por socorro.
Mas o socorro nunca chegou, e os nativos eram hostis.
Depois de 8 longos meses, com a tripulação faminta,
o capitão surgiu com um plano engenhoso.
Ele chamou o cacique e disse que seu deus estava zangado.
Tão zangado que, se eles não trouxessem suprimentos em 3 dias,
Deus iria engolir a Lua.
E, assim que a Lua despontou na 3ª noite,
já começou a desaparecer.
Apavorados, os nativos vieram de todas as direções para o navio,
portando provisões.
O ano era 1504, e o capitão...
Cristóvão Colombo.
E a razão para, aparentemente, ser capaz de comandar os céus,
era porque ele tinha algo assim.
É um calendário lunar.
E cada um destes números representa um eclipse lunar.
Hoje são 15 de junho,
em cerca de cinco horas,
é isso que irá ocorrer com a Lua aqui, em Chipre.
Durante um eclipse lunar, a Terra passa entre o Sol e a Lua,
projetando sua sombra pela superfície lunar.
Aconteceu.
A Lua foi "engolida" pela sombra da Terra.
Mas o incrível é que a Lua não desaparece completamente,
pois há uma espécie de lua vermelha "fantasma" lá em cima.
Isso ocorre porque a luz do Sol é refratada em torno da Terra.
Realmente muito assustador.
Posso imaginar o medo dos ilhéus vendo isso 500 anos atrás.
E a única explicação era que os deuses
estavam realmente zangado com eles.
Agora sabemos que o movimento dos planetas
é extremamente previsível.
Ao entender o código,
podemos projetar as órbitas no passado,
e ver milhares de anos no futuro.
É graças ao código que não mais nos assustamos com um eclipse.
Na verdade, o código é uma coisa tão poderosa
que estou disposto a confiar minha vida a ele.
Este estranho dispositivo tem 5,5 metros de altura.
Usando a força da gravidade,
uma bola de 30 kg descerá pela rampa
e será arremessada pela extremidade.
E eu estarei bem no meio do seu trajeto.
Se minhas contas estiverem erradas, morrerei na hora.
Para calcular até onde a bola irá,
preciso de algumas medidas básicas sobre a rampa.
A altura menor é de 0,98 metros.
O ângulo é de 49,1 graus.
E a gravidade na Terra...
é de 9,8 metros por segundo ao quadrado.
Curiosamente o peso, a *** da bola, não é necessário.
Não é relevante para saber até onde ela irá.
Duas vezes a gravidade, vezes a altura, 5,5,
multiplicada pela velocidade, dividido por 49,1,
pego o cosseno...
Isso dará uma distância de 9,95 metros.
Mas temos a resistência do ar,
e também há atrito na rampa.
E o vento hoje?
9,16.
Então a distância prevista é de 5,6 metros.
É onde acho que a bola atingirá o chão.
Significa que se eu colocar a cadeira aqui,
vou conseguir ver tudo em completa segurança.
Certo. Solte a bola.
Esse é o poder do código.
Podemos fazer isso diversas vezes...
e os números dirão
que a bola vai cair sempre no mesmo local.
Se tudo no mundo comporta-se segundo equações
que dão respostas definitivas,
seríamos capazes de prever o futuro com certeza absoluta.
Mas, infelizmente, as coisas não são tão simples assim.
O mundo natural muitas vezes parece ser tão complexo
que é difícil crer que se possa descrevê-lo com equações.
Mesmo que pudéssemos vislumbrar o que achamos ser padrões,
eles parecem quase impossíveis de se entender.
Eu vim presenciar um fenômeno misterioso
que acontece aqui, na Dinamarca, por poucas semanas anualmente.
Começam a surgir os primeiros.
Estes são estorninhos, fazendo sua migração anual
entre o sul da Europa e a Escandinávia.
Um só bando pode conter mais de 1 milhão de aves.
Sua dança obscurece o crepúsculo do anoitecer,
dando à formação seu estranho nome.
"O Sol ***."
Mais um bando enorme vem chegando.
Tem milhares deles voando.
Não está bem claro o porquê eles fazem isso.
Pela segurança do grande número.
A formação parece bastante intimidadora.
Parece uma fera grande e negra,
assustando quaisquer predadores
que possam estar procurando pelo jantar antes do anoitecer.
Veja só.
É quase hipnótico.
É incrível. Há muitos.
É uma maravilha que não colidam entre si,
mas parecem não colidir.
Sincronia incrível.
Nunca se sabe o que eles farão a seguir.
É um feito quase impossível.
Como uma ave pode prever o movimentos de outras milhares?
É extraordinário!
Por mais estranho que pareça,
reduzindo cada estorninho a números,
podemos criar um modelo do que ocorre em um computador.
Começamos com um bando de estorninhos virtuais,
voando a velocidades e em direções diferentes.
E, então, damos a eles algumas regras simples.
A primeira é cada ave voar com a mesma velocidade.
A segunda regra é ficar perto de seus vizinhos.
E, por fim, ao ver um predador por perto, sair do caminho.
Três regras simples são tudo que se necessita
para criar algo que parece estranho
como o movimento de um bando de estorninhos reais.
Lá vêm eles.
De fato, um estudo recente demonstrou que,
mesmo em um bando com milhares de aves,
cada estorninho só precisa acompanhar
as 7 aves mais próximas.
E então... se vão.
O céu está livre de novo.
Quem pensaria que algo tão extraordinariamente complexo
como a constante mudança de milhares de aves em voo
pudesse ter em seu âmago algo tão simples como um belo código.
Parece inconcebível
que o homem jamais pudesse ser reduzido
a um modelo matemático como os estorninhos.
Mas Iain Couzin estuda como os animais agem em grupo,
e sua pesquisa revelou alguns paralelos surpreendentes.
Como começar a entender algo
como este enorme grupo de pessoas?
Mesmo ao olhar brevemente a multidão,
percebe-se que há muitos fatores complicados em jogo.
Comecei pesquisando organismos simples
como formigueiros e cardumes.
Curiosamente, nossa visão a partir do estudo desses sistemas
nos levou a novas descobertas ao estudar multidões humanas.
Mas o homem é bem mais complicado
do que peixes ou formigas.
Exato, mas a beleza disso é que pensamos
em coisas mais interessantes, quando andamos na multidão,
do tipo como faço para evitar certa pessoa ou obstáculo.
Pensamos no que faremos para o jantar,
ou no que os amigos estão fazendo.
Na verdade, estamos quase em piloto automático,
e usamos regras muito simples de interação,
assim como os cardumes e formigueiros.
Podemos aprender algo com as formigas?
Mas é claro! As formigas não têm problemas de congestionamento
pois não são egoístas, e devo dizer que nós somos.
Queremos minimizar nosso tempo de percurso
mas não nos preocupamos se isso será feito
em detrimento de outros indivíduos.
De todos os animais que Iain estudou,
o ser humano é, de certa forma, o mais previsível.
Andamos a uma velocidade ideal de 1,3 metros por segundo,
e preferimos andar em linha reta para chegar ao destino.
Ocorre que adentraremos naturalmente na mesma faixa
de alguém que se move na mesma direção.
E assim, mesmo sem saber, formaremos uma pista.
Do mesmo modo, pedestres movendo-se na outra direção
também vão formar pistas, muito similar ao que as formigas fazem.
Essas pistas nos ajudam a evitar colisões.
No entanto, em um grande espaço aberto,
como no saguão da Grande Estação Central,
as pistas inevitavelmente se cruzam,
o que pode levar a congestionamento.
Mas quando se coloca um obstáculo,
como um balcão de informações no meio da multidão
ao invés de ficar no caminho, ele age como uma rotatória
e aumenta o fluxo pela estação em até 13%.
Essas regras são tão eficazes em prever o que faremos,
que até podem ser usadas para simular multidões.
Cada indivíduo é descrito por um conjunto de números
à medida que se movem através de um ambiente.
Isso! Capturamos a média do comportamento dos pedestres.
Capturamos estas simples regras locais
que as pessoas usam nas multidões
para fazer previsões quanto à forma
de como a multidão vai fluir por diferentes ambientes.
Podemos usar este código oculto da multidão
para projetar edifícios mais eficientes e seguros.
Simulações como estas são capazes de prever com precisão,
a rapidez com que um edifício pode ser evacuado,
antes mesmo de sua construção.
Como multidão, as pessoas são incrivelmente previsíveis.
Há regras simples que seguimos inconscientemente.
Mas na maior parte do tempo, não vivemos em piloto automático.
E quando a multidão se dispersa,
o mesmo ocorre com as regras de comportamento grupal.
Como seres com livre arbítrio,
somos mais difíceis de prever.
Ou, pelo menos, assim pensamos.
Antes de iniciarmos, eu gostaria
de falar as regras. São bem simples.
São 3 jogadas. Apenas 3 jogadas.
Usamos aviso um de três tempos, o que significa um, dois, três,
e executa-se a jogada no quatro.
A pedra é representada pelo punho fechado.
Pode fazer do jeito que quiser, desde que com o punho fechado.
O papel é representado na horizontal.
A tesoura deve ficar na vertical.
Isto seria um erro.
O jogo de pedra, papel e tesoura é conhecido em todo o mundo.
E alguns o levam muito a sério.
Para quem não conhece, e devem ser poucos,
o papel envolve a pedra.
A tesoura corta o papel,
e a pedra esmaga a tesoura.
Na Filadélfia, a Liga Pedra, Papel, Tesoura
tem competições 4 vezes por semana.
As pessoas aqui estão lutando
para ir ao campeonato mundial em Las Vegas,
e a chance de ganhar 10 mil dólares.
Sweetji na liderança.
Rocha contra tesoura para Sweetji.
Você está prestes a ser eliminado, Drew Bag.
Terceira e última rodada, vencedor segue em frente.
Pedra contra tesoura.
E que jogo, que nos leva a quatro finalistas.
A coisa intrigante sobre este jogo
é que parece impossível
prever o que o seu adversário fará a seguir.
Pedra, papel e tesoura são praticamente equivalentes.
Cada um derrota e perde para outro.
Essencialmente é um jogo de probabilidades idênticas.
Como cara e coroa.
Mas se o jogo é totalmente aleatório,
todos os jogadores ficariam equilibrados.
Mesmo assim alguns ganham diversas vezes.
É o ponto da vitória para Sweetji.
B-Pac não tem pontos na segunda rodada.
Ele precisa de duas vitórias seguidas.
Ele pode passar o número um? Não. Sweetji!
Agora, nossa partida final da noite.
Sweetji, você vai jogar com Dogulas.
Quanto mais jogamos, mais somos influenciados
por nossas últimas jogadas.
E isso cria padrões que podem ser explorados para vencer.
Sweetji foi 5º lugar no campeonato do ano passado,
e nesta temporada parece certa que se sairá melhor.
Dogulas!
Pedra quebra tesoura.
Sweetji ainda lidera...
Pedra quebra tesoura!
Sweetji, Liga Filadélfia dos Campeões
Pedra, Papel, Tesoura aqui no Salão do Raven.
- Parabéns. - Obrigada!
Então foram cinco vitórias consecutivas.
Qual foi a chave para seu sucesso?
- Eu tento ler as pessoas. - Você lê, então?
Ou tento ler o que estão pensando.
- Procura pelos padrões? - Sim, um pouco...
Seus padrões, elas tentarão aprender os meus e combatê-los.
Pedra, papel e tesoura
revela uma verdade fundamental sobre a natureza humana.
Somos tão viciados em padrões,
que os deixamos se infiltrar em quase tudo que fazemos.
E esses padrões são a chave para prever
muitos aspectos de nosso comportamento.
Mesmo as partes mais obscuras de nossa natureza.
Cadáver, mulher, 1,59m.
Pele escura. Olhos castanhos. Cabelos castanhos.
Quando se vê muito dessa atividade
em uma área geográfica pequena,
em um curto espaço de tempo,
é um alerta de que algo está acontecendo.
Temos um predador em ação.
Kim Rossmo tem 20 anos de experiência como detetive.
Ele é especialista em caçar assassinos em série.
O corpo da vítima foi encontrado nesta esquina
por um policial que chegou logo após o crime ter ocorrido.
A cena do crime seria...
Mas Rossmo não é um policial comum,
pois ele tem doutorado
e usa a matemática para entender
padrões criminais deixados.
Há uma lógica na forma como o infrator caçou a vítima,
e o local onde ele cometeu o crime.
Se pudermos decodificar isso e pudermos entender o padrão,
podemos usar essa informação em uma investigação.
É muito difícil capturar assassinos em série
porque, muitas vezes, não há ligações em seus crimes.
Eles matam desconhecidos aleatoriamente
em locais sem nenhuma ligação óbvia.
É muito comum, na investigação de um caso de assassinatos em série,
ter centenas de milhares de suspeitos.
É como uma agulha no palheiro.
Por onde começar?
Em 1888, o mais famoso assassino em série, Jack, o Estripador,
matou cinco mulheres no East End londrino.
Desde então, inúmeras pessoas tentaram resolver
o mistério da identidade do estripador.
Mas Rossmo acha que poderia localizá-lo
sem ver um única evidência,
pois trabalha onde Jack, o Estripador, deve ter vivido.
Com base apenas na localização dos crimes.
As ruas Flower e Dean deviam ser o epicentro da busca.
E tudo que ele costuma fazer é uma equação.
Todos somos preguiçosos inatos
e os criminosos o são tanto quanto qualquer um.
Querem realizar seus objetivos perto de casa em vez de longe,
porque isso implicaria em muito esforço, tempo e deslocamento.
A primeira parte da equação de Rossmo
reproduz o princípio do menor esforço.
Significa que os locais dos crimes ficam, estatisticamente,
provavelmente próximos de onde o infrator mora.
Se temos a padaria da esquina para comprar pão,
ou uma que fica a 11 km de distância,
escolheremos a da esquina.
Parece macabro aplicar o mesmo a um assassino,
como sair para comprar pão ou leite.
Na verdade, se deixarmos de lado
a natureza horrível desses crimes
e reconhecermos que são seres humanos como nós,
por entendermos a nós mesmos,
talvez entendamos algo sobre tais indivíduos.
A segunda parte da equação
descreve algo chamado zona tampão.
Criminosos evitam cometer crimes muito próximos de casa,
por medo de chamar a atenção para si mesmos.
A interação desses dois comportamentos
permite a Rossmo calcular
a localização mais provável do criminoso.
Esses indivíduos têm que,
não só atingir suas metas, ou capturar uma vítima,
mas evitar serem detidos pela polícia
e identificados por testemunhas.
A técnica, conhecida como perfil geográfico,
agora é usada pela polícia mundo afora.
A polícia examina a possibilidade de que uma pequena explosão,
perto de uma agência do Banco Barclays em Londres,
seja trabalho de um chantagista.
A polícia acredita que partiu do chantagista Mardi Gra.
No final dos anos 90, Rossmo foi chamado pela Scotland Yard
para ajudar a pegar o famoso Mardi Gra,
que, por três anos, empreendeu uma campanha de terror
contra os bancos e supermercados.
Um homem de 17 anos recupera-se no hospital
após ser ferido em uma explosão em loja de Sainsbury, em Londres.
A polícia está aconselhando o público a ficar atento.
De fato, ela só aguarda para ver
o que Mardi Gra fará a seguir.
Quantas bombas ele detonou durante esse tempo?
No total, 36 atentados relacionados conhecidos.
Como pode perceber, vão do norte de Cambridge
até chegar ao estreito de Dover.
A maioria situa-se na grande Londres.
Este mapa mostra os locais de todas as bombas detonadas?
Isso mesmo.
Concentra-se em Londres, mas parece de distribuição aleatória.
Está inserindo as localizações na equação?
Isso. Obtemos o perfil geográfico.
Ele vai indicar o local provável de morada do criminoso.
O laranja escuro indica a área mais provável.
Podemos ver que o grande foco é em torno da área Chiswick.
No relatório, que preparamos para a Scotland Yard,
priorizamos os códigos postais.
E qual foi o sucesso neste caso?
Vou lhe mostrar as posições...
dos dois irmãos, Edgar e Ronald Pearce.
- É uma zona crítica, não é? - Sim.
A casa de Edgar fica nos 0,8% críticos
da área dos crimes na grande Londres.
- Então menos de 1%. - É extraordinário.
Edgar Pearce exigira 10 mil libras por dia do Barclays.
E quando ele e o irmão tentaram recebê-los
em um caixa eletrônico em Chiswick,
a polícia estava à espera.
Dois irmãos de 60 anos tiveram prisão preventiva
pela ligação com os chamados atentados Mardi Gra.
Ronald e Edgar Pearce, de Chiswick em Londres,
enfrentam três acusações de conspiração.
Com base na localização aparentemente aleatória
de 36 bombas, o perfil geográfico de Rossmo
restringiu a localização de Mardi Gra
de 777 quilômetros quadrados
a um código postal em Chiswick.
Embora seu irmão Ronald tenha sido absolvido,
Edgar Pearce declarou-se culpado
e foi condenado a 21 anos.
Acha que o terrorista estava ciente que criava esses padrões?
Não, não estava. Mas é muito difícil para os humanos
realizar um comportamento completamente aleatório.
Poucos de nós têm consciência dos padrões que deixamos.
De como nos movemos em uma multidão...
às escolhas que fazemos em um jogo...
O corpo da vítima foi encontrado aqui...
Ou até mesmo como cometemos um crime.
Na realidade, estes crimes não são aleatórios.
Nada é aleatório.
Tudo faz parte do Código.
Há sempre padrões reveladores.
E se formos capazes de decodificá-los,
poderemos usar tais padrões para modelar nosso comportamento.
E isso leva à intrigante possibilidade
de que, se pudermos reduzir os seres humanos a números,
poderemos ser capazes de prever nosso futuro
da mesma maneira como se pode prever o movimento dos planetas
ou a trajetória de uma bola.
Mas o curso de nossas vidas
nunca parece correr totalmente uniforme,
e o futuro raramente acaba exatamente
como planejado.
Eu posso imaginar o que farei amanhã, ou semana que vem,
mas conforme semanas se tornam meses e eles se tornam anos,
nosso futuro fica mais incerto.
Toda decisão que tomamos,
toda situação que enfrentamos,
cada pessoa que conhecemos
leva nossa vida a um caminho diferente.
Ao vermos duas varetas flutuando no rio,
não há maneira confiável de prever seu destino.
Eu poderia arriscar um palpite,
de onde a vareta estará em 2 minutos,
mas e daqui a 2 horas, ou 2 dias?
Tornando-se anos, nosso futuro torna-se mais incerto.
Às vezes, a vida parece tão imprevisível,
que achamos que ela é aleatória,
mas, na verdade, não tem nada de aleatória.
É simplesmente uma sequência de causa e efeito.
Um acidente esquisito.
Um ligeiro atraso.
Um ônibus perdido.
Uma promessa quebrada.
Existem milhões de fatores que intervêm
para afetar nossa jornada pela vida,
e a menor mudança em qualquer um deles
pode mudar completamente o curso do futuro.
A branca ficou presa, mas a vermelha segue rápido.
Acho que aqui é uma boa linha de chegada.
E aí vem a branca.
Muito à frente da vermelha.
E a branca é a vencedora.
Certo, vamos dar outra chance.
A verdade é que nossas vidas são controladas
pelo mais estranho dos códigos.
O código do caos.
Nossas vidas não são aleatórias. São caóticas.
Uma teia emaranhada de causa e efeito
em que momentos insignificantes
podem se transformar em eventos
que mudam nossas vidas para sempre.
Qualquer diferença, não importa quão pequena,
pode ter um efeito enorme sobre o resultado.
É essa sensibilidade incrível à menor alteração
uma das características marcantes do caos.
Devido aos sistemas caóticos parecem tão aleatórios,
muitas vezes é difícil perceber um padrão.
E isso nos levou a interpretar erroneamente nosso mundo
de forma espetacular.
Nesta terra de muitos mistérios,
é um fato estranho que grandes lendas
parecem se formar em torno das menores criaturas.
Uma delas é o tímido roedor chamado lêmingue.
É uma lenda viva real, diz-se que este minúsculo animal
comete suicídio em *** ao correr para o mar.
Este filme de 1958 se propôs a explicar
a variação descontrolada da população deste pequeno roedor.
IMENSIDÃO BRANCA Walt Disney
Em frente fica o Ártico, e além, o mar.
Ainda assim os pequenos animais avançam.
O frenesi os leva a rolar penhasco abaixo
criando pequenas avalanches de deslizamento de terra e pedras.
A lenda local dos lêmingues suicidas
foi a explicação para o porquê
o Ártico era invadido por eles num ano,
e abandonado completamente no seguinte.
Eles chegam à borda do precipício.
Este é a última chance de voltar.
No entanto, eles continuam atirando-se no espaço.
Este filme popularizou a crença de que os lêmingues
são burros, descuidados e suicidas.
A palavra "lêmingue" passou a significar isso.
O problema é que isso não é verdade.
Na verdade, alega-se que tudo foi uma farsa.
Os cinegrafistas usaram lêmingues de cativeiro
e os conduziram pelo penhasco até o mar.
O Mar Ártico ficou pontilhado de minúsculos corpos boiando.
E assim ocorre a lenda do suicídio em ***.
Por mais terrível que pareça,
a razão para o suposto abuso dos lêmingues decorre,
não tanto por ignorar o código moral,
mas pela ignorância do código matemático.
O que ninguém sabia na época
era que a incrível variação no número de lêmingues,
não tem nada a ver com suicídio em ***.
Tudo se deve ao caos.
E há uma equação simples em seu âmago.
Se eu quiser saber quantos lêmingues haverá no próximo ano,
eu preciso pegar a população deste ano, "P",
e multiplicar pela taxa de crescimento, "R".
Mas nem todos os lêmingues vão sobreviver,
então há uma parte da equação que me diz
quantos lêmingues vão morrer por ano.
Então, temos: R x P x P.
Então podemos reescrever esta equação
como a taxa de crescimento, "R", vezes P(1 - P).
Esta equação não é específica para lêmingues.
Ela se aplica a qualquer população animal.
E o interessante da equação
é o número "R", a taxa de crescimento,
pois quando escolhemos diferentes valores para ele,
temos um comportamento bem diferente
para o crescimento da população.
A taxa de crescimento define
a velocidade de expansão da população.
Para a maioria dos mamíferos geralmente é menos de 2.
Com uma taxa de crescimento nesta faixa,
a equação prevê que a população irá subir
até se estabilizar em um valor fixo.
Mas os lêmingues têm uma das mais rápidas
taxas de reprodução entre os mamíferos do planeta.
Vamos colocar R=3,1.
Os lêmingues não se estabilizam,
mas variam entre 2 valores diferentes.
A população oscila entre alta e baixa.
Mas quando a taxa de crescimento
atinge um valor pouco superior a 3,57,
algo incrivelmente inesperado acontece.
Ao invés de se estabilizar em um número fixo,
ou oscilando entre dois valores,
a população fica caótica.
Uma praga de proporções quase bíblicas num ano
pode chegar perto da extinção no próximo.
É quase impossível prever quantos lêmingues teremos.
Na verdade, não parece haver qualquer padrão.
É isto que observamos na realidade.
Aumento e redução imprevisível da população de lêmingues.
Os lêmingues são uma das poucas criaturas na Terra
que se reproduzem tão rapidamente
que a taxa de crescimento supera esse ponto de desequilíbrio.
É um fenômeno tão estranho,
que o suicídio em *** parece ser uma resposta plausível.
Mas a verdadeira explicação vem do código.
Desta equação.
O problema é que nunca podemos saber exatamente
quantos lêmingues nascem ou quantos morrem.
E uma pequena diferença na taxa de crescimento
produz uma resposta totalmente diferente.
E isso é verdade para as equações que reproduzem o caos.
Embora possam explicar como algo acontece,
elas são quase inúteis para prever o futuro.
Posso usar uma equação para calcular onde a bola vai parar,
pois, mesmo que eu erre um pouco nos cálculos,
haverá uma diferença pequena no resultado final.
A bola será lançada da rampa a 49,1 graus.
Mas, se essa bola agir segundo as leis do caos,
a menor mudança em sua posição,
ou no ângulo de lançamento,
pode alterar radicalmente sua trajetória.
Não faço ideia se ela simplesmente
cairá inofensivamente além da extremidade da rampa.
Ou se entrará em órbita.
Não sei onde colocar minha cadeira.
Acontece que grande parte do mundo é caótica,
tornando quase impossível fazer previsões.
Mas isso não nos impede de tentar.
Saber se o sol vai brilhar ou se o tempo irá abrir
são obsessões britânicas. Mas tentar planejar nossa vida
em torno dos caprichos do tempo parece quase inútil.
Mesmo que tenhamos equações precisas
que podem descrever como massas de ar interagem
para criar nuvens, vento e chuva,
não nos ajuda muito com nossas previsões.
Pois nunca sabemos a velocidade exata de cada partícula de ar,
a temperatura exata em cada ponto do espaço,
ou a pressão ao longo de todo planeta.
E uma pequena variação em qualquer um deles
pode produzir uma previsão muito diferente.
Este é o mapa de como o tempo está agora.
As linhas azuis representam frentes frias,
e as vermelhas, as frentes quentes.
Para fazer uma previsão,
pegamos as equações matemáticas para o tempo e criamos um modelo.
O problema é que não sei as condições atmosféricas precisas,
então pegarei o máximo possível de dados.
Depois, aplico pequenas variações nos dados
e executo o modelo repetidamente,
assim obtenho previsões diferentes
segundo essas pequenas variações.
Portanto, para o tempo amanhã,
as previsões são bem semelhantes.
Temos muitas linhas azuis, prevendo uma frente fria.
Muitas linhas vermelhas, prevendo uma frente quente.
Mas veja o que acontece quando observo um pouco mais adiante.
Daqui a dois, três dias.
Vemos diversas previsões começando a se espalhar.
Ainda vemos um certo padrão climático,
mas se eu adiantar uma semana...
não posso mais arriscar um palpite para o tempo.
Há linhas vermelhas e azuis para todo lado.
Uma previsão diz que fará calor, a outra, frio,
e se eu adiantar 10 dias,
parece apenas um confuso espaguete emaranhado.
Não há absolutamente nenhum meio
de fazer qualquer previsão com tal antecedência.
E é por isso que, além de alguns dias,
a previsão do tempo pode sair espetacularmente errada.
Ao entendermos que a atmosfera é caótica,
percebemos que a menor alteração nas condições iniciais
pode alterar drasticamente o que vai acontecer.
O movimento de uma única molécula de ar
pode ser ampliado ao longo do tempo
e ter um enorme efeito no clima como um todo.
Nós nos referimos a este fenômeno como "efeito borboleta".
A ideia de que algo tão suave
quanto o bater das asas de uma borboleta
possa criar sutis mudanças na atmosfera,
acarretando, em última instância,
um tornado do outro lado do mundo.
Como multidão, nossos padrões são muito previsíveis.
Mesmo como indivíduos,
nossos atos são controlados pelo código.
E ao decifrar sistemas caóticos como o clima,
descobrimos evidências do código
que outrora consideramos incrivelmente complexo.
Ao olharmos de um ângulo diferente,
surgem padrões surpreendentes.
Padrões que podem revelar verdades
definitivas sobre nós e nosso futuro.
Em 1906, uma infeliz vaca deixou a vida
para ocupar um lugar na história da matemática.
1.
264.
417.
A vaca foi objeto
de uma competição local para adivinhar o peso.
O sortudo que chegasse mais próximo,
ganharia a carne do animal abatido.
1020.
2137.
O incrível é que ninguém acertou o palpite.
570.
Mesmo assim, todos acertaram.
4510.
Para mostrar como conseguiram, não vou usar uma vaca,
mas um pote de jujubas.
- 450? - 800?
- 12 mil. - 7 mil.
Quantas jujubas você acha que há neste pote?
50... 80 mil.
- 80 mil? - Não, na verdade 50 mil.
50 mil! Certo.
É muito difícil alguém adivinhar quantas jujubas há.
Perguntei a 160 pessoas, e a maioria errou feio.
Chutaram de 400 a 50 mil jujubas.
De fato, apenas 4 pessoas
chegaram perto da resposta correta de 4510.
Mais 1500,
mais 3217,
mais 83...
Se eu somar todas as respostas e fizer a média,
terei o palpite combinado de todo o grupo.
Mais 4 mil,
mais 5 mil,
463,
Mais 853,
mais 1000,
mais 5 mil...
O que dá um total de
722.383,5.
Alguém pensou que havia meia jujuba.
Foram 160 palpites,
vamos ver quanto chegaram perto coletivamente.
É extraordinário! Lembre-se, havia 4510.
A estimativa média de jujubas
é de 4515.
Achei que seria próximo, mas nem tanto. Sinistro!
Embora tivéssemos suposições de todo tipo,
desde exagerados 30 mil até os meros 400,
coletivamente obtemos
apenas 0,1% de erro do número real de jujubas.
Como indivíduos, os palpites são apenas palpites.
Quando considerados coletivamente,
tornam-se algo completamente diferente.
- 5 mil. - 1450.
9200.
O que acontece, mais ou menos,
é que muitos irão subestimar o número de jujubas
tanto quanto superestimá-lo.
- 1763. - 6 mil.
Alguns irão errar feio de todo jeito,
mas isso não importa.
Desde que pergunte a um número suficiente,
os erros devem se anular mutuamente.
Mil.
1275.
700.
A precisão do grupo é muito maior que a individual.
Nós a chamamos de "a Sabedoria da Multidão."
160 pessoas é uma ferramenta poderosa
para resolver quantas jujubas há no pote.
Mas imagine o que poderia fazer com milhões de pessoas.
Isso é exatamente o que eles usam aqui no Google.
Com mais de 2 bilhões de buscas na web por dia,
o Google descobriu um meio de usar a sabedoria
da maior multidão na Terra.
E, ao fazê-lo,
foi capaz de revelar as forças que controlam nossas vidas,
e aproveitá-las para fazer previsões sobre nós.
Pense nas coisas que as pessoas pesquisam diariamente.
Pense nas coisas que você pesquisa diariamente.
Hoje procurei por cidades no México
e filmes em Hackney.
Muita gente pode estar procurando algo semelhante,
filmes em Hackney, por exemplo.
Se olharmos essa busca nos últimos três anos,
o que o padrão de buscas para esse termo indica.
O Google teve a intuição de que poderia usar nossas pesquisas
para fazer previsões sobre nossas vidas.
Ele queria saber se podia comparar o padrão
de determinadas pesquisas com eventos no mundo real.
O Google começou vendo se podia prever surtos de gripe.
Como a gripe tem um belo padrão sazonal,
e como esse padrão existe a cada ano durante muitos anos,
fomos capazes de pegar essa tendência
e dizer quais buscas correspondem ao padrão.
Construímos um banco de dados
com mais de 50 milhões de diferentes termos de busca.
- 50 milhões? - Isso!
Não incluímos só coisas relacionadas à gripe.
Incluímos coisas como Britney Spears ou...
Tudo que as pessoas procuram pode ser incluído.
Quando o Google analisou os últimos cinco anos de dados,
houve certos termos de busca cuja popularidade
coincidiu exatamente com o padrão de casos de gripe.
As pessoas buscavam coisas como "sintomas"
ou "medicamentos" ou "dor de garganta."
E outras coisas como "complicações".
Está dizendo que o número de pesquisa de termos
relacionados à gripe
reflete precisamente os casos reais de gripe na população?
É verdade. É um indicador preciso da gripe
baseado apenas na procura por tais termos.
Ficamos espantados com essa descoberta.
Assim que identifica um padrão nos termos de busca,
o Google pode prever se haverá um surto de gripe,
bem antes de as pessoas procurarem um médico.
Esse é o extraordinário poder do código.
Mas é apenas a ponta do iceberg.
As buscas que fazemos podem prever aonde vamos nas férias,
que modelo de carro vamos comprar,
ou como vamos votar,
muitas vezes antes de nos darmos conta.
Tem sido possível prever o movimento da bolsa de valores
a partir do número de palavras negativas usadas no Twitter.
DESFAVORÁVEL - TENSO PREOCUPADO
Analisar tão grandes quantidades de dados,
não nos permite apenas fazer previsões.
Também pode nos dizer algo fundamental sobre nós mesmos.
Ao observar uma cidade como esta
ela parece uma confusão arbitrária.
Mas, a cidade se resume às pessoas.
Não a edifícios e ruas.
Eles são o palco no qual os verdadeiros atores
desempenham a história da civilização.
Geoffrey West é físico que passou a vida toda
tentando ver padrões significativos no universo.
Agora, ele voltou sua atenção
para a dinâmica da vida humana nas cidades.
Podemos ver que há vários tipos de infraestrutura aqui.
Temos as ruas, as linhas elétricas e de esgoto.
É uma extraordinária rede que sustenta a cidade de Nova York.
Ao observar isto como físico,
tive o palpite de que havia um código invisível para tudo.
West reuniu dados sobre cidades mundo afora.
Os padrões que ele encontrou significam que,
independentemente do tamanho da população,
ele podia prever a quantidade de ruas,
fiação elétrica ou escritórios da cidade.
Mas também descobriu algo mais surpreendente.
Um dos mais interessantes resultados que descobrimos
foi que os salários sobem de forma muito sistemática.
A regra que surgiu foi que,
se dobrar o tamanho da cidade,
os salários sofrerão aumento de 15%.
Se mora em uma cidade grande,
- ganha-se mais? - Isso.
Dois matemáticos em cidades distintas,
uma com o dobro do tamanho da outra,
fazendo o mesmo trabalho,
- um terá renda maior? - Na média, é o que dados dizem.
- Isso foi uma surpresa? - Enorme.
Minha primeira reação foi que havia algo errado com os dados.
E então ficou muito claro. Por isso que existem as cidades.
Curiosamente, não é só os salários que aumentam.
Quando uma cidade dobra de tamanho,
todos os índices das atividades social e econômica
sobem 15% por pessoa.
Isso representa 15% a mais de restaurantes,
15% a mais galerias de arte para visitar.
15% a mais de lojas.
Em suma, a vida melhora 15%.
Parece uma fórmula mágica que nós,
como seres humanos sociais, descobrimos.
Este bônus de 15%, por assim dizer,
é, creio eu, a razão
de as pessoas serem atraídas para as cidades
e da existência dessa migração contínua
da zona rural para a urbana.
Em um nível mais profundo,
isso compele nossa civilização.
Segundo Geoffrey West, o homem tem um número definitivo.
Esses 15% adicionais, ou 1,15.
Ele acha que é a mais importante força motriz da humanidade.
Este único número, "1,15",
prevê nosso futuro.
Ele vai nos reunir nas cidades em desenvolvimento
e moldar nosso destino enquanto existirmos.
Há 500 anos, diante de um eclipse,
muitos acreditariam ser a obra de um deus raivoso.
Mas, conforme revelamos a linguagem do código,
descobrimos que os mistérios aparentes do nosso mundo
podem ser entendidos sem invocar o sobrenatural.
Para mim, isso é extraordinário.
Apesar da incrível complexidade do mundo em que vivemos,
tudo pode ser explicado por números.
Assim como a órbita dos planetas, a vida também segue um padrão.
E tudo se resume à causa e efeito.
No final, até mesmo jogar uma moeda
é determinado pela rapidez com que ela gira
e quanto tempo leva para cair no chão.
O símbolo máximo do acaso não é aleatório.
Apenas aparenta ser.
Quando não entendemos o código,
a única maneira de dar sentido ao nosso mundo
é inventando histórias.
Mas a verdade é muito mais extraordinária.
Tudo tem matemática em seu âmago.
Quando tudo é dissecado,
só o que resta é o código.
Acesse www.bbc.co.uk/code
para achar pistas para lhe ajudar a resolver a caçada ao código.
Além disso, ganhe um quebra-cabeça matemático
e uma pista da caça ao tesouro,
acessando os links para a Open University
ou ligando para 08453668026.
MUSKETEERS Legendas Para a Vida Toda!