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Em um estudo sem precedentes ao longo de 16 anos, usando vários dos melhores telescópios do ESO,
os astrônomos produziram a visão mais detalhada
da região em torno do mostro que espreita no centro de nossa galáxia - um buraco *** supermassivo.
A pesquisa desvendou os segredos dessa região tumultuada
mapeando as órbitas de quase 30 estrelas.
Este é o ESOcast!
Ciência de vanguarda e a vida por trás dos bastidores do ESO, o European Southern Observatory.
Explorando os confins do universo com nosso anfitrião, Dr. J, apelido do Dr. Joe Liske.
Olá! E bem-vindos ao segundo episódio de ESOcast!
Hoje temos algo muito interessante para você.
Uma equipe de astrônomos alemães, com sua típica exatidão e paciência,
passou 16 anos mapeando o movimento de 28 estrelas que orbitam o centro de nossa galáxia, a Via Láctea.
Os astrônomos suspeitavam há um bom tempo
que o centro de nossa galáxia é ocupado por um buraco *** supermassivo.
Os buracos negros são o resultado a Relatividade Geral.
São objetos tão densos, e sua gravidade é tão intensa, que nem mesmo a luz pode escapar deles.
As observações que vamos mostrar para vocês são a melhor evidência até agora
de que os buracos negros não são apenas hipóteses teóricas, mas que de fato existem realmente.
Este resultado é um marco histórico.
Os observadores, sob um céu ***, longe das luzes brilhantes da cidade,
podem se maravilhar com o esplendor da Via Láctea, atravessando imponente o céu.
Aproximando-nos do centro de nossa galáxia, que está a cerca de 25 mil anos-luz de distãncia,
podemos ver que ele é composto de miríades de estrelas.
Esta é uma visão impressionante, mas permanece bastante oculta pela poeira interestelar,
então os astrônomos precisam recorrer a um comprimento de onda diferente, o infravermelho, que consegue penetrar nas nuvens de pó.
Com grandes telescópios, os astrônomos podem ver em detalhe o formigueiro de estrelas
circulando em torno do buraco *** supermassivo assim como a Terra orbita em torno do Sol.
O Centro Galático esconde o buraco *** supermassivo mais próximo de nós que conhecemos,
e também um dos maiores de todo o céu em termos de diâmetro angular,
o que o torna a melhor escolha para um estudo detalhado dos buracos negros.
Então, o que esta equipe fez foi, ao longo de 16 anos,
capturar imagens da região mais central da Via Láctea.
Com estas imagens eles foram capazes de mapear os movimentos de um total de 28 estrelas.
Mas o que essas imagens mostraram foi que essas estrelas não se movem aleatoriamente,
mas que, claramente, estão orbitando um objeto central muito massivo.
E o importante é que este objeto é completamente invisível.
Porém, a partir dos movimentos é também possível deduzir a *** do objeto central.
Calculou-se que ela é pouco maior do que quatro milhões de vezes a *** do Sol.
E não somente isso,
essa *** enorme ocupa apenas um pequeno volume,
de modo que não se pode evitar concluir que o objeto central é realmente um buraco ***.
A série de observações começou em 1982
com a câmera SHARP ligada ao New Technology Telescope (NTT) do ESO, de 3,5m
abrigado no Observatório La Silla, no Chile.
Outras observações se sucederam nos últimos anos
usando dois instrumentos montados no Very Large Telescope (VLT) do ESO, de 8,2m.
Ao longo dos 16 anos deste estudo, os telescópios do ESO pesquisaram esta região durante 50 noites.
Esta pesquisa marca a primeira vez
em que essas estrelas centrais tiveram suas órbitas determinadas com tanta exatidão.
Os dados também revelaram muito sobre as características dessas estrelas e como elas devem ter-se formado.
Para uma delas, os astrônomos foram capazes também de acompanhá-la em uma órbita completa.
Esta estrela se aproxima do buraco *** central a uma distância de apenas um dia-luz.
Esta distância equivale à que existe entre Netuno e o Sol.
O Prof. Reinhard Genzel, do Max Planck Institute for Extraterrestrial Physics, na Alemanha,
liderou a equipe que fez esta descoberta.
Reinhard, por que é tão importante estudarmos o centro da Via Láctea?
Bem, o centro da Via Láctea é um dos mais importantes laboratórios que temos
para estudarmos em grande detalhe o que acontece no centro das galáxias,
com muito mais detalhe do que jamais podemos esperar conseguir com outras galáxias.
Então, podemos estudar se existe um buraco *** central, o que acontece em seu redor, e assim por diante,
todas as questões gerais que desejarmos explorar
e que não podemos realmente estudar tanto nos outros núcleos galáticos.
O Dr. Stefan Gillessen é o primeiro autor do trabalho relatando esta pesquisa.
Então, Stefan, conte-nos, qual foi o resultado mais importante que você obteve?
O resultado mais importante de nossa pesquisa foi
que agora temos evidência empírica da existência de um buraco *** supermassivo no centro de nossa Via Láctea.
A *** deste buraco *** está em torno de quatro milhões de massas solares
e determinamos esta *** com bastante exatidão.
Este, naturalmente, é um resultado impressionante, mas a equipe não pretende parar por aqui.
No passado usamos a técnica, então nova, da óptica adaptativa
para eliminarmos a perda de nitidez causada pela atmosfera.
No futuro, planejamos conseguir resultados ainda melhores,
e obtermos imagens de resolução ainda maior, usando uma técnica nova chamada interferometria.
É quando você combina a luz de duas ou mais unidades do VLT.
Então, Reinhard, qual o próximo passo?
Bem, até agora, estamos muito seguros
de que realmente existe um buraco *** supermassivo no centro da Via Láctea.
A seguir, queremos realmente usá-lo!
No sentido de que queremos torná-lo uma ferramenta
para testarmos se a Relatividade Geral, a teoria de Einstein, está correta ou errada.
Uau! Usar um buraco *** para testar a relatividade...
Isso é realmente bacana!
Eu sou o Dr. J, despedindo-me do ESOcast.
Junte-se a mim na próxima vez para uma nova aventura cósmica.
ESOcast é uma produção do ESO, o European Southern Observatory. www.eso.org
ESO, o European Southern Observatory, é a organização astronômica intergovernamental de ciência e tecnologia em astronomia,
projetando, construindo e operando os mais avançados telescópios do mundo baseados em terra.