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4º Passo A Formação
A formação é a forma mais importante de assegurar a qualidade e o sucesso
de um programa Aflatoun.
Os professores e facilitadores precisam de saber os conteúdos
e a forma de aprender das crianças.
Ambos são igualmente importantes.
O nosso formador qualificado vai treinar-vos e à vossa equipa.
Após passarem por este processo,
terão que decidir como formar os professores ou outros formadores
para dar início ao vosso programa.
Observem como é que os outros procedem.
Devo começar por dizer que sou uma professora de professores,
não sou professora de sala de aula, mas tenho conhecimentos práticos.
Dado que este se trata de um programa
que vale a pena experimentar,
tivemos que identificar
e descobrir quem o iria aceitar.
Quem estaria interessado em adquiri-lo, por exemplo.
Portanto foi assim que aconteceu.
Não os directores ou os inspectores que ensinam os professores,
tivemos também que identificar quem servisse os professores.
Depois, juntos, verificámos as escolas
e os directores que poderiam aderir,
que já estavam motivados e que aceitariam o programa.
Foi assim que detectámos treze escolas no primeiro inquérito.
A primeira fase foi no ano escolar de 2008/2009.
A segunda em 2009/2010, e depois em 2010/2011,
na qual formámos outros professores.
Quando, na primeira fase, ficámos com as treze escolas,
as crianças mostraram um comportamento diferente.
E, depois, elas próprias protestaram.
Havia diversas escolas e todas elas queriam o Aflatoun!
Assim, os próprios professores vieram até nós,
e no ano escolar de 2010/2011
os próprios professores procuraram-nos
e eu fiquei totalmente surpreendida.
Formámos oitenta e quatro professores,
de forma a que os primeiros estavam lá com os novos,
resultando numa mistura de reciclagem e formação
e a partilha de experiências foi muito enriquecedora.
Agora estamos a trabalhar em vinte e sete escolas.
Deve-se fazer de tudo para implementar este programa.
É do interesse de todos.
Das crianças, dos pais, do país...
Isto, inclusive, promove o desenvolvimento do país.
E penso que é um envolvimento tão grande,
que irei pedir novos professores
e vou pedir-lhes que se empenhem desde o início.
Porque quando vocês trazem o programa, se não estão empenhados não vai resultar.
E tem que se inovar constantemente.
O Aflatoun é flexível, dá-nos muito,
mas alguns de nós, pelas dificuldades que encontramos,
temos que descobrir soluções e avançar.
Desenvolvemos várias iniciativas
e trabalhamos com o ambiente.
Somos um país saheliano, por isso promovemos o ambiente.
Se formos a uma escola Aflatoun, cada criança tem a sua árvore!
Geralmente, o nosso primeiro passo
é coordenar com o director da divisão do Departamento da Educação,
da província correspondente,
e tentamos ter o seu apoio para o programa,
de modo a que promova o Aflatoun nas diversas escolas.
Assegurada essa aprovação, organizamos a formação.
Eu e algum pessoal da NATTCO, que também se formou com o Aflatoun,
vamos para o terreno
e geralmente temos seis escolas
representadas por seis professores por escola.
Assim, geralmente, temos cerca de 30 professores para a formação.
Durante a formação dos formadores costumamos pedir aos parceiros
que nos entreguem uma cópia dos currículos dos participantes
e que nos falem um pouco do seu enquadramento,
para que nos seja mais fácil
preparar os materiais e o programa,
baseado no entendimento e na ca- pacidade dos nossos participantes.
Como, por exemplo,
se os nossos participantes estão mais ligados a temas sociais,
não nos alongamos muito nesses tópicos,
mas concentramo-nos mais no lado financeiro do programa,
ou seja, a parte com a qual não estão tão familiarizados.
Do mesmo modo, se os participantes estiverem mais ligados às finanças,
se estão muito envolvidos ou se traba- lham com bancos ou com cooperativas,
tentamos diminuir o lado financeiro, porque estão mais dentro desse assunto,
e focamo-nos mais na parte social, sobre direitos e responsabilidades...
acerca de outros elementos centrais da Aflatoun,
como a compreensão pessoal, as aspirações,
a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança
e tudo isso.
Mas temos desafios no que toca à parte financeira,
com a parte da educação financeira,
porque penso que os filipinos são um dos povos com menor cultura de poupança.
Assim é um pouco complicado alterar a mentalidade dos professores,
a forma como eles ensinam as crianças acerca do dinheiro,
uma vez que elas não têm mesadas e vão para a escola sem dinheiro,
e ensiná-las a poupar sem dinheiro.
O que normalmente fazemos, no início,
é uma espécie de um processo de "consciencilização",
no qual introduzimos o programa
e deixamos que compreendam o valor do Aflatoun
e que este programa não serve só para ajudar as crianças,
mas também os professores,
uma vez que eles lhes servem de modelos.
Eles irão ensinar sobre a educação financeira,
portanto há uma necessidade para que também tenham neles esses valores
acerca do hábito de poupar, para que possam ser mais eficientes, mais...
Como dizer...?
Para que haja mais validade, se também eles particarem na poupança.
Assim, estes professores também costumam tornar-se membros das cooperativas.
Logo, vão para casa com um sentimento de esperança,
sabendo que mesmo que já sejam indivíduos maturos,
ou pessoas mais velhas,
podem também começar a poupar
e que nunca é tarde para ninguém ter este tipo de hábito.
Eles descobrem quão bonito seria poder ensinar esse tipo de valores a crianças
enquanto elas ainda são novas.
Também seria útil se vocês tivessem uma equipa, como no meu caso.
Eu não sou professora nem educadora, mas tenho comigo um co-facilitador,
um co-formador que é um professor.
Ele encarrega-se da parte educacional,
ou seja, da parte teórica do programa,
e eu da parte mais prática.
Portanto é bom terem uma equipa a auxiliar-vos durante o processo,
de forma a que a discussão seja mais equilibrada
e o professor possa também apreciar e fruir da experiência de aprendizagem.
A Ermira é uma das formadoras mais experientes.
Pode dizer-nos quais pensa serem os principais objectivos
dos nossos workshops de três a quatro dias de formação de professores?
Os objectivos principais da formação em si
são primeiro que tudo,
dar uma outra visão do programa aos próprios professores,
como o que é o Aflatoun,
onde é implementado, em quantos países...
É uma espécie de informação geral sobre o Aflatoun
porque é importante, especialmente em novas zonas
onde as pessoas que vêm necessitam de ter uma visão geral
sobre a natureza do Aflatoun.
Depois, outro objectivo da formação...
... é acima de tudo, fazer com que os professores tentem outras abordagens,
como a iniciativa,
ou pôr a criança no centro da actividade.
Basicamente, o objectivo de cada actividade,
de cada um dos componentes do Programa Aflatoun,
é pôr a criança a participar,
ou seja, que a criança seja o centro das actividades.
Ao explorar com os professores cada um dos cinco componentes do Aflatoun,
proporcionamos-lhe já alguma experiência
num ambiente que se tenta que seja amigável,
através de simulações de aulas,
para que entre eles vejam como podem melhorar o ensino
de modo a torná-lo mais divertido para as crianças
e para transferirem estes novos conhecimentos sobre a auto-confiança,
sobre direitos e responsabilidades, como poupar, fazer orçamentos,
como planear e criar uma empresa.
Ermira, durante os seminários de formação de professores,
fornecemos-lhes cinco ou seis oportunidades, nas quais fazem simulações de aula,
para que lhes possamos apontar comentários construtivos.
E estava a descrever como nas primeiras sessões de simulação
eles não demonstram qualquer capacidade
nem demonstram ter metodologias centradas nas crianças.
Qual seria um cenário possível para a última sessão de formação?
De que forma verificaria que os professores tinham progredido?
Quando a primeira sessão de aula é muito "vazia",
ou seja, sentimos que eles estão muito distantes do pretendido,
no final, eles já tentam usar o que quer que seja que encontram na sala!
Canecas...
garrafas... o que houver na sala,
candeeiros...
Sei lá...
cadernos, canetas,
o que for que encontrem,
e tentam descobrir todos os recursos disponíveis,
para tornar a aula o mais dinâmica possível,
procuram pôr em prática as actividades e falam menos,
e incluem mais as "crianças", ou os outros professores.
Se no primeiro caso, no início,
o elemento que fez de professor se limitar a falar
e nós simplesmente o escutarmos,
no final, o professor que falou 10% é mais convidativo
e chama os outros colegas a participar na lição.
Certo... E quais poderão ser algumas das alterações
que notou no comportamento das crianças na primeira aula prática
por comparação às do final da prática pedagógica?
Estavam mais alegres, mais interactivas,
com mais vontade de ficar,
sem sono
e estavam em sintonia com todos os pormenores da prática.
Se as observarem, elas começam a sentir a aula com todo o seu corpo,
com os seus olhos, através da fala,
da audição e do toque,
pois tocam no material durantes estas lições.
Portanto elas aprendem com todos os seus sentidos,
e isso é algo totalmente diferente do que ocorria no início,
onde a maioria estava sonolenta, cansada
e não muito interessada no que estava a decorrer.
Como é que alguns destes professores, que são professores formadores,
que se destacaram e que são óptimos exemplos, se unem e formam um grupo?
Como podem pegar no conhecimento e na experiência
e deixá-los disponíveis para serem usados pelos outros?
Para que seja produtivo.
Para mim é a forma como se cria uma rede de profissionais
que são bons formadores
e que fazem uma espécie de associação, que oferece directrizes e padrões,
onde todos os professores podem melhorar.
A questão que coloco é "O que pode ser a escola?"
O que pode ser a escola e as mesmas possibilidades, imperativos e iniciativas
para uma escola do século XXI.
O que eles fizeram foi compilar todas estas experiências
por parte dos professores que regressaram
e queriam partilhar a sua experiência e incluíram o Aflatoun,
porque já o sabem,
quando estou a visitar os professores que o estão a aplicar.
Portanto é maravilhoso
que a Aflatoun tenha descoberto todas estas formas diferentes,
nas quais os professores se podem tornar grandes professores.
Agora é importante ter uma estratégia sobre como posso convidar outros,
que me são mais próximos,
para o fazermos juntos e eu não ficar sozinha
e nos podermos inspirar mutuamente.
Penso que por haver uma estrutura internacional,
que pode dar pareceres e tudo isso,
não é o mesmo que ter dois professores por conta própria.
Podem sentir que mesmo no meio do nada, no México, na Guatemala,
em El Salvador ou em qualquer outro país da América Latina,
fazem parte de algo.
E penso que isso é das melhores coisas sobre a Aflatoun.
Posso estar numa montanha algures, a dez horas da capital,
mas pertenço a algo, e de certa forma isso é bastante compensador.
Penso também que seria óptimo para as crianças dizerem,
"Bem, estou aqui,"
"mas sei que há pessoas noutras partes do mundo que também fazem parte disto".
Assim, de algum modo, os números tornam-se relevantes,
pois é bom afirmar,
"Sim, somos trinta aqui, mas fazemos parte de dez milhões!"
O que fazemos quando inserimos uma nova actividade
é torná-la apetecível para que as crianças a adorem e a levem consigo.
Assim esta espécie de divertimento participativo e de formação
é bastante motivadora.
O número de pessoas que frequentam a formação está sempre a aumentar.
Não nos fiamos nos primeiros dias de formação.
Seguimos sempre as aulas a decorrer,
de modo que temos sempre formadores no terreno
que trabalham diariamente com dez a quinze escolas,
para que haja monitorização, formação e apoio regulares no terreno.