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Andei por muitas vidas.
Algumas delas minhas.
Já não sou quem era
apesar de, por principio o suportar.
Tento não me inquietar.
O cérebro na velhice.
Nas suas evidencias e falhas
durante uma vida
historia única, que nos faz únicos
Tudo o que sabemos e lembramos
preso em cem biliões de neurónios
células que perduram durante toda a nossa vida.
Os neurónios podem viver até cento e vinte e poucos anos.
Que mais pode trabalhar tanto tempo
sem necessitar de reparação sistemática?
Penso que o incomum no cérebro envelhecido
é o facto de ser construído para durar muitos anos.
De alguma maneira, estes neurónios mantêm-se a laborar.
E os neurónios enfrentam um
potencial ambiente hostil.
Levam pancadas.
Nas suas décadas finais
o cérebro deve combater o abrandamento
dos seus circuitos neurais.
Doenças debilitantes e outros danos
que poucos cérebros mais novos enfrentam.
Mas os cientistas, começam a desvendar
os segredos do cérebro a envelhecer.
Á muito que se pensa ser indefeso
à passagem do tempo
o cérebro mostra poderes surpreendentes
de renovação.
ATRAVÉS DE MUITAS VIDAS
O ENVELHECER DO CEREBRO
Á três anos atrás
um ataque deixou Kent Miller
com o seu lado esquerdo paralisado.
Mesmo depois de meses de reabilitação
ele ainda não consegue usar a sua perna e braço esquerdos.
A sua carreira como contabilista
chegou ao fim.
Sentimo-nos inúteis.
Não conseguimos fazer o que fazíamos
física e mentalmente.
E tem sido um fardo para a minha mulher
e família.
E também não tem sido fácil para mim.
Quero ficar inteiro. Falando simples.
Quero o meu braço de volta.
Quero apanhar algo com a minha mão esquerda
poder atar os meus sapatos.
Não é ridículo?
63 anos e não conseguir atar os sapatos?
Estou farto de velcro.
Quero atacadores.
E poder atá-los.
E acerca de escovar os dentes?
Usou algo para o ajudar?
Não.
Usou a sua mão direita.
Sim.
Quando usa a mão esquerda para se vestir
empurra-a sozinha, ou usa a outra para a puxar?
Puxo com a direita.
Portanto a esquerda não tem força.
Sim.
Na Universidade do Alabama, em Birmingham
Kent entrou num estudo
que pode ajudá-lo a recuperar o uso do braço.
Para o Sr. Miller
ele está bastante cognitivo
mas fisicamente ele gostaria
de voltar a ter a sua independência.
Estamos a trabalhar com ele
para recuperar alguma da sua independência.
Isso é muito flexível.
Eu sei, mas eu não consigo.
O ataque que deixou Kent com o seu
braço esquerdo paralisado
atacou a parte do cérebro
responsável por mexer o braço.
Um bloqueio de artéria
repentinamente parou o fluxo de sangue
cortando o fornecimento de oxigénio
desligando o fluxo de sinais.
Milhões de neurónios foram mortos.
Outros tantos foram afectados.
A parte do cérebro danificada, encolheu para metade.
Porque o lado direito do cérebro
controla do lado esquerdo do corpo
o braço e perna esquerdos de Kent ficaram paralisados.
Á maioria dos pacientes, foi-lhes dito depois do ataque
que a quantidade de movimento que tinham
a 6 meses ou 1 ano, era o máximo que iriam ter
para o resto da sua vida.
O que tinham ao fim de 1 ano
não ia melhorar.
Mas o neuro-cientista Edward Taub
e seus colegas
ensinam sobreviventes de ataques, por todo o País
como reavivar a parte atacada de seus cérebros
muitos anos depois de um ataque.
Estenda o dedo.
Há espaços para cada dedo
pelo que vai empurrar a mão toda para dentro.
A terapia inovadora de Taub
requer que Kent imobilize a sua mão boa.
Vamos fazer de novo.
Resumindo, não podemos usar a mão boa.
Portanto, temos de usar a má.
Ponha a mão em cima da mesa.
Kent determinou a sua mão esquerda, como inutilizada.
Agora, está a descobrir tudo o que pode fazer com ela.
Por causa da capacidade de recuperação do seu cérebro.
Durante os últimos 3 anos
muito dos neurónios danificados, recuperaram.
Mas, a maioria foi recrutada, por circuitos do cérebro vizinhos
responsáveis pelo movimento do corpo de Kent
que não foram afectados pelo ataque.
Se Kent trabalhar o suficiente
pode forçar os seus neurónios recuperados
a fazerem o seu trabalho.
Mandar sinais para o seu braço esquerdo, outra vez.
Mas primeiro, ele tem de ultrapassar
a dependência do seu braço direito.
Tornou-se vinculado no seu cérebro.
Uma pessoa pode usar o braço, se realmente tentar.
Mas nunca se tenta.
Ele não tenta, porque aprendeu a não tentar.
É uma reacção condicionada.
Mas, prolonga-se semana após semana
mês após mês
e com a continuação torna-se mais poderosa
e eventualmente, poderosíssima.
Então, temos uma condição de extrema dependência
para não usar o braço.
Quero ver quantas peças de dominó
consegue virar em 30 segundos.
O truque é não os apanhar e largar
mas, usar os dedos e virá-los.
Eu sei que consegue.
É para isso que aqui estou.
Levá-lo a fazer a coisa correcta.
Vamos lá.
- Começou a cronometrar? - Sim.
Tente outra vez.
Esse é o dois.
Está muito bem.
Este ultimo largou-o, não queremos isso.
Melhor. Fantástico.
Esses dedos estão a trabalhar.
O que faz com que a terapia de Tubs seja tão eficaz
e tão exaustiva, é que estes pequenos e desajeitados movimentos
têm de ser repetidos muitas vezes.
- Bom. - É fácil para si.
Durante as próximas 2 semanas
Kent vai virar centenas de dominós.
Simplesmente ultrapassar o não usar do membro bom
não é suficiente.
Tem de se repetir os movimentos
Muitas e muitas vezes.
É esse o segredo.
Continue.
Centenas de pacientes de Tubs, viram melhorias.
James Faust era director de vendas
quando um ataque paralisou o seu braço direito.
Não conseguia usá-lo de maneira nenhuma.
Estava só pendente. Até pensei em amputação.
Depois de 2 anos de paralisia
ele foi ver Edward Taub.
E a sua vida mudou.
2 ou 3 semanas depois do programa começar
olhei para a minha mulher
e ela estava espantada.
E eu disse: - O que é que foi?
Ela disse: - Olha para a tua mão direita.
Olhei e vi como ela estava.
Como se nada tivesse acontecido.
Encorajado pelo seu progresso
Faust continuou com os exercícios
durante anos.
Não tenho problemas de fazer o que seja
com o braço direito.
Consigo guiar o meu carro
atar os sapatos
escovar os dentes
barbear-me
fazer tudo o que quiser.
O cérebro humano
é um instrumento com imensa plasticidade.
A quantidade de área do cérebro
que está envolvida em produzir movimentos
ou a receber sensações
muda continuamente.
Baseado na quantidade de uso
que essa parte do corpo faz.
O que acontece é que, independentemente
da idade da pessoa
da idade do cérebro
essa plasticidade permanece a mesma.
Taub descobriu, que depois de 2 semanas de terapia
a parte do cérebro que controla o membro incapacitado
expandiu-se para o tamanho original.
Porquê? Ainda é mistério.
Na introdução dos cursos de psicologia
quando andava na escola
diziam que algumas pessoas pensavam no cérebro como um musculo.
E isso era, invariavelmente seguido pela gargalhada do professor
dizendo que o cérebro não era um musculo.
Bem, o facto é que nos últimos 15 anos
o que começamos a descobrir é que
num sentido, o cérebro é como um musculo.
E com exercício, vai melhorando.
As batatas são boas?
Depois de 2 semanas de terapia
Kent Miller está a comer com a sua mão esquerda.
Pela primeira vez, desde à anos.
Bom.
Está bom.
Boa dentada.
Eu sei que estou muito melhor
porque não usava a mão esquerda.
Quando a sua mão se cansar
pare e descanse.
Era muito mais fácil usar a direita, que funcionava
normalmente.
Agora é quase natural usar a esquerda.
Tenho que ter cuidado para não morder os dedos.
Sim, quer tê-los inteiros.
E outra coisa, é mais fácil ir apanhar alguma coisa
e levantar o braço até lá.
Uma das coisas que querem que faça, é pentear-me.
Dificilmente consigo lá chegar.
Mas consigo chegar à boca sem problemas.
E isso é porreiro.
Nesta tarefa, vou dizer algumas palavras.
Nomes, objectos e animais.
Ouça com atenção e quero que as repita
por ordem de tamanho.
Da mais pequena, para a maior.
Caixote do lixo. Forno.
Maduro, chinelo, limão.
Chinelo, caixote do lixo, forno...
Já não sei qual era a outra palavra.
Enquanto só alguns de nós sofre com os ataques
todos nos preocupamos com falhas de memoria derivado da idade.
Gostaria que apontasse para os mesmos blocos
na mesma ordem.
Aqui está o primeiro.
Este laboratório, na Universidade de Michigan
estuda como a idade afecta a performance mental.
A sua directora, psicóloga Denise Park
recolhe provas, que apresenta
uma nova visão do envelhecimento do cérebro.
O envelhecimento começa a notar-se
assim que alcançamos a maturidade.
Os nossos dados mostram claramente
que à medida que envelhecemos
dos 20 aos 30 anos
ficamos um bocadinho mais lentos.
Não processamos a informação tão rapidamente.
Retemos um pouco menos de informação no consciente
e recordamos menos dos 20 aos 30.
E dos 30 aos 40, a mesma coisa, por aí a fora.
Então, de repente temos 70 anos, e começamos
a notar que, talvez estes contínuos declínios se juntam
e percebemos que não somos tão cognitivos quanto éramos.
Isto acontece especialmente na memoria
e quanto mais desconhecemos da informação, mais problemas temos.
Lembramos coisas familiares
mas se eu o trouxer ao laboratório
e pedir que se lembre de uma lista de palavras
vemos esse declínio relacionado com o envelhecimento.
Este *** é de memoria livre
e é composto por 12 palavras.
Preste atenção ás palavras
e quando eu chegar ao fim
repita-as na ordem que entender.
Linha, mel, comboio
céu, puzzle, júri
garagem, boneca
esposa, tosta
cama, relógio. Comece.
Linha, mel, comboio, céu
boneca, mel...
Relógio, mel
comboio... Essa já tinha dito.
Relógio, tosta, boneca
esposa, mel
linha...
Aprender o nome de alguém,
lembrar onde estacionámos o carro,
porque é que estas coisas se tornam difíceis
à medida que envelhecemos?
Uma resposta pode residir no modo
como novas memorias são formadas.
Para uma memoria tomar forma
os neurónios devem forjar ligações eléctricas e químicas
que os ligue num circuito estável.
Por décadas, os cientistas pensaram que o cérebro
ao envelhecer, morriam milhões de neurónios
tornando mais difícil a formação de novos circuitos.
Mas nos anos 90, esta teoria antiga
foi considerada errada.
Uma das coisas mais notáveis
é que agora entendemos,
que existe pouca perda de células nervosas
de como o cérebro mantém cheio de células
para funcionar normalmente.
E isso é uma coisa que não sabíamos.
Isto é interessante, porque nos força a procurar noutros lados
pelas mudanças no cérebro que estão em função.
Olá. Como está a correr?
Bem.
Na Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York
o neurobiologista John Morrison
procura por pistas, numa região do cérebro
onde novas memorias são formadas.
O Hipocampo.
Quando aprendemos algo novo
os neurónios no Hipocampo
formam conexões fortes
ao mandar mensagens electroquímicas
através de pequenos espaços entre eles
chamadas sinapses.
Essencial à solidez da conexão
é o movimento de partículas de cálcio electricamente carregadas
flutuando através das sinapses.
Quando as partículas entram num neurónio
despoletam mudanças químicas
que tornam as conexões mais confiáveis.
O fluxo de cálcio através da molécula
é o caminho de entrada para o neurónio.
O receptor de NMDA.
Sabemos que o receptor de NMDA
está criticamente ligado à memoria.
Portanto, uma das mudanças
que leva ao declínio de memoria com a idade
pode ser, baixos níveis de receptores de NMDA.
Portanto, procurámos por esses tipos de mudanças.
Quando Morrison examinou o Hipocampo de macacos
ele descobriu que nos jovens
uma só sinapse tinha dezenas de receptores de NMDA.
Mas nos macacos mais velhos
o numero de receptores caía abruptamente.
O que realmente surpreende
porque este decréscimo ocorria num circuito
que tinha a ver com a memoria e aprendizagem de coisas novas.
A forma clássica de memoria que é afectada com a velhice.
Isto é para mim, um cenário optimista.
Agora temos um alvo molecular
que potencialmente pode ser manipulado
para restaurar a saúde desse circuito de memoria.
Morrison tenta desenvolver medicamentos
que restabeleça os receptores perdidos
e rejuvenesça memorias que falhem.
Mas os cientistas aprendem que o cérebro
tem meios de se renovar.
Milton Adamson, de 93 anos
faz exercício regularmente desde os 42 anos.
Em *** de memoria, ele faz tanto
como pessoas com metade da sua idade.
Acho que a mente
não perde a sua capacidade
tão depressa, se fizermos exercício.
Não pensava-mos que a actividade física
era boa para o cérebro
até à muito pouco tempo.
Foi feito um grande estudo
em que usaram mais de 1000 pessoas da comunidade
e olharam ás coisas que previsivelmente
os ajudava a manter a aptidão mental.
E a actividade física era uma delas.
Estaremos envolvidos nisso pela próxima semana.
Recebi um telefonema de Bernice Newton
para que estivesse presente no próximo encontro
que é de terça a 8 dias.
Milton tem sido testado na Universidade da Califórnia
em Irvine.
Onde cientistas procuram por chaves bioquímicas
para um envelhecimento com sucesso.
A maior revolução é nós descrevermos o que corre mal
e entrarmos nos mecanismos
e nos diga o que podemos fazer.
E como podemos dar mais qualidade de vida a um neurónio.
Carl Cotman teorizou que o exercício
podia ajudar a manter os neurónios saudáveis
ao impulsionar a produção de proteínas vitais do cérebro.
Para testar a sua teoria
ele comparou 2 grupos de ratos.
Enquanto um grupo estava quieto nas gaiolas
o outro corria durante horas.
Eles saltavam para estas rodas e corriam que nem loucos.
E até faziam alguns truques nas rodas de corrida.
E perguntávamos:
O que vai acontecer ao cérebro?
Após 8 dias, Cotman descobriu
que nos ratos que corriam
os níveis de uma proteína que ajuda os neurónios a crescer
chamada BDNF, tinha duplicado
na parte do cérebro que é critica para a memoria.
A surpreendente questão de fundo é que
o exercício induza a que estas maravilhosas moléculas
que mantêm os neurónios mais saudáveis
mais fortes
basicamente são fertilizantes moleculares.
E correr, aumenta estas moléculas no cérebro.
Á medida que se aprofunda o conhecimento do cérebro a envelhecer
forma-se um novo quadro
de um órgão que é resistente e cheio de recursos
em que a experiência de uma vida
pode dar-lhe uma vantagem única.
As pessoas mais velhas, procuram informação
e são boas nisso. A processar e procurar informação.
Pessoas mais velhas são boas a ultrapassar situações
reflectindo, usando a experiência adquirida.
Penso que isso é sabedoria.
Stanley Kunitz é um poeta americano.
Ainda escreve e lê os seus poemas
um mentor para poetas mais jovens.
Tem 95 anos de idade.
Reconciliem-se de coração
para suas grandes perdas
num vento crescente
a poeira de amigos de uma vida
os que vão preenchendo o caminho
amargamente fustigam o meu rosto
contudo, fico exultante
com a minha vontade intacta
para seguir o meu caminho.
E cada pedra na estrada
é preciosa, para mim.
Aqui está, e a sua linda caneta.
Obrigado.
Estávamos nas trevas à 20 anos.
Não compreendíamos
a natureza fundamental do envelhecimento do cérebro.
Pensávamos que ficando senil
"perdendo os parafusos" à medida que envelhecemos
era uma coisa normal na vida.
Realmente, não é assim que o envelhecimento do cérebro funciona.
Senti um pulso de afecto daquela audiência.
Foi difícil resistir.
Adorei ouvir acerca da sua mãe.
Se todos os meus pacientes fossem com o senhor
já tinha morrido à fome.
Ás vezes esquecemos um nome
ou não nos lembramos onde pusemos algo
ocasionalmente pequenos pedaços de memoria
desaparecem do contexto.
Por outro lado
algumas memorias fixam-se profundamente.
Estão profundamente embebidas
na nossa estrutura psíquica.
Formam uma constelação
que está no centro da imaginação.
O Verão está atrasado, meu coração
palavras brotam do ar
à 40 anos, quando estava cheio de amor
e quase partido em dois
espalhado como folhas
nesta noite de ventos sibilantes
destroça o meu coração
é a minha canção que voou.
Os cérebros de algumas pessoas envelhecem devagar
outros mais rapidamente.
Um factor importante, é o genético
como está construído.
O outro factor, é a manutenção da actividade
e se a pessoa que envelhece, permanecer activa
há amplas evidencias que indicam
que o seu funcionamento intelectual
irá decrescer a um ritmo muito menor.
E se calhar, não diminuir nada.
Poesia é um exercício do espírito
o espírito dentro de nós.
E cada vez que o exercitamos
incrementamos a nossa vitalidade.
A maioria das pessoas não são poetas.
O que podem elas fazer para continuar com vitalidade,
ligadas, com tanta vitalidade como a sua.
Preocupar-se com a vida
preocupar-se com os outros
continuar activo.
Por exemplo, planta uma semente
cultiva o solo
vê-la florescer
participa num ritual antigo da vida.
Ajoelho-me aos grilos, que vibram com as pernas
como se estivessem prestes a explodir
nas suas carapaças reluzentes.
E como uma criança, novamente
maravilhado de ouvir musica tão brava e clara
sair de uma maquina tão pequena.
O que mantêm o motor a trabalhar
desejo, desejo, desejo.
Á medida que os cientistas aprendem
como funciona o cérebro a envelhecer
contornam alguns dogmas da própria neuro-ciência.
Por décadas, os neuro-cientistas acreditavam
que os neurónios, num cérebro completamente desenvolvido
nunca se reproduziam, e não podiam ser substituídos.
A ideia é que, o cérebro era uma estrutura muito complexa
envolvido em armazenar aprendizagem, memoria
guardar grandes quantidades de informação.
E se adicionarmos novos neurónios
no circuito, de alguma forma
interromperia a sua funcionalidade.
Mas em 1998, o Instituto Solkin na Califórnia
os neuro-cientistas Fred Gaje e os seus colegas
descobriram que mesmo na velhice
o cérebro humano continua a produzir novos neurónios.
Como os neurónios que formam o cérebro dos bebes
eles são criados pela divisão de células originais.
As sementes de onde os tecidos do corpo crescem.
Todos ficaram surpreendidos como o nosso cérebro
faz novas células nervosas, no fim da vida.
Era suposto que todas as células que íamos ter
eram as que tínhamos quando jovens
e quando as perdermos, nunca as poderíamos substituir.
Células originais, num cérebro embrionário
são muito proliferas.
Produzindo centenas de tipos de neurónios
permitindo-nos ver, cheirar, caminhar
pensar, lembrar.
Mas no cérebro adulto, muito poucos neurónios são produzidos.
A maior parte das células originais mantêm-se
misteriosamente inactivas.
Á medida que os neuro-cientistas olham para o futuro
começam a indagar se estas células originais
podem ser dirigidas para fazerem neurónios
para substituir os que morreram derivado a acidentes ou doenças.
E isso é muito excitante.
Abre a ideia a que o cérebro não é uma maquina fixa
que não tem peças de substituição.
Na Escola Medica Harvard, em Boston
o Dr. Jeffrey Macklis trabalha com doentes
que têm distúrbios neurológicos.
Sally Carlson, de 48 anos
tem a doença de Parkinson.
Começa tipicamente na meia idade
e piora com a idade.
Dentro do seu cérebro
numa região que coordena os movimentos
milhares de neurónios morrem lentamente.
O corpo de Sally, começa a sentir-se duro.
As suas mãos, ás vezes tremem.
Dobrar as mãos, é provavelmente a pior coisa
com 3 crianças tenho de dobrar muito as mãos.
Não consigo fazer as coisas.
Não consigo meter uma almofada no seu saco.
Só o tirar é muito difícil.
Acho que é chocante descobrir uma coisa destas.
E sei que não estou a morrer.
Mas parte de mim está a morrer, não há duvidas disso.
Macklis alivia alguns dos sintomas de Sally, com medicação.
Mas não para sempre.
Daqui a 10 ou 20 anos
vão morrer neurónios suficientes
e não haverá combinação de medicamentos
que seja totalmente eficaz.
Ela compreendeu desde o principio
que o nosso objectivo é
ela conseguir criar os seus filhos
até eles acabarem os cursos e casarem
antes de perdermos a eficácia
das drogas que usamos agora.
Quando Sally chegar aos 60 anos
ela pode não conseguir andar.
Mas Macklis espera, que um dia
a ciência desenvolva um tratamento
que restitua as suas habilidades perdidas
mexendo com o potencial das células originais.
Macklis não é só um medico,
é também um investigador cientifico.
Se houver uma possibilidade
de restabelecer e interligar novos neurónios
num circuito que é imperfeito
dará um novo olhar
para a reparação do sistema nervoso.
Para identificar as forças que despoletam as células originais
a tornarem-se neurónios.
Em 1999, Macklis e os seus colegas
lançaram um ambicioso projecto experimental.
Eles apontaram para a mais evolutiva parte do cérebro.
O Córtex Cerebral.
Em *** com ratos, eles injectaram um químico
matando milhares de neurónios.
Mas em semanas
os circuitos neurais dizimados,
receberam inesperados reforços.
Um fluxo de células originais.
Elas moveram-se para as localizações exactas
tornaram-se nos neurónios certos
e mais notável
algumas delas mandaram longas conexões
para os alvos correctos.
Noutras palavras, reconstruíram circuitos no cérebro.
Pela primeira vez, cientistas mostraram
que um cérebro vivo podia reparar-se a si mesmo
com novos neurónios.
Mas pode levar décadas, antes que os cientistas
saberem se a substituição de neurónios
será eficaz nas pessoas.
Muito trabalho para lá chegar, no laboratório,
em animais modelo.
O que estas experiências nos dizem claramente
é que existe alguma sequencia
alguma combinação
de sinais moleculares
que podem induzir o nascimento de novas células nervosas.
E descobrindo que moléculas são estas, nos ratos
poderemos saber quais são as moléculas correctas
para os humanos.
As mesmas forças misteriosas que impele as células originais
a construir o cérebro dos bebes
pode um dia ser usado para emendar o cérebro envelhecido.
Estou extremamente esperançosa
e queria ser a primeira a humana a seguir aos ratos...
Temos tanta habilidade como humanos
que eu acredito em milagres.
Não tenho qualquer intenção de desistir antes do milagre acontecer.
Enquanto a doença de Parkinson incapacita o corpo
a doença que mais afecta o cérebro envelhecido
é a que incapacita a mente.
Estas pessoas, num centro de dia da Califórnia
ainda conseguem se expressar com desenhos.
Mas as partes dos seus cérebros
que põem pensamentos em palavras
morrem lentamente.
Têm a doença de Alzheimer.
Alvin Johnson, dirigia uma companhia de seguros
quando começou a ter problemas com a memoria
à 8 anos.
Ele já não consegue assinar o seu nome.
Não sabe a data, o dia, a hora...
Num fim de semana, a nossa filha veio cá
ele entrou na cozinha e disse:
Quem és tu?
A doença de Alzheimer é um distúrbio
quase unicamente humano
porque as áreas do cérebro
que mais recentemente se desenvolveram
através da evolução, que são importantes
para pensar, memorizar e raciocinar
são as mais vulneráveis.
É uma doença trágica.
Rouba a um individuo, por fim
as suas qualidades que o fazem humano.
Chuck Hiat, um engenheiro aeronáutico reformado
sempre foi bom a arranjar coisas.
Mas à dois anos, aos 67,
a sua mulher e filha, começam a notar uma mudança.
Ele tinha problemas de coordenação
ou lembrar-se do que tinha feito.
Os Hiats querem saber se as dificuldades de Chuck
serão só da idade
ou sinais prematuros da doença de Alzheimer.
Infelizmente, a única prova conclusiva de Alzheimer
vem depois da morte
de analises do tecido cerebral.
Sabem, seria fantástico se tivéssemos um ***
que nos dissesse que uma pessoa tinha Alzheimer.
Uma imagem do cérebro
uma analise ao sangue
mesmo se tivéssemos uma analise confiável ao liquido espinal
que nos dissesse, de certeza, ou tem ou não.
Não temos esse ***.
Portanto, fazemos o diagnostico
baseado na informação do exame ao paciente
informação da família.
De como a pessoa mudou.
Veio falar do seu marido.
Diga-me o que notou acerca da memoria dele.
Bem, começou quando...
Ele não consegue lembrar-se de coisas a curto prazo.
Requer muita repetição, e dizer-lhe algo...
Ele depende mais de si para o ajudar?
Ele depende de mim para o ajudar.
- E isso é diferente de anteriormente? - Sim.
Muito diferente.
Ele era engenheiro, resolvia problemas.
E isso agora não é assim.
Usa isto.
Segura assim.
Agora ficou preso, outra vez.
Pode ser difícil, convencer um observador casual
que ele perdeu a habilidade da memória e raciocínio.
Sem o apoio da sua mulher
certamente a sua família está preocupada
com o seu declínio.
Fale-me da sua memoria. Tem problemas?
Definitivamente, acabo por me esquecer das coisas.
Dizem-me coisas e meia hora depois
não me consigo lembrar.
Coisas importantes?
Ás vezes, talvez, mas a maioria são coisas triviais.
Ela estava a dizer-me algo
mas gostava de ouvir da sua boca.
Acerca dos Reims. Gosta de futebol?
Gosta dos jogos?
Qual foi o ultimo jogo a que foi?
Os Reims contra os 49's.
Foi 41 a 20 ou coisa parecida.
Não tenho a certeza.
Qual foi o treinador pelos Reims?
Isso eu não sei.
Se lembrar depois, diga-me.
Quero perguntar-lhe coisas diferentes
só para testar a memoria.
Algumas serão fáceis, outras mais difíceis.
Diga-me em que ano estamos?
1996? Não sei.
96? E que mês?
- Pode adivinhar. - Abril.
Subtraia 3 de 20, e continue subtraindo 3 de cada resultado.
20, 17, 14, 11, 8
6, não 7, não
5, 2
Muito bem.
Demorou um bocado a lá chegar, mas chegou.
A maioria das pessoas, quando se diz
doença de Alzheimer, têm uma imagem mental
de um paciente incapacitado
quase pronto para ser assistido por uma enfermeira.
Mas, não se muda do dia para a noite
de ser saudável, para precisar de cuidados de enfermagem.
Há uma mudança gradual.
Não sei o quanto está confiante
de se lembrar das coisas, como os jogadores
o treinador.
Aposto que à uns anos saberia isso sem qualquer problema.
Agora não se recorda, quando precisa.
Penso que esse tipo de memoria,
não faz parte da perda normal pela idade.
Acho que é um declínio de memoria
causado pela doença.
E a doença que mais frequentemente nos afecta
à medida que envelhecemos, neste momento
eu diria que é Alzheimer.
Deve de ser tratada, porque agora
há remédios que ajudam a estabilizar as coisas onde estão.
Não há qualquer medicamento que cure.
Não existem, neste momento.
Mas comparando onde estávamos à 5 anos atrás
houve uma tremenda evolução.
Esperamos manter o passo.
Eu também. Pelo menos, por mim.
E por outras pessoas que estão com eu.
É um inferno não me conseguir lembrar das coisas.
Em laboratórios por todo o mundo
neuro-cientistas aproximam-se do mistério
que os confunde à quase um século.
O que causa a doença de Alzheimer?
A doença de Alzheimer devasta o cérebro
matando biliões de neurónios
deixando no seu caminho
negros filamentos retorcidos, chamados Emaranhados.
E grandes massas pegajosas chamadas Placas.
Á décadas, os cientistas não fazem ideia de onde elas aparecem.
Demorou tanto tempo a descobrir o principio da doença de Alzheimer
porque os cientistas cerebrais, que compreendiam como Alzheimer
se apresentava no microscópio
não pensavam que estas Placas e Emaranhados
tornar-se-iam a chave da doença.
Eles pensavam que eram pedras tumulares do processo.
Mas nos anos 80,
os cientistas, tirando vantagem das novas tecnologias
para olhar mais de perto.
Começaram a suspeitar que os Emaranhados e as Placas
eram mais que pedras tumulares.
Eram assassinos.
Os neurónios para sobreviverem, dependem de
longas cadeias de moléculas
dispostas como carris de comboios
que transportam alimento através da célula.
O que mantêm os carris estáveis
são curtas tiras de proteína, chamadas Tao,
que mantêm os carris enlaçados.
Na doença de Alzheimer
os Tao começam a torcer-se misteriosamente
causando a separação molecular dos carris
e o colapso.
Estas coisas enrolam-se
e não transportam muito bem.
É como se alguém pegasse nos carris e zás.
Tentar manter um comboio nesses carris não dá, cai.
Se o material não chega onde é preciso
a célula entra em colapso.
E eventualmente morre.
Olhando para a célula de um doente avançado de Alzheimer
vemos uma célula, literalmente estrangulada
com Taos emaranhados.
A formação de Emaranhados
é um processo longo e lento.
Isso pode ser uma coisa muito boa
porque se nós podermos interferir com a formação dos Emaranhados
cedo na doença
o que podemos talvez fazer é prevenir a progressão da doença.
O neuro-cientista Peter Davies
pensa ter descoberto o que despoleta a formação de Emaranhados.
Uma proteína, dentro do neurónio, chamada Pin 1.
Liga-se ao Tao e dobra-o.
De facto muda-lhe a forma.
O que gostaríamos de fazer
é testar a ideia de que se bloquearmos a acção
do Pin 1 no Tao
poderíamos parar o Tao de ficar anormal,
de ficar emaranhado.
Davies começou a desenvolver um medicamento
para parar o Pin 1.
Enquanto ele e outros apontam para os Emaranhados
outro grupo de cientistas apontam para as Placas.
Nos espaços entre os neurónios
vagueiam milhares de moléculas de proteína.
Num cérebro com Alzheimer
algumas são fragmentos suspeitos de proteína
chamados Beta Amilóide.
Pegajosos e resistentes
bocados de Beta Amilóide juntam-se
para formar uma *** expansiva chamada Placa.
Que se agarra como uma lapa
ao exterior do neurónio.
Sentindo um invasor hostil
as células defensivas do cérebro, ripostam
largando químicos poderosos.
Mas o contra ataque é danoso.
Os químicos desencadeiam uma série de reacções
que lentamente destroem o neurónio.
Quando o cérebro tenta se defender do Beta Amilóide
parece que não o faz como deve ser.
Parece que causa mais danos.
Á medida que os danos alastram
mais e mais neurónios morrem
deixando áreas inteiras do cérebro infestadas com Placas.
Cientistas como Dennis Selko, teorizam
que baixando o nível de Beta Amilóide no cérebro
pode prevenir a doença de Alzheimer.
Tal como baixando o nível de Colesterol
previne doenças do coração.
O problema é que não é fácil
porque, 1º a teoria pode estar errada.
É uma hipótese, não um facto.
E 2º mesmo que esteja certa
pode dar problemas baixar o Amilóide.
Pode ter efeitos secundários.
Mas o trabalho experimental que tem sido feito
em laboratórios por todo o mundo
suporta esta hipótese fortemente.
E a prova virá, baixando Beta Amilóide nas pessoas
e vendo o seu Alzheimer melhorar.
Num laboratório farmacêutico, perto de San Francisco
o neuro-cientista Dale Schenk
deu um passo nessa direcção
com uma estratégia que surpreendeu muitos cientistas.
A novidade foi usar o sistema imunitário
para tratar a doença de Alzheimer.
Tentar dizer ao sistema imunitário
que estas Placas criadas no cérebro se formaram
e o sistema precisa de se ver livre delas.
Schenk desenvolveu uma vacina feita de Beta Amilóide
e testou-a em ratos geneticamente modificados.
Criada para desenvolver Placas
iguais ás de Alzheimer.
Ficámos muito surpreendidos
quando os imunizamos desde jovens
e vimos a sua velhice, quando deveriam de ter imensas Placas
não tinham quase nenhumas.
O seu cérebro estava quase perfeito.
Encorajado pelas suas descobertas
Schenk perguntou-se se a vacina poderia ter eliminado as Placas
que já estavam formadas nos ratos mais velhos.
Ele vacinou um grupo de ratos mais velhos
mas deixou um grupo controlado sem tratamento.
Ele descobriu que os cérebros dos ratos do grupo sem tratamento
tinham sido devastados pelas Placas.
Mas os cérebros dos ratos vacinados
quase não tinham Placas.
No principio, eu estava céptica.
Depois vi os dados, e eles eram muito bons.
E muito persuasivos.
Por isso é que estão todos muito excitados.
Mas estabelecer a segurança e eficácia da vacina
e outros novos tratamentos para Alzheimer
vai requerer anos de ***.
Espero aguentar até que alguém consiga deslindar
como lidar com esta coisa.
Presentemente não tenho medo
a preocupação é o futuro.
Daqui a 5 anos ou 10.
Eu realmente pensei que durante a minha vida
não iria ver tratamentos eficazes na doença de Alzheimer.
Agora acredito que sim.
Na minha noite mais escura
quando a Lua estava coberta
e eu ansiava pelos destroços
uma voz nublada
falou para mim.
Vive nas camadas, não no lixo.
Apesar de gostar da arte de decifrar
sem duvida, o próximo capitulo
no meu livro de transformações
já está contigo.
Não acabei com a minha mudança.
Tradução, adaptação e sincronização por
Pedro Lucas