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louco!
assim fui diagnosticado.
ou a loucura é a própria isenção de limites?
existe o limite da loucura?
se existir em algum lugar tais limitações
quero ser privado de conhecê-las.
dizem que o homem é responsável pelo seu próprio destino,
mas eu, eu nada tive a ver com esse que me coube.
vocês devem estar se perguntando
se esse pobre mancebo falto de carnes não tem família,
amigos,
alguém que lhe dê a mão.
respondo a vocês e sinto em dizer que eles podem não ser leais
e assim me apresento.
começarei por minha querida mãe,
uma senhora
recatada.
casou cedo devido a uma gravidez inesperada.
coitada!
acreditava firmemente no tal amor eterno.
foi abandonada.
meu pai nos deixou e foi viver com uma de suas alunas.
uma bela criatura juvenil
que exagerava na maquiagem da cara para aparentar mais idade.
daquela gravidez inesperada eu nasci e também meu irmão.
gêmeos.
isso mesmo,
minha imagem e semelhança.
já no parto fez questão de ser o primeiro a ver a luz.
sempre o primeiro.
o primeiro a andar o primeiro a falar,
o primeiro a fazer sexo.
as moças gostavam dele, como gostavam.
mas ela não!
ela era minha!
foi pra mim, pra mim que ela olhou primeiro! não!
mas foi ele que ela escolheu.
ele ria! ria da minha cara!
ele sabia que eu a queria, ó Deus, como a queria!
o cheiro dele ficou impregnado nela.
na noite seguinte esperei que minha querida mãe dormisse.
ele havia ido à uma festa e estava demorando a chegar
fui até a garagem e peguei a machadinha.
fiquei à espreita.
finalmente ouvi a chave girar na fechadura,
era ele. ouvi seus passos subirem as escadas,
queria decapitá-lo ali mesmo mas resolvi esperar.
meia hora depois entrei no quarto e ali estava ele
dormindo de sapatos.
respirei fundo
e dei-lhe o primeiro golpe!
ri agora!
não vai rir de mim? maldito!