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Olá, tudo bem?
Crônica 2
vindo ao trabalho hoje, com minha moto laranja, 150 cilindradas, eu olhava o céu azul do
lado esquerdo e um cinza escuro do lado direito. Ia chover. Eu corria para escapar da chuva.
se eu estivesse voltando do trabalho, tudo bem, eu iria mais devagar, de propósito.
para pegar chuva. é muito bom quando não se tem compromisso.
mas não era isso que eu queria falar.
eu queria falar do cinza dos carros. você já viu quantos carros cinza? que ridículo!
quer dizer, ridículo PRA MIM.
de repente passa um fiat amarelo. que maravilha! destaca-se entre todos. que coragem desse
motorista, fugir do normal, afrontar a todos com a perspectiva de perder no futuro.
Perder no futuro? sim, claro. Sabe por que os carros são cinza? é porque desvaloriza
menos.
acredita? desvalorizando menos você tem algo feio, comum, igual a todos, que não foge
dos padrões, que obedece dogmas, que obedece mídia, que obedece conceitos criados pelos
mesmos que criaram o carro cinza.
graças a deus pelas cores.
de repente, uma árvore rosa. quer dizer, florida de flores cor-de-rosa. ao lado, outra
árvore, amarela. o céu cinza parece querer chamar a atenção, pingando algumas gotas
que naquele momento parecem ser cinza também.
o cinza cai do céu mas não considero abençoado por deus.
já pensou em gotas coloridas? não! nem pensar! iria afrontar alguma lei. iriam proibir na
mídia. iriam exigir de são pedro que chovesse cinza. então, que chova cinza.
graças a deus pelas cores.
curioso. a mulher que atravessa a rua com um cachorrinho (não é a mesma de ontem)
está com calça jeans (cinza escuro) e camiseta cinza claro. o cachorro é branco acinzentado
de sujeira. a rua é cinza super escuro.
a vida está ficando cinza? ou serei eu? não. eu não. eu ainda vejo colorido.
e graças a deus pelas cores.