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Aqui é o Marlon, sendo mais realista: esses são os próximos dez minutos mais
dispensáveis da sua vida.
No vídeo anterior eu falei sobre o Ledd e eu comentei que ele é ambientado no
mundo de Tormenta.
Antes de abordar sobre o mesmo, eu pretendo falar um pouco da origem de Tormenta e
do que fez do mesmo uma marca ligada a uma série de produtos, não apenas de
RPG mas também romances e quadrinhos. Vou falar um pouco sobre a minha
opinião em relação a Dragão Brasil. A revista Dragão Brasil
surgiu em 1994 pela editora Trama. Na ocasião, era escrita, dirigida,
diagramada e ilustrada por Marcelo Cassaro, o Paladino,
e chamava-se Dragon. Era uma publicação bem simples: ela era todo em preto e
branco e tinha um
formato maior, parecido com o adotado por GURPS naquela mesma época, não
sei se pelo mesmo motivo que era evitar a fotocópias. Eles batiam Xerox dos
produtos pra passar pros amigos. Era um tipo de pirataria bem precária
numa época em que você não encontrava material. A Dragon mudou seu nome pra Dragão
Brasil logo na terceira edição e algum tempo depois também alterou o
formato. Ela ficou menor, mais próxima do formato americano de quadrinho pra
garantir que o jornaleiro coloca-se na banca mais próximo uma da outra e ficando
assim mas na mão do público alvo dela, que talvez comprasse e se interessasse por
RPG. A Dragão sempre teve essa pegada de formar novos jogadores e se
tornar atrativa pra pessoas que não conhecem o jogo. Talvez por isso ela
tenha sido tão bem sucedida
em comparação a
dezenas
de outros títulos que existiram nesse mesmo período e que
raramente passava de três números antes de acabar. Além disso, outro fator que
era o diferencial pra mim ao menos da Dragão Brasil era o tipo de texto que ela
tinha. Era um texto melhor trabalhado no sentido de ser divertido
de ler. Não era uma revista técnica sobre RPG, e sempre com um certo humor
irônico
e informal, ela passava muito essa idéia de...
de fanzine, feita pra pessoas que gostavam de RPG
e não sobre o RPG, tanto que uma das colunas que sempre me agradaram muito
e se hoje eu pego uma revista velha
pra olhar, eu vou direto ler o Pergaminho dos Leitores que era respondido
por personagens criados quer os editores. Eu acho que isso foi uma sacada da Dragão já
naquela época, porque espaço do leitor em geral é um campo morto numa
publicação.
Ninguém está interessado no que os outros tão querendo dizer na revista. Você pula para as
matérias e deu.
Devido à forma como elas eram trabalhadas, as cartas se tornavam interessantes, eles
tiravam dúvidas através desse espaço, então ele se tornou útil pra
revista. O Marcelo Cassaro ficou à frente da Dragão até a edição
100. Nesse período, vários autores
colaboraram de uma maneira ou de outra com o Dragão Brasil
de maneira esporádica, e
dentro do grupo de autores regulares, além do próprio Cassaro também tínhamos o
Rogério Saladino
e o JM Trevisan. Os três juntos acabaram se tornando conhecidos como o Trio Tormenta,
e, até hoje, salvo engano, nenhuma equipe no Brasil produziu
tanto material tão diversificado e para tantos sistemas quanto esses três.
Talvez o fato de eles trabalharem
juntos e no mesmo ambiente trocando ideias e tendo aquele prazo fatal
pra entregar a revista todo mês tenha colaborado para isso. Mas, independente de
qualquer outro motivo, não se pode deixar de dar a devida importância ao
que esses três fizeram.
Durante algum tempo, a Dragão Brasil tinha matérias no mesmo número voltadas para
D&D
3D&T, GURPS
Storyteller, pra Daemon e enfim...
Vários outros sistemas que
a maioria de nós nunca viu todos esses títulos juntos quanto mais leu,
interpretou e tentou produzir alguma coisa na linha.
Além de tudo isso, um dos grandes pontos a favor da Dragão foram os suplementos
de jogo que eram incluídos como
brinde na revista de vez em quando. Às vezes até livros e suplementos
completos de graça, praticamente, às vezes por um real a mais do que o preço
padrão
da revista. O Manual 3D&T é um dos exemplos; o outro
até mais bem sucedido foi o cenário de Tormenta. Ele era
um compilado de todas as matérias medievais ou quase todas as matérias
medievais que saíram
na revista ao longo daqueles anos. Eles juntaram tudo colocaram mais algumas
outras idéias e criaram
esse cenário que hoje
é um dos mais jogados, se não o mais jogado no Brasil. Mais ou menos nessa
mesma época também começaram as adaptações de mangá e anime, e
inúmeros novos adeptos foram trazidos pro RPG devido a essa prática que
foi muito questionada e
muitas vezes criticada. Não sei se dando ouvidos já a estas pessoas ou se
essas pessoas eram as mesmas que reclamavam, quando depois da edição 100
a editora Trama
já havia até trocado de nome, estava passando por uma série de problemas de cunho
financeiro e administrativo, acabaram encerrando o contrato que eles tinham com o
Trio Tormenta e estavam negociando
o trabalho de
freelancer deles...
Por produção ou
ganho de
direito autoral, não sei em que pé que ficou a negociação. Sei que durante esse
tempo que os próprios autores foram pegos de surpresa porque a marca
que havia sido criada por eles que era Dragão, acabou sendo passada para uma outra
equipe ligada ao portal RedeRPG. Essa equipe ela tinha uma grande
experiência de jogo que eu acho que não pode ser questionada. Porém, eu não
conheço a formação dos envolvidos mas eu creio que diferente do que acontecia
com a equipe anterior, eles não tinham nenhuma experiência em publicação de
revista e em monetização de produto e eles foram muito na opinião do que chegava
até eles através do portal na internet. Até pra mim,
o que mais pesou contra essa nova equipe não foi
as escolhas erradas que por ventura eles tenham tomado, ou
a nova diagramação não era tão bem trabalhada... o principal problema foi a
tentativa deles em ser
uma espécide de sucessores do Trio Tormenta,
tentando fazer uma paróquia
do tipo de publicação que era feito anteriormente. Eles não assumiram uma
nova forma
apesar deles pregarem que era um jeito
diferente de publicar, voltado pro que o leitor queria, com mais respeito ao leitor
também tomando por base o que era dito nos Pergaminhos, que tava nítido que era uma
forma de brincar com o leitor e de responder... A maioria dos leitores que
mandava carta pra lá sabia que ia ser esculachado e mesmo assim mandava de propósito
porque tava no espírito da brincadeira. A maioria sempre entendeu. Mas, enfim, então ao
invés de trabalhar o produto dentro do que eles imaginavam, eles tentaram
fazer o mesmo que estava sendo feito antes com os produtos deles então eles
tentaram
emplacar um cenário novo
oficial da revista, sendo que isso era uma coisa que foi alcançada com 50
edições, e não só ali, continuou todo um processo criativo
ao longo do tempo. Tormenta e Arton não explodiu
de uma hora pra outra. Eles tentaram emplacar em dez edições toda uma ideia em
cima
de um novo cenário. Então até houve uma tentativa de mascote da seção de
cartas
sem conseguir o mesmo carisma dos Paladinos. Por fim, cerca de um ano depois
da tutela da revista passar
pra Rede eles também saíram, e a revista passou pro Sílvio que ao
invés de tentar copiar o estilo anterior ele abraçou
de vez o novo modelo da revista; com textos mais sérios e um visual mais
sóbrio, mas a editora já tava tão enrolada que ela não tinha mais gás
pra uma segunda tentativa e a Dragão acabou terminando em seu número 123.
Então é isso este foi meio uma mistura de histórico da
publicação com as minhas opiniões em cada momento. Provavelmente está bem
incompleto, mas enfim,
qualquer coisa eu me retrato depois eu boto uma observação ali no video. Valeu
pra quem ouviu, e até a próxima se houver. Se não houver também... paciência.