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Desde nós pequena mamãe "butô" nós na escola
e nós não "aprendia"
ai ela pegou tirou nós da escola eu "butô" no barro
quando nós não sabia fazer uma "bicha" ela quebrava
na cabeça da outra
era!
era e nós "aprendemo", né?
a fazer a "loiça"
ai é o ganha pão de nós é a "loiça" mesmo
esse negócio ai,
mas dá muito trabalho
dá, muito, muito, muito
e eu já sofro da coluna
ai quando eu me levanto
ai chega eu saio "baixeira" assim
tudo doído
que eu sinto dor, né?
agente faz porque tem coragem de trabalhar
mas né todo mundo que faz não, barro!
né todo mundo não, porque não aguenta
minha mãe que ensinou
ela mora aí
já tá uma velha
ensinou a nós
mas tem uma coisa
vocês não sabem aprender não? não vão aprender a ler não?
pois vocês vão pro barro
"butô" nos três pro barro
ai "comecemos" a fazer os pratinho
ai "comecemo",né?
"fumo" a cima levantar
faz pote, é prato, é panela
é tudo, jarro
agora a gente não sabe fazer burro
aqueles burro de barro, num sei não
não vô mentir, né?
chaleira, quartinha
essas outras coisas a gente sabe
mas burro eu não sei não
agora Abraão sabe
que é ele tá trabalhando agora no torno
e nós não "tem" o torno
o torno de nós é isso aqui
com os dedo, levantando
tudo, tudo
já vem da avó dela
da mãe dela já num tem oitenta anos
oitenta a seis anos
já hoje ela tá quase batendo
o record de trabalhar nessa profissão
e hoje sou eu que to assumindo hoje
como diz a ferro, a ponta de ferro e pau, né?
não tenho medo de infrentar governantes
pela minha profissão
graças a Deus eu me orgulho
to tentando passar para os meus sobrinhos, né?
tenho um filho de três anos também
e eu creio que
o que eu quero passar também é essa parte da minha história
como um lutador
como um soldado guerreiro pela cultura
não só pelo o barro, mas todos
a cultura que a gente é apaixonado realmente por isso
esse processo de batalhar junto com
pela cultura começou em dois mil e quatro, né?
porque antigamente a gente só fazia
panela, alguidá
pote, essas coisas
depois que a gente se
se "achego" junto ao Sebrae
começamos a desenvolver outras linhas, né?
como o design
e a gente não trabalhava com o design
hoje a gente faz potes decorativos, jarras
decoramos festas para casamento, né?
tivemos de ornamentar uma festa para uma posse do
da promotoria de justiça daqui
então quer dizer
nosso trabalho hoje não é aquele trabalho
que existia só antigamente, né?
"ião" fazer, sabe?
que "vinhero" ensinar nós aí
uma semana ali no prédio
um menino lá de Natal
ai disse que ia fazer
um forno
da preifeitura e tudo
"nam"
só fizeram enganar "nóis"
os que vinheram ensinar a nós tinham preguiça
ele ia botar nós
e ia se sentava ali cochilar numa cadeira
é lá no prédio acolá
lá no prédio da associação
e nós não aprendemo foi nada
porque era dele tá ensinando a nós
ela tava era cochilando
não ensinava não
digo é "mior" ficar logo
num manual "mermo"
"mermo" não mão
que é melhor, né?
de primeiro agente ia pra as mata
pra esse mato
era a xibanca grande "pa" "pa"
o barro com dois metros e a gente ia pegar lá em baixo
e hoje em dia vem nas "mão"
vem o carro, né?
e ali chegou , butou alí
ai "vamo" aguar, "vamo" preparar e "vamo" cuidar
mesmo assim o barro de hoje é melhor
a argila é melhor de se trabalhar
é uma argila bem preparada
ela fica mais, "adura" muito tempo
"adura" dois, três anos
você tendo cuidado
é uma panela de três anos
você cozinha nela
você, você cozinha o leite, o arroz
torra carne
tudo naquelas panelas
e fica tudo nova
ela não tem perigo de se quebrar é muito difícil
é o pai da gente só botava a gente pra trabalhar
sofrendo nas quebrada passando fome
hoje é que tá beleza
hoje é que tá o tempo
eu agradeço, de primeiro
a gente ia pro roçado
não tomava o café
ia comer de onze "hora", doze "hora"
e olhando pros caminho
"cadê o ***ê, já vem?"
mas hoje "óia"
num tem, hoje é uma benção de Deus
porque a gente morria de trabalhar e passava fome
mas hoje é uma beleza
você não sabe nem quem é pobre
nem quem é rico
tudo dá, tudo dá decente
o "sinhô" desce aí nessa granja
o que o "sinhô" pega aí pra comer tem
e de primeiro, o pobre
botava o fejão na água e no sal na mesa
um xerém na panela
e ninguém comia
tinha era raiva, passava fome
eu vô dizer que é aquele tempo?
o tempo é o de hoje!
ligo lá pra Martins
vem de tudo
de primeiro, precisava "vim de pés"
trazer aquelas, aquelas sacola na cabeça
e hoje quem é que traz?
ninguém!
o tempo é o de hoje!
o "sinhô" bota sua panela no fogo
de tudo tem alí dentro
de primeiro, basta!