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Depois da guerra, houve um verdadeiro silêncio e vergonha
e um sentimento de "não quero falar sobre esse assunto".
Você ainda vê certa relutância das pessoas em relação a esse assunto.
"Mais de cem mil homens, mulheres e crianças, todos de ascendência japonesa,
foram removidos de suas casas na costa do Pacífico".
"Dois terços dos evacuados eram cidadãos americanos pelo direito de nascença;
o resto, seus pais ou avós japoneses".
Os campos internos para japoneses estabelecidos na costa oeste sob a administração Roosevelt estão bem documentados.
Mas bem menos conhecidos são os campos estabelecidos no Havaí logo após o ataque de Pearl Harbor.
O ***ão e os EUA estavam em meio ao caminho da guerra desde o começo de 1900.
E por causa disso e da grande quantidade da população japonesa no Havaí,
havia esse medo do que iria acontecer, se a guerra começaria entre os dois países.
Então desde cerca de 1920 várias agências de inteligência, a Office of Naval Intelligence, o exército, o G2,
o FBI, estavam mantendo registro sobre a população japonesa local.
Com o começo de Pearl Harbor,
entre todas essas agências que eram coordenadas, o FBI tomou o lugar principal.
Eles já sabiam o que iriam fazer caso a guerra começasse.
E de fato, quando Pearl Harbor foi atacada em 17 de Dezembro, eles colocaram o plano em ação
e começaram a deter as pessoas nas listas que eles estavam compilando.
Era tipo um peta point system, em que ser padre budista ou Shinto o colocava na lista;
se você fosse cristão, nem tanto, porque isso era visto como mais "americano".
Foram detidos professores de japonês, editores de jornais como meu avô,
e entre os profissionais mais detidos foram os chamados agentes consulares, que parece ser algo ameaçador
mas na verdade significava líderes comunitários de gerações de imigrantes
que trabalhavam em conseguir as coisas entre a comunidade e o escritório geral do consul.
Entre outras proibições, os imigrantes japoneses não puderam se tornar cidadãos americanos.
Em especial no Havaí, a situação ficou realmente escondida depois da guerra.
Nos campos do continente, eu acho que sabia-se que você não fez nada de errado,
digo, todos que eram descendentes de japoneses foram colocados em um campo.
Aqui na ilha (Havaí) somente algumas pessoas foram selecionadas, ou algumas famílias, que acabaram sendo afetadas.
E eu acho que, por muitos anos, os membros dessas famílias não quiseram falar sobre isso,
porque de alguma forma eles sentiam que eram culpados de alguma forma ou que fizeram algo errado.
Mesmo no trabalho que temos feito recentemente tentando desvendar essa história
você ainda vê certa relutância das pessoas em relação a esse assunto.
Porque muito ficou sem ser dito por muito anos, pouco se sabe sobre os campos em si.
Até agora.
Achamos pessoas que dizem: "Foi bem aqui",
"Não, foi bem ali". Mas ainda mais pessoas que encontramos dizem:
"Eu não sabia que o Havaí teve campos de confinamento!"
E mesmo alguns que dizem: "Eu não sabia que o Havaí teve confinados".
Jane Kurahara é pesquisadora do Japanese Cultural Center of Hawaii.
Ela fez de missão pessoal desvendar tanto quanto possa sobre os misteriosos campos de confinamento do Havaí.
Aqui havia uma importante parte da história que estava se perdendo, bem pouco documentada,
poucas pessoas sabendo a respeito, e estava em perigo de ser perdida.
Agora que sabemos onde era o campo, podemos ver que era um campo muito bem escondido,
e você só descobre que está lá quando chega literalmente dentro do campo.
Essas são algumas ruínas do campo descobertos por Kurahara e o museu.
Agora eles estão trabalhando com os proprietários, que voluntariamente concordaram em abrir ao público no ano que vem.
Quando você está lá você entende o que eles devem ter passado.
O lugar é quente e úmido; os confinados chamavam de "Jigoku no tani", que significa "vale do inferno".
Quando você sente isso, você pensa: por que eles estavam aqui?
Estudamos história não especificamente para aprender sobre o passado mas para aprender sobre o presente e o futuro.
Uma das razões de tanto foco na história japonesa-americana durante a Segunda Guerra Mundial
é por causa do paralelo óbvio que estamos vendo acontecer hoje em dia,
especialmente com o que aconteceu depois do 11 de Setembro,
o desejo quase de reflexo de tentar demonizar certos segmentos da população que se parecem com o inimigo.
É muito importante que aprendamos lições da história
especialmente quando ideias como essa, em que há discriminação quando você nem conhece a outra pessoa,
têm um impacto muito negativo nas pessoas
e devemos ser gentis com os outros e tentar tratar uns aos outros com respeito e dignidade
e isso eu acho que é uma lição de vida importante e eterna.
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