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Tradutor: Gustavo Rocha Revisor: Gislene Kucker Arantes
Por muito tempo na minha vida,
eu sentia como se vivesse duas vidas diferentes.
Há a vida que todos veem,
e também há a vida que só eu vejo.
E na vida que todos veem,
eu sou um amigo,
um filho, um irmão,
um comediante stand-up e um adolescente.
Essa é a vida que todos veem.
Se pedissem para meus amigos e família me descreverem,
é isso que eles lhes diriam.
E essa é uma grande parte de mim. É quem eu sou.
E se vocês pedissem para eu me descrever,
Eu provavelmente diria algo parecido com isso também.
E eu não estaria mentindo.
mas também não estaria dizendo a verdade completa,
porque a verdade é que
essa só é a vida que todos os outros veem.
Na vida que só eu vejo, quem eu sou,
quem eu sou de verdade,
é alguém que luta intensamente contra a depressão.
Lutei durante os últimos seis anos de minha vida,
e continuo lutando todos os dias.
Agora, alguém que nunca teve depressão
ou não sabe na verdade o que isso significa,
pode se surpreender ao ouvir,
porque há essa falsa concepção bastante popular
que depressão é igual a tristeza
quando algo em sua vida dá errado,
quando você termina com sua namorada,
quando você perde alguém amado,
quando você não consegue o emprego que queria.
Mas isso é tristeza. É uma coisa natural.
É um sentimento humano natural.
Depressão de verdade não é estar triste
quando algo em sua vida dá errado.
Depressão de verdade é estar triste
quando tudo em sua vida está dando certo.
Isso é depressão de verdade, e é disso que eu sofro.
E para ser completamente sincero,
é difícil para mim subir aqui e dizer isso.
É difícil para mim falar sobre isso.
E parece ser difícil para todos falar sobre isso,
tanto que ninguém fala disso.
E ninguém fala de depressão, mas precisamos falar,
porque neste momento é um problema enorme.
É um problema enorme.
Mas não a vemos na mídia social, né?
Não a vemos no Facebook. Não a vemos no Twitter.
Não a vemos nos noticiários, porque não é feliz,
não é divertido, não é leve.
E assim porque não a vemos, não vemos sua gravidade.
Mas sua gravidade e sua seriedade são o seguinte:
a cada 30 segundos,
a cada 30 segundos, em algum lugar,
alguém no mundo tira sua própria vida
por causa de depressão,
e pode estar a dois quarteirões, pode estar a dois países,
pode estar a dois países de distância, mas é uma realidade,
E acontece todos os dias.
E nós temos uma tendência, como sociedade,
de olhar para isso e pensar, "E daí?"
E daí? Olhamos para isso e pensamos, "Isso é problema seu.
É problema deles."
Dizemos que estamos tristes e que sentimos muito,
mas também dizemos, "E daí?"
Bem, há dois anos era problema meu,
porque eu sentei na beira da minha cama
onde já havia estado milhões de vezes antes
E eu tive desejos suicidas.
Tive desejos suicidas, e se olhassem para minha vida superficialmente,
não veriam um jovem que tinha desejos suicidas.
Veriam um jovem que era capitão de seu time de basquete,
o aluno de teatro e artes cênicas do ano,
o aluno de inglês do ano,
alguém que estava consistentemente na lista de honra
e em todas as festas.
E vocês diriam que eu não estava depressivo, vocês diriam
que e não tinha desejos suicidas, mas estariam errados.
Estariam errados. Então eu me sentei lá naquela noite.
ao lado de um frasco de pílulas com uma caneta e um papel na mão
e pensei em tirar minha própria vida
E por pouco eu não o fiz realmente.
Por pouco eu não o fiz.
Mas não o fiz, e isso faz de mim um dos sortudos,
uma das pessoas que chega até o precipício
e olha para baixo, mas não pula,
um dos sortudos que sobrevive.
Bem, eu sobrevivi, e isso só me deixa com minha história,
e minha história é essa:
Em três palavras simples, eu tenho depressão.
Eu tenho depressão,
e por muito tempo, acredito,
eu vivi duas vidas totalmente diferentes,
onde uma pessoa sempre tinha medo da outra.
Eu tinha medo de que as pessoas me vissem como eu realmente era,
que eu não era o cara perfeito e popular do colégio que todos pensavam,
que sob meu sorriso, havia dificuldades,
e sob minha luz, havia escuridão,
e sob minha grande personalidade se escondia uma dor ainda maior.
Vejam, alguns têm medo de não serem correspondidos pelas garotas.
Alguns têm medo de tubarões. Alguns temem a morte.
Mas para mim, em uma grande parte da minha vida, eu temia a mim mesmo.
Eu temia minha verdade, temia minha honestidade, minha vulnerabilidade,
e esse medo me fazia sentir
como se estivesse preso num canto,
como se estivesse preso num canto e só houvesse uma saída,
e eu pensava nisso todos os dias.
Eu pensava nisso todos os dias.
E para ser totalmente sincero, aqui em cima
tenho pensado nisso de novo desde então, porque essa é a doença,
essa é a luta, isso é depressão,
e depressão não é catapora.
Você não a vence uma vez e ela se vai para sempre.
É algo com que você vive. É algo em que você vive.
É o colega que não dá para dispensar. É a voz que não dá para ignorar.
É o sentimento de que parece que não pra escapar,
a parte mais assustadora é que depois de um tempo,
você fica anestesiado a ela. Torna-se normal para você,
e o que você mais teme
não é o sofrimento dentro de você.
é a estigma dentro dos outros,
é a vergonha, é o constrangimento,
é o olhar de desaprovação no rosto de um amigo,
são os sussurros no corredor de que você é fraco,
são os comentários de que você é louco.
É isso que evita que você procure ajuda.
É isso que faz com que você retenha e esconda.
É o estigma. E você o retém e o esconde,
e o retém e o esconde,
e mesmo que esteja mantendo-o na cama todos os dias
e faz sua vida parecer vazia não importa o quanto você tente preenchê-la,
você o esconde, porque o estigma em nossa sociedade
sobre depressão é muito real.
É muito real e se vocês pensam que não é, perguntem-se isso:
Você preferiria colocar em seu próximo status no Facebook
que você tem dificuldade para sair da cama
porque você machucou suas costas
ou que você tem dificuldade para sair da cama toda manhã
porque tem depressão?
Esse é o estigma, porque infelizmente,
vivemos num mundo onde se você quebrar o braço,
todos correm para assinar em seu gesso,
mas se disser às pessoas que está depressivo, todos correm para o outro lado.
Esse é o estigma.
Somos tão compreensivos quando qualquer parte do corpo se quebra
que não seja o cérebro. E isso é ignorância.
É ignorância pura, e essa ignorância criou
um mundo que não entende depressão,
que não entende saúde mental.
E para mim é irônico, porque a depressão
é um dos problemas mais bem documentados que temos no mundo,
e mesmo assim é um dos menos discutidos.
Simplesmente colocamos de lado e deixamos no canto
e fingimos que não está lá e esperamos que se resolva sozinho.
Bem, não vai. Não se resolveu, e não vai se resolver,
porque isso é uma ilusão,
e ilusão não é um plano de jogo, é procrastinação,
e não podemos procrastinar algo tão importante.
O primeiro passo para resolver qualquer problema
é reconhecer que há um.
Bem, ainda não fizemos isso, então não podemos mesmo esperar
encontrar uma resposta quando ainda tememos a pergunta.
E eu não sei qual é a solução.
Eu queria saber, mas não sei -- mas acho,
acho que deve começar aqui.
tem que começar comigo, tem que começar com vocês,
tem que começar com as pessoas que estão sofrendo,
aqueles que se escondem nas sombras.
Precisamos nos pronunciar e quebrar o silêncio.
Precisamos ser aqueles que são corajosos pelo que acreditamos,
porque se há uma coisa que eu aprendi,
se há uma coisa que eu vejo como o maior problema,
não é construir um mundo
onde eliminamos a ignorância dos outros.
é em construir um mundo onde ensinamos a aceitação de nós mesmos,
onde estamos satisfeitos com quem somos,
porque quando somos sinceros,
vemos que todos lutamos e todos sofremos.
Seja com isso, ou com algo diferente,
todos sabemos o que é se machucar.
Todos sabemos o que é sentir dor no coração,
e todos sabemos o quão importante é se curar.
Mas no momento, a depressão é o grande corte da sociedade
que nos contentamos em colocar um Band-Aid e fingir que não está lá.
Bem, está lá. Está lá, e sabem de uma coisa? Está tudo bem.
A depressão está tudo bem. Se você estiver passando por isso, saiba que você está bem.
E saiba que você está doente, você não é fraco,
e é um problema, não uma identidade,
porque quando você passa pelo medo e pelo ridículo
e pelo julgamento e pelo estigma dos outros,
você consegue ver a depressão como ela realmente é,
e somente faz parte da vida,
faz parte da vida, e por mais que eu odeie,
por mais que odeie alguns dos lugares,
algumas das partes de minha vida para onde a depressão me arrastou,
de várias maneiras sou muito grato por isso.
Porque, pois é, me colocou nos vales,
mas só para me mostrar que há os cumes,
e sim, me arrastou pela escuridão
mas somente para me lembrar que há luz.
Minha dor, mas do que qualquer coisa em 19 anos neste planeta,
me deu perspectiva e minhas feridas,
minhas feridas me forçaram a ter esperança,
ter esperança e ter fé, fé em mim mesmo,
fé nos outros, fé que pode melhorar,
que podemos mudar isso, que podemos nos pronunciar
e se manifestar e lutar contra a ignorância,
lutar contra a intolerância,
e mais do que qualquer coisa,
aprender a amar a nós mesmos,
aprender a nos aceitar como somos,
as pessoas que somos, não as pessoas que o mundo quer que sejamos.
Porque o mundo em que acredito é um
onde aceitar sua luz não significa ignorar sua escuridão.
O mundo em que acredito é um onde somos medidos
por nossa habilidade de superar adversidades, não evitá-las.
O mundo em que acredito é um onde posso olhar alguém nos olhos
e dizer, "Minha vida está um inferno",
e eles podem me olhar de volta e dizer, "A minha também", e está bem,
e está bem porque depressão é normal. Somos pessoas.
Somos pessoas e lutamos e sofremos
e sangramos e choramos e se você pensa que verdadeira força
significa nunca mostrar fraquezas, então estou aqui
para dizer que você está errado.
Você está errado, porque é o oposto.
Somos pessoas e temos problemas.
Não somos perfeitos e está tudo bem.
Então precisamos acabar com a ignorância,
com a intolerância, com o estigma,
e acabar com o silêncio e precisamos pôr um fim aos tabus,
dar uma olhada na verdade e começar a se manifestar,
porque a única maneira de vencer um problema
contra que as pessoas lutam sozinhas
é estando juntos e fortes,
estando juntos e fortes.
E acredito que conseguimos.
Acredito que conseguimos. Muito obrigado, gente.
Isso é um sonho se realizando. Obrigado. (Aplausos)
Obrigado. (Aplausos)