Tip:
Highlight text to annotate it
X
Este filme não se destina a venda ou distribuição.
Psywars contém temática controversa. Os autores do material de origem
podem ou não concordar com certos pontos de vista apresentados.
Psyops: "Operações psicológicas" - Qualquer forma de comunicação que apoie
objectivos criados para influenciar as opiniões, emoções, atitude ou comportamento
de qualquer grupo com o intuito de beneficiar o patrocinador, directa ou indirectamente.
- Departamento de Defesa, Manual de Campo do Exército dos EUA 33-I
"Existem apenas dois poderes no mundo, a espada e a mente."
"A longo prazo, a espada é sempre vencida pela mente" - Napoleão Bonaparte
Aqui nos Estados Unidos, nós somos muitas vezes confrontados
e dizem-nos que não temos propaganda,
que temos uma imprensa investigante rigorosa.
Nós temos esta cidadania educada, céptica, e até cínica
e que se houvesse interesses poderosos a tentar controlar ou manipular
a opinião pública, estes seriam expostos.
A realidade é exactamente a oposta.
Académicos como Alex Carey e outros
que passaram as suas vidas a observar como a propaganda funciona
descobrem que é realmente nas democracias ocidentais e sociedades abertas
onde são necessários os tipos mais sofisticados de propaganda.
E desde a 1ª Guerra Mundial, graças a pessoas como Ivy Lee e Eddie Bernays
a propaganda tem-se tornado num negócio, o negócio das relações públicas (RP).
Ou como uma das empresas que frequentemente representou ditadores,
a Burson-Marsteller, o coloca:
O seu negócio é a gestão da percepção,
gerir a percepção pública, a ordem pública,
consoante os interesses dos seus clientes, sejam eles quem forem.
A Metanoia Pictures apresenta
Em associação com "I Am The Mob" (Eu sou a máfia)
Um filme de Scott Noble
9 de Abril de 2003
Multidões de iraquianos atacam espontaneamente uma estátua de Saddam Hussein
o rosto obscurecido com a Velha Glória.
Mais tarde, as estrelas e riscas são substituídas pelo vermelho, branco e preto
simbolizando a transferência de poder dos libertadores para os libertados.
O Secretário da Defesa Donald Rumsfeld descreve as cenas como de tirarem o fôlego.
Para o exército britânico, elas são históricas.
A BBC Radio diz que são impressionantes.
E foram, porque todo o evento foi encenado.
Anos após a operação, um relatório do exército dos EUA
admitiu que a queda da estátua de Saddam
tinha sido projectada por um grupo de operações psicológicas.
O documento afirma: "A nossa ETP - ou Equipa Táctica de operações psicológicas -
viu a estátua como um alvo oportuno".
Uma semana antes, outra operação psicológica
lançou as bases para o que se seguiu.
O guião dizia que uma Rambo feminina se torna-se numa donzela em perigo
de forma a ser resgatada pelas forças armadas dos EUA.
A situação a que nos referimos aqui, a da soldada Lynch
como se sabe, por volta de 23 de Março
a sua Companhia de Manutenção 507 sofreu uma emboscada.
Alguns membros dessa companhia de manutenção
foram mortos, outros foram capturados, e outros
foram dados como desaparecidos, sendo ela uma destes.
Eles esperaram 24 horas para colocar as câmaras lá, para montarem tudo,
para fazer este grande resgate, e a equipa SWAT entra para a salvar
e então ela torna-se, num instante, uma celebridade de um dia para o outro.
Esta história aconteceu no mesmo dia
em que os tanques estavam a entrar em Bagdade.
Este foi o mesmo dia em que nós bombardeámos
o hotel Palestina onde os jornalistas independentes estavam.
No mesmo dia em que explodimos a estação televisiva Al Jazeera
e matámos um dos seus jornalistas.
Tudo o que temos nas primeiras páginas dos jornais
e nas notícias é o resgate de Jessica Lynch.
Por isso, esta era uma história substituta de RP.
Para derrubar a estátua de Saddam, eles tinham o grupo Chalabi.
O grupo Rendon foi quem realmente os formou.
A CIA pagou ao grupo Rendon para formar o Congresso iraquiano
como um grupo opositor a Saddam Hussein, e eles estavam estabelecidos aqui, nos EUA.
Em seguida, eles voaram-os para lá e desembarcaram-os no Iraque.
Eles é que estavam ao redor da estátua
enquanto um tanque foi utilizado para a derrubar.
O grupo Rendon tem estado presente - trabalhou para o pai de George W. Bush
e também trabalhou para o Clinton.
A sua empresa... Ele costumava ser um relações públicas de imprensa para o Carter
e ele criou uma empresa de relações públicas especializada em guerra.
O chefe do Grupo Rendon, John Rendon,
nega ser um estrategista de segurança nacional ou um estrategista militar.
Em vez disso, ele afirma: "Eu sou um político
e uma pessoa que usa comunicação para atender à política pública
ou aos objectivos da política empresarial.
Na verdade, eu sou um guerreiro da informação e um gestor da percepção."
Após a 1ª Guerra do Golfo, Rendon recebeu 23 milhões de dólares da CIA
para criar propaganda anti-Saddam.
Após o "11 de Setembro", foi encarregue das relações públicas
para o bombardeamento do Afeganistão pelos EUA. Rendon não está sozinho.
As relações públicas têm crescido rapidamente tornando-se numa indústria de 200 biliões de dólares, por ano,
com os "charlatões" de RP nos Estados Unidos a ultrapassarem os jornalistas.
A propaganda tornou-se no principal meio pelo qual
os ricos comunicam com o resto da sociedade.
Seja a vender um produto, um candidato político, uma lei, ou uma guerra,
raramente os poderosos distribuem mensagens ao público
antes de consultarem os seus colegas na indústria de relações públicas.
Colin Powell apresenta agora um caso típico. Ele não escolheu
um diplomata experiente para o cargo de Subsecretário de Estado.
Em vez disso, ele escolheu Charlotte Beers
conhecida nos círculos RP como "A Rainha de Madison Avenue".
O seu currículo inclui campanhas publicitárias de sucesso
para o shampoo anti-caspa Head & Shoulders,
arroz Uncle Ben,
e presentemente, o Tio Sam.
Vês um noticiário. Vês o 60 Minutos
ou um programa da Fox, ou seja o que for.
Tendes a dar mais credibilidade
para o que se diz ser jornalismo.
Se um anúncio se segue,
presume-se que tendes a ser mais céptico em relação a ele
porque, obviamente, alguém colocou uma enorme quantia de dinheiro
a produzir este persuasor anúncio de TV e a transmiti-lo.
Mas o que provavelmente nunca suspeitas
é que a notícia que acabaste de assistir também foi trabalhada
por uma empresa, dada à estação de TV ou à rede
com o pressuposto de que estas iriam colocar os seus logótipos nela
identificá-la como jornalismo real, e transmiti-la.
O coronel Sam Gardiner iria, eventualmente, projectar 50 notícias falsas,
criadas e espalhadas pelo aparelho propagandista da Casa Branca de Bush
antes e durante a invasão do Iraque.
Entre as quais encontravam-se as mentiras que levaram à guerra, em primeiro lugar.
Não foi aquele conhecimento que levou à invasão, conclui Gardiner.
Foi um esforço orquestrado que começou antes da guerra
e foi meticulosamente planeado para manipular o público.
"Em 2002, quando a administração Bush estava a dirigir
a sua campanha massiva de relações públicas para "vender" a guerra
a partir do escritório de Donald Rumsfeld no Pentágono,
havia algo agora referido como o programa de especialistas do Pentágono
onde, literalmente, dezenas de ex-militares de altas patentes,
generais, almirantes e coronéis,
recebiam os seus pontos de vista, para as suas aparições em programas televisivos de notícias,
directamente do Pentágono. Eles literalmente iam ao Pentágono,
estavam em conferências telefónicas com o Pentágono, viajavam com o Pentágono
e depois iam à televisão como fontes supostamente independentes.
No entanto, a maioria estava realmente a ser paga pelo sector privado
por serem oficiais militares reformados de empregadores militares
e muitos deles estavam, na verdade, registados como lobistas para os empregadores militares.
Portanto, há um pequeno conflito de interesses
quando o teu ganha pão é baseado em
ser capaz de vender armamento, bombas e mísseis
e é suposto seres apenas um ex-general patriota
dando uma opinião honesta sobre o que está a acontecer.
E apesar de isto ser ilegal, não há nenhuma maneira de realmente o impedir.
E o meio de comunicação mais poderoso através do qual ocorreu
recusa-se a reportar sobre o escândalo.
Tem-se apenas um problema enorme, e é aí que nos encontramos.
Havia sinais de alerta claros, muito antes da idade do "encaixar".
Durante o ataque à Sérvia, aquando da presidência de Clinton,
surgiu um relatório sobre o jornalista holandês Abe De Vries
revelando a presença de "soldados psicológicos" a trabalharem na CNN.
Eram provenientes do Terceiro Batalhão de Operações Psicológicas
em Fort Bragg, na Carolina do Norte.
De Vries citou o major Thomas Collins do Serviço de Informações do Exército dos EUA:
"Pessoal de operações psicológicas, soldados e oficiais
têm trabalhado na sede da CNN em Atlanta
através do nosso programa, treinando com a indústria.
Eles ajudaram na produção de notícias."
O que fez a Guerra do Iraque diferente não foram tanto as tácticas
ou mesmo a dimensão, mas a sinergia da alta tecnologia.
Era quase impossível dizer onde o Estado terminava
e a imprensa começava.
Uma das coisas que nós não queremos fazer é destruir a infra-estrutura do Iraque
porque em poucos dias vamos possuir aquele país.
Eles deveriam ter utilizado mais? Deveriam ter
utilizado uma "MOAB", a mãe de todas as bombas?
Uns poucos "daisy cutters"?
E não vamos parar apenas num par de mísseis de cruzeiro.
A invasão do Iraque representa o apogeu
da guerra psicológica doméstica nos Estados Unidos.
Uma integração sem precedentes entre empresas de relações públicas,
meios de comunicação corporativos e operações psicológicas militares.
No momento do ataque, grande parte da opinião pública americana
estava convencida de que um ataque nuclear por Saddam Hussein à sua nação
era, não só possível, mas iminente.
Soldados que compunham a força invasora estavam igualmente confusos
com uns notáveis 77% acreditando que Hussein
foi responsável pelos ataques de 11 de Setembro.
Muitos sinceramente acreditaram que a missão era destruir um grupo misterioso
conhecido como Al Qaeda, enquanto libertariam o povo iraquiano.
Protestante: "Vá para casa Yankee!" Soldado: "Estamos aqui para a sua pu** de liberdade
por isso, vá para trás agora!"
No entanto, o que realmente estava a acontecer era o que a Carta Nuremberg descreve
como o maior crime sob a lei internacional:
O "planeamento, preparação, iniciação, ou incentivo de uma guerra de agressão."
Sete anos depois, os resultados da invasão são óbvios.
Segundo "The Lancet", uma das mais respeitadas revistas de medicina do Reino Unido,
cerca de 600 000 iraquianos foram mortos na invasão desde 2006.
Em 2009, uma agência de pesquisa coloca o número em mais de 1 milhão.
Quatro milhões de iraquianos tornaram-se refugiados no seu próprio país.
A sua sociedade está destruída.
Como é que a terra dos livres e o lar dos corajosos
chegaram a um ponto onde os cidadãos puderam ser manipulados
com tanta eficiência e de forma tão massiva?
A nossa história começa num lugar improvável: uma mina de carvão.
Guerra Psicológica
I. Gestão da Percepção
Quando pensamos em relações públicas, esta não é a imagem que nos vemà mente.
No entanto, foi aqui, no virar do século
na cidade de Ludlow, Colorado,
que as RP, tal como as conhecemos, começaram a tomar forma.
Desde o início, estiveram associadas à guerra entre classes.
As condições em que os homens, mulheres e crianças
trabalhavam no século XIX na América
eram muito parecidas com as que pensamos serem
as condições nos países em desenvolvimento,
nos quais 13 a 14 horas diárias não são invulgares.
As condições de vida eram frequentemente barracas habitacionais.
As crianças trabalhavam lado a lado com os seus pais.
Aquelas eram o tipo de condições e certamente, se visualizar
as que vemos hoje nos países em desenvolvimento, quase condições comparáveis à escravidão.
Pode fazer a comparação muito facilmente.
Como os trabalhadores da maioria dos outros sectores da altura,
os mineiros de carvão da cidade de Ludlow estavam-se a organizar para conquistarem direitos básicos.
Em 1914, a "União dos Trabalhadores de Minas Unidos" apelou às empresas de carvão para concederem
condições seguras de trabalho, salários toleráveis
e cumprimento das leis de mineração do estado.
Em resposta, um sindicalista em Ludlow foi morto a tiro
por homens armados que trabalhavam para a corporação "Combustível & Ferro do Colorado",
propriedade da família Rockefeller.
Na altura, como actualmente, os Rockefellers eram sinónimo de riqueza e poder.
William Avery Rockefeller encontrou o seu sustento como vendedor de óleo de cobra.
mas o seu filho, John Davison alcançou o "Sonho Americano".
A sua fortuna foi construída através da exploração de reservas de petróleo no México e nos Estados Unidos.
John Davison Rockefeller foi o primeiro bilionário da América
mas foi o seu filho, John D. Junior
quem viria a definir o legado Rockefeller no século XX.
24 horas depois dos trabalhadores em greve e as suas famílias terem comemorado a Páscoa,
o fim chegou. Ficou conhecido como o Massacre de Ludlow.
A greve decorreu desde o Outono de 1913, até à Primavera de 1914
e eles ainda não conseguiam quebrá-la. Os grevistas viviam em colónias de tendas
montadas pelo sindicato, a União dos Trabalhadores de Minas, e em Abril de 1914
a Guarda Nacional, que era na altura paga pelos Rockefellers,
a Guarda Nacional atacou a colónia de tendas de homens, mulheres, crianças,
matou muitas pessoas, pegou fogo ás tendas.
Encontraram-se no dia seguinte, os corpos de 11 crianças e duas mulheres
que foram queimados, sufocados até à morte no incêndio.
Este episódio foi chamado o "Massacre de Ludlow".
Um breve olhar a eventos anteriores ao de Ludlow
revela que a brutalização dos trabalhadores nos Estados Unidos
não era uma ocorrência invulgar.
Sessenta anos antes, em 1847, uma greve geral em todo o país
encontrou opressão violenta por tropas federais.
Mais de 30 trabalhadores foram mortos e 100 feridos
na "Batalha do Viaduto", em Chicago.
Em 1894, tropas federais mataram 34 membros do sindicato ferroviário
também na área de Chicago. As tropas estavam a tentar quebrar a greve
conduzida por Eugene Debs contra a Companhia Pullman.
Em 1897, 19 mineiros de carvão desarmados foram mortos e 36 feridos
por um bando organizado por um xerife perto de Lattimer, Pensilvânia.
A maioria dos trabalhadores foram mortos a tiro pelas costas quando tentavam fugir.
A visão mundial dos grandes capitalistas no virar do século
pode ser resumida nas palavras de William Vanderbilt.
Em resposta a uma sugestão de que a Empresa Ferroviária de Nova York
devia ajustar os seus horários dos comboios para acomodar o público
ele respondeu: "O povo que se dane!"
Mas a relação entre o público e as corporações estava a mudar.
Décadas de organização e rebelião tinham dado origem
a uma vasta rede de grupos de trabalhadores com crescente poder político.
Com o tempo, esta incluiu o Movimento dos Agricultores, o Partido Socialista,
os Greenbackers, os Populistas e Progressistas.
E talvez mais significativamente, a União Anarquista
conhecida como os Trabalhadores Industriais do Mundo, ou os "Wobblies".
Após o massacre de Ludlow, soldados em Denver recusaram-se a participar
em novos ataques contra os mineiros, declarando que
não iriam fuzilar mulheres e crianças.
Manifestações eclodiram em todo o país.
Uma marcha ocorreu em frente dos escritórios Rockefeller em Nova York.
Um clérigo protestou em frente a uma igreja onde Rockefeller
gostava de dar sermões, apenas para ser espancado pela policia.
Em linguagem moderna, foi um pesadelo de relações públicas.
Ivy Lee foi trabalhar para - entre outros clientes - os Rockefellers.
A família Rockefeller, após o massacre de Ludlow
contratou, usou Ivy Lee
para gerir a percepção pública em torno desse evento e outros eventos.
A especialidade de Ivy Lee era a gestão de crises.
Entre outras coisas, ele é creditado pela invenção do comunicado de imprensa
que todos nós pensamos ser algo útil.
Queres divulgar um evento? Um piquenique da igreja? Convocar uma colectiva de imprensa?
Você realiza um comunicado de imprensa.
Mas naquela época, a ideia era muito radical
porque o que o Ivy Lee dizia era:
"Bem, nós vamos gerir esta crise chamando a atenção para ela.
Nós vamos realmente assistir e ajudar
a comunicação social e os jornalistas na sua cobertura."
O que ele sabia era que o grau a que os jornalistas se tornaram
influenciáveis e dependentes dos seus serviços era o grau
no qual ele pôde realmente cultivar e gerir a cobertura.
Lee começou por empreender uma campanha de desinformação.
Lançou noticiários afirmando que as 2 mulheres e 11 crianças em Ludlow
não tinham sido mortas pela milícia, mas por um fogão que tinha sido derrubado.
Fez circular histórias sugerindo que a freira Jones
além de ser uma organizadora do movimento dos trabalhadores, era uma senhora que dirigia um bordel.
Escreveu cartas-fantasma ao Governador, e até ao Presidente Wilson.
As técnicas de Lee tiveram pouco sucesso,
em parte porque ele próprio tinha-se tornado uma figura de destaque.
No futuro, os especialistas de RP iriam aprender que as suas técnicas
raramente são eficazes a menos que sejam praticadas no "escuro".
No entanto, uma das inovações de Lee foi a criação de modas.
Ao saber que a Fundação Rockefeller
tinha 100 milhões de dólares reservados para fins promocionais,
ele convenceu Rockefeller a doar grandes somas para faculdades,
hospitais, igrejas e organizações de caridade
a fim de gerar publicidade positiva.
Ele também sugeriu que Rockefeller Sénior começasse a distribuir dinheiro em público
e que o Júnior aparecesse em sessões fotográficas nos locais de trabalho.
O que Ivy Lee entendeu foi que a empresa precisava de uma maquilhagem.
Amplamente vistas como instituições gananciosas e tiránicas,
as empresas precisavam de fabricar uma imagem baseada no carinho e cordialidade.
Isto foi o início da indústria de relações públicas.
Rockefeller não criou a Fundação Rockefeller
até se ter tornado bastante impopular devido ás suas políticas de trabalho.
E de repente, Rockefeller precisava de criar uma boa impressão.
Bem, é um fenómeno interessante que os pobres realmente dão
uma maior percentagem do seu salário
que os ricos.
Eu acho que os ricos sentem que estão a fazer mais porque
dar 100 mil dólares parece ser uma doação substancial
e não importa que eles tenham 100 milhões de dólares.
Eles ainda pensam que já fizeram muito.
Por isso, é em parte resultado desta distorção de valores económicos
e é em parte resultado de se ser ganancioso.
As pessoas não querem dar a sua riqueza,
disse Ted Turner, porque elas têm medo que o seu estatuto
nos 400 da revista Forbes desça um bocadinho.
Então elas dão-no quando é prudente ou quando é vantajoso;
quando podem obter algum benefício a partir disso
ou quando pode dar-lhes acesso a um tipo diferente de classe social
ou um grupo diferente, de que eles querem fazer parte.
Mas, eles têm uma visão mais funcional da sua riqueza
invés de uma visão estritamente caridosa.
Caridade, e caridade privada, até poderia dizer caridade governamental -
qualquer tipo de acção
que alivia a angústia das pessoas por um bocado de tempo
sem alterar o sistema - mantém o sistema.
Na verdade essa é a maneira como o sistema americano
- que é muito explorador e muito injusto -
essa é a forma como o sistema americano está a ser mantido
durante todos estes séculos, realmente:
Dando às pessoas um pouco
e dando a suficientes pessoas apenas o suficiente
para impedi-las de saírem em revolta.
Hoje, uma das maiores empresas de RP do mundo
especializa-se na arte da gestão de crises.
Burson-Marsteller tem escritórios em 35 países
e tem servido clientes tão variados como a produtora de cigarros Phillip Morris,
a gigante química Union Carbide e a Empresa Monsanto,
uma empresa especializada em engenharia genética e outras ciências da vida.
Como o Grupo Rendon, Burson-Marsteller é bipartidária até ao seu núcleo.
O seu presidente mundial e chefe-executivo, Mark Penn,
serviu Hillary Clinton como conselheiro político importante durante as eleições de 2008.
A faceta mais preocupante da Burson-Marsteller
é a sua vontade de trabalhar com os piores violadores dos direitos humanos no mundo.
Eles desenvolveram RP para o governo da Indonésia
enquanto este cometia genocídio em Timor Leste.
Eles colaboraram com o governo nigeriano e a Royal Dutch Shell
durante e após a Guerra de Biafra, na Nigéria.
E eles ajudaram a melhorar a imagem de uma junta militar
argentina apoiada pelos EUA, liderada pelo general Jorge Videla.
Um dos seus clientes nos anos 70 foi
a junta brutal argentina que tinha tomado o controlo do governo
e ia recolhendo dissidentes, sistematicamente torturando, espancando e matando
pessoas e ao voar sobre o oceano despejava os corpos.
Não é realmente uma imagem pública muito boa.
Então, a empresa Burson-Marsteller foi utilizada pela Argentina,
contratada pela Argentina e foi trabalhar para ela com agrado
sob um contrato chorudo para melhorar a imagem da Argentina
na comunidade financeira internacional e na imprensa ocidental.
De certa forma, não deveria ser surpreendente que as relações públicas
tenham evoluído para empresas como a Burson-Marsteller e o Grupo Rendon.
Olhando para trás para a carreira do seu primeiro guru,
encontramos um padrão semelhante notável.
Ivy Lee foi trabalhar para a empresa IG Farben,
uma grande empresa alemã industrial, e nós sabemos agora que a IG Farben
fazia realmente parte do círculo interior de propaganda nazi.
Uma das mais eficazes e, claro, horríveis
campanhas de propaganda governamentais jamais organizadas
foi a campanha nazi, que continuou por muitos anos
sob a direcção do ministro de propaganda nazi Joseph Goebbels.
E a IG Farben pagou a Ivy Lee e também pagou ao filho de Ivy Lee para representarem
não apenas os seus interesses, mas os interesses da Alemanha nazi, num esforço para
pintar o regime nazi como
um regime amigável.
Mas antes de emprestar a sua perícia ao Terceiro Reich,
o Sr. Lee o emprestaria ao governo norte-americano.
Juntamente com outros especialistas no campo em desenvolvimento da ciência da mente
e relações públicas, ele construiria propaganda para a 1ª Guerra Mundial
não apenas contra o inimigo, os alemães -
mas contra o próprio povo americano.
II. Propagação da Fé
Costumamos falar sobre a propaganda como sendo relativamente recente
mas, claro, não o é.
Mesmo nas sociedades antigas que não eram democráticas,
especialmente grandes estados, foi entendido pelas elites que
se não se tem o apoio do povo, pode-se estar em apuros.
E assim, um bocado razoável de atenção foi dado realmente a
legitimar aventuras militares.
Estou a lembrar-me aqui de uma passagem num texto antigo chinês,
eu acho que é Han Fei Tzu, por isso seria de cerca de 2.300 anos atrás,
onde o autor do livro diz: "Em geral", - e estou a citar agora -
"Em geral, a guerra é uma coisa que as pessoas desprezam."
Portanto, quando um jovem deve ser enviado para a guerra, a sua mulher,
os seus pais, a sua família, devem reunir-se à volta dele e dizer-lhe:
"Conquista, ou que eu nunca mais te volte a ver."
E esta é uma sensação muito poderosa de -
Bem, antes de tudo, a violência feita contra aquele jovem.
Mas também no sentido de que
a guerra é repugnante para a maioria das pessoas
e muitas vezes não do seu melhor interesse
e, portanto, são precisos todos os tipos de canções e danças
e neste caso
ameaçando o jovem, essencialmente, com desapropriação.
Não podes voltar para a tua família. Não podes voltar para casa.
Vais ser desonrado. Honra, segurança,
tudo foi posto em jogo aqui. E continua.
Por isso, a segurança nacional é uma das noções mais poderosas
nos tempos modernos, para enganar - eu acho - as pessoas
a fazerem coisas que não são do seu melhor interesse
e apoiarem massivos complexos militares
que não são do interesse de ninguém
mas que são como cancros alimentando-se da sociedade como modo de vida.
Propaganda e persuasão têm andado por cá há séculos.
Mas propaganda no seu sentido moderno
pode ser rastreada até ao século XV e XVI
quando a Igreja Católica estava numa dura competição com os Protestantes
sobre como articular uma visão religiosa do mundo.
E a razão pela qual eu menciono isto é porque demonstra
que a propaganda é sobre manipulação mental.
É sobre ideologia. É sobre a visão do mundo: como as pessoas vêem as coisas
independentemente das suas posições individuais
ou se por acaso gostam deste candidato ou daquele candidato.
Portanto, foi dali que a palavra veio:
para "propagação da fé".
E é desta forma que a palavra foi utilizada até ao início do século XX.
E então, o que emergiu, em particular com a 1ª Guerra Mundial,
foi a aplicação desta "propagação da fé"
no que se refere a assuntos internacionais,
no que se refere ao que um governo nacional deveria fazer -
política de segurança nacional.
Na preparação para a 1ª Guerra Mundial, e durante a 1ª Guerra Mundial
o que se viu no palco geopolítico foi uma crise de impérios.
Impérios estavam-se a desintegrar-se, a cair aos pedaços.
O Império Britânico parecia extremamente forte naquela época
mas, não obstante, estava numa fase descendente.
Não podia sustentar o seu próprio exército, por exemplo.
O mesmo com o Francês. O mesmo com o Austro-Húngaro.
O mesmo com o Russo - o Império Czarista.
O mesmo com o Império Otomano Turco, e assim por diante em todo o mundo.
Quando aquela guerra estava em andamento
o Reino Unido, particularmente,
criou uma repartição cujo propósito específico
era promover os objectivos de guerra do Reino Unido, o Inglês
através de propaganda, através de operações secretas,
através do que seria hoje chamado de "truques sujos", através de dizerem a verdade,
através de todo um número de diferentes aplicações de informação
utilizando a informação como um instrumento de guerra.
E desde o arranque, desde o início
visava tanto o inimigo
como as populações em casa.
A Comissão Creel foi a variante americana do mesmo.
Woodrow Wilson entrou em funções em 1916
com o slogan "Paz sem Vitória".
Ele disse que o que nós queremos é um fim à 1ª Guerra Mundial.
Nenhum dos lados merece o nosso apoio.
E a população não queria entrar na guerra.
Nos Estados Unidos, 1916 foi um ano eleitoral.
A guerra foi o tema dominante.
As campanhas eleitorais dos partidos cristalizaram a tendência da opinião.
Neutralismo, o profundo desejo de permanecer fora da guerra
colocava uma vitória notória no Presidente.
O apoio à política de Wilson era forte
nos estados do Centro-Oeste e do Pacífico.
A guerra da Europa parecia mais remota ali do que na costa atlântica.
Na Convenção Democrata, Wilson foi renomeado
candidato presidencial.
O presidente abriu o seu discurso com um texto
do Sermão da Montanha:
"Abençoados sejam os pacificadores:
pois serão chamados de filhos de Deus".
"Passado alguns meses, Wilson falava sobre
'Vitória Sem Paz',
e ele tinha que, de alguma forma, conduzir a população a aceitar
essa mudança brusca na política; o oposto do que eles votaram,
e é aí que a Comissão Creel apareceu.
George Creel descreveu o seu trabalho com um entusiasmo ousado.
Era uma simples proposta de propaganda. Uma vasta empresa de vendas.
A maior aventura do mundo na publicidade.
75.000 líderes civis, conhecidos como "Four Minute Men" (Homens de quatro minutos)
foram reunidos para entregar mensagens pró-guerra ás pessoas nas igrejas,
teatros e grupos cívicos.
Publicações periódicas foram enviadas para 600 mil professores.
Os Escuteiros entregavam cópias dos discursos do presidente Wilson
às famílias por toda a América.
Foi, em suma, a maior campanha de propaganda de guerra
na história dos Estados Unidos.
No centro de propaganda do comité encontravam-se duas ideias básicas:
1: o território dos EUA estava em perigo iminente
pelo inimigo selvagem e sanguinário.
E 2: era o destino da nação americana,
nas palavras do presidente Wilson
"tornar o mundo seguro para a democracia".
A primeira coisa foi uma táctica consagrada pelo tempo, há muito usada nos Estados Unidos
e em outros países, para difamar inimigos estrangeiros,
povos indígenas e escravos.
Durante a Grande Guerra, o índio selvagem e o *** sub-humano
foram transformados no bárbaro Huno.
A caricatura do Huno sanguinário foi reforçada
por uma série de reportagens falsas lançadas pela nova indústria de propaganda
e disseminadas para o público.
Entre elas, que os bebés na Bélgica tiveram as suas mãos cortadas,
eram empalados em baionetas e, em num caso, pregado a uma porta.
Que um canadense tinha sido crucificado por soldados alemães
e que cadáveres estavam a ser cozidos nas chamadas
"fábricas de cadáveres", para serem utilizados para munições e comida de porco.
Num prenúncio do incidente "Batatas-fritas da Liberdade",
a chucrute foi rebaptizada de "couve da Liberdade".
Histórias falsas de atrocidades tornariam-se um selo para as nações
em tempo de guerra ao longo do século XX.
Um exemplo recente ocorreu antes da 1ª Guerra do Golfo.
Enquanto eu estava lá, vi soldados iraquianos entrarem no hospital com armas.
Eles tiraram os bebés das incubadoras ...
...tiraram as incubadoras e deixaram as crianças a morrer no chão frio.
Como se verificou, o massacre de bebés nunca ocorreu.
A jovem era na realidade um membro da família real do Kuwait
e tinha sido treinada pela empresa de relações públicas Hill & Knowlton
para prestar um testemunho falso persuasor.
Crianças em incubadoras, e elas foram despejadas das incubadoras
para que o Kuwait pudesse ser sistematicamente desmantelado.
A tentativa de gerar ódio contra os alemães de forma a apoiar a guerra
foi muito bem sucedida. Mas havia outro
aspecto igualmente importante para a campanha de propaganda nacional.
Se cada história de aventuras precisa de um vilão, também precisa de um herói.
"Deve usar a influência que tem para impedir que o seu povo pacífico
lute nas batalhas de uma França ou Bélgica distantes."
"É Deus quem chama os meus filhos - a salvar a humanidade."
Creel estimou que 72 milhões de cópias de 30 folhetos diferentes
sobre os ideais americanos foram enviados por todos os Estados Unidos
e outros milhões enviados para o estrangeiro.
Além de influenciar as mentes dos europeus,
o objectivo era redefinir, para a população nacional,
o próprio conceito do que significava ser americano.
O novo norte-americano não iria interpretar os acontecimentos, a partir do que Creel chamou
uma classe ou posição seccional, mas sim como um colectivo unificado.
Desta forma, as pessoas poderiam ser reunidas num "instinto de *** branca e quente."
Anteriormente, uma acção militar pelos Estados Unidos
havia sido justificada sob o pretexto de manter a ordem
protegendo os interesses dos EUA, e trazendo civilização aos selvagens.
Agora, a palavra "civilização" iria transformar-se em "democracia".
Marshall McLuhan, o teórico da comunicação canadense, disse uma vez que:
"Se um peixe pudesse falar, e se lhe pudesses perguntar
"Qual é o elemento mais evidente do teu ambiente?"
a última coisa que o peixe diria seria "água".
Esta seria a última coisa que o peixe iria notar e é a verdade sobre qualquer cultura.
Aquelas coisas que são mais poderosas e mais óbvias para uma pessoa de fora,
não são vistas pelas pessoas que nadam nessa água.
"Os EUA é o povo escolhido por Deus."
Isto remonta a 1630, onde John Winthrop na Arbella,
vindo da Inglaterra para os Estados Unidos, disse: "Somos uma cidade numa colina".
Não é por acaso que nos debates de campanha
e campanhas dos candidatos recentes
tinha-se Barack Obama de facto a dizer:
"Somos uma cidade numa colina", assim como Sarah Palin.
Ronald Reagan disse-o no seu discurso inaugural.
Eu falei sobre uma cidade brilhante durante toda a minha vida política
mas eu não sei se alguma vez cheguei a comunicar
o que eu vi quando o disse.
Mas na minha mente, era uma cidade alta, orgulhosa,
construída sobre rochas mais fortes do que os oceanos,
varrida pelo vento, abençoada por Deus,
e repleta de pessoas de todos os tipos, vivendo em harmonia e paz."
"Somos uma cidade numa colina, e por isso a nossa missão é democratizar
o resto do mundo. Nós temos o melhor sistema possível,
e, basicamente, as pessoas deviam prestar atenção, porque nós sabemos."
A ideia de um estado em particular representar-se como salvador do mundo
seria elevada a um novo patamar nos Estados Unidos
mas não foi uma invenção americana.
O motivo "salvador" foi usado como uma justificação
para praticamente todas as intervenções imperiais durante a Era Colonial.
Líderes franceses falaram de uma "missão civilizadora" nas suas novas colónias.
Os líderes britânicos falaram em trazer progresso e governo civilizado para a Índia.
O ***ão imperial falou em desencadear um paraíso terrestre na Ásia.
Enquanto que o 3º Reich sonhou com uma utopia mundial.
Uma década antes da 1ª Guerra Mundial, Mark Twain afirmou que:
"O meu tipo de lealdade era a lealdade para com o meu país,
não para com as suas instituições ou os seus dirigentes."
Décadas mais tarde, George Orwell chegou a uma conclusão similar, que:
"Patriotismo é uma devoção a um determinado lugar e povo
ao contrário de nacionalismo, que é inseparável do desejo pelo poder."
Este conceito de patriotismo permanece vago.
"Quando a guerra contra Saddam começar, esperamos que cada americano
apoie os nossos militares, e se eles não o fizerem, que se calem."
Igualando o super-patriotismo ao militarismo:
esforço militar, conquistas militares,
lutas e vitórias militares; isto é tudo supostamente
uma manifestação especial de super-patriotismo.
E eu argumento que um verdadeiro patriota quer algo diferente para o seu país.
Ele quer justiça social. Ele quer paz e estabilidade.
Ele quer equidade. Ele quer o fim do racismo e sexismo.
Ele tem orgulho da capacidade do seu país no aperfeiçoamento social
invés da capacidade do seu país
de invadir e abusar outros países.
Um verdadeiro patriota sente uma ligação com o seu país
mas não à custa de outros países.
Ele ou ela pode sentir uma conexão especial
em relação à história do seu próprio país.
Ele valoriza os feitos do seu país
como a abolição da escravatura, o aparecimento da negociação colectiva
e os direitos dos trabalhadores para uma vida melhor,
as conquistas feitas pelas mulheres
em termos de serem capazes de participar na vida pública.
Este é o tipo de coisas a que o verdadeiro patriota daria valor.
Em Outubro de 2001, George W. Bush assinou uma lei
a que os defensores das liberdades civis caracterizariam
como um ataque total contra a Carta dos Direitos.
Foi a chamada Lei Patriótica.
Durante a Grande Guerra, leis semelhantes foram criadas.
A Lei da Espionagem de 1917 e a Lei da Insubordinação, passada um ano mais tarde,
autorizaram multas elevadas e penas de prisão longas para todo aquele
que obstruísse o alistamento militar, ou incentivasse o que foi denominado
"deslealdade para com o estado".
A legislação abrangente foi rapidamente posta em prática.
E em primeiro na lista, estavam os "Wobblies".
Devemos ter esta -
Prosperidade
- Ou devemos ter esta -
Anarquia, Insubordinação, Ilegalidade.
De muitas maneiras, os Wobblies foram o exemplo mais impressionante
de um movimento sindical na história da classe trabalhadora dos EUA.
"Wobblies" foi o apelido de uma organização chamada
os Trabalhadores Industriais do Mundo (IWW),
que floresceu na primeira década e meia do século XX.
A Federação Americana do Trabalho, sendo a união profissional principal na altura
recusou-se a representar afro-americanos, imigrantes
e mulheres trabalhadoras.
Portanto, isso significava excluir a grande maioria
da classe trabalhadora do movimento sindical.
Vêem os Wobblies, e eles estabeleceram-se desde o início
especificamente para representar imigrantes
mulheres, afro-americanos, ao lado de trabalhadores brancos
no que eles chamaram de "um grande sindicato".
Eles conduziram algumas das greves mais bem sucedidas.
Uma das suas greves foi a primeira greve de "ocupação" na altura.
As mulheres trabalhadores desempenharam papéis de liderança
algo que era absolutamente desconhecido na época.
A sua filosofia foi uma filosofia revolucionária.
É conhecido como anarco-sindicalismo.
Um federado e descentralizado
sistema de associações livres,
incorporando instituições económicas como sociais
seria o que eu chamo de anarco-sindicalismo
e parece-me ser a forma apropriada de organização social
para uma sociedade tecnológica avançada em que os seres humanos
não têm de ser vistos como utensílios; como engrenagens numa máquina.
A 5 de Setembro de 1917, agentes federais
invadiram os escritórios dos Wobblies por todo o país,
conduzindo a detenções por crimes de insubordinação,
deslealdade, e recusa de dever nas forças militares e navais.
101 dos réus foram considerados culpados
e receberam penas de prisão até 20 anos.
Wilson levou a cabo uma repressão interna brutal chamada "Medo Vermelho"
a qual foi a pior da história americana; muito pior do que McCarthy
e ainda pior do que qualquer uma que esteja a acontecer actualmente.
Eles prenderam milhares de pessoas e esmagaram o movimento operário.
Grandes restrições à liberdade de expressão colocaram muitas pessoas na cadeia e
expulsaram todo o tipo de pessoas do país.
No entanto, o que começou como uma caçada contra radicais
logo se espalhou por todos os cantos da sociedade dos EUA.
Patriotas foram incentivados a informar sobre amigos e vizinhos
que se pronunciassem contra a guerra
enquanto que a vigilância aumentou dramaticamente, não só pelos militares
mas através de instituições aparentemente benignas, como os correios.
O estado floresce em tempo de guerra.
O estado fortalece-se em tempo de guerra.
O Estado acumula poder. O exército é reforçado.
As forças de repressão são reforçadas.
A guerra é uma oportunidade para o governo crescer em poder.
Pela altura em que a guerra terminou, o número total de mortes
havia alcançado cerca de 9,7 milhões de soldados
com outros milhões a sofrerem lesões de impacto profundo nas suas vidas
e grave stress pós-traumático.
A finalidade não foi clara. O grande derramamento de sangue
não tinha tornado o mundo seguro para a liberdade e democracia.
O fez foi ter produzido enormes fortunas
para um punhado de empresas e bancos
enquanto deixava o movimento sindical por todo o mundo em desordem.
Se a Grande Guerra foi um *** à Constituição
e ao conceito de equilíbrio de poderes uns pelos outros, falhou.
O Supremo Tribunal dos Estados Unidos estabeleceu em 'Schenck contra os Estados Unidos'
e em 'Abrams contra os Estados Unidos', que o Governo Federal
podia suspender direitos constitucionais quando a nação enfrentasse:
"um perigo claro e presente".
Randolph Bourne, ao falar sobre a Grande Guerra como um todo
respondeu em antecipação com um dito agora famoso.
"Guerra", disse ele, "é a saúde do Estado."
III. Nós o Povo
A definição de poliarquia que temos nas ciências sociais
é um sistema onde a participação das massas de pessoas é limitado a
voto entre um ou outro representante
da elite em eleições periódicas.
E entre eleições, espera-se que as massas se mantenham quietas
para voltarem à vida de costume enquanto a elite toma as decisões e dirige o mundo
até que eles possam escolher entre uma ou outra elite, quatro anos mais tarde.
Portanto, a poliarquia é um sistema de governação da elite
e um sistema de governação da elite que é mais suave
do que o tipo de sistema de governação da elite que veríamos
numa ditadura militar, por exemplo.
Mas, o que vemos é que sob uma poliarquia
o sistema sócio-económico base não muda;
não se torna democratizado. A riqueza não é redistribuída de cima para baixo.
Não se vê uma redistribuição mais equitativa da riquezas e dos recursos.
Então esta é a chave: ditadura socioeconómica
e eleições livres; esta é a receita para a poliarquia.
Uma democracia participativa veria não só mais participação
das pessoas na conduta dos seus assuntos diários, mas também
uma democratização da economia; uma democratização das relações sociais.
No século XX
Não se pode realmente falar abertamente sobre uma governação pelos ricos.
Isso não soa bem. Os dispositivos que têm sido desenvolvidos -
dispositivos de propaganda - são dirigidos pelos mais competentes:
a elite tecnocrática, as pessoas responsáveis, os sectores instruídos.
Há uma vasta bibliografia sobre isto, mas talvez a principal fonte
para o século XX, é o principal intelectual público
do século XX, nos Estados Unidos, Walter Lippmann.
Comentador altamente respeitado em questões públicas,
e também um teórico da democracia.
Durante a 1ª Guerra Mundial, as pessoas que mais tarde surgiriam
como uma espécie de "Pais Fundadores" em investigação da comunicação moderna,
aplicações da comunicação moderna, aplicações da comunicação social -
um grande número deles tinha trabalhado como propagandistas durante a 1ª Guerra Mundial
muitos deles como pessoas relativamente jovens
que estavam a criar as suas próprias ideias naquela altura.
E um deles foi Walter Lippmann. E Lippmann emergiu
realmente até hoje, como uma referência intelectual
com uma forma particular de olhar para a sociedade.
Hoje, Walter Lippmann é conhecido como o "Reitor do jornalismo americano".
No entanto, durante a Grande Guerra, ele foi escritor chefe de panfletos
e editor da unidade de propaganda dos EUA.
Ele também foi secretário de "O Inquérito",
uma agência semi-secreta.
Antes de lidar com as contribuições de Lippmann para a teoria política
primeiro temos de compreender as formas de democracia
que têm caracterizado os Estados Unidos e outras nações ocidentais
desde a época das grandes revoluções.
Apesar do avanço a partir da idade da monarquia,
os novos estados-nação iriam preservar o conceito
de que as elites ricas tinham o direito de governar sobre a *** populacional.
"Bem, fez-me bem esta visão, ter avançado no tempo desta forma
para ver o quanto maravilhoso as coisas se tornaram.
Mas, eu desejava poder levar-vos de volta comigo,
voltar atrás no tempo, de volta àqueles 200 anos
quando estávamos a começar como nação.
Eu desejava que pudésseis ter visto este país naquela altura."
George Washington era dono de escravos.
James Madison era dono de escravos.
Thomas Jefferson era dono de escravos.
Sobretudo, Jefferson, que foi o mais democrático de todos
não estava na Convenção de Filadélfia.
Ele era embaixador na França, e apanhou
muitas ideias radicais da Revolução Francesa
que não o tornaram mais amável para pessoas como Alexander Hamilton.
A divisão inicial na política dos EUA
remonta a essas raízes.
São Democratas "Jeffersonianos" contra Federalistas
o líder dos quais, até ter sido morto por Burr,
foi Alexander Hamilton.
Essencialmente uma luta de classes - um conflito de classes.
Thomas Jefferson foi, de facto,
um pensador democrata bastante radical no seu tempo.
E claramente, o afirmado na Declaração
que "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas
que todos os homens são criados iguais e dotados pelo seu Criador
com certos direitos inalienáveis", foi uma declaração Democrata poderosa.
E, apesar de Jefferson não o aplicar a mulheres
ou aos índios ou aos negros, contudo, em todos esses casos
essas palavras tornar-se-iam muito prestáveis àqueles grupos
ao fomentarem direitos civis e liberdades civis posteriormente
nos Estados Unidos, onde a Declaração de Jefferson os deixou para trás.
O problema da Declaração de Independência
foi que uma vez que a independência foi obtida da Grã-Bretanha
a questão tornou-se uma de governação:
como é que estas ex-colónias da Grã-Bretanha seriam governadas?
Bem, isto levou imediatamente à Convenção Constitucional de 1787
onde uma série de revoltas por parte dos devedores, essencialmente -
não apenas em Massachusetts - o mais famoso é, sem dúvida,
a Rebelião Shays em 1786.
O estado americano foi fundado, em grande parte, para obter o Vale de Ohio,
em grande parte para atravessar os Apalaches;
o Americano - ou seja - a Constituição
para organizar um exército e dinheiro
a fim de conquistar novas terras mais a Oeste.
Esta é a origem dos EUA.
Mas para fazer isto, os senhores de escravos não vão fazer a luta,
o que eles vão fazer é contratar pessoas pobres para fazê-lo.
Mas quando eles não pagam às pessoas pobres, como não pagaram a Daniel Shays,
Daniel Shays assume a responsabilidade com as suas próprias mãos em 1787
e vai para os tribunais e desactiva-os
porque os tribunais começaram a confiscar
com o motivo de que Daniel Shays e os outros veteranos
da Guerra da Independência Americana, não tinham o dinheiro para pagarem as dívidas.
Tumultos provocados por devedores estavam a acontecer durante 1780
e eles eram suficientemente assustadores para
as pessoas com propriedade, e por isso tinham que fazer.
E o que eles fizeram foi, essencialmente,
destituir os Artigos da Confederação
e introduzir um muito mais forte e
muito mais capaz governo para proteger os interesses de propriedade
que estavam terrivelmente ameaçados pelo "povo".
Este foi um golpe de Estado, que quase se poderia dizer elitista,
exceptuando o facto de não haver nenhum governo central forte
contra o qual lançar um golpe.
Eles estavam realmente a tentar montar um
e protegê-lo contra um interesse maioritário,
principalmente um interesse económico, principalmente um interesse de propriedade,
especialmente ameaças de pessoas que não tinham muito.
A primeira coisa que fizeram quando chegaram a Filadélfia
em 1787 foi trancarem as portas.
E a única razão pela qual nós sabemos o que aconteceu por detrás dessas portas fechadas
foi porque pessoas como James Madison fizeram anotações extensivas.
A Constituição Americana foi formulada primeiramente por James Madison.
Ele é o grande redactor da Constituição e ele queria superar
o que ele chamava de tirania da maioria.
Ele disse que o primeiro objectivo do governo
era garantir que os opulentes
eram protegidos da maioria.
Por isso, ele concebeu a Constituição de tal forma que
como ele dizia, a "riqueza da nação" estará no comando.
O grupo mais responsável de homens, aqueles que simpatizam
com os proprietários e os seus direitos.
E o sistema foi concebido dessa forma. De que o poder estava no Senado,
que era o órgão menos representativo
e era a "riqueza da nação" e, de facto, ainda é.
A Câmara dos Representantes, que é mais democrática em teoria
tinha muito menos poder.
E o poderoso executivo também é suposto
representar a "riqueza da nação".
Em defesa de Madison, deve-se dizer
que ele era realmente pré-capitalista na sua mentalidade.
Ele assumiu que os ricos seriam
o que ele chamou senhores benevolentes
que não estariam preocupados com os seus próprios interesses
mas com o benefício do povo.
Adam Smith, que o antecedeu, foi muito mais realista.
Ele ressaltou que os principais arquitectos da política,
nomeadamente os comerciantes e fabricantes do seu tempo,
garantiam que as políticas eram concebidas
de modo a que os seus próprios interesses fossem protegidos
não importa quão penoso
o efeito sobre os outros, inclusive o povo da Inglaterra.
É bastante interessante comparar
o pensamento de Madison, que fundou este país
com o primeiro grande livro sobre política,
nomeadamente "A Política de Aristóteles".
Aristóteles investigou muitos tipos de sistemas
e decidiu que, de todos eles, ele não gostava de nenhum,
mas disse que de todos eles, a democracia é provavelmente o melhor.
Mas ele disse que a democracia tem um problema
e era o mesmo problema que Madison notou séculos mais tarde.
Ele disse que, se em Atenas todos tivessem direito a voto
a maioria pobre iria atacar a propriedade dos ricos
insistindo que fosse dividida, e ele também sentiu que isso era injusto.
Mas Madison e Aristóteles tinham soluções opostas.
A solução de Madison foi de restringir a democracia.
A solução de Aristóteles foi de restringir a desigualdade.
Os opositores do novo governo foram chamados de Anti-Federalistas
embora o termo seja impreciso.
A maioria era favorável a alguma forma de federação
mas insistiu num controlo mais localizado
com um sistema democrático mais participativo.
A Declaração dos Direitos dos Cidadãos - as primeiras 10 alterações à Constituição -
foi o preço que os federalistas tiveram de pagar
nas convenções de ratificação para conseguir aprovar o documento.
Assim, o elemento democrático da Constituição
que, claro, é a Declaração dos Direitos dos Cidadãos, foi forçado pelas suas gargantas abaixo.
Ela não saiu de forma alguma da Filadélfia.
Foi anexada em 1791
e introduzida forçosamente na Constituição
pelos elementos mais democráticos da sociedade.
Mesmo com a Carta dos Direitos, temos um sistema
que está longe de ser perfeito do ponto de vista dos direitos civis
e das liberdades civis - colocando-o suavemente.
Tropeçou em tudo o que era direitos dos cidadãos.
Assim, a Declaração dos Direitos dos cidadãos é um fraco conjunto de garantias
de direitos civis e liberdades civis nos Estados Unidos.
Eu odeio pensar dos Estados Unidos sem ela. Os Anti-Federalistas
foram significativamente mais parciais
aos elementos democráticos na sociedade
e aos direitos do cidadão comum
do que os federalistas, significativamente mais elitistas.
Se o maior legado dos Anti-Federalistas foi a Declaração dos Direitos dos Cidadãos,
o seu sonho de democracia directa não se concretizou.
Na época, muitos dissidentes fizeram previsões para o que eles acreditavam
acontecer enquanto a nova nação cresceria e floresceria.
"O curso natural do poder é fazer muitos escravos de poucos"
um Anti-Federalista escreveu.
Outro opôs-se ao novo governo, porque
"A maior parte das pessoas não tem voz;
o governo não é um governo do povo."
"Os homens de fortuna não sentiriam pelas pessoas comuns."
"Uma tirania aristocrática surgiria
em que o grandioso vai lutar por poder, honra e riqueza...
O pobre tornar-se presa da avareza, da insolência e da opressão."
"Em suma, meus concidadãos, pode-se dizer que isto é nada mais nada menos
do que um vil passo na direcção de império universal."
Um modelo significativo para ambos os federalistas e anti-federalistas
eram os Iroqueses, que haviam criado uma federação
sofisticada e democrática de unidades auto-reguladoras.
Em grande contraste com as formas de governo europeias,
o povo iroquês tinha a capacidade de remover líderes corruptos de forma imediata;
as mulheres desempenhavam um papel significativo na tomada de decisões,
todos estavam autorizados a participar em debates e na formulação de políticas.
Os nativos americanos eram extremamente democráticos da forma como operavam.
Nenhuma sociedade é perfeita, mas quando se fazem comparações
vê-se que eles eram, por vezes, pequenos
mas por vezes eram 30 a 40 mil pessoas ou mais
numa grande confederação
que operava na base do respeito mútuo.
Respeito mútuo que se desenvolveu a partir da experiência
porque se alguém não tratasse as pessoas com igualdade
viria a ter grandes problemas com elas.
As sociedades eram extremamente colaborativas
mas também eram extremamente individualistas.
O indivíduo era honrado, mas os valores
eram colaborativos porque todos tinham que se dar bem.
Todos eram incluídos em todas as decisões que os afectavam.
Os anciãos, obviamente, eram homenageados. Eles sabiam mais.
Eles ouviam os mais velhos. Mas, todos tinham uma palavra a dizer.
Tinha-se uma sociedade extremamente participativa
e à medida que crescia... havia uma grande descentralização.
Então, se houvesse um grande número de pessoas
e elas estivessem numa federação, a aldeia decidiria por si própria;
a tribo depois decidiria.
Mas as aldeias individuais teriam que decidir,
depois as tribos da federação, os seus representantes encontrar-se-iam.
Mas eles não iriam decidir por todos
eles teriam de ter o consenso de todas as pessoas.
Então, se não se chegasse a consenso
eles teriam que voltar e discuti-lo.
De modo que, na medida em que havia representatividade
estes eram representantes que eram verdadeiramente representativos.
Eles teriam de voltar atrás;
eles não iriam manter as suas posições, a menos que consultassem as pessoas.
E eles sabiam isso. Mesmo que eles tivessem a autoridade para tomar uma decisão,
as pessoas iriam para outro lugar e deixavam de os ter como líderes
se eles não os ouvissem e não os tratassem bem.
Em geral tinha-se uma sociedade muito mais participativa
e mesmo no mais alto nível representativo,
os representantes tinham realmente que ouvir os seus constituintes.
Ironicamente referidos como primitivos e selvagens, os nativos americanos
tinham, aliás, criado um sistema muito mais democrático de auto-governo
do que qualquer nação civilizada da história.
Mas os seus modelos anárquicos, bem como os sistemas democráticos mais limitados
propostos pelos Anti-Federalistas,
eram incompatíveis com a visão elitista de Madison.
Tanto na república como na democracia parlamentar,
os cidadãos seriam reduzidos a observadores passivos.
Eles seriam autorizados a escolher que individuo
tomava decisões em seu nome
mas eles não teriam possibilidade de tomar essas decisões por eles próprios.
Voltando ao período pós Primeira Guerra Mundial
encontramos apoio generalizado entre intelectuais
para a interpretação elitista, por parte de Madison, da democracia.
De acordo com Walter Lippmann, a função do público na política
era serem espectadores interessados na acção, mas não participantes.
No entanto, Lippmann apercebeu-se de um problema.
Novas tecnologias de comunicação e de transporte
haviam despertado milhões de pessoas destituídas de direitos
para um novo mundo fora das suas vilas e cidades
enquanto estruturas tradicionais económicas, políticas
e sociais permaneciam.
Algo tinha que mudar.
Mas ao invés de defender mudanças estruturais nas instituições da sociedade
Lippmann sugeriu que a propaganda reajustasse a mente do público.
Nos seus ensaios sobre democracia na década de 1920,
que são aliás chamados ensaios 'progressivos' sobre democracia,
ele era um liberal Wilson-Roosevelt-Kennedyniano, na percepção americana.
Ele diz que a maioria é simplesmente incompetente,
eles são ignorantes e leigos intrometidos, na sua opinião
essa é a maioria da população - e permitir que eles participem
na tomada de decisão seria um desastre completo.
E portanto temos que conceber meios
para garantir que o que ele chamou de homens responsáveis —
dos quais ele fazia parte, claro — sejam protegidos
do rugido e atropelamento das bestas,
a maioria ignorante.
(Grito)
E ele criou uma série de métodos;
Lippmann chamou-lhe de "fabricação do consentimento".
Temos de fabricar o consentimento dos ignorantes
e dos leigos intrometidos, a *** da população.
E a enorme indústria de relações públicas foi desenvolvida ao mesmo tempo.
Elas são as pessoas que gerem
e controlam as práticas de marketing
que são chamadas de eleições nos Estados Unidos.
São exercícios de marketing e elas estão bem conscientes disso.
Aparentemente, todos nós estávamos errados;
é pronunciado como "kal - ee - forn - ee - a."
Senhoras e Senhores! O governador do grande Estado da Califórnia,
Arnold Schwarzenegger!
Assim, por exemplo, na última eleição de 2008 -
a indústria da publicidade atribui um prémio em cada ano
para a melhor campanha de marketing do ano -
em 2008 atribuíram-no à campanha de Obama
que venceu os concorrentes comerciais.
A ideia é: Nós comercializamos candidatos da mesma forma que comercializamos pastas para os dentes,
ou medicamentos ou automóveis.
Claro que ajuda ter muito dinheiro.
E, na realidade, o Obama gastou muito mais do que o McCain.
Mas não por causa de contribuições populares.
Elas vieram principalmente de indústrias financeiras. Ele era o seu candidato.
E as suas políticas irão, presumivelmente, responder aos seus apoiantes.
Intelectuais proeminentes continuam a argumentar que a complexidade do mundo
torna a democracia impossível.
Uma reportagem recente na capa da revista 'Tempo' afirmou que
"A democracia vai contra os interesses nacionais...
o mundo moderno é complexo demais para permitir que o homem ou a mulher na rua
interfiram na sua gestão."
Um homem que certamente teria concordado com isto era Edward Bernays.
Tal como Lippmann, Bernays serviu como propagandista no Comité Creel.
E tal como Lippmann, ele reformulou a propaganda de guerra
para adequar-se a tempos pacíficos.
No seu texto clássico, "Propaganda", Bernays sugeriu que as elites
deviam "disciplinar meticulosamente a mente do público da mesma forma que um exército
disciplina as suas formações militares."
Bernays considerou o controle mental em *** tão crucial
que constituía, nas suas palavras,
"a própria essência do processo democrático."
A oportunidade de Bernays brilhar surgiu quando uma crise ameaçou
não só os lucros das grandes corporações
mas todo o sistema capitalista.
A solução, como teorizado por líderes empresariais,
levaria ao colapso social, a uma catástrofe ambiental
e a um maior afastamento entre o povo americano e o seu governo.
E também levaria à riqueza, numa escala nunca antes imaginada.
IV. Consumidores
A principal história que a publicidade nos conta sobre a felicidade humana
é que o caminho para a felicidade é através do consumo de coisas.
Que de facto a compra de algo no mercado vai nos trazer felicidade.
Na verdade essa é a mensagem de quase todos os anúncios.
E não é comum poder dizer-se que existe uma mensagem que está,
literalmente, nos milhões de anúncios que são produzidos todos os anos.
Eu acho que a mensagem da publicidade como um todo
é de que é melhor comprar do que não comprar.
Que de facto o caminho para nos tornarmos... e de que seremos mais felizes
como resultado de comprar ao invés de não comprar.
E eu acho que essa ideia na verdade é a principal força
para a mudança social global, ao longo dos últimos 50 anos.
Na década de 1920, os líderes empresariais foram confrontados com um dilema.
O excesso de produção de mercadorias tinha ultrapassado a procura.
A produção entre 1860 e 1920
tinha aumentado 12 a 14 vezes,
enquanto que a população apenas cresceu 3 vezes.
Havia várias maneiras de resolver o problema.
Um era de reduzir horas de trabalho e aumentar os salários
para que a produção e o consumo chegassem a um equilíbrio.
Isto teria levado a mais tempo de lazer para os trabalhadores
e a uma melhor qualidade de vida.
O problema com esta solução é que poderia ter provocado
uma ligeira diminuição nos lucros.
As empresas são obrigadas por lei a maximizar os lucros
em nome dos seus accionistas, independentemente dos custos
sociais ou ambientais.
De acordo com os líderes de negócios, havia outro problema.
John Edgerton, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes
advertiu que uma semana de trabalho mais curta iria prejudicar a ética do trabalho
e potencialmente incitar o radicalismo.
Se as pessoas tivessem tempo para parar e pensar, elas poderiam também aplicá-lo
para repensar a sua posição na vida.
"O ênfase devia ser colocado no trabalho ..." Edgerton afirmou.
"Mais e melhor trabalho, em vez de recair no lazer."
Parece uma afirmação bastante inofensiva.
Mas o que os empresários defendiam era revolucionário.
A produção já não teria a ver com a satisfação das necessidades humanas.
Seria um fim, em si mesmo.
Ao invés de uma democracia de ideias
ou uma democracia de participação de massas
os Estados Unidos tornar-se-iam numa democracia de bens materiais.
O cidadão seria substituído pelo consumidor.
- Olhem para esses bens amontoados ali.
Estou preocupado. Aqui estamos nós, temos as novas máquinas
e elas estão a portar-se ainda melhor do que esperávamos.
Não só reduziram os custos de produção
como também aumentaram a produção em mais de 50%!
Mas não estamos a vender este produto extra.
Os inventários estão a acumular. Que vamos fazer agora?"
- Parece-me que temos de mudar completamente o nosso plano.
Agora que estamos a aumentar a produção, temos de colocar mais pressão,
trabalhar o território de forma mais intensiva.
- Queres dizer mais publicidade? - Sim.
O problema do capitalismo é o problema do consumo.
E o problema é que depois das suas necessidades básicas serem atingidas
não há necessidade real de consumo.
E então é preciso convencer as pessoas que de facto as suas identidades
baseiam-se no consumo de objectos
para os quais não há necessidades materiais.
Este é o problema que resulta da expansão do mercado.
Se olharmos para a publicidade é uma história muito interessante.
No primeiro período da publicidade, podemos dizer que até
aproximadamente à década de 1920
a publicidade falava sobre os próprios bens.
Falavam sobre como foram feitos, o que faziam,
o quanto duravam, etc.
Era realmente, nessa altura, sobre os objectos. Sobre o que os bens faziam.
Por volta de 1920, isso muda. E a partir desse período
a publicidade não fala sobre os produtos em si,
fala sobre a relação dos bens com as nossas necessidades.
No centro da nova estratégia estava Edward Bernays.
Se Walter Lippmann se debruçou
numa análise abrangente da democracia da comunicação social,
Bernays iria dedicar a maior parte das suas energias à propaganda
em nome das empresas.
O seu tio, Sigmund Freud, seria a sua fonte de inspiração.
Em vez de se focalizar no valor intrínseco de um determinado produto
Bernays sugeriu uma estratégia
onde os produtos associar-se-iam aos desejos inconscientes do público.
Desta forma não existiriam, virtualmente, limites
nem à produção nem ao consumo.
O sobrinho de Freud era um homem chamado Bernays, e ele é considerado
o pai das relações públicas modernas, particularmente nos Estados Unidos.
A sua contribuição, se quisermos chamar-lhe assim,
foi utilizar técnicas de propaganda que haviam sido desenvolvidas
para uso militar, guerra psicológica
e outras questões de segurança nacional
durante a 1ª Guerra Mundial, e aplicá-las de forma sistemática a motivos comerciais.
Um dos seus esforços mais bem conhecidos está relacionado com
encorajar as mulheres a fumar.
Ele encenava concursos de beleza, ele encenava
o que hoje chamaria-mos de sessões fotográficas e esse tipo de coisas
em que o acto de fumar, por mulheres,
era retratado como a libertação das mulheres,
era retratado como um forma de se estar livre e com poder,
tornando-se viciadas em nicotina.
O público, o mercado, na mente de Bernays
tinha um desejo claro de ser livre
de ser mais forte, de ser mais auto-capacitado.
Então as mulheres queriam claramente estas coisas;
e eis que surge Bernays com a indústria do tabaco
e diz: "Aqui está como conseguir isso."
Os bens não nos fazem muito felizes. Os bens não são centrais na satisfação.
O que realmente faz as pessoas felizes são as coisas não materiais.
O que faz as pessoas felizes, parece ser, as coisas associadas à sociabilidade.
Eu não quero dizer simplesmente que as coisas materiais não têm nada a ver com a felicidade.
As pessoas pobres não são felizes. Elas não têm acesso a água potável,
elas não têm acesso a alimentos ou abrigo.
Por isso, não é que as coisas materiais não estão conectadas à felicidade,
elas estão de algum modo
mas, uma vez que se passa um certo nível de conforto,
coisas materiais simplesmente não nos providenciam felicidade.
Ao mesmo tempo existe este sistema gigante de propaganda da publicidade
que está mais uma vez a dizer-nos perpetuadamente que o caminho para a felicidade
é através de objectos, que o caminho para a felicidade é através do consumo.
O que faz as pessoas felizes tem a ver com a sociedade, com conexão,
com conexão pessoal,
com autonomia, com relaxamento.
Na verdade, quando se pergunta às pessoas o que é que os torna felizes,
os bens muito raramente estão incluídos.
No entanto, o problema é que o capitalismo tem que vender bens,
o mercado oferece bens. E, portanto,
o que ele fez foi usar as imagens
da vida que as pessoas realmente querem,
que é uma vida de significado, de conexão,
de sociabilidade, de amizade, de família, de intimidade, de sexualidade:
essas são as imagens que usou, e associou-as a objectos.
E assim a publicidade é verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
Se fosse simplesmente falso, sabe-se que não iria funcionar.
Mas a publicidade é verdadeira na medida em
que ela reflecte os nossos desejos reais.
Embora soe bizarro para as pessoas que sonham com uma riqueza fantástica
como a cura para a infelicidade, o mesmo vale para os ricos.
Para além de um certo nível de conforto material,
a privação é relativa.
No nível inferior com certeza é 5 milhões ou 10 milhões de dólares por ano.
Mas quando tiver 5 ou 10 milhões, não julgará ser suficiente
porque convive com pessoas que têm 15 ou 20.
E quando chegar aos 15 ou 20, então é 50 ou 100.
E acabará por sentir-se que nunca tem o suficiente. E, de facto,
as pessoas nunca sequer pensaram em si mesmas como ricas
mesmo quando eram colossalmente ricas
por causa deste fenómeno que os psicólogos chamam de privação relativa.
Eles não se estavam a comparar consigo ou comigo, mas uns com os outros
neste pequeno mundo para o qual vieram morar.
No seu livro "A Conquista do Prestígio Pessoal", Vance Packard
usa a frase "Comerciantes do Descontentamento"
para descrever uma estratégia utilizada pelos publicitários
de mirar os menos abastados com mensagens simbólicas de status.
Para alguém com pouca chance de mudar a sua condição social de vida,
o consumismo oferece uma solução rápida, que permite às pessoas
sentirem-se como se estivessem a subir na hierarquia social
quando na verdade elas estão paradas.
A estratégia foi particularmente evidente
na publicidade automóvel de meados do século.
Estudos constataram que pessoas que viviam em loteamentos
eram mais propensos a estacionar os seus carros fora da garagem
do que aqueles que podiam pagar casas mais caras.
Um exemplo típico é o anúncio de Plymouth.
Este diz, "Não estamos ricos, apenas parecemos."
O modo de vida americano seria caracterizado por um mito
que pareceria fazer o activismo político desnecessário.
Na nova democracia de bens materiais
havia um número infinito de posses
a serem compradas tanto por ricos como por pobres.
Não havia necessidade de mudar as instituições
porque o sistema já era perfeito.
Foi chamado de "O Sonho Americano".
E a felicidade estava apenas a uma posse de distância.
[Voz off] Os nossos jovens adultos.
E os centros comerciais são construídos à sua imagem.
A venda a jovens adultos exige um novo tipo de marketing.
Para estes jovens adultos, os centros comerciais têm fontes,
estátuas, restaurantes
e escadas rolantes.
Incluem bancos, agências de empréstimos,
espaços para aluguer, viveiros de plantas
e espaços onde comprar materiais de construção.
Os centros comerciais vêm estes jovens adultos
como pessoas cujas casas estão sempre com necessidade de expansão.
Pessoas que compram em grandes quantidades
e carregam-nas nos seus carros.
[Buzina de carro] É um grande mercado."
(Robin Leach) No espalhafatoso e cintilante mundo de Beverly Hills
as estrelas reinam supremas em mansões de milhões de dólares
que contêm um fascínio estranho para todos os outros.
Visitantes esticam o pescoço durante horas
apenas por uma espreitadela através dos portões do jardim.
Mas para um homem, já na escada para o super estrelato
apenas um olhar não era suficiente.
Para ele, foi amor à primeira vista.
Acabamos de ter, aquando da filmagem deste filme - foi apenas há alguns dias -
houve um incidente num Walmart em Long Island
no dia a seguir à Acção de Graças, onde, basicamente, as pessoas faziam fila
para uma promoção, às 5 da manhã.
E um dos trabalhadores foi esmagado até a morte!
Foi realmente pisado até à morte por estes compradores.
E quando a ambulância chegou
para levar o pobre rapaz para a morgue
ou para o hospital, eles não queriam sair do caminho.
Eles disseram: "Eu estive à espera aqui desde as 5 da manhã! Daqui não saio!"
Uma sociedade de consumo no seu melhor.
E por incrível que pareça, exactamente nesse dia 5 anos antes
- o dia depois de Acção de Graças -
a mesma coisa aconteceu num Walmart em Orlando.
Não foi um trabalhador, foi uma mulher que fazia compras.
E ela não foi morta, mas ficou inconsciente devido às calcadelas
e as pessoas não saiam do caminho para os médicos poderem recolhê-la.
Então quando se chega finalmente a esse ponto
era sobre isto que o Marcuse falava
e toda a ideia de um homem uni-dimensional
era este tremendo vazio outra vez.
Então eu vou comprar coisas para preencher esse vazio.
E então vemos o seu poder religioso.
Porque se os médicos chegam
basicamente para tirar o cadáver dali, ou o corpo para o hospital
e tu não vais sair do caminho porque vais economizar 50$ num leitor de DVD
isso sugere que algo se tornou fundamentalmente errado!
[Vociferando, gritando, comoção]
Eu acho que não há muita diferença
entre saciar a ansiedade comprando coisas
e investir no Sonho Americano. Eles parecem estar de mãos dadas.
O Sonho Americano é uma história sobre como a sociedade funciona.
O Sonho Americano diz que se se trabalhar arduamente, ter-se-á sucesso.
entre raças, regiões e religiões, que
se trabalhares arduamente, vais poder sustentar uma família,
que se ficares doente, vai haver cuidados de saúde que podes suportar.
Que te podes aposentar [aplausos]
com a dignidade, segurança e respeito que ganhaste,
que os teus filhos podem ter uma boa educação
e os jovens podem ir para a faculdade
mesmo se eles não pertencerem a uma família rica.
E por isso ele diz que podemos começar em posições diferentes.
Algumas pessoas são ricas e algumas são pobres,
elas nascem em diferentes contextos.
Mas o campo de jogo é nivelado, e esse é o sonho
de, tu sabes, puxares-te a ti próprio pelos teus próprios atacadores.
O problema disto é estar realmente em desacordo com a forma como a mobilidade social funciona.
A mobilidade social é efectivamente muito mais baseada na classe
"Olá, eu sou a Paris Hilton e tu estás aqui para o "O Ajuste" no MySpace.
Vamos espreitar o meu armário de sapatos primeiro.
Portanto, bem-vindo ao meu armário de sapatos. Como podes ver, eu realmente adoro sapatos."
Parte daqueles são recursos materiais, e parte
são recursos culturais também.
Existem estruturas de classes
que, acima de tudo, mantêm as pessoas nos seus lugares.
Há algumas ligeiras excepções onde há movimento entre
uma e outra, mas, o nível de mobilidade social
é extremamente baixo, na sociedade.
E então o Sonho Americano é marcado por
estes exemplos muito visíveis na comunicação social que nos mostram
pessoas que eram pobres e que agora estão ricas.
E agora a pergunta é: Se essas pessoas estão ricas,
se essas pessoas conseguiram
e a grande maioria das pessoas não consegue,
e a coisa mais importante que os separa é o seu próprio trabalho árduo
então a razão porque a grande maioria das pessoas estão onde estão
é porque é lá que elas merecem estar. Não trabalhaste arduamente o suficiente,
não és inteligente o suficiente.
[Voz off] O direito à vida, à liberdade
e à busca da felicidade.
Alguns são inteligentes, outros não. Alguns são bem sucedidos, outros não.
Os Estados Unidos nunca tiveram prosperidade em *** ao longo da sua história.
Foi apenas num período entre 1946 e 1980
onde a prosperidade foi realmente...
parecia que as coisas estavam a ficar cada vez melhores, para todos.
E isso veio após a Segunda Guerra Mundial.
A acumulação de enormes lucros devidos à indústria da guerra e
a Lei de Reajuste Militar que entrou em vigor
desenvolveram toda uma nova grande classe profissional.
cortes nas oportunidades educacionais
e cada vez mais desigualdade.
Desde 2000 até 2008
a desigualdade entre os muito ricos e o resto de nós
é maior daquela que tinha sido ao longo do século XX.
Então, estamos como em 1900, em termos de desigualdade.
Quase ninguém consegue prosperar.
Ao longo da história, os ricos argumentaram sempre
que os pobres são os autores da sua própria pobreza.
Eles são pobres porque são estúpidos,
eles têm uma má reputação, eles são incorrigíveis...
As pessoas são pobres porque pagam-lhes menos
do que o valor que elas produzem.
A pobreza é necessária. A pobreza é necessária para que alguém tenha riqueza.
A única maneira de um proprietário de escravos rico, um senador romano
ou um fazendeiro do sul pré-guerra,
a única forma de eles viverem dum modo fabulosamente luxuoso
é por terem escravos que trabalham
desde o raiar do dia até noite dentro.
Isto é expropriação. É isso que está a criar
a pobreza do escravo, ou do servo ou do trabalhador
de modo que o proprietário de escravos, ou o senhor, o senhor feudal
ou os plutocratas, os capitalistas poderem realmente acumular riqueza.
A ideia de que a felicidade humana está ligada
à imensa acumulação de bens;
Eu acho que essa ideia é o que está a impulsionar o desenvolvimento
do que costumávamos chamar o mundo desenvolvido.
Está a impulsionar o crescimento na China, está a impulsionar o crescimento na Índia.
Acho que irá cada vez mais conduzir ao desenvolvimento de África da mesma forma.
Penso que começamos a ver
os resultados do que isso significa para o planeta.
Quando não é apenas a população de 5 por cento dos EUA que o deseja
mas quando cada vez mais o resto do mundo é atraído por isso.
E então é necessário fornecer os bens
e a energia que esses bens necessitam para serem produzidos.
Estamos a chegar ao esgotamento do planeta físico.
Perguntaram ao antigo filósofo Confúcio
o que faria se ele alguma vez governasse o estado.
E eu acho que se lhe perguntassem isso hoje em dia, ele diria
"Deixem-me controlar a comunicação social." Se se conseguir controlar isto
não são necessários soldados nas esquinas a controlarem as pessoas,
é possível controlar as pessoas nas suas próprias cabeças e imaginações.
De certa forma é realmente deprimente, porque é tipo: "como saio disto?"
Porque não há nenhuma maneira de o indivíduo controlar a comunicação social,
não há nenhuma maneira de competir com essas histórias que são contadas
milhares de vezes por dia.
Através da publicidade, através da programação, através dos jornais.
Através da Internet agora, através de videojogos, através de todos os tipos de caminhos.
Mas a razão pela qual tenho esperança e que realmente me dá algum optimismo é
que o capitalismo tem de fazer isso.
A não ser que faça isso, eles sabem que as coisas irão desmoronar.
Por isso o capitalismo na sua essência é como um castelo de cartas.
Um castelo de cartas que tem de ser constantemente seguro.
Temos de ouvir todos os dias o que esta história é.
Eles têm de fazer isto todos os dias porque é anti-natural.
Esta é realmente a grande esperança para mim:
é, de facto, a quantidade de tempo que têm para gastar
convencendo-nos sobre o valor da sociedade
é na verdade o que me dá esperança
que existe uma alternativa, logo abaixo da superfície,
e que essa alternativa é muito mais humana, muito mais piedosa,
está muito mais ligada à preocupação com outras pessoas,
está muito mais ligada à preocupação com o planeta.
E está a ser impedida de se concretizar por este incrível
sistema de propaganda incessante.
V. Epílogo
Se uma decisão for tomada por uma autoridade centralizada, esta vai representar
os interesses do grupo no poder.
Se o poder está realmente enraizado em grande parte da população,
se as pessoas realmente puderem fazer parte do planeamento social
então elas irão fazê-lo em termos do seu interesse próprio.
É por isso que Madison, por exemplo,
e Lippmann e Bernays, e todos os outros
defenderam que não podemos permitir que a população participe.
Porque se o fizer, ela irá perseguir os seus próprios interesses.
Não os interesses da riqueza da nação.
Se você tiver um poder centralizado, irá usá-lo para servir o seu interesse próprio.
Não é preciso ler isto num livro complicado,
é compreendido por qualquer criança com 10 anos de idade,
e não por "pessoas educadas"
que foram levadas a não acreditar.
Diversas ilusões que substituem ilusões que servem o indivíduo.
Se a população é participativa então irá servir os seus próprios interesses.
A opinião pública está muito bem estudada.
Portanto, temos muita informação sobre o que o público quer.
E há uma enorme desconexão
entre a opinião pública e as políticas públicas.
O público e os políticos divergem enormemente em questões cruciais.
É tudo muito natural ... não há nada de surpreendente nisto
e as pessoas percebem isto.
Portanto, cerca de 80 por cento da população dos Estados Unidos
diz que
o governo é dirigido por um punhado de grandes interesses que se servem.
O que quer dizer com democracia? Se entende por democracia
um sistema que aceita
que a distribuição relativa do poder
e da influência e da riqueza e dos rendimentos
na sociedade é sagrada,
se o sistema social que chamamos e conhecemos como o capitalismo
é inviolável
e não podemos, de facto corroer
ou minar a primazia
do poder e a propriedade das classes politicamente,
então acabou de descartar a democracia.
Os fundadores tiveram uma ideia muito clara
que para que o poder político seja democrático e igualitário
o poder económico também tem de ser democrático e igualitário.
E esta era a última coisa que eles queriam.
Então eles viram claramente que
por detrás da democracia política
estava a democracia económica.
Atrás da igualdade política estava a igualdade económica.
E eles fizeram tudo o que podiam para bloqueá-la.
As reivindicações do controle da mente
estão baseadas na crença de
que os seres humanos são impotentes ou relativamente impotentes
quando se tornam o alvo de operações psicológicas e de propaganda.
Controlo da comunicação social... claro. Tem um impacto sobre a opinião pública,
sem dúvida. Tem um impacto sobre os pressupostos
que as pessoas carregam para tentarem descobrir o que fazer com as suas vidas.
É poderoso. Mas não é igual ao controlo de mentes.
Acho que a melhor maneira de parar a propaganda
é ajudar a que as pessoas entendam o que é e como funciona.
Eu não acho que vamos parar a propaganda
enquanto tivermos liberdade de expressão.
E, francamente, eu acho que é uma coisa boa para nós.
Mas haverão sempre pessoas que exploram a liberdade de expressão para os seus próprios fins.
Mas a propaganda perde a sua eficácia
se as pessoas entenderem o que se está a passar.
Uma coisa muito importante que pode ser feita para reduzir o poder da propaganda
é forçar os jogadores a virem à superfície.
De modo a que, onde estão as campanhas,
campanhas políticas, campanhas de produtos, campanhas culturais
que são organizadas por grandes agências de propaganda, agências de relações públicas.
Então, parte da missão das pessoas que vêem isto a acontecer
é informar esse público. Fazê-lo entender
que o que está a aparecer na primeira página do Jornal Washington, por exemplo,
é na realidade uma propaganda ou campanha de relações públicas.
Tem origem num fracção particular da sociedade
que está a pagá-la. E, ela tem nomes.
Isso depende do que as pe,ssoas acreditam, do que as pessoas percepcionam
do que as pessoas sabem. E para que uma democracia verdadeiramente funcione e prospere
ao contrário de Eddie Bernays, eu diria que
o que nós precisamos é de mais informação, mais liberdade, mais transparência
e mais informações sobre quem está a manipular a opinião pública
e a mente do público. Eddie Bernays acreditava que fundamentalmente
as pessoas seriam incapazes de se governarem a si próprias numa democracia
porque a maioria de nós seria simplesmente demasiado estúpida para perceber.
E assim ele usou isto para justificar as suas acções
que ele engrandeceu, de gerir e manipular a opinião pública.
Eu penso que na verdade o que precisamos é de uma maior exposição
e educação sobre como a opinião pública é gerida e manipulada
para que tenhamos uma cidadania que possa realmente
funcionar, pensar criticamente, conseguir tomar decisões
e governar-se a si mesma numa democracia.
Claramente, a opinião individual e pública
é fundamental para tudo.
Enquanto for possível gerir e manipular a opinião pública,
ou como Burson-Marsteller a colocava, "a percepção do público",
é possível controlar o comportamento do público e as políticas.
Isso era o que Eddie Bernays sabia. Isto era o que ele dizia
quando ele falava sobre a engenharia do consentimento.
E por isto, eu acredito que o último campo de batalha
é realmente na mente.
O Psywars é parte de uma série. Visite Metanoia-Films.org para outros episódios.
Escrito e realizado por Scott Noble
Narrado por Jay Mikela
Metanoia-Films.org