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Olá pessoal! Eu sou o Jener Cristiano e vamos desenvolver mais uma produção do Historiação.com.br.
Vamos analisar um tema de profunda importância para o desenvolvimento do século XX: a Primeira
Guerra Mundial. Acompanhe com muita atenção, pois a crise de 1929 e a ascensão do Nazi-Fascismo
estão diretamente relacionadas com os desdobramentos da Primeira Grande Guerra. Então vamos sem
perda de tempo ao início de nossa aula. Na imagem de abertura de hoje temos um cartaz
da produção cinematográfica intitulada Flyboys.
O filme é uma produção de 2006. Inspirado em fatos reais, a trama se desenrola no ano
de 1916 e narra a história da esquadrilha Lafaytte, composta por pilotos americanos
treinados por militares franceses. A esquadrilha Lafaytte combateu ao lado da Tríplice Entente
durante a Primeira Guerra, fazendo com que a participação dos EUA fosse decisiva para
o encerramento do conflito, como veremos no desenrolar desta aula.
Esta é a visão geral do roteiro desenvolvido para a nossa aula.
Vamos começar analisando os fatores que desencadearam o início do conflito.
Em primeiro lugar é necessário dizer que a Primeira Guerra Mundial deve ser compreendida
a partir de variáveis múltiplas. Ou seja, não é possível entender o conflito a partir
de um fator único e isolado. As variáveis a serem consideradas são apresentadas logo
a seguir.
Dentre as principais razões que provocaram o início do conflito estão os seguintes
fatores. As rivalidades europeias; O Imperialismo;
o surgimento de uma nova potência europeia: a Alemanha; a Paz Armada; a corrida armamentista;
a Política de Alianças e o Nacionalismo. A partir de agora nós vamos detalhar e compreender
cada um destes elementos. Os antecedentes da Primeira Guerra Mundial
explicam vários dos fatores apresentados acima. Aqui nós destacamos a relação existente
entre três países europeus no final do século XIX e início do século XX: Alemanha, Itália
e Inglaterra. Vamos iniciar pela Alemanha. A Alemanha formou
o seu Estado Nacional muito tardiamente se comparado aos outros países europeus. Só
podemos falar na Alemanha como Estado Nacional centralizado a partir de 1871. Um dos principais
episódios que permitiram este processo de unificação dos alemães foi a Guerra Franco
Prussiana de 1870. Vamos falar dela a partir de agora.
A Guerra Franco Prussiana foi um conflito europeu que colocou em lados opostos a França
e a Prússia no ano de 1870. Uma dúvida muito natural dos alunos é a seguinte: o que é
a Prússia? A resposta é a seguinte. A Prússia era um
dos Estados independentes integrantes da Confederação Germânica. Como nós já dissemos a Alemanha
só passou a existir como Estado Nacional centralizado a partir de 1871. Antes da unificação
e da centralização vigorava a fragmentação política-administrativa na região, ou seja,
cada Estado da Confederação Germânica possuía o seu próprio chefe político e era livre
para decidir sobre a sua própria organização interna. A Prússia era o mais desenvolvido
dos Estados Germânicos e o principal responsável por conduzir o complicado processo de centralização
política da região. Voltando agora para a Guerra Franco-Prussiana
podemos afirmar que o conflito provocou a união de regiões fragmentadas contra um
mesmo inimigo e, ao mesmo tempo, um sentimento identitário entre os Estados que compunham
a Confederação Germânica: Este inimigo comum era a França e o sentimento identitário
de que estamos falando se chama nacionalismo. Mesmo que não necessitasse de auxílio na
guerra contra os franceses, a Prússia recebeu a ajuda dos demais Estados da Confederação
Germânica e com isso a França sofreu uma derrota humilhante. Além de perder a Guerra,
os franceses perderam parte de seu território. As províncias da Alsácia-Lorena (ricas em
reservas de minério de ferro) foram tomadas pela Alemanha que estava sedenta por matérias-primas
para sustentar o seu acelerado crescimento industrial. A festa que marcou o nascimento
da Alemanha como Estado Nacional foi realizada no coração Político da França (Paris),
dentro do Palácio de Versalhes. A rivalidade entre as duas nações era evidente, pois
com esta provocação a intenção da Alemanha era humilhar a França com requintes de crueldade
e demarcar o sua posição na Europa como uma nação extremamente poderosa. Diante
de tamanha humilhação os franceses desenvolveram dois sentimentos simultâneos: o nacionalismo
francês e o desejo fulminante de uma revanche contra a Alemanha.
A vitória sobre os franceses na Guerra Franco-Prussiana fez surgir uma nova superpotência europeia:
A Alemanha. Isso provocou um desequilíbrio no mapa da Europa, que antes apresentava a
liderança de França e Inglaterra. Isso significa que novas disputas estavam por acontecer.
A rivalidade entre Alemanha e França ficou ainda mais intensa e não por acaso, os dois
países ficaram em lados opostos durante a Primeira Guerra Mundial.
O outro país de destaque no complicado jogo do equilíbrio europeu é a Itália. Assim
como a Alemanha, o país teve a sua centralização política concluída muito tardiamente, ocorrendo
apenas em 1870. Porém, a Itália não possuía a mesma força industrial e militar dos alemães.
Por isso, os italianos usuram como estratégia a aliança com a Alemanha na tentativa de
conquistar territórios coloniais no continente africano.
A outra potência europeia e planetária era a Inglaterra. Lembre-se que a Inglaterra foi
a primeira nação do mundo a se industrializar, ficando praticamente sozinha nesta posição
durante cem anos. Foi dessa forma que os ingleses construíram o maior império colonial do
planeta. A Inglaterra possuía vastas colônias e áreas de influência política e econômica
na Ásia, África e América. Para que a Alemanha mantivesse o seu processo de crescimento industrial
e colonial teria necessariamente que enfrentar a Inglaterra e eliminá-la de seu caminho.
Ou seja, esta rivalidade também colocou a Alemanha e a Inglaterra em lados opostos durante
a Primeira Guerra Mundial iniciada em 1914. Passaremos a analisar os outros fatores que
ajudam a compreender por que o mundo entrou em guerra no começo do século XX.
Passaremos a analisar a partir de agora o desenvolvimento do nacionalismo no continente
europeu. O nacionalismo é um ingrediente explosivo
no desencadeamento da guerra iniciada em 1914. Podemos definir o nacionalismo como a construção
de um sentimento de identidade nacional. Ou seja, identidade aqui é compreendida como
o sentimento de pertencimento a um grupo, seja pela vinculação e compartilhamento
da mesma cultura, da mesma língua ou da mesma raça. Optamos por colocar raça entre aspas
porque este é um conceito fundamental para compreender o século XIX e o século XX.
O conceito de raça ganhou grande repercussão e aplicação com o Darwinismo Social, que
defendia a existência de raças inferiores e superiores, sendo que o branco europeu seria
a raça mais avançada e desenvolvida do planeja. O conceito de raça ajudou a sustentar o racismo
em relação aos demais grupos do planeta. O fator agravante é que este racismo tinha
uma fundamentação científica e isto foi usado como justificativa para matar e dominar
outros povos e regiões. Eu vou aproveitar a oportunidade e fazer uma
conexão com o conceito de raça aceito e utilizado na atualidade. Vamos fazer também
uma abordagem interdisciplinar com a área de biologia. É importante salientar que o
ENEM valoriza e exige muito essas habilidades e competências, ou seja, elaborar interpretações
interdisciplinares e fazer comparações entre o passado e o presente, procurando estabelecer
semelhanças e diferenças entre conceitos e realidades históricas para compreender
o mundo em que vivemos na atualidade. Então vamos lá. Atualmente o conceito de
raça é considerado uma construção social e cultural que não encontra sustentação
na área da biologia. Preste atenção. Do ponto de vista genético raças humanas não
existem. Para a biologia as características físicas dos seres humanos nada mais são
do que adaptações dos grupos populacionais ao ambiente em que eles vivem. Dessa forma,
a cor da pele, a característica do cabelo, dentre outras características, não podem
ser explicadas por critérios raciais. Basta você recordar as aulas de biologia sobre
Charles Darwin. Ou seja, a espécie que sobrevive não é a mais forte e nem a mais inteligente,
mas sim aquela que melhor se adapta às características e modificações impostas pela ambiente. As
diferenças físicas não podem ser explicadas pelas fatores raciais, mas sim pelas adaptações
de cada grupo ao ambiente em que vive. Então, a pergunta que você deve estar fazendo é
a seguinte: Se raças humanas não existem, qual é o termo mais adequado para fazer referência
aos grupos humanos. A resposta é ETNIA. ETNIA é um termo que significa a existência de
características físicas e culturais compartilhadas pelos grupos populacionais humanos. Tudo isso
que eu falei aqui tem fundamentação nos atuais estudos da engenharia genética e foi
retirado do livro Retrato Molecular do Brasil, dirigido e organizado pelo geneticista Sérgio
Pena. Voltando agora para o nacionalismo do século
XIX e início do século XX podemos afirmar que as rivalidades europeias explicadas anteriormente,
somadas ao nacionalismo, provocaram o sentimento de xenofobia (que significa ódio ao povo
estrangeiro) e o racismo (sentimento de superioridade sobre os outros grupos humanos). Chegaria
um momento em que esses elementos explosivos seriam denotados pelas disputas existentes
entre os Estados Europeus, como nós veremos mais à frente.
Vamos analisar a partir de agora a construção da POLÍTICA DE ALIANÇAS.