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Dizem que foi aqui que tudo começou.
Que nós todos somos filhos da África.
Mas se somos, porque nos parecemos tão diferentes?
E como um punhado de famílias africanas
veio a se tornar um mundo inteiro cheio de gente?
Eu sou Alice Roberts, médica e antropóloga.
Sou fascinada pelo que ossos, pedras,
e até nossos corpos podem revelar sobre o passado distante.
Estou indo à procura dos rastros deixados pelos nossos ancestrais africanos
em suas jornadas para popularem o mundo.
Dessa vez, uma jornada ainda mais desafiadora.
Asia.
Pessoas vindas da África poderiam realmente conquistar essas vastidões geladas?
Acho que nunca senti tanto frio.
E a jornada poderia mudar a aparência das pessoas?
Ou eu estaria completamente errada?
Vou investigar uma ideia surpreendente...
que os Chineses poderiam descender de um ramo diferente da familia humana...
que o resto de nós.
Venha comigo nos rastros dos nossos ancestrais,
na mais épica aventura já empreendida.
Sibéria, norte do Círculo Ártico.
Estou para encontrar um dos mais remotos povos da Terra,
para ajudar a resolver o mistério.
Porque nossos ancestrais se aventurariam em tais vastidões?
Estamos voando sobre vastas extensões de gelo e neve,
mas agora estou chegando bem perto do meu destino.
Estou indo longe na Ásia,
5,000 km a leste de Moscou
para a pequena vila de Olenek.
Vim para encontrar os Evenki.
Essas pessoas são o mais próximo que achei
dos humanos que eu creio que conquistaram essas terras.
Cheguei num dia especial.
É o festival anual da rena.
Esses animais tem sido vitais para os povos da Sibéria...
por mais tempo que alguém pode lembrar.
Esse perdeu o lugar.
As pessoas vieram para esse festival
de uma área maior que a França e a Inglaterra juntas,
para correr com suas renas sobre esses rio gelado.
Mas também é uma oportunidade
para as pessoas que vivem espalhadas nessas planícies, se encontrarem.
Como nossos ancestrais vieram pela primeira vez a essas terras geladas,
e como sobreviveram aqui, é um mistério.
Espero que os Evenki possam ajudar.
Mas para encontrar mais, preciso deixar o festival
e ir para um de seus acampamentos remotos.
Vai ser duro.
Está quase menos 26º C,
e dizem que ainda pode ficar mais frio.
Tenho aqui camadas e camadas.
Tem duas, três, quatro...
cinco com o sobretudo.
E é absolutamente essencial que toda minha pele esteja coberta,
incluindo meu rosto.
Porque se algo é exposto, literalmente congela.
Mas parece que mesmo minha melhor roupa hi-tech do século 21
não é páreo para o inverno Siberiano.
Obrigada.
Meu motorista não está convencido que esse casaco é adequado,
e então me deu esse de pele de rena.
Acho que ele está certo, porque a pele de rena é incrível.
Esses pelos exteriores são na verdade ocos,
e têm ar no interior,
então, são um isolante fantástico.
Estou prestes a testar.
Maravilhoso. Uma coisa incrível.
Para começar, a pele de rena realmente me mantém aquecida.
Eu até vou dirigir.
Mas conforme a viagem continua, eu começo a sentir o frio.
E quando o vento sopra, a temperatura cai bem abaixo dos 40.
Conforme passam as horas, vai ficando mais frio.
Estou começando a perder o tato nos dedos dos pés e mãos.
Realmente é possível que nossos ancestrais sobreviveram nesse frio?
Afinal de contas, seus corpos não foram feitos para esses frio.
Porque as últimas pesquisas afirmam que os Siberianos, assim como a maioria dos humanos,
podem traçar suas origens até um pequeno grupo de saiu da África
por volta de 70,000 anos atrás.
Pequenos grupos de famílias podem ter seguido os grandes rios para o norte,
contornado ou atravessado os Himalaias.
Nós não sabemos.
Tudo o que temos são algumas ferramentas de pedra
que sugerem que alguém alcançou a Sibéria há 40.000 anos.
O que pode ter levado essa espécie tropical a se aprofundar no norte gelado?
A última meia hora da viagem foi a mais longa que já experimentei.
Depois do que pareceu uma eternidade,
o acampamento Evenki finalmente surgiu entre as árvores.
Oh, Deus!
Acho que nunca senti tanto frio na vida.
Foi uma viagem de seis horas.
Já vi frio, mas tanto assim nunca vi,
olhe só isso.
Nunca mesmo.
Oh, mas estamos aqui.
Vou lá me aquecer.
Ao acordar encontrei o acampamento numa atividade febril.
Mesmo com um sol brilhante, ainda está menos 20.
Mas me sinto privilegiada por estar aqui.
Os Evenki são um dos povos mais isolados do mundo.
E essa é a primeira vez que eles permitem que seu acampamento seja filmado.
Bem, a questão que realmente importa...
é porque afinal os ancestrais dos Evenki
vieram para o distante norte?
Mas a resposta é óbvia. Caça.
E apesar dos Evenki atualmente terem rebanhos de renas domesticadas,
eles ainda dependem de animais selvagens para carne.
Assim como seus ancestrais há milhares de anos.
Bem, estou prestes a sair numa caça à rena.
Então, Vasily, tem um bom pressentimento sobre a caçada de hoje?
Bom, eu sinto que vai ser um bom dia.
Mas nunca se sabe.
Vasily Stepanov, o brigadeiro,
lidera uma brigada de caçadores e pastores Evenki.
Sabemos que as pessoas vêm caçando na Sibéria há muito tempo,
porque espalhados nessas vastas paragens
arqueólogos encontraram antigos ossos de rena descarnados,
e ferramentas esculpidas de suas galhadas.
Você pode ver esses rastros de rena.
Passaram por aqui e foram nessa direção.
Por aqui.
O brigadeiro reconhece que estiveram aqui recentemente, mas se movendo depressa.
Depois de algum tenpo na trilha,
fica claro que ele não vai alcançá-las hoje.
Mas seu povo ainda precisa comer.
Então, com relutância,
eles escolhem um dos animais domesticados para o abate.
Mas agora,tudo que interessa aos Evenki é...
é o jantar.
E a anatomista dentro de mim está bastante intrigada
para ver como eles vão esfolá-la...
e como vão cortá-la.
Interessante, pois eles estão usando a faca
com o fio basicamente para fora
para que não haja risco de cortarem os tecidos mais profundos.
E quase não há sangue. Quer dizer, olhem para isso.
A pele está se destacando.
Por 40.000 anos,
a chave para a sobrevivência nesse meio ambiente inclemente
tem sido o uso de cada pedaço da rena.
Os olhos, fígado e cérebro são guloseimas.
As galhadas são usadas para aumentar a potência masculina.
E isso não é tudo.
Alice, é como vinho francês.
Mas alimento é apenas uma parte da sobrevivência.
Para suportar esse frio terrível,
nossos ancestrais tiveram que se sair com algo realmente engenhoso.
Bem, comparado com a caça, o que essas senhoras estão fazendo
parece um pouco frívolo.
Mas na verdade, é um dos grandes avanços tecnológicos
que a humanidade já viu.
Nossa espécie não foi projetada para esse clima.
Mesmo assim, fomos os únicos primatas a alcançar o distante norte.
E o segredo está bem aqui.
Tanya está tirando as medidas para o meu primeiro
par de botas de pele de rena.
Ok, é isso.
Já tenho seu tamanho. Vamos ao trabalho.
Há uma parte bem específica
da rena que está sendo usada.
Você pode ver pela forma,
que é a pele da perna da rena
que elas usam para fazer botas.
Mas o que acontece agora é que é o mais importante.
E aqui está. Essa surpreendente tecnologia
que torna possível a sobrevivência nesse inóspito ambiente.
A costura.
E ela depende de se ter uma agulha.
Algumas das mais antigas agulhas do mundo
foram achadas na Sibéria.
Nós nunca saberemos quem foi
o primeiro a esculpir uma agula de osso.
Mas a mais antiga encontrada data por volta dos 40.000 anos.
E não adianta ter uma agulha
se você não tem linha para costurar.
E isso também vem da rena.
Estou usando tendão de rena
para fazer linha para costurar as roupas.
Usando isso, vai ter um meio forte e durável para costurar coisas.
É humilhante como essa abordagem aparentemente simples
ainda supera a atual roupa sintética.
Maravilha! Spasiba.
A agulha e linha
fez a diferença entre morte e sobrevivência.
Roupas costuradas permitiram que pessoas originárias dos trópicos
pudessem se aventurar mais ao norte que quaisquer humanos antes.
Essa noite, recebi um convite para me juntar à família do brigadeiro
enquanto consomem a rena abatida.
E não há muito mais no menu.
A dieta de carne dos Evenki pode não parecer saudável
mas ela eleva a taxa metabólica e aumenta a temperatura corporal.
Basicamente os faz sentir aquecidos.
Conforme a noite prossegue,
nossa conversa se volta para uma questão eterna.
Anatoly, os Evenki têm histórias sobre a Criação?
Como vieram para cá?
Um pássaro chamado mergulhão, mergulhou três vezes no mar.
E só na terceira vez ele trouxe um pouco de lama.
E dassa lama, surgiu a Terra.
E então veio o mamute.
E com suas prêsas elevou ainda mais a Terra
e se formaram os rios e as montanhas.
E essa é a nossa bela história sobre a criação da Terra.
Sinto que compreendo
como nossos ancestrais foram capazes de sobreviver aqui.
Mas a consequência de terem seguido seu alimento
acabou sendo um infindável estilo de vida nômade.
Todo esse movimento...
As pessoas literalmente estão empacotando suas casas e se mudando.
E é isso o que significa uma vida nômade.
Essas pessoas têm que se mudar.
Eles têm que levar suas renas para novas pastagens.
A única coisa que as renas comem no inverno
é o líquen sob a neve.
E elas rapidamente acabam com ele.
Então, ficam em constante movimento para encontrar mais.
E os humanos as seguem.
É impressionante. Temos essa caravana de trenós de renas
carregando tudo do acampamento.
E o rebanho inteiro, centenas e centenas de renas,
está nos seguindo.
Finalmente as renas pararam, e nós também.
Todos se juntam para erguer os "tchum".
Há tão poucas pessoas no mundo que ainda vivem assim,
mas já fomos todos nômades.
Tem que ser por mim mesma.
O que nós vimos hoje, foi o estilo de vida nômade em ação.
Vimos uma aldeia inteira ser desmontada e mudada.
Levou cerca de 10 minutos para erguer essa "tchum"
e é feita de longas estacas e pele de rena,
o tipo de materiais que têm estado disponíveis
há milhares e milhares de anos.
É um modo de vida muito antigo.
E aparentemente, por cerca de 10.000 anos,
essa vida em movimento levou grupos de famílias através da Sibéria.
Descobertas recentes nos dizem que alcançaram as margens do Oceano Ártico
a cerca de 30.000 anos.
Humanos sobreviveram aqui por milhares de anos.
Mas então uma dramática sequência de eventos alterou sua jornada pela Ásia:
o auge da Idade do Gelo.
As últimas pesquisas climáticas revelam o que ocorreu há 25.000 anos,
à medida que a Idade do Gelo avançava.
Em regiões, a temperatura alcançou os 80 graus negativos.
E ficou incrivelmente seco.
Nesses extremos era impossível sobreviver.
Então, o que aconteceu com esses homens, mulheres e crianças?
São Petersburgo, a capital imperial da Rússia.
O Hermitage é um dos maiores museus do mundo,
lar de algumas das mais celebradas obras de arte.
Mas aqui também há algo mais.
Não está em exposição, mas cada fragmento é precioso.
Aqui, nas salas de armazenagem,
estão uns poucos objetos que podem desvendar os segredos
da luta dessas famílias siberianas nas profundezas da Idade do Gelo.
O que é realmente notável nesses objetos
do auge da última Idade do Gelo,
é que eles foram achados em poucos locais no sul da Sibéria.
É de interesse, pois sugere que a medida que o clima piorava,
essas pessoas pré históricas se retiravam para refúgios
que ainda deveriam ser muito frios,
mas onde ainda eram capazes de sobreviver.
As pessoas fugiram das vastidões congeladas do norte da Sibéria,
para o sul.
Um dos refúgios onde se concentraram hoje é chamado Mal'ta.
Poderiam os poucos restos encontrados aqui...
nos contar o que aconteceu?
Olhe só essas pequenas lâminas da Idade do Gelo.
São inusitadamente pequenas.
E os arqueólogos acham que é porque o frio terrível
tornava difícil alcançar as pedreiras,
e a própria pedra era um recurso tão precioso,
que eles a usavam até o final,
tirando o máximo de lâminas que podiam.
E as lâminas foram ficando cada vez menores.
E algo extraordinário estava acontecendo nesse período.
Apesar dessa luta pela sobrevivência, houve um florescimento da arte.
Talvez nunca saibamos...
o significado desse belo par de cisnes...
para as pessoas que o fizeram,
mas arqueólogos sugeriram que poderiam se amuletos de caça.
Que quando os primeiros cisnes voavam, os primeiros cervos surgiam,
e era o início da temporada de caça da primavera.
E como eles devem ter ansiado pela primavera.
Muitos objetos dessa coleção são misteriosos.
Essa rara placa é feita de marfim de mamute.
Alguns sugerem que é um mapa,
mostrando os mundos físico e espiritual,
com a conexão entre eles simbolizada pelo orifício no centro.
Essas preciosas figuras de osso,
estão entre as mais antigas representações de pessoas usando peles,
mais uma prova que esses pioneiros asiáticos
eram capazes de costurar roupas nessa época.
E finalmente, existem
essas delicadas e lindas estatuetas femininas.
E algumas delas são furadas, e portanto devem ter sido usadas como pingentes,
talvez amuletos.
É possível que sejam símbolos de fertilidade,
sublinhando a importância e a dificuldade
de produzir crianças nessas condições inclementes.
E na verdade, alguns arqueólogos
vêem essa belíssima coleção
como uma súplica aos espíritos numa época de estresse e de luta.
É impressionante pensar que esse povo antigo,
que, afinal de contas se originou em uma região bem mais quente,
sobrevivendo na Sibéria da Idade do Gelo.
Mas parece que por volta dessa época, algo mais aconteceu com eles.
Algo que é muito mais difícil de explicar.
Esse é nosso melhor palpite da aparência de nosos ancestrais africanos.
Essa reconstituição é baseada no crêneo de uma mulher
que viveu há cerca de 100.000 anos.
Mas por em algum momento por volta do auge da última Idade do Gelo,
as faces dos povos do Leste da Ásia mudaram.
Por que?
Hoje, da Sibéria até Hong Kong,
ficamos face a face com essas mudanças.
Olhos amendoados, um rosto plano, um nariz pequeno.
A maioria de nós associa essas características com a China.
E aqui elas se tornaram objeto de grande interesse,
não para cientistas, mas para a indústria da beleza.
Para as companhias de cosméticos,
compreender as variações dos rostos das pessoas, pode ser um grande negócio.
Durante a Revolução Cultural,
as mulheres chinesas foram proibidas de usar maquiagem,
mas agora a China é um dos maiores mercados do mundo.
Filmando em segredo.
Essa é uma multinacional que está
tentando convencer as chinesas a usarem seus produtos.
Crystal, ela tem olhos chineses bem tradicionais.
E eu preciso fazer com que seus olhos se pareçam maiores e mais atraentes.
Você não está tentando fazer com que se pareçam menos chineses?
Não!
Eles alegam ter uma percepção
do que há de especial num rosto chinês.
Estou curiosa, e com alguma suspeita.
E agora, aqui está o laboratório de rugas
onde eles graduam as rugas de zero a seis.
A companhia está tentando comparar o modo com que a pele envelhece
nas mulheres européias e chinesas.
Sente-se, por favor.
Isso tudo parece bastante clínico e assustador, não é?
Carole quer acessar minhas rugas
e compará-las com as de uma mulher chinesa da mesma idade.
Grau um. Grau um?
Sim. Isso é bom.
Esses vincos laterais...
Grau dois. Pés de galinha...
Grau um. Você tem bem poucas rugas
para sua idade. Excelente!
Paguei a Carole para dizer isso.
Muito obrigada.
Então, como as mulheres chinesas fazem?
Grau um, grau dois, grau um.
Muito obrigada, Carole. De nada.
Na nossa idade, Carole vê pouca diferença.
Mas o que acontece 10 anos depois?
Essa é uma européia de 47 anos.
Essa é grau quatro.
Grau três.
Grau quatro.
Compare com uma chinesa de 47 anos.
Grau dois. Essa é grau um.
Grau um.
Há uma sugestão que a pele chinesa envelhece mais lentamente.
Eu precisaria de muito mais evidências para me convencer.
Mas nem de perto é tão controverso...
como a questão de onde as características chinesas vieram...
em primeiro lugar.
É uma das mais fascinantes e desconcertantes questões...
de nossas origens humanas.
Alguns sugeriram que essas características faciais,
como olhos estreitos, narizes menores, e rostos planos,
deveriam ser adaptações ao frio,
protegendo os olhos e reduzindo a perda decalor pela face.
É uma ideia sedutora.
O problema é que não há evidência para ela.
Mas há muitas pessoas na China que acreditam que há outra explicação...
para como se parecem.
E sua teoria, se for comprovada, pode ser absolutamente explosiva.
Significaria que teríamos que repensar totalmente nossas ideias...
sobre como a Ásia, e certamente o mundo inteiro, foram populados.
Muitos chineses acreditam que eles se parecem diferentes,
porque são fundamentalemnte diferentes do resto de nós.
Eles alegam que vieram de um ramo completamente separado...
da árvore da família humana,
e que eles descendem de um antigo espécime humano...
que chegou aqui na China por volta de 2 milhões de anos atrás.
Antes dos humanos modernos surgirem,
existiram espécies humanas primitivas,
como o *** erectus.
Um pouco mais macacos que nós, talvez,
com um supercílio pesado e um cérebro menor.
Por volta de 1.8 milhões de anos atrás,
a população de *** erectus começou a sair da África.
Sempre se acreditou...
que o *** erectus na Asia eventualmente se extinguiu,
enquanto o *** erectus na África finalmente evoluiu para nós,
*** sapiens.
Então, por volta de 70.000 um pequeno grupo saiu -
ancestrais de todos fora da África hoje.
Mas na China, eles acham que isso está completamente errado.
Vim até Zhoukoudian, perto de Beijing,
onde os Chineses dizem que têm evidências
que o *** erectus na Ásia não se extinguiu,
mas é na verdade seu ancestral.
Eles acreditam com paixão na sua origem separada,
e é algo que na China todos falam desde a infância.
É uma ideia surpreendente,
a que os Chineses se originam de um ramo diferente
da árvore da família humana.
E vai contra tudo que descobrimos até agora.
Foi aqui, no início do século passado,
que a evidência mais importante por trás dessa ideia foi descoberta.
Então, é essa a caverna?
Um dos mais reverenciados cientistas é o Professor Wu Xinzhi.
Ele dedicou sua vida ao estudo do que foi encontrado aqui.
Essa é a Caverna do Pombo. Caverna do Pombo?
Porque costuma ter muitos pombos...
Certo. ...morando aqui.
E os principais fósseis foram achados bem ali.
Há meio milhão de anos, esse enorme buraco era uma caverna.
E foi aqui que os arqueólogos encontraram um tesouro,
uma evidência incrivelmente rara de um mundo há muito perdido.
A maior coleção de fósseis de *** erectus já desenterrada.
O crêneo mais antigo tem cerca de meio milhão de anos.
Mesmo? Sim.
E o mais jovem tem entre...
200 a 300.000 anos.
Então eles viveram aqui por...
Por cerca de 300.000 anos.
Certo. Um longo tempo.
Eu acredito que aqui é o lar básico do *** erectus.
O Professor Wu está certo que o *** erectus asiático evoluiu aqui...
para os chineses modernos.
E uns poucos metros além,
ele me mostrou onde foram achadas algumas evidências cruciais.
Aqui, no que chamam Caverna Superior, encontraram mais crâneos,
mas esses eram bem diferentes.
Essa é a Caverna Superior. Muitos esqueletos humanos foram achados aqui.
de 30.000 anos.
Os crâneos claramente pertencem à nossa espécie,
mas os pesquisadores viram algo também surpreendente.
Eles pareciam compartilhar algumas características com os crâneos de *** erectus.
Há muitas características em comum entre eles.
E eu acho que o mais provável que
os homens da Caverna Superior são descendentes do *** erectus.
Wu acredita que o *** erectus asiático...
evoluiram para os humanos encontrados na Caverna Superior,
e esses evoluiram para os chineses modernos.
Para ele, o Homem da Caverna Superior é uma espécie de Elo Perdido,
prova que os chineses descendem do *** erectus.
Eu adoraria ver esses crâneos antigos,
mas tragicamente, na confusão da Segunda Guerra Mundial,
a coleção inteira foi perdida.
Por sorte, antes da perda, foram feitos moldes de gesso,
e agora, mesmo essas cópias são consideradas sem preço.
Essa é a sala de exibição.
Certo.
Cientistas chineses vêm aqui estudar a história de seu povo.
Mas os moldes que eu quero ver estão trancados em segurança.
Vou pedir a ele para mostrar.
Oh, por favor.
Acho que vou ter que sair,
porque não é permitido ver em que gavetas os crâneos estão.
Então vou ficar aqui discretamente.
Esperando que os crâneos apareçam.
São como camadas desegurança.
Não é permitido ver qual chave vai em qual fechadura.
Ele fica com a chave, para que ninguém saiba o número.
Você sabe os números? Não.
Não? Nem o Professor Wu sabe.
Não, eu não quero saber, porque se eu soubesse,
e elas fossem perdidas, eu teria a responsabilidade.
Sim. Mas eu não sei nada.
Sem responsabilidade para mim.
Finalmente me permitem ver os moldes de gesso...
dos crâneos de *** erectus da Caverna Inferior.
E o Professor Wu nos fez uma surpresa.
Veja, esse é um espécime original.
Esse é original?
Sim, original.
Como você sabe, a maior parte dos espécimes originais foi perdida na guerra.
Eu não sabia que algo tinha sobrevivido.
Depois da guerra fizemos algumas novas excavações.
Certo. E achamos alguns novos espécimes.
Esse é um deles. Posso pegar?
Sim, sim.
Eu honestamente pensava que todos os espécimes tinham se perdido,
mas esse é um fóssil genuínol de *** erectus da China.
Foi achado em 1966.
Ele tem centenas de milhares de anos, não é?
Essa é outra peça.
É surpreendente para mim, segurar em minhas mãos...
esse fóssil genuíno, que tem centenas de milhares de anos.
Honestamente pensei que só veria moldes e reconstituições.
Sim, sim. E esse é um fóssil genuíno.
Você está segurando um original.
É impressionante!
Mas ainda mais importante...
é o que o Professor Wu apontou nesses fósseis.
Primeiro, ele me mostrou certas características dos antigos crâneos Erectus
que ele acredita serem tipicamente chinesas.
A face é plana. O nariz é plano. Não tão protruso como na Europa.
Sim, sim.
E essa parte também é plana.
Essa parte dos ossos malares são meio rodadas assim.
Então ele me mostrou os crâneos mais recentes da Caverna Superior,
e apontou as mesmas características distintivas chinesas.
Ele também tem uma face mais plana
e um nariz não muito protruso.
Então, as características que você vê nesses crêneos...
são as mesmas que caracterizam o povo chinês atual,
e o tipo de diferenças entre o seu crêneo e o meu.
Sim, sim. Sim.
Sim, sua face é mais assim... Sim.
e a minha... A sua é mais plana.
Sim. Sim.
E seu nariz é mais plano aqui que o meu.
Nós herdamos certos caracteres do nosso ancestral.
O Professor Wu vê uma linha clara:
*** erectus evoluindo para o Homem da Caverna Superior, se tornando os atuais chineses.
Para el, esses fósseis provam que os chineses
vêm de um ramo completamente diferente da família humana.
Mas eu posso ver diferenças significativas entre os crâneos.
O formato geral do crâneo do *** erectus é bem diferente dos humanos modernos.
E mesmo essas características que Wu apontou -
o nariz e os ossos malares, não me parecem tão similares.
Professor Wu, passou a vida estudando esses crâneos,
e em comparação, sou uma iniciante,
mas eu olho para esse crâneo moderno,
de 30.000 anosl de Zhoukoudian,
e me parece bastante similar a outros crâneos da Europa...
da mesma época, então eu acho... Ele não se parece chinês para mim.
Não, mas o perfil na Europa é diferente.
Bem sutil, não é?
Ainda não estou convencida que os Chineses são tão fundamentalmente
diferentes de nós.
O Professor Wu é tão conhecedor e seus argumentos são tão persuasivos,
que talvez eu esteja esquecendo algo.
E existe outra evidência que sugere que o Professor Wu
pode estar certo,
que os Chineses na verdade descendem de um ramo diferente
da família humana.
Estou viajando 2.000 km na China Central
para investigar algo que é um problema real
para minha teoria da saída da África.
E tem a ver com ferramentas de pedra.
Em todo o mundo, nossa espécie, *** sapiens,
está associada com estilos sofisticados de ferramentas.
Como essas da Europa.
Mas na China, você acha algo completamente diferente.
Muitas ferramentas muito básicas. Um estilo na verdade típico do *** erectus.
Evidências arqueológicas, portanto, que parecem contradizer a ideia
que os Chineses evoluiram da mesma forma que o resto de nós.
Se homens modernos chegaram de repente na China,
esperaríamos ver ferramentas de pedra de aspecto moderno...
aparecendo com sua chegada, assim como na Europa.
Mas as ferramentas nessa parte do mundo continuam parecendo bem grosseiras.
E cientistas chineses dizem,
que é porque não houve um influxo de homens modernos.
Mas pode haver outra explicação bastante intrigante.
O arqueólogo Dr Joe Kaminga
passou décadas trabalhando no Sudeste da Ásia,
E estou esperando que seu trabalho possa trazer mais luz...
nesse mistério das origens chinesas.
Quer dizer, essa é uma ferramenta de pedra mais grosseira e bruta
que você pode ter, não é?
Sim, é.
O que é bizarro, não é? Porque na Europa...
nessa época se fazia ferramentas de pedra bem sofisticadas.
Então, o que estava ocorrendo aqui?
Estamos numa parte do mundo completamente diferente.
Na Europa, existem recursos diferentes, plantas diferentes,
animais diferentes e diferentes tipos de pedra.
E há seixos de sílex bem grandes na Europa,
mas não há grandes seixos de sílex aqui no sudeste asiático
ou no sul da China.
Mas aqui há algo mais,
e Joe acha que pode ter sido usado para fazer ferramentas
tão sofisticadas quanto as européias.
Bambu.
Porque você teria um monte de problemas para fazer uma ferramenta sofisticada de pedra,
lindamente talhada, quando você pode pegar um pedaço de bambu,
usá-lo, e jogá-lo fora quando terminar?
Pois ele está em todo o lugar. Você pode pegar mais no próximo vale.
Joe acha que as ferramentas grosseiras de pedra eram usadas para cortar
e trabalhar o bambu.
Excelente. Excelente.
Você carrega para baixo...
e eu vou atrás.
Cuidado aqui.
É escorregadio? É.
Perfeito.
É uma idéia tentadora,
mas não é fácil acreditar que uma lasca de bambu
possa fazer o trabalho de uma afiada ferramenta de pedra.
Precisamos pôr em ***.
Se você quer fazer uma faca pequena, nós temos a lasca.
Certo. Serre-o.
Você pode abrir o corte dobrando o bambu.
O próximo passo é simplesmente afiar a borda.
E só corte... corte por dentro do bambu.
E vai funcionar muito bem.
Tem uma textura completamente diferente da madeira.
As fibras são bem longas, bem niveladas. Tudo é muito previsível.
Não tem nós. Não.
E é simples assim. Acho que está quase pronto.
Mesmo? Sim.
E veja.
É bem afiado.
O fio do bambu vem da sílica,
um mineral duro também encontrado na areia.
Não estou certa se vou ser capaz de...
trinchar uma galinha com ele.
O que você está fazendo agora?
Estou fazendo uma ponta de flecha.
Vou começar a dar forma à ponta.
Não sabemos se povos antigos usavam pontas de flecha de bambu
mas parece ser uma boa maneira de testar os limites da tecnologia do bambu.
Um encaixe bem firme.
Agora precisamos atirar em algo.
Primeiro eu quero ver o que a faca de bambu de Joe é capaz.
Então, espero que seja o jantar de alguém.
Talvez o nosso.
Tudo bem. Ok, quero uma perna.
Precisa serrar um pouco, mas está passando.
Oh, é muito bom, Joe. Olhe isso.
Ótimo.
Bem, nós já desmembramos uma perna, então essa...
O bambu passou pela pele, e também pelos ligamentos.
Está indo muito bem, eu diria.
Que tal assim?
E, o quanto é efetiva uma flecha de bambu?
Bem, não creio que vá me aventurar muito.
Posso experimentar uma flecha que você fez?
À vontade. Se importa se eu for uns 20 metros pro lado?
Yeah, you keep well to one side, Joe.
Não confio mesmo em mim com isso.
Vamos ver isso então.
Viu isso? Cravou no chão.
Bem, que tal tentar num repolho?
Olha só pra isso. Uma flecha de bambu...
cravada num pedaço de madeira.
Excelente.
Flecha no repolho. Olhem.
Bem, é bastante impressionante para tecnologia com bambu, eu acho.
Bem, agora que você matou um repolho,
nós podemos tê-lo no jantar também, junto com a galinha.
Excelente.
O bambu se mostrou surpreendentemente versátil,
e pelo menos é possível que humanos modernos da África estiveram aqui
usando ferramentas sofisticadas, feitas não de pedra, mas de bambu.
Mas isso ainda não prova que os chineses vieram da África
como todos os demais.
Entretanto, existe algo que pode resolver esse debate...
sobre de onde os chineses vieram, de uma vez por todas.
E depois...
Estou com o Professor Jin Li, um dos maiores geneticistas chineses.
Recentemente ele liderou um projeto para provar que os chineses evoluiram
independentemente de todos os demais,
do *** erectus, aqui na China.
Antes do projeto começar, eu esperava poder identificar
ou fosse capaz de achar evidências
que apoiassem a origem independente dos chineses na China.
Porque eu sou chinês, eu venho da China,
e através do processo educacional
eu sempre acreditei haver algo de especial com os chineses.
Ele assinalou um marcador genético masculino,
que surgiu apenas há cerca de 80.000 anos na África.
Portanto, cada homem que carrega o marcador, tem que ter ancestrais africanos recentes
e não pode ser descendente do *** erectus, mais antigo.
Jin colheu DNA de mais de 160 grupos étnicos no Leste da Ásia,
mais de 12.000 amostras.
E então, o que você encontrou?
Nós não achamos nenhum... nem um só indivíduo
que possa ser considerado descendente
do *** erectus na China.
Ao contrário, todos eram descendentes de nossos ancestrais da África.
O resultado não poderia ser mais claro.
E como isso o faz sentir, como indivíduo chinês?
Depois de ver as evidências que colhi em meu laboratório,
acho que todos devemos ficar felizes, porque afinal de contas,
humanos modernos de diferentes partes do mundo
não são tão diferentes uns dos outros, mas são parentes muito próximos.
O que é ótimo. Obrigada.
Portento, a África é o lar dos chineses.
A pesquisa de Jin Li confirma que seus ancestrais, também,
eram parte daquele pequeno grupo que deixou o continente
por volta de 70.000 anos atrás.
E a genética também está nos ajudando a entender
como as pessoas se espalharam pela Ásia.
Nossos ancestrais alcançaram a Sibéria muito cedo.
Mas houve outra rota de migração ainda mais antiga,
avançando pela costa sul da Ásia
e eventualmente alcançando a China.
Um dia, conforme avançarmos as fronteiras da pesquisa genética,
possamos até mesmo descobrir a origem das características chinesas.
E se não forem resultado de adaptação ao frio,
de onde poderiam ter vindo?
Pode ter sido simplesmente ao acaso, ou por causa de sexo.
se características particulares forem consideradas atraentes numa população,
então as pessoas com essas características
são mais capazes de passar seus genes para a próxima geração.
E então, se esse grupo florescer,
essas características podem se tornar bastante difundidas.
E o punhado de pessoas com essas características
certamente floresceu.
Seus descendentes preencheram as vastidões da Ásia.
E eventualmente deixaram a caça e coleta
para construir uma das maiores civilizações do mundo.
Nessa cidade, o eixo da segunda maior economia do mundo,
me sinto como se estivesse num planeta diferente
daquele habitado por caçadores-coletores.
Mas é possível olhar para trás na pré-história
e ver esses primeiros passos, as sementes da civilização na China.
O que foi, que trasformou caçadores coletores em construtores de impérios?
Estou viajando através da paisagem inspiradora de Guilin, no Sul da China,
à procura da chave do seu sucesso.
Essa é a caverna Tsung Pien.
Escavações aqui nos dizem que já foi habitada por caçadores coletores.
E em 2001, foi feita uma maravilhosa descoberta.
Essas fragmentos são tão preciosos que nem é permitido tocá-los.
São alguns dos mais antigos restos de cerâmica na China.
Na verdade, uma das mais antigas cerâmicas do mundo.
Então, quem fez essa cerâmica?
Bem, o povo que viveu nessa caverna há tantos milhares de anos atrás,
deve ter sido de caçadores-coletores nômades,
ainda vivendo num estilo de vida antigo de muitas formas.
Mas esses grosseiros pedaços de cerâmica de aparência insignificante
marcam um grande salto tecnológico à frente.
Então foi achada cerâmica pré-histórica nessa caverna?
Cerâmica é algo que podemos não dar valor.
Mas para esses antigos caçadores-coletores,
a cerâmica era parte de um modo de vida completamente novo.
Mas como eles faziam?
Estou com uma equipe de arqueólogos experimentais,
que acha que pode ter a resposta.
O primeiro passo deve ter sido
descobrir como impedir a cerâmica de rachar quando posta no fogo,
temperando-a com uma mistura de calcita e argila.
E eles até têm uma idéia de como foi dado forma aos potes,
milhares de anos antes da invenção das rodas de ceramista.
É bem esperto. Eles cavaram um buraco
para dar a forma básica ao pote, quase como um molde,
E depois comprimem a argila em pequenas porções no...
buraco pré formado.
Transformar argila em cerâmica
requer queima em alta temperatura.
Hoje, iso é feito a 1.000º C num forno,
o que está além dacapacidade desses caçadores-coletores.
Eles devem ter tido fogueiras abertas,
que só poderiam produzir temperaturas de 250º C.
Eu tenho minhas dúvidas se vai ser suficiente.
Então, como vai nosso pote?
Acho que é isso.
Acho que é o nosso pote ali, e ele parece ok!
Fantástico.
Há muitas teorias diferentes sobre
porque os caçadores-coletores chineses devem ter começado a fazer potes.
Alguns dizem que era um símbolo de prestígio.
Mas os arqueólogos chineses acham
que a explicação é muito mais simples: cozinhar.
Potes significam que uma gama mais ampla de alimentos seja cozida e armazenada,
vital em tempos difíceis.
E por volta de9.000 anos atrás, houve outra inovação:
agricultura.
Uma das coisas que esses antigos ceramistas chineses deviam estar comendo
era arroz selvagem.
certamente não deveria ser a fonte principal de alimento,
Porque é difícil de colher
e não dá muito retorno energético.
Mas apesar da disponibilidade de outros vegetais,
foi o arroz que ficou mais e mais importante
e até mesmo crucial para sucesso inicial dos chineses.
Isso parece bom, não é?
Mas o arroz selvagem não produz muitos grãos.
Como uma planta tão poco promissora se transformou no alimento
de todo um continente?
Bem, um desses fazendeiros primitivos deve ter tropeçado
num modo de enganar a natureza.
Arroz precisa de muita água,
e eu estou ajudando os fazendeiros a irrigarem seus campos de arroz,
criando um meio ambiente úmido e pantanoso
onde o arroz cresce naturalmente.
Mas quando o arroz é privado de água, ele faz algo bem interessante.
Ele começa a produzir montes de sementes.
Então, os fazendeiros primitivos esbarraram
num modo engenhoso do arroz fazer justamente isso,
criando uma seca artificial.
Alguém teve a ideia de encher os campos de arroz com água
e depois deixá-la evaporar.
Com isso o arroz esperava uma seca e entrava em pânico,
produzindo muito mais sementes.
Gãos de arroz.
Provavelmente uma das coisas que fez o arroz tão atrativo
para os caçadores-coletores, e fez com que eles o cultivassem,
foi que eles podiam armazenar as sementes para alimentação durante o inverno.
Quando houve mais alimento e ele se tornou confiável,
populações explodiram.
Famílias se sedentarizaram.
Começaram a construir vilas, aldeias, e eventualmente cidades.
Essas humildes plantas representam o fim da jornada
para os chineses caçadores-coletores,
e o início de algo novo,
agricultura e civilização.
Não é exagero dizer que esse desenvolvimento
foi o fundamento do mais bem sucedido
grupo humano vivendo hoje em dia.
E o resto é história.
Tradução: AW_AMARAL Revisão e Sincronia: igorc