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Estamos a rolar?! - Sim!
Podemos começar! - O que é que foi isso!? Podemos começar?!
- Vou começar pelas senhoras...
Já que a tua música é influenciada pelo Gospel e o Soul, sendo britânica, o que achas que aconteceu
para teres seguido esse caminho, através de influências que estão mais presentes do outro lado do Atlântico?
Eu penso que gostamos de trocar música de um continente para o outro
mas acho que algo aconteceu na música em Inglaterra, nos anos 60. Houve uma grande afluência de música Soul, albúns, DJs, etc
Penso que está tão intrínseca na nossa cultura que, quando eu a ouvia, sentia uma empatia natural.
Quando comecei a gostar de hip-hop, levou-me a conhecer muitos desses antigos albúns e aí comecei a descobrir outros artistas.
- Sabemos que tiveste treino de música clássica. Isso influenciou a maneira como encaras a tua música?
Sim. Basicamente, crescendo a ouvir música clássica ajudou-me a ter bom ouvido para música, não que seja mutio boa a “ler música”
mas consigo ouvir harmonias, e cantar em coros de igreja deu-me um bom ouvido para compreender melhor várias harmonias.
Sim, estou muito agradecida por isso.
- Agora para ti, Alex... A música para ti começou com um sampler
quando eras um adolescente e eu li que foi para irritar o teu pai, que insistia em que tu aprendesses
música de uma maneira mais formal. Olhando para trás, achas que se o teu pai
não tivesse insistido o teu caminho teria sido outro ou o sampler foi a melhor maneira de aprender?
Suponho que é bom quereres reagir contra alguma da influência que tens quando és criança.
Tentas sempre repelir a influência dos teus pais, mas o meu pai empurrava-me para uma formação mais clássica de guitarra
quando o que eu queria com o sampler era “cortar a música em pedaços” e construir a partir daí.
Sim! Basicamente, o oposto.
Mas estou agradecido que ele me tenha forçado a aprender guitarra quando tinha 6 anos
porque foi o que criou as minhas bases para o que faço agora.
- Agora uma pergunta para ambos... Como é que a vossa colaboração começou?
Por exemplo, como se conheceram?
Bem, eu acho que nos vimos antes, em festas e etc, mas só nos conhecemos propriamente
em Brighton através da label Tru Thoughts. Eu estava a trabalhar lá e tu andavas a gravar com o Will (Quantic).
Acho que a primeira colaboração que fizemos foi em “Maps of Wilderness”.
Sim, no meu primeiro álbum. Essa foi a primeira vez em estúdio.
Foi nessa altura que ambos pensamos que isto poderia funcionar. Podemos escrever umas canções.
Não nos demos muito bem socialmente (sarcasmo) mas em relação à música tudo funcionou muito bem.
Pusemos as nossas personalidades à parte e continuamos com a música!
- Outra questão... Quais acham que são as diferenças principais entre o público americano e europeu?
Essa é mesmo complicada!
Maior parte das audiências são bastante similares.
Nos E.U.A., em Washington, foi bastante intimidante. Nós a tocarmos música Soul para um público
com uma forte herança de Soul Music.
Mas sendo música com herança americana, recebem melhor feedback na América ou na Europa?
É diferente, quando fomos a Detroit...
- É tipo uma aceitação! Sim... 'Vão gostar disto!?'
Mas temos de nos lembrar que estamos a fazer algo do coração, da alma...
Nós humanos somos todos iguais, com o que sentimos. Se há algo que nos atinge de uma boa maneira
esquecemos-nos de onde veio e foi feito e respeitamos essas outras culturas.
Há uma cultura um pouco diferente na América... A audiência é mais interactiva e mais confiante
No Reino Unido há uma maior tendência regateadora, em termos de música...
Mas em geral, o público é muito similar. Há sempre uma mescla de idades nos nossos concertos..
Suponho que pessoas parecidas gostam de coisas parecidas.
- As vossas influências vão desde o Soul e Gospel a outros estilos...
Que outros genéros de música diferentes vos influenciam?
- Não façam uma lista!
Quase todos os géneros.. Talvez algum Death Metal da Noruega seria capaz de magoar os meus ouvidos..
Depende de como nos faz sentir.
Eu acho que, se se ama música, é como a comida, quero experiementar tudo.
Se olharem para o meu leitor de mp3, a colecção vai desde Kate Bush a Jay-Z a todos os tipos de música.
Comigo é basicamente o mesmo, tento manter uma mente aberta.
Quando fizemos um concerto, a semana passada, e a Mel C estava a actuar antes de nós
ela fez algo só com um pianista e uma secção de sopro que foi excelente.
Não se deve nunca julgar em demasiado. A música é algo muito acidental.
Temos de manter a mente aberta.
E também, eu entendo, mas ser purista sobre algo, é um pouco estranho,
porque nos estamos a fechar perante a diversidade que é possivel encontrar.
No que comemos, no que lemos, no que vemos, de todas as diferentes culturas
Eu acho estranho concentrar-me só num estilo.
- Já ouviram algum género de música português, como fado?
Acho espetacular. Mesmo apesar de não entender nada, ou só algumas palavras.
O facto de nos levar quase a lágrimas, só de ouvir... Eu comprei alguns discos quando estive em Lisboa.
E acho que é assim, com a música... Como com ópera, não consigo entender o que é dito
mas a emoção está la, como o Fado. Tem muita alma e é puro.
- Anda por aí o teu álbum mais recente, "Pots of Gold", e a minha questão é
o que vem a seguir? Devemos esperar algo dos dois ou vão por outros caminhos?!
Eu fui em torno dos AC/DC e tu..
Tu fizeste um álbum de versões dos AC/DC, não foi? (brincadeira) É de loucos.
Sim... Isso até é uma boa ideia!
Nós temos vindo a fazer faixas para o novo álbum, juntos.
Há muita coisa gravada, com a banda americana com quem temos trabalhado.
Acabamos agora uma faixa com o Durando, que é como um cantor do fim dos anos 60, do género de Al Green.
Estamos a tentar arranjar colaborações interessantes no novo albúm.
Sim, é divertido arranjar vozes diferentes...
Mas é estranho, porque temos muito material que ainda não foi lançado
que já foi usado ao vivo, mas não se integra em nenhum lançamento.
Vai haver muito por onde escolher. O objectivo é lançar o álbum por volta de Maio
Por isso, agora é em frente e a todo o vapor.
- Então, depois do fim da tournée, podemos esperar o novo álbum?
A Alice anda em tour há já 10 anos, não sei... Mas nos últimos dois anos tem sido sem parar.
É bom fazer uma pausa para criar...
Também tens andado a trabalhar com o Will (Quantic)...
Sim, fui à Colômbia visitar o senhor Quantic.
Tem demorado, porque andei dois anos cá e lá, mas agora já está pronto.
- Eu sei que fizeste muitas colaborações... Podemos agora esperar colaborações das outras partes
no novo álbum, como dos Massive Attack, por exemplo?
Agora, no último álbum que eles lançaram, pediram a vários vocalistas...
Mas ainda não chegou o dia para a canção que eu escrevi. Eles tinham tanta escolha...
Mas quem sabe!?
O David Byrne deve-te um favor.
O Prince deve-me muitos favores! (brincadeira)
O Cee-Lo e também o Stevie Wonder porque eu fui baby-sitter dos filhos dele.
... a Aretha Franklin!?
Freddy Mercury... Tom Waits...
- Todas as vossas principais influências talvez apareçam no vosso novo álbum...
- Não sei se querem falar sobre algo mais?
Posso falar sobre a minha família!?
Queres-te deitar e falar?
O meu nome é Alice Russel e este é... - Sou TM Juke.
E vocês estão a ouvir e a ver o musicómetro!
Assim está certo!?