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Senti uma exuberância na minha mente
como se o meu cérebro se dividisse
tentei encaixa-lo peça a peça, mas não conseguí que encaixasse.
Tentei unir o pensamento com o anterior
mas a sequencia fugia como cogumelos pelo chão.
O Cérebro do Adolescente
Pela 2ª década da vida
o cérebro humano está completamente desenvolvido
são biliões de neurónios todos no seu sitio
mas ainda não está acabado.
O cérebro é um trabalho progressivo
e a adolescência é o último período
de grande mudança e desenvolvimento para o cérebro.
Agora o drama do desenvolvimento cerebral
centra-se na parte do cérebro que nos torna únicos.
Ainda amadurecendo, o córtex pré-frontal.
O córtex pré-frontal é a parte do cérebro
que nos permite fazer planos futuros
e está envolvido em áreas tão abstractas
como a responsabilidade pessoal, moralidade e auto controlo.
Esta parte do cérebro passa por esta grande mudança na maturação
durante a adolescência.
Com a parte do cérebro responsável pelo raciocínio,
juízo e autodisciplina ainda em desenvolvimento
não admira que a adolescência possa ser um período de turbulência e confusão.
O cérebro do adolescente é desajeitado porque de repente
há todas estas novas partes do cérebro que estão ligadas
que estão a fazer tarefas e a habituarem-se a elas.
Estão a tentar descobrir: "Ok, eu tenho o córtex frontal, que faço com ele?"
O cérebro adolescente em desenvolvimento está em grupo
formando personalidade, comportamento e até identidade.
Á medida que o cérebro amadurece o adolescente também enfrenta riscos específicos
desde drogas a álcool que pode levar o cérebro ao caos da esquizofrenia
que é mais frequente na adolescência.
O MUNDO DELES O CÉREBRO DO ADOLESCENTE
Por vezes o cérebro do adolescente falha
de maneira a desafiar até o nosso melhor entendimento de como este funciona.
Á 2 anos atrás Cortney Hale Cook
era um finalista no liceu
quando contraiu esquizofrenia.
Uma doença cerebral a que os adolescentes são mais vulneráveis.
Sabem, passei 19 anos com a mesma personalidade
estava bastante habituado e gostava.
Gostava de ser "eu"
de repente foi-me levado.
Ele vinha ter comigo e dizia: "Mãe, hoje pareces uma velhota"
Apontava para o meu olho e dizia: "Tens um buraco aquí e outro ali"
ou descrevia as coisas em visão de túnel
tudo era *** excepto o que estava no final desse túnel.
Quando ele abria os olhos de manhã via faíscas.
Nem com o começo do día, no minuto que abria os olhos
ele tinha aqueles distúrbios visuais.
São sobretudo no centro da visão
mas varia, como agora...
como que vejo o céu...
sabem, estão sempre ali.
Acho que lhe levou algumas semanas para me dizer
"Sabes mãe, eu vejo isto na escola"
" e mãe, estou aterrorizado, cheio de medo"
"de ter esquizofrenia".
Senti que ficava maluco
e ficava assim pelo resto da minha vida.
Para mim é difícil imaginar, uma doença que seja mais cruel que a esquizofrenia.
Quando começará? No fim da adolescência, 20 anos
mesmo quando a família, sociedade fazem o máximo investimento numa pessoa nova
mesmo quando se está preste a acabar a secundária.
Esta criança é perdida da maneira mais horrível.
Na Universidade de Iowa, Cortney é parte de um estudo de investigação
que investiga como cérebros esquizofrénicos funcionam bem ou mal.
A esquizofrenia é tão complexa como o cérebro
e pistas para a sua biologia têm sido teimosamente evasivas.
Esquizofrenia é definitivamente um enigma.
Nunca foi possível identificar uma característica obvia em relação a alguma doença comum
que distinga a esquizofrenia de outras condições mentais.
Olha-se para o cérebro de um paciente com esquizofrenia no microscópio
e não se vê nada que se diga AHH, isto é um distúrbio destas ou aquelas células.
O que corre mal num cérebro de alguém que sofre de esquizofrenia?
Á séculos que a resposta iludiu investigadores.
Mas novas tecnologias visuais, revelam como o cérebro falha no seu funcionamento normal.
Focando a atenção em varias regiões cerebrais que têm uma menor performance
regiões responsáveis pelo pensamento, raciocínio, memoria e emoção.
O facto de haver tantas regiões a funcionar mal
conduziu os cientistas a investigar a parte do cérebro que coordena o seu funcionamento.
O Córtex Pré-frontal.
Há uma grande evidencia, de que o córtex pré-frontal
funciona como um maestro
mantém a harmonia
e faz musica de muitos elementos dispersos desta orquestra.
E pensamos que parte do problema, que quando o córtex pré-frontal
é deficiente, como talvez na esquizofrenia
é que em vez de musica, há ruído.
Uma das coisas que me acontecia, é que estava constantemente estupidificado
e, tenho alguma dificuldade em...
manter-me coerente.
Manter-me num assunto especifico.
Sabem, porque a minha mente pode estar noutro lado.
Desta vez quero que me digas de que cor é a tinta.
Sabes o que a palavra diz, e diz-me a tinta. Vermelho, azul, castanho, ok?
O mais rápido que puderes. Pronto? Vai.
Um córtex pré-frontal que não funcione bem
faz com que o pensamento seja difícil.
Não é nenhuma surpresa, que muitas pessoas com esquizofrenia
não tenham uma boa performance numa série de ***
desenhados para medir a sua habilidade para pensar e raciocinar com clareza.
Cortney era um bom estudante
mas com o desenvolvimento da doença
as suas notas começaram a descer.
E ele finalmente teve de pôr de parte os seus planos para a faculdade.
A esquizofrenia é uma doença que afecta a mais alta função humana.
As partes de nós que são evolucionariamente mais avançadas.
A nossa habilidade de pensar em altos níveis concepcionais.
Cientistas tinham a esperança
que as imagens cerebrais M.R.I.
ajudassem a resolver os mistérios da esquizofrenia
ao identificar danos em estruturas especificas.
Em vez disso, as imagens revelaram um novo mistério.
Estávamos surpreendidos ao ver que não havia nenhum buraco obvio na cabeça
mas o que havia era que os ventrículos do cérebro
que são estes centros no cérebro que contêm fluido espinal
são simples cavidades, que eram ligeiramente maiores, em pacientes com esquizofrenia.
Porque é que os ventrículos, reservatórios de fluido,
que protegem os delicados tecidos cerebrais,
eram maiores na esquizofrenia?
Os ventrículos maiores, provaram ser a prova de que outras áreas do cérebro eram mais pequenas.
O nosso crânio é feito de ossos duros, que não se expandem.
Portanto, se os ventrículos, essas cavidades ficarem maiores
a única maneira de isto tudo ficar dentro do nosso crânio
é que outras coisas têm de ficar mais pequenas.
Tem havido muitos estudos subsequentes que demonstram
que há um afinamento muito ténue na superfície do cérebro, o córtex
que provavelmente conta para estas mudanças nos ventrículos.
Mais uma vez, a evidência aponta para uma ligação
entre o córtex pré-frontal danificado e a esquizofrenia.
O que explica porque a doença aparece com mais frequência durante a adolescência.
Os investigadores estão agora a procurar, em relação ao desenvolvimento do cérebro adolescente normal
por pistas do que poderá provocar a esquizofrenia.
O cérebro do adolescente é muito mais flexível e adaptável
do que pensávamos.
Há um enorme potencial para mudança
não só em termos psicológicos, mas mudanças físicas e anatómicas.
No principio da adolescência, o córtex pré-frontal passa por uma explosão de crescimento
à medida que uns neurónios se interligam com outros neurónios
como acontece no cérebro durante a infância.
Tal como nas crianças, as conexões entre os neurónios no cérebro do adolescente ficam mais fortes
ou definham e são eliminadas.
É uma maneira que a natureza tem de se certificar que as conexões que sobrevivem
são fortes e robustas.
Uma das maneiras que o cérebro tem para se aperceber que conexões guarda e quais elimina
é baseado na actividade do adolescente.
O cérebro procura por: Onde precisarei de ser bom para sobreviver neste meio ambiente?
E o modo como percebe isso é perguntando: O que estou a fazer agora?
A adolescência pode ser caracterizada como uma altura stressante para o cérebro.
Há mudanças químicas, hormonais, atómicas. Mudanças na expressão dos genes dentro das células.
É uma era de grande tumulto biológico.
E o lóbulo frontal luta para se adaptar ao meio ambiente
para lidar com todas estas instintivas alterações interiores.
É difícil para o lóbulo frontal, que é "normal", atravessar a adolescência
mas acreditamos que doentes com esquizofrenia
não têm um lóbulo frontal normal.
Acreditamos que não se desenvolveu normalmente, provavelmente desde cedo na vida.
Haverá pistas para a esquizofrenia na infância
que talvez expliquem a falha do cérebro mais tarde na adolescência?
Pode o cérebro da criança esconder-se nas sementes do seu mau funcionamento?
A psicóloga Elaine Walker tenta responder a essas perguntas
ao examinar vídeos caseiros de crianças, que mais tarde desenvolveram esquizofrenia.
Procurávamos por provas de alguma anormalidade no funcionamento do cérebro
e claro que um dos melhores sítios para procurar por isso nas crianças pequenas
é no seu desenvolvimento motor.
Esta criança só usa uma mão para tentar apanhar a bola.
Esta mostra postura pouco usual da sua mão esquerda
hiper-estendendo os seus dedos.
Crianças normais desenvolvem o gatinhar de uma forma simétrica.
Este é um padrão de gatinhar muito assimétrico
e isso é outra característica que nós observamos muito frequentemente
nas crianças que mais tarde desenvolvem esquizofrenia.
As observações de Walker, não podem ser usadas para diagnosticar esquizofrenia.
Apesar deste movimentos excêntricos aparecerem mais frequentemente
em crianças que desenvolveram a doença
também podem ser encontrados em crianças normais.
Mas o estudo de Walker é consistente com a teoría de que a esquizofrenia
é causada por acontecimentos no inicio do desenvolvimento cerebral
mesmo, talvez em meses depois da concepção.
Á medida que os neurónios nascem
tomam o seu lugar no cérebro em desenvolvimento
e ligam-se numa intrincada rede de conexões
os cientistas vêm a possibilidade para o erro.
Na concepção genética em si, subnutrição durante a gravidez
ou uma infecção viral.
Todas podem ter efeitos devastadores.
Seja qual for a causa, os cientistas especulam que os danos ficam adormecidos até à adolescência
quando o córtex pré-frontal passa pela sua maturação final.
A esquizofrenia pode ser uma doença em que este último estagio de desenvolvimento
pode acabar por ficar literalmente com as conexões erradas no cérebro.
Cortney, vamos pôr um monitor na tua frente que vais ver durante o estudo.
Ok
A esquizofrenia provoca a interrupção não só das partes do raciocínio no cérebro
mas também pode ter um impacto sério nas emoções.
Cortney, a seguir vais ver uns slides que a maioria das pessoas acham agradável...
Explorando as regiões emocionais do cérebro
os investigadores mostram uma série de fotos no ecrã
e usam tecnologia avançada de imagem para ver a resposta do cérebro.
O cérebro normal reage a estas imagens estimulantes
ao activar regiões do cérebro que processam emoções.
Estas mesmas regiões têm uma reacção muito fraca em muitas pessoas com esquizofrenia.
Pessoas com esquizofrenia dizem com frequência:
Perdi a relação com as outras pessoas, ou mesmo com tudo o que a rodeia.
É um vazio intelectual e um vazio emocional.
E é um dos factores que leva as pessoas com esquizofrenia a querer acabar com a vida
a cometer suicídio, porque acham que perderam a sua alma.
A coisa que mais me arrasou foi a falta de motivação
os sintomas negativos da esquizofrenia
o efeito plano, a falta de emoção, a apatia
essas foram as coisas que me apanharam.
Ele falava com frequência do facto de não ser capaz de sentir alguma coisa.
Não sentia tristeza, não sentia alegria
simplesmente não havia nada ali.
Nem tristeza, só um vazio
era isso que ele descrevia, só um vazio.
Eu não quería viver uma vida que me fora dada.
Era tão contrário do que eu quería
que já não a quería.
Quando tomei conhecimento da tentativa de suicídio, não fiquei surpreendido.
Ele falava nisso, tinha ideias sobre isso
e era um dos indivíduos que compreendia que aquilo não ia passar.
Que não teve sucesso, foi o que mais me surpreendeu
porque ele teve sucesso na maioria das coisas que fez na vida até à esquizofrenia.
Escrevi uma nota de suicídio a descrever o que era a qualidade de vida
que me perseguiu durante muito tempo.
Enquanto a esquizofrenia roubou a vida emocional de Cortney
outros adolescentes com esquizofrenia, também sofrem de alucinações.
Visões assustadoras e vozes que não existem.
Sabrina Yeskel, era uma rapariga normal de 12 anos
quando foi dormir num campo em visita de estudo.
Lá, ela começou a ouvir vozes.
Eram vozes altas, num tom grave.
Diziam para eu me matar, que não era merecedora de viver.
A mãe de Sabrina apressou-se a ir ao seu encontro, mas mal a reconheceu.
Ela começou a gritar e a dizer: Pára!
O que se passa? E ela disse: Ele está a tentar matar-me.
Então trouxe-a e tentei acalmá-la.
Chegámos a casa e ela não parava de gritar.
O "homem" perseguia-a e tentava estrangulá-la.
Sabrina foi diagnosticada com esquizofrenia.
Agora com 14 anos, ela luta à 2 anos para se manter ligada à realidade.
Ela ainda ouve vozes ameaçadoras, e alucinações assombram-na de madrugada.
Sabrina frequentemente vê uma figura vestida de ***
que ás vezes olha-a fixamente, outras fala com ela, outras tenta tocá-la, outras tenta matá-la.
Ás vezes, quando se debate com isto, é como se fosse encantado: Mata-te, mata-te, mata-te!
Entra.
Senta-te.
Na Universidade da Carolina do Norte, pesquisadores investigam
como as alucinações podem tomar conta do cérebro adolescente.
E testam novas drogas para ajudar a tratar estes sintomas psicóticos.
Isaac Wallace começou a ouvir vozes, quando foi para o liceu.
Á medida que as vozes se tornaram mais ameaçadoras
e os seus pensamentos paranóicos
ele finalmente foi hospitalizado para sua própria protecção.
Quando Isaac entrou no hospital, ele estava completamente envolvido
nas experiências alucinogénicas que tinha, nas vozes que ouvia
nas crenças que criou para explicar as vozes.
Quando ouço vozes, tento separá-las do mundo real
e penso no que elas me dizem, falo com elas...
As vozes que Isaac ouve são incomodativas porque parecem reais.
Contudo, são produzidas pelo seu cérebro defeituoso.
Quando vemos psicoses percebemos que não ouvimos com os ouvidos
ouvimos com o cérebro.
Não vemos com os olhos, mas sim com o cérebro.
E então, quando o cérebro falha
podemos ter experiências de ouvir vozes que parecem vir de fora da cabeça.
No cérebro normal, ondas de sons que entram nos ouvidos
viajam como impulsos electroquímicos para a parte do cérebro que os trata.
O córtex auditivo.
Gerando uma torrente de sinais que viajam para a parte do raciocínio, no cérebro
onde são interpretadas.
Cientistas acreditam que na psicose, a região do raciocínio falha.
Os neurónios falham duma forma caótica e aleatória
criando sons sem ter nada a ver com o mundo exterior.
O resultado é uma percepção de sons que não existem.
Então quando o cérebro falha, o cérebro entra em curto-circuito
é como se ouvíssemos o rádio.
Cientistas teorizam que a psicose é causada em parte
por problemas com o químico no cérebro chamado Dopamina.
Um dos neurotransmissores cerebrais, moléculas que enviam mensagens
de célula para célula, através duma abertura minúscula
a Sinapse.
No cérebro normal
a dopamina actua ao estimular os receptores nos neurónios alvo
disparando uma cascata de reacções electroquímicas.
No cérebro psicótico
por razões que os cientistas ainda tentam compreender
os níveis de dopamina disparam, hiper-estimulando os receptores
quebrando a habilidade do cérebro receber sinais exactos.
Desde os anos 50, a medicação anti-psicotica
tem sido o tratamento habitual para aliviar a psicose.
Para Isaac, têm feito maravilhas.
Eu diria que em 3 semanas, as vozes diminuíram para metade
ou 75% menos, do que ouvia.
Tirou-me do meu pequeno mundo
pondo-me outra vez na realidade.
Trabalho, agora.
Acho que agora também posso voltar para a escola
porque a minha memoria voltou
a minha concentração voltou
acho que posso fazer melhor do que podía.
A medicação anti-psicotica alivia a psicose
ao reduzir o impacto de dopamina nos neurónios
entupindo os sensíveis receptores da dopamina.
Com a diminuição da hiper-estimulação
os sintomas psicóticos diminuem e muitas vezes desaparecem.
Tivemos sorte em descobrir este fantástico medicamento para Isaac
e neste ponto, acho que teve quase uma recuperação completa
voltou a ser o mesmo.
O velho Isaac.
Os medicamentos anti-psicóticos não curam a esquizofrenia
e Isaac terá de os tomar até ao fim dos seus días.
Mas, em algumas pessoas, as drogas não funcionam nem um pouco.
A esquizofrenia varia de pessoa para pessoa
e Sabrina tem a forma mais resistente da doença.
Quando ela ficou seriamente doente à 2 anos
parecia que tínhamos centenas de medicamentos para experimentar
e com certeza um deles funcionaria.
Contudo descobrimos que nenhum funcionava e era assustador
porque não nos restava nada
e é incrivelmente difícil ver a nossa criança sofrer.
Mas também vejo a sua coragem
vejo-a a lutar todos os días
e estou incrivelmente orgulhoso por ela.
Para Cortney, a medicação ajudou-o a recuperar do vácuo emocional que enfrentava.
Os seus pensamentos acerca de suicídio passaram.
Ainda luta com a sua doença
mas continua com a sua vida, e recentemente entrou na faculdade.
Prefiro viver a vida que tenho agora
confusa e dolorosa como tem sido
do que nunca ter nascido.
Acho que ele aprendeu de como a vida é frágil.
Acho que aprendeu o que realmente é importante.
Todos os anos 300.000 americanos são diagnosticados com esquizofrenia.
A maioria desenvolve os primeiros sintomas no fim da adolescência
mas milhões de outros adolescentes estão vulneráveis a outro perigo.
A adolescência é a altura do crescimento da independência.
Á medida que o córtex pré-frontal amadurece
os adolescentes começam a explorar o mundo por eles mesmo.
Mas o seu julgamento e raciocínio ainda não está completamente desenvolvido
o que faz com que seja especialmente arriscado
experimentarem drogas viciantes e álcool.
12.500 milhões de adolescentes americanos
sofrem de sérios problemas com drogas.
A adolescência é uma altura em que os miúdos estão expostos
a toda a espécie de influencias terrivelmente negativas como o abuso de drogas.
O vicio é uma doença do cérebro
que afecta o pensamento a emoção e o comportamento.
Nesse sentido é como muitas outras doenças cerebrais.
Como depressão, esquizofrenia.
Só que aquí, a patologia é que as drogas são viciantes por si
actuando num cérebro vulnerável.
Nunca pensei em tornar-me viciada
nem sequer pensava nisso
até que comecei a consumir coca.
Então como que me apercebi
consumo cocaína, não é só erva ou álcool
ficou cada vez pior.
Jessie Galataw, começou a experimentar álcool quando tinha 11 anos.
Marijuana entrou a seguir
e depois uma colecção de outras drogas viciantes.
Aos 16 estava viciada em cocaína.
Para funcionar, ela tinha de consumir quando se levantava
não conseguia levantar-se sem primeiro consumir cocaína.
Não conseguia entrar na escola sem consumir cocaína no estacionamento.
E não era mais por gosto, consumia para viver.
Era assim, tenho de fazer alguma coisa já, ou morro.
Não conseguia continuar a viver assim.
Aos 17, apanhada numa obsessão desesperada
Jessie entrou na Fundação Karen, na Pensilvânia Este.
Uma residência de reabilitação.
Aquí, adolescentes viciados tentam readquirir o controlo das suas vidas
que foi apanhado pelo vicio.
Depois de algum tempo, em vez de ser eu a controlar as drogas
eram as drogas que me controlavam.
Se estava doente não pensava nelas
se não pensava como é que as arranjava outra vez.
Só pensava nisso, o tempo todo.
Um día estava sóbrio, sem nada para beber ou fumar
e percebi que era o 1º día desde à muito tempo que não tinha químicos no meu corpo.
Senti-me esquisito, irritado e foi o pior día da minha vida.
Estou aquí à 1 semana e ainda não me recompus.
Todos os días quero fumar, foi uma parte da minha vida tão comprida...
A toxicodependência era vista como um falhanço moral
uma fraqueza de carácter.
Mas cientistas começaram a investigar como é que
substancias viciantes mudam fundamentalmente o cérebro.
Gradualmente tomando controlo da motivação e desejo.
Investigadores da toxicodependência focam-se no circuito neural
o caminho da recompensa no cérebro.
Uma rede de neurónios onde os nossos desejos chegam.
Fluindo através desta rede
estimulando continuamente os nossos prazeres e apetites
estão os neurotransmissores, que um neurónio usa para falar com outro.
As drogas viciantes funcionam ao alterar o nível destes neurotransmissores
e capturar levemente o caminho da recompensa.
Todas as drogas viciantes
são cavalos de Tróia.
Cada um dos químicos que viciam são mímicos.
Isto é, são idênticos aos neurotransmissores
são idênticos ao químico que o cérebro usa
para as células neurais comunicarem umas com as outras.
Muitas drogas viciantes imitam um dos mais poderosos neurotransmissores
no caminho da recompensa, dopamina.
No cérebro normal
a dopamina viaja através da sinapse
estimulando receptores no neurónio alvo.
Então é rápidamente reabsorvida por minúsculos aspiradores moleculares
chamados transportadores de dopamina.
Mas quando se consome cocaína
uma onda de triliões de moléculas da cocaína abate-se sobre as sinapses
entupindo os aspiradores
aumentando artificialmente o nível de dopamina no cérebro
produzindo uma "pedrada" de cocaína.
Vamos imaginar uma maravilhosa recompensa natural.
Vou a um restaurante e como o melhor gelado que já tomei.
Terei uma certa quantidade de dopamina libertada no meu cérebro.
Mas a cocaína, que chega lá quimicamente
dá ás sinapses mais dopamina
por mais tempo
do que alguma vez já experimentou.
Com a vossa primeira "pedrada"
particularmente com cocaína e heroína
olhem o que acontece.
Os níveis de dopamina
sobem acima e para lá
dos experimentados pelo orgasmo.
Acima e para além da melhor experiência fisiológica que podemos ter como homens e mulheres.
Fiquei tão "pedrada", que julguei flutuar.
Dando encontrões ás pessoas
dizendo piadas, gargalhando
tanto que até chorava.
Depois de consumir, relaxava e fumava um cigarro
preenchia-me completamente
e como que abstraia-me do mundo.
Uma vez que as drogas e o álcool são introduzidas no cérebro viciado
então o sistema natural é como que regulado para baixo.
Quer dizer que as coisas que são supostas funcionarem
para exercício e comida
e todas as coisas que nos farão sentir bem
basicamente entram em hibernação.
Tem-se um sentimento de desespero tão grande
que a única coisa que podemos fazer
para ter alguma semelhança a prazer na vida
é readministrar a droga.
A primeira "pedrada" pode ser vertiginosa.
Mas depois de um consumo continuo
o lado *** da toxicodependência a tomar forma.
O cérebro reage ao consumo repetido uso da cocaína
e à onda de dopamina nas sinapses, defendendo-se
eliminando receptores no neurónio que são o alvo da dopamina.
Sem os receptores
a dopamina não pode estimular o neurónio
e a "pedra" é induzida.
Mas também o é, o gozo de todos os prazeres normais.
Engana o meu cérebro, sabem
fez-me pensar que era feliz
que gozava a vida
na realidade não era assim.
Quando não estava "pedrado", odiava a minha vida.
Lembro-me de escrever notas no meu diário
que estava com dores, mas quería mais e não posso parar.
E quería morrer, não quería viver mais.
Nenhum destes miúdos se sentou e disse:
Hey, quero ser um toxicodependente!
O que acontece com muitos outros adolescentes
jogam um jogo de "Roleta Russa".
É alguma coisa acerca dos seus genes
no seu temperamento
que os fez vulneráveis.
Quando outros se esquivaram, eles ficaram apanhados.
Foi alguma coisa diferente nos seus cérebros.
Temos aquí algum álcool
e a nossa tarefa é ajudá-lo a consumir esta bebida num período de 10 minutos.
Como a cocaína, o álcool é perigosamente viciante.
No seu último ano no liceu
9,5 milhões de adolescentes americanos, terão experimentado.
No Hospital dos Veteranos de S. Diego
Marc Schuckit tenta compreender
o que faz com que estes adolescentes sejam mais vulneráveis ao álcool do que outros.
Para voluntários como Justin de 18 anos
e Elika de 21
Schuckit comprime uma noite de bebida em 10 minutos
então grava a reacção do seu cérebro.
O álcool tem um imenso impacto nas ondas cerebrais
que é de facto uma maneira de medir a mudança do cérebro na presença de álcool e drogas.
Demos-lhes quantidades equivalentes por kilograma.
O resultado foi que os níveis de álcool no sangue eram idênticos.
O que as ondas cerebrais nos mostram
é que a Elika reage mais ao álcool, que o Justin.
As suas ondas cerebrais têm mais impacto de álcool
significante mais que as ondas do Justin.
Numa escala de 0 a 36, como te sentes?
36.
O que achas da lentidão do teu discurso?
Acho que não. Provavelmente deve ser 20.
A respeito da embriaguez ou intoxicação, como te sentes?
36.
Ela estava com dificuldade em concentrar-se
problemas em focar sobre o que estávamos a falar
e estava consciente do seu estado de embriaguez.
E numa escala de 0 a 36
Quão embriagado te sentes?
Não sinto nada, talvez 1.
E quão desajeitado te sentes?
0.
E sentes-te a flutuar?
0.
Justin tinha os mesmos níveis de álcool
e quando perguntámos como se sentia
basicamente ele dizia que não sentia nada.
Quase 0, muito baixo na escala.
E tudo o que tínhamos de fazer era olhar para ele
e sabíamos que ele estava a sentir menos.
O mesmo nível de álcool no sangue, reacções muito diferentes.
As 2 pessoas começam a sua noite a beber, com um equipamento diferente a bordo.
A Elika, depois de 1 ou 2 bebidas
é provável que diga: Estou a ficar embriagada, é melhor parar.
O Justin, supomos que quando vai a uma festa, depois de 2 bebidas
ele olha e diz: Não é nada demais.
E provavelmente irá para a 3ª, 4ª, 5ª bebida.
O Justin também se embebeda. Só que leva mais álcool para se embriagar do que a Elika.
Mesmo que o cérebro de Justin reaja mais lentamente ao álcool
ele tem mais probabilidades de se tornar um alcoólico.
Porque está menos ciente do efeito poderoso do álcool.
Ele talvez continue a beber quando a Elika pára
expondo o seu cérebro a maiores níveis alcoólicos
aumentando a probabilidade de se tornar alcoólico.
Falei com miúdos com a minha idade e tamanho
que com 6 cervejas desmaiaram.
Com 6 cervejas eu começo a aquecer
consigo beber com facilidade quase 1 caixa de cervejas.
Tenho alcoolismo na família
à gerações e penso que isso é significativo.
Uma das razões mais importantes porque a dependência de álcool existe na família
é que as pessoas herdam genes, que têm impacto de como o cérebro funciona.
Descobrimos que um reacção baixa ao álcool
está associada a um maior risco de alcoolismo
independentemente da historia familiar.
Mas se tiver ambas, uma historia familiar de alcoolismo
e uma reacção mais lenta ao álcool
o seu risco é muito maior.
Uns 3 de 4 dos meus avós eram alcoólicos
o que aumenta a probabilidade de eu ser alcoólico
mesmo pessoas da minha casa diziam-me quando era pequeno
que quando crescesse ia ser alcoólico assim que começasse a beber.
Uma vez que os adolescentes fiquem apanhados por drogas e álcool
porque é que não param?
Como é que as drogas mudam o cérebro
tornando a recuperação tão difícil para muitos
e impossível para outros?
Edward Coleman começou a consumir marijuana aos 13
e rápidamente entrou noutras drogas.
Aos 19, era um toxicodependente empedernido
vivendo no fio da navalha
arranjando esquemas para alimentar o vicio.
Lembro-me de días em que não conseguia dormir
a pensar em maneiras de ficar "pedrado".
O que posso fazer, onde posso ir ou quem posso roubar
para arranjar dinheiro só para ficar "pedrado"?
A Dr.ª Anna Rose Childress estuda a toxicodependência à mais de 2 décadas.
Investigadores à muito observam que toxicodependentes em recuperação
reincidem mais frequentemente quando voltam aos seus antigos bairros e amigos.
Childress interroga-se se serão estas deixas
que conduzem a uma insaciável necessidade por drogas
num cérebro mudado pela dependência.
Só o lembrar do consumo, ver esses amigos
ver um cachimbo de crack, cheirar o fumo
cria este avassalador sentido de necessidade e desejo
um mundo completamente desequilibrado, até ter alguma cocaína.
Childress faz uma experiência simples.
Ela faz um scan ao cérebro a dependentes de longo prazo de cocaína
mas só depois de não consumirem por 2 semanas.
Isto assegura que as imagens que captura não são relativas a uma "pedrada"
mas a mudanças mais permanentes no cérebro.
Ela mostrou aos pacientes uma série de vídeos.
Primeiro, cenas da natureza
depois imagens de uso de drogas explicito.
Os diferentes vídeos produziram actividades diferentes no cérebro do dependente.
Os scans durante o vídeo da natureza
revelaram muito pouca actividade cerebral.
Mas quando o vídeo mudou para o uso de drogas
Os scans irradiaram vermelho, indicando intensa actividade cerebral.
Podemos ver que o cérebro está a fazer algo especial, diferente
quando a pessoa está com um desejo constante
do que quando não estavam.
Foi extremamente excitante para nós
porque foi a primeira vez na historia humana
que fomos capazes de espreitar dentro do cérebro durante o desejo.
Childress capturou imagens de como o cérebro é fundamentalmente alterado
para produzir uma fome devoradora por cocaína.
Os pacientes descrevem que o desejo os leva a fazer coisas
que eles nunca imaginariam fazer.
Ultrapassar as suas próprias regras, valores
pôr relacionamentos em causa
coisas deles ou os seus empregos, suas próprias vidas.
É como ser uma vitima
de um feroz Pitbull
e quando te consegue apanhar
não te larga.
A única maneira de te safares, é mata-lo.
É como eu vejo a única maneira de sair
da dependência da droga, era morrer.
Apesar do desejo gravado no seu cérebro
Coleman conseguiu derrotar a sua dependência.
E conseguiu-o de uma maneira que intrigou os investigadores.
As suas pernas foram vitimadas por uma bala perdida no seu bairro de drogados.
Mas esta tragedia permitiu-lhe fazer uma descoberta surpreendente.
Ainda consumia cocaína
mas para acalmar as tremuras nas suas pernas
começou a tomar um comum descontractor muscular, Baklefan.
Quando se acabava a cocaína
surpreendeu-o o facto de já não sentia a falta.
Desde que tomasse o Baklefan
a minha mente bloqueava a necessidade das drogas.
Bloqueava a parte de mim que pensava nisso e quería isso.
O Baklefan aparentava sobrepor-se
ao desejo por cocaína no seu cérebro.
Coleman relatou as suas observações a Childress.
Ela ficou intrigada por experiência cientifica caseira.
Oferecemos-lhe um scan
com o habitual vídeo do beija-flor
vídeo da cocaína
com a aposta de que com o Baklefan
não veríamos os pontos quentes
aparecerem nas importantes áreas que antecipam uma recompensa.
Olha, não há pontos quentes
quando estavas a ver o vídeo da natureza
o teu cérebro não mostra muita diferença do que quando vias o vídeo da cocaína.
Estes dois scans são idênticos.
A maneira déle olhar o vídeo da natureza
a maneira déle olhar o vídeo da cocaína
não há pontos quentes.
É muito encorajador para nós
que a descrição de como ele sente
não se sentiu puxado
ele sente que tudo está numa área que ele conseguia gerir.
Condiz com o seu cérebro.
O seu cérebro concorda.
O Baklefan pode provar que é o primeiro medicamento
a dobrar o insaciável desejo por cocaína.
Está agora nos primeiros *** em toxicodependentes.
Mas até haver medicamentos disponíveis para combater a dependência
os dependentes continuaram a esforçar-se para ultrapassar a dependência
sozinhos.
Jessie e os outros adolescentes
terão de estar entre 3 semanas e 3 meses
recuperando as suas vidas.
E aprenderam lições importantes
de como as drogas mudaram os seus cérebros.
Estou aquí sentada e debato-me com
o facto de que sou toxicodependente.
Preciso de ajuda
não consigo fazer isto sozinha
e preciso de fazer tudo o que me ensinam
e é muito difícil.
Difícil e assustador.
A verdade crua
é que 8 de 10 toxicodependentes
deixam a reabilitação
e voltam à dependência.
Ás vezes, depois de meses e até anos de sobriedade.
Estou tão assustada
de ter uma recaída
de começar a consumir
e isso é talvez bom
porque pode inibir-me de voltar pelo medo.
A última prova que muitos destes adolescentes terão de enfrentar
antes de abandonar a reabilitação
será um curso de desporto radical.
Como notam, há 2 cabos, um em cada lado que suspende a escada e os troncos
não podem agarrá-los.
A única coisa a que se podem agarrar
são os troncos e o vosso companheiro.
Este exercício de graduação
simboliza o desafio que estes adolescentes enfrentam
em derrotar a sua dependência
depois do seu cérebro ser distorcido pelas drogas.
Uma parte critica do cérebro
foi literalmente pirateada pelo consumo de drogas.
Foi reconfigurado
o comportamento está agora concentrado nesta vida
de obter e usar drogas.
O comportamento tornou-se automático
e o truque para a pessoa que está a reabilitar-se
é parar estas reacções automáticas.
O que tentamos fazer aquí
é recrutar outras partes de seu cérebro
para diminuir estas mensagens impróprias.
Sabendo que não podemos erradicar
tentamos recrutar outros soldados
outras partes do cérebro
ajudar a diminuir esses sentimentos.
Se eu tivesse que adivinhar
que o que temos de marginalizar
é o córtex pré-frontal
as funções criticas deste córtex pré-frontal
o que chamamos funções executivas
auto controlo
a habilidade de literalmente ser responsável por si mesmo
então podemos fazer isso
porque nem todo o seu cérebro foi tomado pelo consumo de drogas.
Não puxes, ainda.
Não largues a minha mão!
O meu maior medo é fazer alpinismo
ultrapassei o meu maior medo!
Consigo fazer qualquer coisa!
A adolescência é provavelmente
uma das mais exigentes alturas da vida.
Aprende-se a funcionar como humano na sociedade.
Começamos a tentar formar associações
amizades duradouras
começamos a ficar sexualmente conscientes.
Sabemos que ao sair de casa
tornando-se adultos
tendo uma família
requer habilidades muito mais complicadas, psicológica e mentalmente.
E o órgão de todas estas mudanças
onde as pessoas pensam, fazem juízos
é no final de contas, o seu cérebro.
No próximo capitulo da Vida Secreta do Cérebro
Tradução, adaptação e sincronização por
Joana Lucas e Pedro Lucas