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Durante minha última viagem na temporada de pesca, nós enfrentamos um dos piores
climas que nós jamais vimos no Golfo durante a temporada de linguado em anos.
Nós carregamos o barco, e notamos que tínhamos capturado muitos peixes,
e o barco não estava tão estável quanto eu gostaria.
O barco não afundou, todos estavam bem, mas eu estava roendo minhas unhas.
Nós acabamos chamando o evento “temporada de linguado perturbadora”.
Foi intenso, foi feio.
A prioridade era capturar peixes.
Nós fomos além dos limites de segurança dentro do possível.
Todos se encontraram em situações onde foram além do que era confortável.
Ao longo dos anos, pescadores tem capturado vastas quantidades de peixe, como se o estoque fosse infinito.
Hoje, o número de peixes no oceano despencou.
O colapso da pesca no mundo todo é uma possibilidade real.
Os efeitos podem ser devastadores.
Dois bilhões de pessoas dependem da pesca como sua maior fonte de proteína.
O ecossistema marinho estaria sob perigo.
Pesca é um sistema de associação.
Sem nenhum controle, ou propriedade, a única maneira de se possuir o
peixe legalmente seria através da produção do animal.
Ele então seria colocado no deck e essa seria a única maneira de se possuir
o produto, diferentemente de um fazendeiro que possui terras.
Pescadores tem um incentivo para capturar o maior número de peixes possível, o mais rápido possível.
Para que sua habilidade de captura seja maior, eles investem em materiais novos, maiores,
barcos maiores, motores maiores, qualquer coisa que possa ajudá-los a capturar mais peixes.
Considere os aspectos de conservação: mesmo que eu queira deixar esses peixes no oceano,
permitir que cresçam e se reproduzam para pescas daqui a um ano ou daqui a alguns anos com a
sustentabilidade em mente, não conseguiria, porque sei que peixes
abandonados provavelmente serão capturados por outro pescador.
Então eles tiveram que descobrir outra maneira de evitar a pesca abusiva.
Em anos recentes, um novo conceito surgiu chamado Catch-Share (Pesca-Compartilhada),
Cotas Individuais Transferíveis, ou Cotas De Pesca Individuais.
Elas são partes do total sustentável de peixes no oceano que cientistas determinam anualmente.
São como fatias de uma torta.
Esse pescador recebe porcentagem X, esse recebe porcentagem Y, esse recebe porcentagem Z e assim por diante.
Todos recebem uma quantidade invariável de peixes que eles podem pescar durante toda a temporada.
Cada pescador sabe, exatamente antes da temporada começar, o quanto de peixes ele pode capturar.
O que acontece com eles agora?
Não existe aquele aspecto competitivo que existia sob o regime anterior onde os pescadores
tentavam capturar peixes antes dos outros, a chamada “corrida por peixes”.
Você agora pode viver uma vida sã e civilizada como um pescador, o que não existia sob o acesso-aberto.
Era uma loucura.
Agora ele pode dizer “eu não vou pescar, é muito perigoso”, ao contrário do antigo formato de
temporada comprimida: o que você conseguisse capturar em 24 horas era
tudo o que você poderia pescar durante temporada inteira.
Mesmo que fosse em um dia de tempestade, você tinha que pescar.
Ter vivido o pesadelo que você foi forçado a conhecer por conta de participar da pesca em
acesso aberto e notar que não precisa ter que sofrer nada daquilo novamente é a coisa mais importante.
Pescadores agora escolhem os melhores momentos para pescar linguado,
eles não tem que pescar grandes quantidades de peixes em um só momento.
Eles podem tomar seu tempo, podem ser cuidadosos com os peixes que capturam.
Com as QIT (Quotas Individuais Transferíveis) de repente, nossas prioridades mudaram.
Proporcionaram qualidade.
Você não queria mais amontoar todos os peixes possíveis no seu barco, você queria cuidar de
cada peixe com luvas de pelica e vender o produto por um preço alto na doca.
Agora, a receita deles está aumentando por conta da qualidade do peixe que eles capturam.
O preço do bacalhau dobrou imediatamente com a implementação do QIT.
Era um mercado dos produtores agora, não mais um mercado de compradores.
Nós éramos influentes.
Era o nosso peixe, os compradores tinham que oferecer propostas pelo produto,
eles não podiam mais oferecer um preço baixo como faziam antes.
Pescadores ganham mais dinheiro.
Ponto final.
Se você considera o estoque de peixes no oceano como uma conta poupança, você tira apenas os
juros dessa conta todos os anos, para proteger o principal: o estoque total de peixes.
Certifique-se de que o que nós tiramos é apenas os juros e que nós não esgotamos o principal que temos: o estoque.
O limite de pesca deve ser igual aos juros, e você deve apenas capturar a quantidade equivalente aos juros todo ano.
Assim, você terá uma pesca saudável, produtiva e sustentável no futuro.
Os ciclos de altos e baixos de pesca não existem mais.
Nós estamos vendo evidência de que a pesca se estabiliza ao longo tempo sob QITs.
Os incentivos dos pescadores em relação à conservação dos recursos, evitar a pesca abusiva e
pesca de animais indesejáveis e manter o habitat, estão todos embutidos no sistema QIT.
Você quer que esteja, é o seu futuro que está em jogo.
Um dos grandes exemplos é a indústria de pesca de cioba do Golfo do México.
Ele tem estado sob o sistema de Pesca Compartilhada nos últimos três anos e já no ano
passado eles conseguiram aumentar o limite de pesca porque a biomassa havia aumentado substantivamente.
Como consequência, você vê o valor das porções da Pesca Compartilhada aumentando com o tempo.
O aspecto de troca comercial é um componente interessante dessas porções.
Agora, eu tenho posse de ativos valiosos, é uma cota: pode ser dividida, vendida,
ou se eu não conseguir fazer uso da minha parte até o fim da temporada,
eu posso conceder o uso a outro pescador e ainda receber retorno financeiro.
Um número crescente de indústrias de pescarias no mundo, vamos dizer de 5 a 10% da pesca total no mundo,
está sob a Pesca Compartilhada ou Quotas Individuais Transferíveis.
Existem na realidade 275 programas de Pesca Compartilhada no mundo atualmente.
Por volta de 24 programas de Pesca Compartilhada existem nos Estados Unidos.
Por volta de 50% do valor da indústria de pesca nos Estados Unidos
estará sob o sistema de Pesca-Compartilhada até 1o de Janeiro de 2011.
Existem muitas coisas impactando o estoque de peixes hoje.
Pesca Compartilhada não vai resolver todos os problemas dos oceanos e todos os problemas da indústria de pesca.
No entanto, esse é o melhor método que encontramos para certificarmos que a indústria
permaneça sustentável e que pescadores tenham trabalhos lucrativos e produtivos.
PERC, o Centro de Pesquisa de Propriedade e Meio-Ambiente, baseada em Bozeman, Montana,
tem um papel fundamental na expansão de Pescas Compartilhadas.
O diretor de pesquisas da PERC Don Leal passou os últimos vinte anos procurando soluções
para combater o declínio dos estoques de peixes no oceano e o declínio da renda dos pescadores.
Ele descobriu que direitos de propriedade, posse da pesca podem ser a resposta.
Pesca Compartilhada é apenas um tipo de aplicação do livre mercado ambientalista.
Direitos de propriedade são incentivos poderosos que encorajam melhor administração de recursos naturais,
e que eles podem ser aplicados em outras situações onde a regulamentação falhou.
Nós pesquisamos pesca, pesquisamos água, pesquisamos a terra, nós tiramos pesquisas das
estantes e as levamos para as pessoas que podem colocá-las em prática.
Legisladores, jornalistas, trabalhamos também com os produtores,
proprietários de terrenos, proprietários da água, ambientalistas.
Nós estamos procurando maneiras de melhorar o meio-ambiente usando direitos de propriedade e mercados.